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sábado, 23 de agosto de 2014

A morte de Lampião, Rei do cangaço

Por O Jornaleiro

Lampião julgava-se imbatível. Também, pudera, tinha escapado de mil e uma emboscadas. Resolveu instalar-se em Angico. Uma breve pausa nas suas escaramuças.


Corisco havia-lhe avisado que Angico parecia uma cova para uma sepultura, mas, cabra macho como ele só, vai temer o quê?

Lampião confiava em si, nas suas armas, sua bravura e achava que nunca seria pego.


É perigoso confiar em si, achar que nunca será punido, que a mão do Justo Juiz nunca irá alcançá-lo. Infelizmente, é assim que muitos vivem, agarrando-se em uma falsa segurança.

A Bíblia diz: 

“Quando disserem agora há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição”

Andar neste mundo sem temer o juízo divino, é uma loucura, é a maior insensatez. Mas é assim, que o homem vive. Pequenos contratempos, enfermidades, acidentes, não abalam a confiança do homem em si mesmo. Não conseguem perceber que os desarranjos de hoje anunciam um juízo que está chegando.

Não percebem que na pedra do caminho há uma escrita:

“Lembra-te do teu Criador”.

Andam de acordo com suas vaidades, desejos e paixões, sem nenhum temor, aliás, até zombam de Deus. Estão seguros de si, Angico é seu refugio.

Capitão João Bezerra

A volante do capitão João Bezerra se aproxima, juriti assustado alça seu voo, o acauã chora um gemido triste, a tropa silenciosa, rifles em riste, pronta para tudo dizimar se aproxima. Lampião descansa, mas a insensatez não perdoa, a imprudência cobra um preço alto aos faltos de sabedoria. Seguidas rajadas de metralhas fazem tremer o solo seco e morto. Agora, tudo é silêncio no sertão.

O Jornaleiro

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DE ONDE SURGIRAM OS CANGACEIROS

Por Doizinho Quental        

Os cangaceiros procediam de todos os recantos do sertão. Todavia, os Estados de Pernambuco, Alagoas e Bahia foram a trindade que mais contribuíram para engrossar as fileiras do cangaço.

O Vale do Pajeú, Moxotó e Floresta do Navio, formaram o paraíso destes bandoleiros. Tudo que um cangaceiro precisava encontrava-se ali naquelas matas densas. Mel de abelha, água potável e criações diversas, além de uma topografia de furnas e esconderijos necessários para estes bandoleiros. 

Não é de se estranhar a preferência dos bandidos por estas regiões fertilíssimas. Elas são banhadas pelos rios Pajeú e Moxotó, formando um reduto aprazível e acolhedor. 

Em Nazaré, Betânia, Floresta e São Caetano viviam os maiores inimigos dos cangaceiros. Por estas razões  existia em Floresta um quartel fortemente armado constituído de destacamentos policiais.
Cantavam os violeiros daquele tempo:

                        Neste mundo de meu Deus,
                        Tudo tem repartição:
                        Piauí, pra criar gado,
                        Ceará pra algodão,
                        Cariri pra rapadura,
                        Pajeú pra valentão.

www.kantabrasil.com.br/Lampiao.../Lampião%20e%20outras%20Históri...‎

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O SILÊNCIO TAMBÉM TEM VOZ

Por Rangel Alves da Costa*

O silêncio também tem voz. E tantas vezes clama, grita, brada, irrompe em dolorosos sons. E a voz do silêncio é a mais audível de todas, pois de sonoridade mental e interior.

E ecoando na mente logo se faz ouvir o ruído desesperado, aflito, angustiado: solidão, saudade, distância, recordação, desejo, amor e ausência...

A voz do silêncio chega na brisa do entardecer. Silenciosa e mansamente desponta pela janela e diz que trouxe o aroma de alguém, trouxe o perfume tão recordado no corpo do ser amado.

A voz do silêncio é pronúncia certa na solidão. Em momentos assim, quando a distância do outro também provoca distanciamento de tudo, as meigas palavras ouvidas parecem insistentemente ecoar.

A voz do silêncio está na relíquia do passado, no baú da memória, no álbum de uma vida inteira. E a cada folhear, a cada reencontro com as heranças afetuosas é como se portas e janelas se abrissem com aquelas vozes tão amadas.

