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sexta-feira, 20 de maio de 2022

LIVRO

    

O escritor capoeirense Junior Almeida, na noite da sexta-feira, 25/03/2022, lançou seu novo livro, ‘Lampião em Serrinha do Catimbau’. O lançamento ocorreu durante o evento Cariri Cangaço realizado na cidade de Paulo Afonso, Bahia.

Lampião em Serrinha do Catimbau, narra a investida de Lampião e seu bando a Serrinha do Catimbau, na época um distrito pertencente a Garanhuns e, hoje município de Paranatama. O livro traz fatos novos sobre o episódio no qual Maria Bonita foi alvejada com um tiro na região glútea, obrigando Lampião e seu bando saírem em retirada.

- Apresento ao público uma dedicada e extensa pesquisa, onde trago à tona a rota de fuga do bando, após o fogo de Serrinha, o local em que Maria do Capitão ficou em tratamento, bem como seu algoz e seu anjo da guarda, o homem que tratou de Maria Bonita durante quarenta dias, então, nada melhor que um livro que fala tanto sobre a célebre pauloafonsina, ter o seu primeiro lançamento justamente em sua terra." - Disse o pesquisador Junior Almeida.


Este é o quarto livro publicado pelo autor; a capa da obra é criação do professor Ademar Cordeiro.

Brevemente a obra será lançada na cidade de Paranatama e possivelmente em outros municípios da nossa região.

Junior Almeida e escritor, autor dos livros: "A Volta do Rei do Cangaço"; “Lampião, o Cangaço e outros fatos no Agreste Pernambucano” e “Capoeiras, Pessoas, Histórias e Causos’. Ele reside na cidade de Capoeiras - PE, onde é comerciante.




https://blogcapoeiras.blogspot.com/2022/03/escritor-capoeirense-junior-almeida.html?fbclid=IwAR0oY6NV0qs5cB4FfyXVwYxTU25VYpgAKQXwQ6QD1hphg1T9Dyc2Yb-3aWo

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LIVRO

  Por José Mendes Pereira

Você leitor, e eu, vamos participar do casamento de José Ferreira da Silva (Santos) com a dona Maria Sulena da Purificação (Maria Lopes) pais dos irmãos Virgolino Ferreira da Silva, Antonio Ferreira da Silva, Levino Ferreira da Silva e Ezequiel Ferreira Silva.

Vamos chegar devagarinho! Pés às alturas, como se nós estivéssemos flutuando em um picadeiro de circo, silêncio total, sem pigarrearmos em momento algum, para vermos o que irá acontecer durante esta união familiar. Não se preocupe, os irmãos Ferreiras não estão aqui entre nós, eles ainda irão nascer, primeiro Antonio Ferreira, depois Levino Ferreira, depois Virgolino Ferreira e por último (dos homens) Ezequiel Ferreira da Silva.

O casamento destes famosos e futuros pais de 4 cangaceiros você irá adquirir toda história no livro: "Lampião a Raposa das Caatingas", do escritor e pesquisador do cangaço José Bezerra Lima Irmão - a partir da página 70.

Esta maravilhosa obra você irá encontrá-la através deste e-mail: franpelima@bol.com.br, com Francisco Pereira Lima, o professor Pereira, lá de Cajazeiras no Estado da Paraíba.

A maior obra já escrita até hoje sobre cangaço, e sobre a família Ferreira, do afamado Lampião.

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Fotos:

1 - Livro: "Lampião a Raposa das Caatingas";

2 - José Ferreira da Silva e Maria Sulena da Purificação os pais de Lampião;

3 - O autor do livro José Bezerra Lima Irmão.

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OPINIÃO - MARIA BONITA

 Por Ângelo Cibela


Há gestos marcantes que definem a beleza espiritual da Vida. E, contrapondo-se ao conceito geral, há atitudes que possuem a força maga de produzir milagres.
 
A própria psicologia profunda imerge ante as renovações constantes da vida. Maria Bonita, no gesto louvo de defesa de seu amado, produziu o milagre da transfiguração do espírito sobre a matéria.
 
O seu gesto urdiu um poema de encantamentos e um cântico aos imperativos do coração. Se o seu gesto heroico fosse marmorizado, Rodim, o gigante da escultura, ao certo, teria revelado a sua obra-prima.
 
Nem os fenômenos dramáticos da miséria social conseguem obumbrar o gesto de Maria Bonita que, na sublimidade intencional de seu amor, superou em relevo e importância a história amorosa de Balzac, Dumas e outros.
 
Ressurreição admirável em que a fera se transforma e assinala a sensibilidade dos grandes corações. Salomão em seus cânticos disse que “o amor é mais forte do que a morte”.
 

O seu amado era o seu amor e a morte cedeu o seu trono à glorificação de uma força maior.

Se Stendhal e Ingenieros tentassem compreender esse traço vertiginoso de beleza ante a policromia adusta de um cenário selvagem, ao certo a “cristalização do amor” teria outros foros e as cartas desapareceriam ante a igualdade fundamental das manifestações humanas.
 
E Maria Bonita teve a máxima ventura, rara aos amantes, de alar o seu espírito para as alturas de mãos dadas com o seu companheiro, razão única de seu viver.
 
E — senhores meus — isolando o fato, circunscrevendo-o à análise psicológica do amor, sejamos cavalheiros e no longo gesto medieval, saudemos Maria Bonita como o símbolo agreste do sacrifício.


Ela, Maria Bonita, é a encarnação admirável do amor que não conhece fronteiras e nem decálogos.

Mais forte do que a morte, esculpiu sua própria eternidade, testando à posteridade um traço luminoso de excepcional beleza.
 
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*Nota de Archimedes Marques, (01 de junho de 2011):

- O esplendor de texto assinado pelo jornalista Ângelo Cibela em 1938, para o CORREIO DE ARACAJU (jornal extinto há muito tempo) fora capturado com a autorização do escritor sergipano, Antonio Corrêa Sobrinho, autor do livro “O fim de Virgulino Lampião – O que disseram os JORNAIS SERGIPANOS”2ª edição, páginas 137/138, que rompeu meses de trabalho de pesquisa debruçado nos velhos arquivos da nossa Aracaju e além fronteiras para trazer ao público as pertinentes matérias jornalísticas de Sergipe, no período pós-morte de Lampião, em trabalho exaustivo que por certo servirá de parâmetro e ajuda em novos livros, de novos ou velhos autores, sobre esse tema que canta e encanta e que é sem sombras de dúvidas, de inesgotáveis fontes, jamais saturado, sempre em busca da verdade absoluta dos fatos que marcaram para sempre a história nordestina.

