Enquanto Lampião e seus subordinados, nos idos de 1936, transitavam livremente pelas
terras sergipanas, este pequeno e sofrido rincão nordestino, berço dos geniais Tobias
Barreto, Gumercindo Bessa e Sílvio Romero, homiziando-se e refestelando-se em
fazendas dos Brito e de
Eronildes de Carvalho e Antonio Caixeiro - Fonte: Antônio Corrêa Sobrinho
Antônio Caixeiro, este, pai do então governador e,
depois, interventor federal em Sergipe, Eronildes de carvalho, os deputados
situacionistas, Amando Fontes, Barreto Filho e Deodato Maia, requeriam, na
câmara federal, a liberação de trezentos contos de réis, para auxiliar o
governo de Eronides a defender Sergipe de Lampião, projeto este que teve o parecer favorável do seu relator, o notável deputado e jornalista Barbosa Lima Sobrinho.
Segundo consta, o pedido foi aceito, mas para constituir projeto
separado, e que, pelo visto, com a instalação do chamado Estado novo, pouco
mais de um ano depois, em Novembro de 1937, a solicitação não foi deferida,
salvo melhor informação.
Getúlio Vargas
Penso que o ditador Vargas utilizou-se de outra estratégia
de combate ao banditismo, que foi a de fortalecer politicamente os governos
estaduais, com isso, diminuir a influência e o poder dos “coronéis”, do que
resultou, em menos de um ano depois do golpe, na morte de Lampião e, por assim
dizer, do próprio cangaço.
“O ESTADO DE
SERGIPE” – 04/08/1936 PARA REPRESSÃO
AO BANDITISMO
Damos hoje
mais um importante projeto firmado pela bancada sergipana e da autoria do
deputado Amando Fontes, cujos comentários deixamos ao critério do leitor que,
por certo, saberá fazer justiça aos propósitos de bem servir a sua terra dos
nossos ilustres representantes na Câmara Federal.
Onde convier: Para auxiliar o Governo de Sergipe no combate ao banditismo –
300.000$000
JUSTIFICAÇÃO
A repressão ao
banditismo, problema vital para as populações do Nordeste, não pode ser feita
com a necessária eficiência, em estados que dispõem de pequenos recursos
orçamentários, sem o auxílio da União. Com efeito, exigindo grandes despesas
com armamento, pessoal e seu abastecimento, as chamadas “forças volantes”,
encarregadas da caça permanente e incansável aos grupos de bandoleiros que
assolam o sertão, são verdadeiras expedições, que absorveriam e absorvem
parcelas vultosas, num orçamento como o de Sergipe.
Em todos os países em que o banditismo, por circunstâncias varias, pôde se organizar, de sorte a transformar a sua ação maléfica em verdadeira calamidade pública, tem sido impotente a atuação dos poderes locais para exterminá-lo. Assim foi na Itália, onde a máfia, enquistada na Sicília, somente pôde se eliminada devido à ação direta e enérgica de Mussolini; e tal também se deu de referência aos gângsteres e kidnappers dos Estados Unidos da América do Norte, que somente vieram esmorecer em seu poder agressivo quando a Polícia Federal passou a combatê-los em toda a União.
Ideal seria que, em nosso País, também o governo da União tomasse a si o
encargo de combater o banditismo organizado do Nordeste, que constitui uma
verdadeira calamidade pública, pois, além de ceifar vidas, de atentar contra a
propriedade e a honra dos sertanejos, ainda condena o estiolamento econômico as
regiões em que impera, visto como ninguém se anima a cultivá-las, receoso
sempre da investida dos bandoleiros.
Enquanto, porém, o Poder Legislativo não autorizar o Executivo a agir em tal sentido, mister se faz que pelo menos a União auxilie os Estados de mais parcos recursos financeiros a combater o terrível mal.
Sala de Sessões, 17/07/1936 – Amando Fontes – Barreto Filho – Deodato Maia
Fac-símiles e imagens de Eronides de Carvalho, Antônio Caixeiro, Amado Fontes,
Deodato Maia e Virgulino Ferreira da Silva (Lampião).
Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho
Ilustrado por José Mendes Pereira
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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