A voz do silêncio chega no ecoar do sino na hora sagrada. E chega dizendo que há uma prece a ser feita, há uma oração a ser dialogada com Deus, há uma fé que precisa ser alimentada.

A voz do silêncio também chega no mesmo sino da igreja nas horas mais inesperadas do dia. O seu badalar logo traduz um misto de dúvida, de temor, de aflição. Alguém partiu dessa vida e sua despedida é anunciada naquele triste soar.

A voz do silêncio está no espelho, no velho e amarelado espelho. Diante da imagem de si mesma, buscando toda a sinceridade e encorajamento para se reencontrar, a pessoa intimamente vai se perguntando por que o tempo é tão voraz.


A voz do silêncio está na carta guardada na escrivaninha, dentro do livro de cabeceira, debaixo do travesseiro. E todas as vezes que a lê é como se dialogasse com a saudade, com o desejo de ter aquela feição ali ao seu lado.

A voz do silêncio está na janela, na porta, no olhar que mira a vida adiante. Os olhos vão caminhando pelas paisagens, seguindo pelas estradas, avistando pessoas, sentindo as transformações e dizendo da angustiante transformação com que tudo se apresenta.

A voz do silêncio está no silêncio, principalmente no próprio silêncio. Não há silêncio que esteja desacompanhado da voz interior, do pensamento que fala, de tudo ao redor que parece ter vida e voz.

A voz do silêncio está no vento que chega trazendo notícias de outras paragens. Chega veloz para dizer que não deseja que a dor percebida aconteça ali. Chega festeiro para dizer que saia da janela e vá colher as flores do campo.

A voz do silêncio está no íntimo, no âmago, no coração. E da voz do coração as razões para a vida, as grandes lições que a tudo conduzem, as palavras amigas que jamais desnorteiam as verdades.

A voz do silêncio está na velha canção que de repente surge sem que precise de nada cantando. E não uma canção qualquer, mas aquela que faz recordar, que relembra um instante de amor. E quantas vozes, gritos e brados surgem neste momento de doce e cruel recordação.

A voz do silêncio está na lágrima. Toda lágrima brota de um sentimento. Todo sentimento traz sua motivação. Um adeus, uma despedida, a dor, o sofrimento. E não há nada que traduza melhor o instante que a lágrima com sua pronúncia dilacerante.

A voz do silêncio está entre nós, mesmo distantes. Em silêncio ouço o que tanto queria dizer. Em silêncio ouço o que gostaria de ouvir. A minha palavra sai do silêncio e segue a tua procura. E depois retorna para dizer que não a encontrou.

E que terrível grito eu dou. Mas não mais em silêncio. Com a dor que em mim restou.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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As origens do cangaço antes mesmo de Lampião ter nascido! (o cabeleira segundo Franklin Távora).


Nascido na freguesia de Glória do Goitá, pertencente na época a Vitória de Santo Antão, em 1751, José Gomes é considerado por muitos pesquisadores como o primeiro grande cangaceiro, apesar deste termo não ter sido usado na época.

Ao lado do pai, Eugênio Gomes, ele assombrou Pernambuco com assaltos e mortes. Em 1773, os dois e outro delinquente, de nome Teodósio, resolvem atacar o Recife. A ação, no dia 1º. de Setembro, resulta nas mortes de um passante e de um soldado, além do roubo de um armazém.

Foi finalmente preso em 1786 quando tentava se esconder em um canavial de Paudalho. Condenado à forca, sua execução ocorreu no dia 28 de Março do mesmo ano, no Largo das Cinco Pontas.

Em carta enviada ao ministro do Ultramar português, Martinho de Melo e Castro, pelo governador de Pernambuco, José César de Menezes, consta que "os criminosos confessaram quatro mortes, ainda que são infamados de muito mais; que o seu castigo sirva de exemplo".

Franklin Távora

A história de José Gomes foi contada num livro escrito por Franklin Távora, precursor do romance regionalista brasileiro, lançado em 1876.