Não só recomendo a leitura do livro, como entendo ser necessário colecionar a referida obra na sua biblioteca, como sendo de excelente fonte de pesquisa e aprendizado, para tanto, sugiro a sua aquisição através do contato via endereço de e-mail com o autor Antonio Corrêa Sobrinho: tonisobrinho@uol.com.br 

Atenciosamente
Archimedes Marques

http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Antonio%20Corr%C3%AAa%20Sobrinho

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VICENTE DE MARINA: O GATILHO MAIS TEMIDO DO SERTÃO

 Por Luiz Ferraz Filho

Luiz Ferra Filho e Maria Marina da Conceição, sobrinha de Vicente de Marina

Nas veredas desse Sertão esturricado, onde no século passado foi arena para gladiadores, o bem mais valioso foi a amizade. E nenhum jagunço foi mais fidedigno ao seu patrão do que o mulato Vicente de Marina. Nascido no final do século XIX, na ribeira da Malhada do Bom Nome (hoje, povoado de Bom Nome, distrito de São José do Belmonte), tornou-se o lendário cangaceiro de melhor pontaria conhecida até hoje. Alto, robusto e das costas largas, era uma verdadeira baraúna. Nasceu e se criou trabalhando arduamente para o major Deodato Pereira da Silva, patrão da ex-escrava Marina, vendida ainda criança juntamente com a mãe por um boiadeiro do agreste pernambucano. 

Na degustação de um doce de leite, no povoado de Bom Nome, tive a oportunidade de conhecer a matriarca Maria Marina da Conceição, 94 anos, filha de Cícero de Marina (irmão de Vicente). Na lucidez de quem trabalhou arduamente lavando roupa nas cacimbas do Riacho do Cristóvão, recorda ela de tudo que falavam sobre o tio, Vicente de Marina. 'Ele atirava melhor que todos, mas era lento. O povo falava que certa vez, Sinhô Pereira deu 24 tiros e Vicente só deu 16 tiros. Ele gastava pouca munição, mas era certeiro', revelou ela. Vicente de Marina iniciou essa irmandade bélica com Sebastião Pereira e Silva (Sinhô Pereira), quando ambos eram jovens caçadores nas caatingas da Gameleira, Passagem do Meio e Serra da Forquilha. Foi uma verdadeira escola de tiro ao alvo. Conta o renomado escritor Luis Wilson de Sá Ferraz (Vila Bela, Os Pereiras e Outras Histórias, pág. 316), que 'em outra ocasião, um dos Rufinos, Antônio ou Jeremias Rufino (da Gameleira), ofertou a Vicente uma caixa de balas e um rifle para o negro matar veado e trazer o couro pra ele, recebendo de volta, alguns dias mais tarde, 50 couros de veado. A conta fechou certinho'. Naqueles idos de lutas entre gregos e troianos, Vicente de Marina com sua espetacular pontaria não podia ficar de fora. Com o assassinato de Né Pereira (irmão de Sinhô Pereira), em outubro de 1916, na Fazenda Serrinha, entrou definitivamente no cangaço, sempre ao lado de Sinhô Pereira.

Barragem de Serrinha, que inundou a antiga Vila São Francisco

Serrote próximo a vila São Francisco que serviu de muralha para a resistência de Sinhô Pereira e Luis Padre

Atirador de elite, Vicente de Marina tornou-se célebre em abril de 1919, quando a força volante do tenente Holanda Cavalcanti atacou o povoado de São Francisco, reduto dos Pereiras, para desalojar o bando de Sinhô Pereira e Luis Padre. Escondido por trás das pedras de um serrote, Vicente de Marina lentamente alvejava a volante. Morreram oito soldados, ficando mais um soldado ferido, que acabou falecendo dias depois. Sepultados numa única cova, o túmulo ficou conhecido pela 'cruz dos 9 soldados', nas proximidades da Vila São Francisco, hoje inundadas pelas águas da Barragem de Serrinha. Foi uma verdadeira catástrofe para a Polícia Militar de Pernambuco. Enfurecido com a derrota, o capitão João Nunes chegou dias depois na Vila São Francisco e mandou atear fogo em algumas casas comerciais, cartório e casebres. Só escapou a capela de São Francisco das Chagas, o padroeiro.

Maria Marina da Conceição e pesquisador Valdir Nogueira 

Após a morte dos 9 soldados, a fama de ótimo atirador se espalhou pelo sertão. Vicente de Marina  para 'se exibir na pontaria, jogava uma laranja para cima e a esbagaçava com um tiro de carabina ou de fuzil. (FERRAZ, Luis Wilson, ob. cit., pág. 312). Continua o nobre escritor dizendo que 'ao voltar de Alagoas, no dia em que Luis Padre matou o assassino de seu pai, chegaram à casa do cangaceiro, numa curva do caminho que ia de São João do Barro Vermelho para São Francisco, ele (Luis Padre), Sinhô Pereira e Vicente de Marina. Sebastião chamou na porta da frente pelo nome do cabra que, arisco, saiu na carreira pela porta da cozinha da casa, quando Vicente mete-lhe bala, ganhando, no entanto, Luis de França o mato, no escuro da noite'. 

Luís Padre lamentou, com tristeza, para Sinhô Pereira que o cabra havia ido embora. - Não patrão, fui eu que atirei nesse camarada. Ele não pode ter ido a lugar nenhum - , disse Vicente de Marina. Ou seja, um tiro dele quando não matava, deixava aleijado. Era o gatilho mais temido do Sertão do Pajeú. Em agosto de 1922, seguiu com Sinhô Pereira para Minas Gerais, deixando sua noiva grávida de uma única filha que faleceu solteira em avançada idade. Já seu irmão, Cícero de Marina - protegido pelo Sr. Pedro Donato de Moura - continuou residindo em Bom Nome, onde faleceu com 105 anos, deixando numerosa família.  Ao lado do amigo pesquisador e historiador Valdir José Nogueira de Moura, tive o prazer de encontrar a sobrinha Maria Marina e seus filhos, que cantou um dos inúmeros versos que guarda na memória sobre o tio.