"Quando se fala em cangaço. Lembra logo Lampião, Como falar em forró Lembra logo Gonzagão. Foi Cabeleira o primeiro Chamado de cangaceiro Nas paragens do Sertão. Seu nome era José Gomes Nasceu lá em Pernambuco, Bem no século dezoito, Filho de um mameluco, Um bandido desordeiro, Que se torna cangaceiro Famoso bom no trabuco.l Trecho do cordel O bandido Cabeleira e o amor de Luisinha (Zé Antonio)".
Fonte: Pernambuco.com

Fora-da-lei, sujeito malvado, em homenagem a José Gomes, o Cabeleira de verdade, um bandido do século XVIII que ficou famosos no Recife depois de seu enforcamento, e que mereceu um romance de Franklin Távora e um poema de João Cabral:

"Os canaviais do Engenho Novo / se limitavam com os do Poço / (por isso, com histórias herdadas / posso ambientar esta história). / Sem lembrar que o carnaval é mar, / "Cabeleira" aí vem se abrigar." "Por que prenderam o "Cabeleira" ", em Poemas pernambucanos, de João Cabral de Melo Neto.

Fonte: facebook
Página: Guilherme Machado

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O CANGAÇO CASA DE BENEFICIAR ALGODÃO EM URURÚS-AL.


CASA DE BENEFICIAR ALGODÃO EM URURÚS - ALAGOAS

Esta casa de beneficiar algodão que ficava à época localizada em Ururús-AL, foi totalmente destruída por Lampião e seus homens, onde no local ainda foram mortas 94 (Noventa e quatro) rezes a tiros de fuzil.

O ataque aconteceu devido o proprietário não ter atendido o pedido de suborno feito por Lampião que, por vingança decidiu destruir a fábrica e matar os animais da fazenda.

Fonte da imagem: Jornal A NOITE (Ilustrada)

Fonte: facebook

Foto de Cangaceiros do rei Lampião

Um fotograma ( filme de Abraão).

Conhecer o cangaço é conhecer os fatos, seus personagens, cangaceiros, coiteiros, volantes, coronéis, locais, objetos, etc. 

Na foto aparece um casal de cangaceiros. O cangaceiro é Vila Nova e a cangaceira é a Neném do Ouro, que era companheira do cangaceiro Luiz Pedro. Neném do Ouro foi assassinada em combate. Depois da sua morte, o cangaceiro Luiz Pedro não levou mais nenhuma mulher para sua companhia. Ele morreu solteiro.

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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Quem é este e qual sua ligação com o cangaço?


Aí, gente amiga! Vamos que vamos. Tentando assimilar o maior volume possível sobre a fantástica história do cangaço, já descobrimos que conhecer unicamente Lampião, Maria de Deia, Corisco e Dadá tornassem por demais restritos nossos conhecimentos. o universo desse fenômeno histórico é muito extenso. Talvez nunca saibamos dele por completo, mesmo assim nos fascina muito. Pois bem, vamos continuar nosso estudo: Quem é o jovem da foto abaixo e qual sua ligação com o cangaço?

Adendo - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Acho que é José Ferreira, sobrinho do capitão Lampião. Este estava no coito de Lampião, lá na Grota de Angico, no Estado de Sergipe, na noite anterior ao ataque aos cangaceiros pelas volantes comandadas pelo tenente João Bezerra da Silva.

Até o momento eu não tenho conhecimento do paradeiro de José Ferreira após a chacina dos cangaceiros. Mas deverá existir, e acredito que algum escritor ou pesquisador já registrou  para onde ele foi após a chacina de Angico.

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira 

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FILME GANHADOR DO FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO DE 2014 MOSTRA DRAMA DOS PRACINHAS BRASILEIROS NA II GUERRA

Publicado em 20/08/2014 por Rostand Medeiros

Em uma edição do 42º Festival de Cinema de Gramado que dividiu os Kikitos entre diversos concorrentes e o grande vencedor da noite foi A Estrada 47, de Vicente Ferraz, que levou o troféu de melhor longa-metragem brasileiro.


Na Segunda Guerra Mundial, 25 mil soldados da FEB (Força Expedicionária Brasileira) foram enviados para combater as forças do Eixo na Itália. Quase todos os homens encaminhados eram de origem pobre e, em sua maioria, despreparados para o combate. Agora uma película de produção brasileira, italiana e português e rodado na Itália, busca trazer ao público um lado mais humano desta história.

A Estrada 47, do diretor e roteirista Vicente Ferraz conta a história de quatro pracinhas que, repentinamente, foram parar no epicentro da guerra, no rigoroso inverno de 1944 e tiveram de se superar em todos os sentidos. Após um ataque de pânico, eles se perdem na neve e acabam encontrando um correspondente de guerra e dois soldados desertores: um italiano que quer se juntar à resistência do seu país contra os exércitos de Hitler e um alemão cansado da guerra.


Assim, passam a formar um estranho grupo de deserdados de várias nacionalidades. Com ajuda dos dois ex-inimigos, os pracinhas tentarão desarmar o campo minado mais temido da Itália: A Estrada 47.

Para viver estes heróis anônimos, foi escalado os atores Daniel de Oliveira é Guima, Julio Andrade é Tenente, Thogun Teixeira é Sargento Laurindo, Francisco Gaspar é Piauí. Na tropa internacional, o filme conta com o italiano Sergio Rubini, o alemão Richard Sammel e o português Ivo Canelas. Para que a guerra cotidiana vivida pelos pracinhas tivesse na tela a veracidade necessária, Ferraz e a equipe de produtores fizeram questão que A Estrada 47 fosse rodado nas mesmas paisagens em que a guerra ocorreu. O projeto tem produção das brasileiras Três Mundos Produções e da Primo Filmes, da italiana Verdeoro e da portuguesa Stopline Films.


A II Guerra não mudou somente o destino da humanidade no século 20, mas transformou para sempre as vidas desses brasileiros. Mais que os conflitos que toda guerra oferece, os protagonistas, assim como as tropas brasileiras, precisaram transpor as barreiras da língua, do preconceito, do despreparo e do medo. São as pequenas-grandes histórias desta guerra e de nossos soldados que revela A Estrada 47. Mais que grandes conquistas e fatos que entraram para os relatos oficiais, Vicente Ferraz revela os bastidores da participação do Brasil no conflito.


Além da versão oficial baseada em uma detalhada pesquisa de época, Ferraz contou com a contribuição valorosa dos depoimentos dos próprios pracinhas e ex-correspondentes de guerra. Sem cair na armadilha do chamado “filme de gênero”, A Estrada 47 não é um Filme de Guerra e vai muito além de um relato histórico. “Mais que os livros de história que li, o que mais me interessou foram os relatos dos próprios pracinhas. Vários escreveram livros de memória. Independentemente do valor literário, foi por meio daqueles relatos que entendi finalmente a dimensão daquela aventura: jovens, humildes, caboclos, mulatos, filhos do Brasil que estavam lá. A emoção, a coragem, o medo, o frio, a saudade humanizaram muito a ideia que eu tinha daquela guerra. Vi o melhor do brasileiro naqueles relatos”, declara o diretor. 


Mas aparentemente a crítica não tratou de forma tão positiva A Estrada 47. Rubens Edwald Filho, o crítico cinematográfico mais conhecido do Brasil sequer tece palavras para o ganhador de Gramado em 2014, em uma entrevista concedida ao jornal gaúcho Zero Hora. Para o jornalista e crítico de cinema Luiz Carlos Merten, em uma análise sobre os filmes exibidos no Festival de Gramado de 2014, comentou após assistir este filme pela segunda; “Continuei não gostando de A Estrada 47, mas tivemos um debate muito interessante sobre a campanha da FEB na Itália, sobre o filme de guerra no cinema brasileiro”. Merten aponta que Vicente Ferraz contou como, a partir das crônicas de Rubem Braga, começou a ter uma outra percepção dessa história. Mais intimista, mais humana. Mas o roteiro do diretor é considerado por este crítico “muito demonstrativo, com cinco ou seis personagens brasileiros e dois desertores estrangeiros, um alemão e um italiano. Cada um parece estar ali como porta-voz de alguma coisa”. 


Já o jornalista Francisco Carbone viu que em Estrada 47 “há uma óbvia intenção de acertar e fazer bem feito”. Ele considera o filme realizado tecnicamente com cuidado e até um certo requinte, de direção de arte principalmente. Mas Carbone aponta que o problema é o roteiro que em certos momentos possuí limitações e em outros tenta alçar voos muito maiores que as suas asas suportam. Mas completa comentando que “se a intenção era entreter e fazer um passatempo palatável para o grande público, o filme acerta e ganha pontos”.

Apesar das críticas e opiniões divergentes, eu concordo com Francisco Carbone quando ele aponta que é tão difícil vermos produções assim que vale dar uma chance a essa estrada e ver onde ela termina.