'Te abaixa, Zé Caetano

Mode a bala do meu rifle

Quando ela vai danada

Só respeita o Padre Cicero'. 

(Verso após o combate da Serra da Forquilha, em novembro de 1921, entre a força volante do capitão José Caetano e o bando de Sinhô Pereira e Lampião).

Luiz Ferraz Filho, Presidente da Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Serra Talhada

https://cariricangaco.blogspot.com/2022/05/vicente-de-marina-o-gatilho-mais-temido.html

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LANÇAMENTO DA ROTA DO CANGAÇO DE SERRINHA DO CATIMBAU

Junior Almeida e a Rota do Cangaço de Serrinha do Catimbau

Local de um dos mais importantes combates do cangaço lampiônico, onde Maria Bonita, companheira de Lampião foi baleada, Paranatama (antiga Serrinha do Catimbau), no Agreste de Pernambuco, realiza neste sábado, 21 de maio, a partir das 10 horas, a primeira rota do cangaço, que refaz os passos do cangaceiro mais famoso do país na região.

O trajeto organizado tem como base o recente livro do escritor Junior Almeida, “Lampião em Serrinha do Catimbau”, e leva os participantes a conhecerem os locais em que o Rei do Cangaço e seus cabras passaram em 19 e 20 de julho de 1935, cometendo assaltos, extorsões e um assassinato, no então território de Garanhuns, sendo na vila, a súcia repelida pela resistência local, que com seus homens bem entrincheirados nas casas da vila, alvejaram Maria Bonita, mulher de Lampião.

Tudo pronto para o lançamento neste sabado dia 19 de maio de 2022
Para este encontro, já confirmaram presenças membros do Grupo de Estudos do Cangaço de Pernambuco - GECAPE -, Arquivo Público de Pernambuco, Instituto Histórico e Geográfico de Garanhuns – IHGG -, Instituto Cariri Cangaço, Academia brasileira de Letras e Artes do Cangaço – ABLAC -, Espaço Cultural Colimusic, Casa da Cultura de Paranatama, além de secretário e diretores municipais, escritores, pesquisadores, e entusiastas da temática.
O LIVRO
“Lampião em Serrinha do Catimbau”, livro com informações inéditas sobre o famoso “fogo de Serrinha”, vem fechar uma lacuna na literatura cangaceira, que são justamente os detalhes do ferimento à bala de Maria do Capitão. É o quarto trabalho do pesquisador pernambucano. Junior Almeida, natural de Garanhuns, é membro fundador do GECAPE, ABLAC, além de ser conselheiro do Instituto Cariri Cangaço do Brasil.

Reginaldo Santos / Junior Almeida

NOTA CARIRI CANGAÇO

É com muito entusiasmo que o Cariri Cangaço celebra o lançamento da "Rota do Cangaço de Serrinha do Catimbau", antigo sonho do pesquisador e escritor Junior Almeida; Conselheiro do Cariri Cangaço. Por muito tempo a literatura do cangaço deixou de lado esse que sem dúvidas foi um dos mais emblemáticos episódios da passagem de Lampião pelo Agreste pernambucano, quando sua Maria, a Maria do Capitão; foi baleada no confronto com a resistência do bravo povo de Serrinha do Catimbau, atual Paranatama. Junior Almeida com muito trabalho e zelo, foi personagem importante no resgate de Paranatama dentro da literatura do cangaço, insistindo, incentivando, provocando a municipalidade para que pudéssemos oferecer ao Brasil a possibilidade dessa "Rota". Em março ultimo, representantes do município de Paranatama estiveram conosco participando do Cariri Cangaço Paulo Afonso, para conhecer a dinâmica e a essência do empreendimento, e assim, neste sábado, testemunharemos o lançamento da Rota do Cangaço de Serrinha do Catimbau, Avante Conselheiro Junior Almeida, avante Paranatama !!!

Manoel Severo, Curador do Cariri Cangaço. 

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NOITE DE HOMENAGEM A JOARYVAR MACEDO EM SESSÃO SOLENE

 Por Fernanda Pacobahyba Macedo

 

Deputado Antônio Granja, Fernanda Pacobahyba Macedo e Rosalba Macedo

Que alegria imensurável estar cercada do meu bem mais precioso, minha família, tendo a oportunidade de homenagear e honrar a memória dessa figura extraordinária que é meu tio-avô Joaryvar Macedo. Nesta quinta-feira (19), os Macedo estiveram reunidos em sessão  solene no Plenário 13 de Maio, na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará para prestigiar o lançamento da terceira edição da obra "Império do Bacamarte" que  completa 30 anos de sua primeira publicação.


Mais que um livro, é a história marcada de nosso Cariri, do coronelismo, do cangaço cearense, escrita pelas mãos de um verdadeiro erudito, que tenho orgulho de ser sobrinha. Meu tio Dimas Macedo, jurista e poeta, falou sobre nossa historia e sobre como Joaryvar não partiu desse mundo deixando bens materiais, mas sim uma herança muito mais preciosa: o seu legado intelectual. Algo que é imaterial, não finda, não envelhece, não perece e nunca perde o valor. Joaryvar meu tio, você é referencia e seu nome ecoa na minha casa desde que me entendo por gente.

Fernanda Pacobahyba e Manoel Severo
Flagrantes da Noite Solene na Assembleia Legislativa

Obrigada ao meu esposo Marcus e meu filho Marquinhos, minha mãe Sara e meu pai Fernando, por estarem sempre ao meu lado. Vocês são base sólida. Meu carinho especial para minha tia Rosalba, esposa de tio Joaryvar, e para minhas primas, sua filhas, Gessen e Karen. Foi incrível reencontrar vocês depois de tantos anos. Agradecer também ao meu amigo, Presidente Evandro Leitão, por ter solicitado esse momento, ao deputado Antônio Granja por ter comandado com maestria toda a noite e aos queridos companheiros fazendários: Liduino de Brito, diretor da Fundação Sintaf, pelo convite e pela iniciativa; ao Reno Cesar, diretor do Sintaf, pelos esforços em fazer esse evento acontecer; e ao Carlos Brasil diretor da organização da Sintaf pelo apoio. Gratidão ao Jose Hélio Santos, editor da nova edição do livro e a Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço e autor da apresentação da nova edição do livro.

Fernanda Pacobahyba Macedo
Doutora em Direito Tributário PUC-SP
Secretária da Fazenda do Estado do Ceará

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CHOCHA BUNDA

Clerisvaldo B Chagas, 20 de maio de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.704

Choveu bem nesta sexta no Sertão de Alagoas. Em Santana do Ipanema, céu de cambraia e chuva mansa quase o dia todo. Na rua, as pessoas comentavam: “Muito feijão-de-corda por aí”. E de fato, muito feijão-de-corda apareceu nas feiras e em lugares diversos da cidade como o Maracanã e a ponte General Batista Tubino. De onde veio tanto feijão desse tipo, também chamado feijão-verde? Seria da irrigação Sergipe/Petrolina? Não, não senhor, veio da nossa área mesmo porque o povo plantou na hora certa e teve sua colheita garantida. Imagina agora com mais benefícios das chuvas de maio para toda a Agricultura!

ROÇA DE FEIJÃO-DE-CORDA (INTERNET).

O feijão-de-corda que algumas pessoas acham que é um feijão fraco, é altamente medicinal e riquíssimo em nutrientes. Portanto não faz sentido ser chamado pelo próprio sertanejo de “chocha-bunda”. Olhe seus benefícios vitaminas K, C, A, é rico em proteínas, fibras solúveis, minerais como cálcio, ferro e fósforo. Nenhum colesterol e gordura e baixas calorias. Benefícios à saúde: bom para o diabetes; bom para a saúde cardiovascular; benefício para os ossos; para a circulação sanguínea; ótimo para gravidez e pressão.

Além de tudo, é saboroso puro, tropeiro, com arroz, com carne, café, seja lá com o que for, sem tirar o pico do interesse do feijão-de-corda com galinha de capoeira ou galinha velha. Encontramos nos restaurantes típicos, na zona rural e em todos os lares de nossas cidades interioranas.

Em nossa cidade mesmo, tem um restaurante no lugar Maracanã com o nome de “Restaurante Feijão Verde”, sendo muitas as opções de acompanhamento. Não estamos receitando nenhum alimento para os nossos leitores e leitoras, mas simplesmente decantando as maravilhas de um alimento que deixa o sertanejo feliz, de barriga cheia. Então por que se dizer que o nosso querido feijão de-corda é chocha-bunda?! Pode ser aumentar a bunda de tantos nutrientes, mas nunca chochar a bunda. Falar nisso, nem sabemos o preço do produto na sua cidade, estado ou região, mas aqui em Santana do Ipanema é considerado caro por estar sendo oferecido a 8,00 o litro.

Vamos ao feijão-de-corda, gente!

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IMPÉRIO DO BACAMARTE : OBRA PRIMA DA HISTORIOGRAFIA CEARENSE

 Por Liduíno de Brito

Meus senhores e minhas senhoras, presentes nessa sessão solene em comemoração aos trinta anos da primeira publicação do livro IMPÉRIO DO BACAMARTE, do escritor, historiador e professor Joaryvar Macedo, por iniciativa da Fundação Sintaf, permitam-me duas observações: A primeira – apresentar nossa Fundação Sintaf:  A Fundação Sintaf de Ensino, Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, Científico e Cultural é uma instituição de ensino e pesquisa constituída pelo Sindicato dos Fazendários do Ceará (Sintaf). A instituição desenvolve ações estratégicas de cunho técnico, científico e cultural junto ao setor privado, a outras organizações do terceiro setor e à administração pública, no intuito de promover o aperfeiçoamento profissional dos diversos agentes sociais, assim como aprimorar, na plenitude, o desenvolvimento intelectual e humano. Uma Fundação se caracteriza pela destinação de seu patrimônio, e seu maior legado é poder transferir esse patrimônio em benefício da sociedade, o que significa assegurar, às gerações futuras, o seu conhecimento intelectual. A Fundação Sintaf busca possibilitar que a cultura da atual geração de servidores da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará esteja a serviço da população cearense.

Joaryvar Macedo, autor de Império do Bacamarte

A segunda – porque dessa homenagem ao professor Joaryvar de Macedo: A História do Brasil passa pela História do Ceará e a História do Ceará passa inexoravelmente pela História do Cariri. Quem desconhece a Revolução de 1817, a Confederação do Equador de 1824, desconhece o protagonismo dos filhos do Cariri; não conhece a historiografia cearense e, consequentemente, a brasileira.

Conforme acentua nosso insigne homenageado “no território cearense, as lutas e revoluções libertárias e independentistas de 1817 a 1824 partiram do extremo sul. Uma efêmera república deveu-se aos Alencares, tendo à frente a figura de dona Bárbara Pereira de Alencar. ” E como a concordar com a nossa assertiva, arremata brilhantemente: “O Cariri, berço da liberdade em terra cearenses, influiu, decisivamente, nos destinos não apenas do Ceará. Dali partiu o bravo José Pereira Filgueiras, rumo à Capital, solidificando-se nossa independência. Posteriormente, a marcha guerreira e os feitos heroicos de sua expedição conquistaram a emancipação do Maranhão e a consolidação da independência no Piauí. ”

Liduino de Brito recebe Diploma das mãos de Fernanda Pacobahyba

Assim como “Capítulos da História Colonial”, de João Capistrano Honório de Abreu, lhe confirma a superioridade como historiador, “Império do Bacamarte – uma abordagem sobre o coronelismo no Cariri cearense” desponta como a obra prima da historiografia cearense pelo seu poder de síntese, consagrando Joaquim Lobo de Macedo, o mestre Joaryvar Macedo(como ele gostava de ser chamado)! 

José Murilo de Carvalho, no prefácio à sétima edição do livro de Victor Nunes Leal – “Coronelismo, Enxada e Voto – o município e o regime representativo no Brasil” (1948) – afirma que, a maior preocupação desse autor, ao publicar na revista do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) o artigo “O coronelismo e o coronelismo de cada um” era fazer com que seu conceito de coronelismo fosse compreendido. 