Fontes – 

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros

http://tokdehistoria.com.br/2014/08/20/filme-ganhador-do-festival-de-cinema-de-gramado-de-2014-mostra-os-dramas-dos-pracinhas-brasileiros-na-ii-guerra/

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Indústria do banditismo


Enquanto Lampião e seus subordinados, nos idos de 1936, transitavam livremente pelas terras sergipanas, este pequeno e sofrido rincão nordestino, berço dos geniais Tobias Barreto, Gumercindo Bessa e Sílvio Romero, homiziando-se e refestelando-se em fazendas dos Brito e de 

Eronildes de Carvalho e Antonio Caixeiro - Fonte: Antônio Corrêa Sobrinho

Antônio Caixeiro, este, pai do então governador e, depois, interventor federal em Sergipe, Eronildes de carvalho, os deputados situacionistas, Amando Fontes, Barreto Filho e Deodato Maia, requeriam, na câmara federal, a liberação de trezentos contos de réis, para auxiliar o governo de Eronides a defender Sergipe de Lampião, projeto este que teve o parecer favorável do seu relator, o notável deputado e jornalista Barbosa Lima Sobrinho. 


Segundo consta, o pedido foi aceito, mas para constituir projeto separado, e que, pelo visto, com a instalação do chamado Estado novo, pouco mais de um ano depois, em Novembro de 1937, a solicitação não foi deferida, salvo melhor informação. 

Getúlio Vargas

Penso que o ditador Vargas utilizou-se de outra estratégia de combate ao banditismo, que foi a de fortalecer politicamente os governos estaduais, com isso, diminuir a influência e o poder dos “coronéis”, do que resultou, em menos de um ano depois do golpe, na morte de Lampião e, por assim dizer, do próprio cangaço.

“O ESTADO DE SERGIPE” – 04/08/1936 PARA REPRESSÃO AO BANDITISMO


Damos hoje mais um importante projeto firmado pela bancada sergipana e da autoria do deputado Amando Fontes, cujos comentários deixamos ao critério do leitor que, por certo, saberá fazer justiça aos propósitos de bem servir a sua terra dos nossos ilustres representantes na Câmara Federal.

Onde convier: Para auxiliar o Governo de Sergipe no combate ao banditismo – 300.000$000

JUSTIFICAÇÃO

A repressão ao banditismo, problema vital para as populações do Nordeste, não pode ser feita com a necessária eficiência, em estados que dispõem de pequenos recursos orçamentários, sem o auxílio da União. Com efeito, exigindo grandes despesas com armamento, pessoal e seu abastecimento, as chamadas “forças volantes”, encarregadas da caça permanente e incansável aos grupos de bandoleiros que assolam o sertão, são verdadeiras expedições, que absorveriam e absorvem parcelas vultosas, num orçamento como o de Sergipe.

Em todos os países em que o banditismo, por circunstâncias varias, pôde se organizar, de sorte a transformar a sua ação maléfica em verdadeira calamidade pública, tem sido impotente a atuação dos poderes locais para exterminá-lo. Assim foi na Itália, onde a máfia, enquistada na Sicília, somente pôde se eliminada devido à ação direta e enérgica de Mussolini; e tal também se deu de referência aos gângsteres e kidnappers dos Estados Unidos da América do Norte, que somente vieram esmorecer em seu poder agressivo quando a Polícia Federal passou a combatê-los em toda a União.


Ideal seria que, em nosso País, também o governo da União tomasse a si o encargo de combater o banditismo organizado do Nordeste, que constitui uma verdadeira calamidade pública, pois, além de ceifar vidas, de atentar contra a propriedade e a honra dos sertanejos, ainda condena o estiolamento econômico as regiões em que impera, visto como ninguém se anima a cultivá-las, receoso sempre da investida dos bandoleiros.

Enquanto, porém, o Poder Legislativo não autorizar o Executivo a agir em tal sentido, mister se faz que pelo menos a União auxilie os Estados de mais parcos recursos financeiros a combater o terrível mal.

Sala de Sessões, 17/07/1936 – Amando Fontes – Barreto Filho – Deodato Maia 
Fac-símiles e imagens de Eronides de Carvalho, Antônio Caixeiro, Amado Fontes, Deodato Maia e Virgulino Ferreira da Silva (Lampião).