“De fato, a maioria dos autores que empregaram o conceito usado por ele, sem distinção entre críticos e admiradores, identificava coronelismo com mandonismo local. Era o caso do crítico Eul-Soo Pang e do admirador Barbosa Lima Sobrinho, que por insistência do autor escreveu o prefácio à segunda edição do livro feita pela Alpha Ômega em 1975. ” 

Para Victor Nunes, o conceito de coronelismo incorporava, sim, traços de mandonismo local, mas era mais que isso: fazia parte de um sistema, de uma trama que ligava coronéis (mandões), governadores e presidente da República. Para ele (Victor Nunes) o coronel entrou em sua análise por ser parte desse sistema, dessa estrutura e suas relações de poder desenvolvidas na Primeira República, a partir do município. A partir da publicação de IMPÉRIO DO BACAMARTE, em 1990, esse conceito torna-se cristalino. Segundo Joaryvar Macedo “no Cariri, a autocracia, base da autoridade sociopolítica dos coronéis, atingiu todas as esferas de poder. Agiam eles quais árbitros supremos sobre tudo e sobre todos. Indicavam nomes ao governo para o preenchimento dos cargos e exigiam demissão de juiz, promotor e delegado, sendo prontamente atendidos. ” 

Por sua abordagem, pela análise sistêmica empreendida sobre o coronelismo no centro sul do Ceará, “onde se narram fatos mais expressivos ou mais característicos daquela tumultuada quadra da História do Cariri”, conforme afirma Melquíades Pinto Paiva, no livro Uma Matriarca do Sertão: Fideralina Augusto Lima (1832/1919), Joaryvar Macedo é o “maior escritor de todos que voltaram suas vistas para o passado de nossa terra comum, a cidade/município de Lavras da Mangabeira!” 

Por fim, aproveitamos o ensejo para agradecer ao Deputado Evandro Leitão a possibilidade dessa sessão solene; ao Sindicato dos Fazendários do Ceará, através de seus diretores Remo César Moura, Carlos Brasil Gouveia, Luiz Carlos Diógenes e Nilson Fernandes o apoio integral a essa iniciativa; aos jornalistas Patrícia Guabiraba e Tarcísio Matos pelas palavras de incentivos; a Família de Joaryvar Macedo, através da Sra. Rosalba Saraiva de Macedo e José Hélio dos Santos por acreditar nos esforços da Fundação Sintaf na concretização dessa justa homenagem. 

Muito obrigado!

Liduino de Brito, diretor da Fundação Sintaf - Discurso representando os homenageados em Sessão Solene na Assembleia Legislativa do Ceará, em 19 de maio de 2022.

NOTA

Sessão Solene da Assembleia Legislativa do Estado do Ceara, presidida pelo primeiro-secretário deputado Antônio Granja , celebrando os 30 anos de lançamento de o Império do Bacamarte de Joaryvar Macedo, a sessão homenageou Rosalba Macedo, viúva do autor; Remo Moura, diretor de Relações Intersindicais do Sindicato dos Fazendários do Ceará (Sintaf); Liduíno de Brito, diretor-geral da Fundação Sintaf; Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço; José Hélio dos Santos, editor da edição recém-lançada do livro.

https://cariricangaco.blogspot.com/2022/05/imperio-do-bacamarte-obra-prima-da.html

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RESTAURAÇÃO DA ESTÁTUA DO CRISTO-REI DE MISSÃO VELHA; TODA UMA HISTÓRIA QUE TAMBÉM SE REAFIRMA E SE RENOVA

Por José Cícero

São exatos 82 anos de história desde que foi produzida junto com a coluna da pracinha a pedido do então prefeito dr. Raimundo Gonçalves de Lucena(40/45).

Sendo portanto, uma das mais importantes obras no Cariri de autoria do grande escultor Agostinho Balmes Odisio - artista italiano que de 34 a 40 residiu na cidade de Juazeiro do Norte de onde espalhou seu rico legado artístico por praças, logradouros públicos e igrejas de toda a região; inclusive de Estados vizinhos.

Um monumento arquitetônico e de caráter sacrocultural que marcou afetivamente a memória de várias gerações de missãovelhense. Mas que, infelizmente há anos se encontrava relegado ao abandono.

E que por isso mesmo corria risco de ruir devido a deterioração do tempo, sobretudo pela falta de manutenção.

Sua primeira restauração ocorreu nos finais dos anos 70 através dos esforços de voluntários, dentre os quais o saudoso Almiro Borges que inclusive, esculpida uma das mãos que havia caído da estátua. Como ainda o Sr. Nilo Ribeiro ambos moradores do entorno da pracinha.

✓ Vídeo: Ocasião em que o mestre restaurador Francisco dos Santos realiza com carinho e com esmero a pintura do rosto da estátua do Redentor. Uma imagem diria que bastante expressiva e comovente para todos os que, como nos ansiávamos e reivindicavamos desde o ano passado às autoridades estas urgentes e necessárias providências.

Que com a simbologia desta mesma delicadeza sejam igualmente tratado todo o que ainda resta do patrimônio histórico (material e imaterial) e os bens culturais que compõem a bela histórica de Missão Velha.

Por oportuno agradecemos ao Sr. prefeito municipal dr. Lorim pela providencial iniciativa, cuja posteridade haverá de agradecê-lo talvez mais que o presente por esta ação que não tem preço. Pois, apenas as coisas intangíveis conseguem se perpetuar dentro do tempo e as pessoas através delas.

Parabéns

M. Velha...

• prof. José Cícero.

https://www.facebook.com/josemendespereira.mendes.5/

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JERÔNIMO DIX-HUIT ROSADO MAIA

Bruno Steinbach. Retrato de Jerônimo Dix-Huit Rosado Maia.- Acrílica/tela, 100 x 80 cm, 1995, Mossoró, Rio Grande do Norte, Brasil. - Acervo do Museu Municipal de Mossoró.

O governo da República Popular da China teve a infelicidade de retribuir a visita da missão brasileira àquele país, em 1963, para estreitar as relações comerciais entre o Brasil e a China, durante o governo João Goulart, e quando a missão aqui chegou, eclodiu o golpe militar de 31.03.1964, que depôs o presidente da República. 

A missão brasileira à China tinha a presença do senador potiguar Dix-huit Rosado que, em nome da delegação, foi quem fez a saudação ao primeiro ministro Mao-Tsê-Tung e ele tinha o maior orgulho desse fato histórico. Participavam ainda da missão empresários, deputados e senadores, além do consultor geral da República, Evandro Lins e Silva. 

Dona Nayde e Trezième

O novo regime prendeu os chineses, deixando-os incomunicáveis depois de tê-los acusados “de agentes do comunismo internacional que vieram ao Brasil para treinar guerrilheiros”. O jurista Evandro Lins e Silva, que os conheceu em Pequim, foi defendê-los perante o Superior Tribunal Militar(STM). Convidou alguns integrantes que foram àquele país para defender os chineses de descabidas acusações, mas nenhum deles aceitou o convite, com exceção do senador Dix-huit Rosado. 

Com sua memória excepcional, o senador potiguar desmontou a farsa concebida pelo golpe. Identificou todos os chineses pelo nome, cargo e função que cada um exercia no governo do premier chinês. Os ministros do TSM ficaram impressionados com a descrição de Dix-huit, e a única solução que encontraram foi a expulsão dos chineses do Brasil, já que a acusação era totalmente improcedente. 

Este fato deve ter contribuído decisivamente para impedir, por três vezes consecutivas, que o ex-senador chegasse ao governo do Estado pela via indireta, durante o regime militar, apesar do apadrinhamento do senador Dinarte Mariz que tinha livre trânsito junto à cúpula militar que assumiu o poder, mas, mesmo assim, não conseguiu superar os vetos ao seu nome. 

Ex-senador da República, deputado federal, deputado estadual constituinte em 1947, três vezes prefeito de Mossoró, ex-presidente do INDA (Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário), o médico Jerônimo Dixhuit Rosado Maia morreu com a frustração de nunca ter sido governador do Rio Grande do Norte, cargo para o qual se preparou ao longo de sua vida pública. 

Dix-huit não queria apenas exercer o cargo por questão de vaidade. Queria, sobretudo, para completar o mandato que seu irmão Dix-sept Rosado exerceu por escassos cinco meses de governo, até o desastre do rio do Sal, em Sergipe, no dia 12 de julho de 1951. A morte prematura do então governador foi a maior frustração da vida pública do Rio Grande do Norte. 

Capitão-médico da Polícia Militar, Dix-huit Rosado elegeu-se pela UDN, em 1947, deputado estadual constituinte, numa assembléia que tinha a presença de Djalma Marinho, Odorico Ferreira de Souza, Mário Negócio, José Xavier, José Gonçalves de Medeiros, Moacir Duarte, José Fernandes de Melo, entre outros. Dixhuit participou ativamente dos trabalhos daquela Assembléia que renascia após a redemocratização do país. Em 1950, elegeu-se deputado federal (1951-1954) e, em seguida, numa coligação do seu partido, o PR (Partido Republicano), com a UDN do governador Dinarte Mariz, foi eleito senador em 1958/1966, derrotando os ex-governadores José Varela e Sylvio Pedroza, candidatos pela legenda do Partido Social Democrático (PSD) ao Senado da República. 

Preocupado com os rumos da sua sucessão, o então governador Dinarte Mariz chegou a pensar no nome do senador Dix-huit Rosado para seu sucessor, mas os pré-candidatos, deputados Djalma Marinho e Aluízio Alves, se uniram num movimento partidário, defendendo a tese de que o candidato ao Governo do Estado teria que sair dos quadros da UDN, já que em 1958 o partido apoiara o candidato do PR ao Senado. 

Dix-huit Rosado perdia a primeira chance de ser candidato ao governo do Rio Grande do Norte. A UDN, mesmo dividida, elegeu Aluízio Alves governador do Estado. Ele conclui seu mandato de senador e depois foi nomeado presidente do INDA, no Governo Costa e Silva, por indicação do senador Dinarte Mariz, seu amigo e correligionário. Com a implantação dos pleitos indiretos para governador a partir de 1970, Dix-huit vê surgir a nova chance de disputar o governo do Estado, com o apoio ostensivo do velho amigo Dinarte Mariz, o homem forte do regime militar no Rio Grande do Norte. 

Dois candidatos praticamente disputam pela Arena a candidatura ao governo: Dix-huit Rosado e Cortez Pereira, este correndo em faixa própria. Apesar do apoio político que obtinha em torno do seu nome, o mossoroense foi atropelado na reta final pelo advogado Cortez Pereira, que tinha recebido o apoio decisivo da oficialidade do IV Exército, que teve influência na decisão do Palácio do Planalto. 

Resignado, mas magoado com o veto militar, Dix-huit buscou um mandato dois anos depois, em 1972, elegendo-se pela primeira vez prefeito de sua terra, onde, como presidente do INDA, anteriormente havia implantado a Escola Superior de Agronomia de Mossoró (ESAM), em pleno semi-árido do Nordeste. Aos que o criticaram pela iniciativa, disse a frase que ficou famosa: “Quem não é capaz de fazer por sua terra, não será capaz de fazer pela terra de ninguém”. O sonho de Dix-huit tornou-se realidade quando muitos não acreditavam na sua iniciativa pioneira. É a mesma ESAM, criada por Dix-huit, que acaba de ser transformada pelo MEC na Universidade do Semi-Árido 

Em 1974, o ex-senador Dix-huit Rosado era novamente candidato, com o apoio do senador Dinarte Mariz. Desta feita, foi surpreendido pela escolha do primo Tarcísio Maia, que nem constava na relação inicial dos postulantes ao Governo. Dois anos depois, elege-se novamente prefeito de Mossoró. Dix-huit começa hesitante seu relacionamento com o governador Tarcísio Maia, mas, depois, refaz-se a convivência entre os dois, ao mesmo tempo em que seu irmão, o deputado Vingt Rosado, mantinha um certo distanciamento do Palácio Potengi. 