Fonte: facebook

Ilustrado por José Mendes Pereira
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A primeira eleição em Mossoró - 11 de Agosto de 2014

Por Geraldo Maia do Nascimento

Mossoró nasceu ao redor da capela de Santa Luzia. Um pequeno agrupamento humano foi surgindo, lento mas progressivamente, até formar o Arraial. Em meados do ano de 1838, iniciou-se a luta pela criação da Freguesia, pois esse era o caminho natural para se tornar município. Nas palavras do mestre Câmara Cascudo, \"elevar a pequenina capela ao predicativo de Matriz era o desejo de todos\". E a Matriz foi instalada em 1842. Segundo o costume da época, o poder espiritual deveria chegar antes, para preparar o terreno para o poder temporal. A primeira batalha estava vencida, mas muito ainda restava para ser conquistado. E dez anos se passara até que em 15 de março de 1852, através da Lei Provincial de nº 246, o povoado passou à categoria de vila. Essa medida estabeleceu a criação da Câmara, desvinculando-se politicamente da cidade de Açu.

Surgia, todavia, um problema: como a emancipação foi um ato político e não econômico, já que Mossoró não era dotada de nenhuma atividade econômica que propiciasse a necessidade da autonomia, gerou uma série de atritos para definir quem assumiria o poder da vila. E a população partiu para sua primeira eleição, que seria para a Câmara e Juiz de Paz.
               
Para essa primeira eleição, dois partidos concorriam: Nortistas e Sulistas, também chamados de Liberais e Conservadores. Os Liberais eram chefiados por Irineu Soter Caio Wanderley e os Conservadores pelo vigário Antônio Joaquim. Venceram os Conservadores, numa eleição bastante conturbada, na qual elegeram o padre Antônio Freire de Carvalho, que assumiu a frente da primeira Câmara, no dia 24 de janeiro de 1853. Segundo o historiador Luís da Câmara Cascudo, \"com a posse dos eleitos, um grupo de cidadãos recrutados no seio das mais tradicionais famílias de Mossoró, instalou-se, oficialmente, a administração autônoma do Município de Mossoró\".
               
Acontece que os Conservadores procederam à eleição na Igreja Matriz de Santa Luzia. Os Liberais, no entanto, reuniram-se em uma casa próxima e passaram a tramar contra a eleição que estava acontecendo. Dessa forma, mandaram os irmãos José e David do Rosário tomar o livro das atas das mãos dos Conservadores. Os mesmos assim fizeram, sendo, porém, o referido livro, retomado mais tarde pelos Conservadores. Os Liberais, despeitados com o fracasso, fizeram disparar suas armas para o lado da igreja, sem causar vítimas. E resolveram montar também uma outra eleição, para tumultuar o processo. As atas das duas eleições foram enviadas a Natal, sendo que a dos Conservadores foi a aprovada. Pela duplicação da eleição, o presidente da Província multara os Juízes da Paz Liberais que eram os senhores Manuel de Souza Nogueira e Irineu Soter Caio Wanderley em duzentos mil réis cada um.
               
A chapa eleita pelos Conservadores para o quatriênio 1853-1856, constava: como presidente, o padre Antônio Freire de Carvalho, como vice João Batista de Souza e como vereadores o tenente-coronel Miguel Arcanjo Guilherme de Melo, Vicente Gomes da Silveira, Florêncio Medeiros Cortês, alferes Francisco Bertoldo das Virgens e o professor Luís Carlos da Costa Júnior. Eram suplentes de vereador: Sebastião de Freitas Costa, Simão Balbino Guilherme de Melo, João Lopes de Oliveira Melo, Antônio Afonso da Silva, Antônio Nunes de Medeiros, Silvério Ciríaco de Souza, Agostinho Lopes Lima, João Martins da Silveira Júnior, João Francisco dos Santos Costa, Pedro José da Costa, Manoel João da Costa, Gil de Freitas Costa, Raimundo Nonato de Freitas, Targino Lopes de Medeiros, João Batista de Oliveira, Gonçalo Soares de Freitas, Manoel Nunes de Medeiros, Manoel João da Silva, João Florêncio de Oliveira Melo, Gonçalo Lopes de Oliveira e Manuel Januário Lopes de Oliveira.
               
Tudo isso foi registrado na primeira Ata da Câmara Municipal de Mossoró. Este documento é tido como marco inicial da sua administração autônoma, pois com ele começava a história do governo de Mossoró. 
Geraldo Maia do Nascimento

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