Mesmo assim, Dix-huit começava a alimentar a esperança de ser o sucessor de Tarcísio Maia. Outro desfecho frustrante. O escolhido foi Lavoisier Maia, primo de Tarcísio e de Dix-huit. A família Rosado rompe com Tarcísio Maia, apontando-o como o causador do veto ao prefeito de Mossoró, porém o ex-governador creditava-o ao Palácio do Planalto. 

Com o final do ciclo indireto, o então prefeito de Natal, José Agripino Maia, é indicado pela maioria expressiva do PDS (Partido Democrático Social) como candidato ao governo do Estado às eleições de 1982, em pleito direto. Mas recebeu o troco do deputado Vingt Rosado que, não podendo votar no candidato da oposição, Aluízio Alves (PMDB), pela vinculação partidária, prega o voto em branco para governador, que ficou conhecido no folclore político do RN como o “voto camarão”. O eleitor votava no corpo, mas decepava a cabeça da chapa. E assim foi feito em Mossoró. 

O velho “burgo mestre”, como gostava de ser chamado, elege-se pela terceira vez prefeito de Mossoró. Não lhe resta mais nenhuma esperança em alcançar o Governo do Estado. Essa frustração marcaria definitivamente sua passagem pela vida pública na busca incansável do seu objetivo. 

Alto, tipo grandalhão, bom orador, gostava de citar frases de autores estrangeiros e nacionais em seus discursos eloqüentes, respaldado por seu vozeirão privilegiado. Levava seus admiradores ao delírio nas praças públicas de Mossoró. Orgulhava-se de ter evitado as grandes cheias da cidade com a dicotomização do rio Mossoró, causador de catástrofes no passado. 

Foi um dos primeiros políticos do Ocidente a visitar Pequim em missão do governo brasileiro e costumava dizer, com certa vaidade, que “esta mão apertou a de Mao-Tsé-Tung antes do presidente Richard Nixon”. Este fato está testemunhado em “O salão dos Passos Perdidos”, livro de memórias do advogado Evandro Lins e Silva, que também integrava a delegação. 

Na biografia política do ex-senador Dix-huit Rosado Maia faltou apenas o mandato de governador, que ele perseguiu com toda obstinação, mas sempre foi atropelado na reta final por outros pretendentes, durante o regime militar implantado no país, a partir de 31 de março de 1964. Foram três tentativas frustradas, que Dixhuit Rosado conseguiu superar elegendo-se três vezes, pelo voto popular, prefeito de Mossoró, sua pátria emocional. (1912-1996) 

Extraído do livro “Resgate da Memória Política”, de autoria de João Batista Machado, Natal-RN, Departamento Estadual de Imprensa, 2006, 452 os. 

Centenário De Dix-Huit Rosado 

Por Lúcia Rocha 

No dia 21 de maio de 1912, há cem anos, nascia em Mossoró, Rio Grande do Norte, Jerônimo Dix-huit Rosado Maia, filho do paraibano de Pombal, Jerônimo Ribeiro Rosado, casado em segundas núpcias com a conterrânea, Isaura Rosado Maia, irmã da primeira esposa, Maria Amélia Henriques Maia, de quem enviuvara. Jerônimo era filho de um português de Coimbra, Jerônimo Ribeiro Rosado, que residia há muito tempo em Pombal. Formado em Farmácia, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, o Jerônimo Rosado, ou seu Rosado, como era tratado em Mossoró, migrou para esta cidade, em 1890, à convite de um médico, com quem se associara para abrir a Farmácia Rosado. Seu Rosado registrou seus filhos e filhas com nomes esquisitos, o que já rendeu a participação de alguns de seus descendentes no Domingão do Faustão. Seu biógrafo, Luís da Câmara Cascudo conta no livro lançado em 1967, Jerônimo Rosado – Uma Ação Brasileira na Província que, seguindo a tradição portuguesa de registrar o primeiro filho com o nome do pai, o primogênito chamava-se Jerônimo Rosado Filho, o Rosadinho. O segundo filho, Laurentino, herdou o nome do avô materno, viveu apenas onze meses, porém com o nascimento do terceiro filho, Tércio Rosado Maia, seu Rosado iniciaria a numeração dos filhos. “Daí em diante, com surpresa admirada e permanente, a série obedece a assinalação numérica, única no Brasil no plano da onomástica”, registra Cascudo. 

Portanto, nosso homenageado, Dix-huit, em francês significa dezoito, era o décimo oitavo filho de seu Rosado, mas havia outros filhos registrados em latim. Conheci, por exemplo, Oitava, Treizième, Dix-huit, Dixneuf, Vingt e Vingt-un. O primeiro filho, Rosadinho, médico, faleceu jovem, aos trinta anos de idade, deixando três filhos, um deles, Lahyre Rosado, formado em Farmácia, primeiro neto e criado por seu Rosado. Doutor Lahyre, conheci bem, pai da amiga e colega na faculdade de jornalismo, Ilná Rosado. Seu Rosado era bastante envolvido com o desenvolvimento de Mossoró, lutou especialmente pela água e transporte ferroviário, chegou a intendente do município e faleceu em 1930, deixando o caçula, Vingt-un, com apenas nove anos de idade. Câmara Cascudo conta que as primeiras pessoas do sexo feminino a trabalhar no comércio da cidade foram as filhas de seu Rosado, atendendo no balcão da farmácia, como Sétima e Onzième. Os homens cuidavam especialmente de uma pedreira que ele havia adquirido numa localidade próximo a Mossoró, em São Sebastião, hoje município de Governador Dix-sept Rosado, em homenagem ao décimo sétimo filho, que assumiu o cargo de governador do Rio Grande do Norte, em 1951. Conta Cascudo, que a extração de gesso inspirou os filhos de seu Rosado, ao ponto em que “...Dix-huit, ainda menino procurou o pai para informá-lo que não mais pretendia estudar. Ao que seu Rosado indagou: “E você, o que vai ser?”. “Tirador de gesso”, respondeu, convencidíssimo da vocação. O pai mandou fazer um macacão, vestimenta azul, folgada e confortável, com o dístico nas costas, Tirador de Gesso, anunciando que na próxima semana o jovem operário estaria de picareta e pá às margens do riacho do Tapuio, escavando gipsita. Dix-huit desistiu. Seria médico eminente, duas vezes deputado federal, senador da república”, registra Cascudo na biografia de seu Rosado. Dix-huit ficou órfão do pai aos dezoito anos de idade, estudara em Recife, formando-se na Faculdade de Medicina da Bahia, turma de 1935, aos 23 anos de idade. Ainda sobre Dix-huit, dona Marieta Lima, artista plástica da cidade, que em janeiro de 2012 comemorou cem anos de idade, contou no programa Mossoró de Todos os Tempos que teve um breve romance com Dix-huit, quando meninotes. Ambos tinham menos de quinze anos de idade e que ele, Dix-huit, ainda andava de calças curtas, morava na Rua 30 de Setembro, e se encontravam às escondidas, na Praça da Redenção. 

A POLÍTICA 

Tenente-Coronel e Chefe de Saúde da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, Dix-huit foi o primeiro dos herdeiros de seu Rosado a ingressar na política, em 1945, como deputado estadual, período em que Dix-sept foi eleito prefeito de Mossoró. Dix-huit ainda exerceu dois mandatos de deputado federal, em 1950 e 1954. Eleito senador em 1958, exerceu o mandato de 1959 a 1966, oportunidade em que visitou alguns países de regime comunista, em missão oficial, incluindo a China, de Mao Tse Tung. Ainda na década de sessenta, Dixhuit foi nomeado pelo Presidente Costa e Silva para ocupar a presidência do INDA – Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário - período em que implantou em sua terra natal a ESAM – Escola Superior de Agronomia de Mossoró – com o curso de Engenharia Agronômica, hoje UFERSA – Universidade Federal Rural do Semi Árido - que oferece diversos cursos, além de Agronomia, Medicina Veterinária, Direito, Engenharia Civil, Engenharia de Pesca e tantos outros. Eleito prefeito de Mossoró em três mandatos – 1972, 1982 e 1992 – Dix-huit Rosado deixou a marca de ter sido o melhor prefeito de todos os tempos. 

Como empresário do ramo de comunicação e entretenimento, entregou a Mossoró em 1955, a Emissora de Rádio Tapuyo e o Cine Teatro Cid, um prédio imponente no centro da cidade, hoje Teatro Lauro Monte Filho, pertencente ao governo do estado. 

Sobrevivente de um acidente aéreo em 1947, no qual faleceu o piloto, Dix-huit teve a sorte que faltou ao irmão, então governador Dix-sept Rosado, morto em acidente aéreo quando se deslocava ao Rio de Janeiro, então capital federal, em 1951, aos quarenta anos de idade, com apenas seis meses de mandato. Dix-sept é pai do ex-deputado estadual, Carlos Augusto, marido da atual governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini Rosado. 

Na noite de 12 de maio de 2012, um sábado, a Prefeitura Municipal de Mossoró brindou a cidade com um grande evento em comemoração ao centenário de Dix-huit Rosado, no Memorial da Resistência, que contou com a presença de toda a família do homenageado, que veio do Rio de Janeiro, como os filhos Mário e Naide Rosado, além de convidados do estado. Na ocasião, foi distribuída a revista 100 Anos de Dix-huit Rosado, editada pelos jornalistas César Santos, Edilson Damasceno, Julierme Torres, José de Paiva Rebouças; diagramação de Augusto Paiva e revisão de Stella Sâmia, tendo como curador da homenagem, o ex-chefe de gabinete de Dix-huit Rosado, Sebastião Almeida. 

Dix-huit Rosado pertencia a uma geração de políticos que chegava junto ao povo, no homem comum, ou seja, era acessível, não andava com assessores e secretários, apenas com o motorista. Ele mesmo visitava obras, acompanhando reformas, por exemplo. Por diversas vezes presenciei-o chegando na Cobal, hoje Conab, para acompanhar a sua construção. Eu, garota, pedalando bicicleta, parava para ver aquele homem de estatura gigantesca, sempre vestindo uma espécie de conjunto, a calça e camisa da mesma cor. Vaidoso, ao descer do carro, retirava do bolso um pequeno pente, que passava nos raros cabelos, guardava-o e caminhava em direção à obra, cumprimentando a todos que passavam pelo local, trocando ideias e batendo papo com quem dele se aproximasse. Há alguns anos ouvi depoimento de uma moradora da Rua Frei Miguelinho, dona Maura Medeiros. Ela disse que o então prefeito Dix-sept Rosado, não só acompanhava de perto a obra de calçamento a paralelepípedo naquela via, no final da década de quarenta, como sentava-se no meio fio e tomava café junto aos funcionários da obra. 

Nos finais de semana, Dix-huit dispensava o motorista e o carro oficial, dirigia ele mesmo sua camioneta, tipo S 10, ao lado de Tia Nayde, para a fazenda ou mesmo dar umas voltinhas na cidade, visitar amigos. Mas era outro tempo. Talvez Dix-huit pertencia a uma classe de prefeito que diariamente batia o ponto em seu local de trabalho, na prefeitura, para onde havia sido eleito. 

Para conhecer um pouco de Dix-huit e de sua esposa, que a cidade chamava na intimidade de Tia Nayde, reproduzo entrevista que fiz com o casal, ao final do segundo mandato dele, quando a saudosa Tia Nayde profetizou que retornariam a cidade para um terceiro mandato. Vejamos: 

Dix-huit e Nayde Entrevista ao jornal O MOSSOROENSE, em 1988. 

Tia Nayde, uma amiga de Mossoró 

Por Lúcia Rocha 

Nayde de Medeiros Rosado é uma pessoa de gestos e traços finos, que transmite aos que a rodeia uma paz e conduz para um mundo onde não há espaço para a maldade, o pessimismo e o ódio. Companheira durante mais de cinquenta anos de Dix-huit Rosado, prefeito de Mossoró, Nayde é aquela que ele escolheu em meio a um ato religioso, quando a viu pela primeira vez, em Natal. Pertencente a nata da sociedade natalense, filha de Manoel Clementino de Medeiros e Olindina Duarte de Medeiros, Nayde Rosado teve uma educação religiosa no Colégio Imaculada Conceição, tradicional na capital potiguar. Seu pai fora educado na Suíça, à exemplo dos seus irmãos. Esportista, Nayde Rosado praticou tênis até se casar. Depois aderiu ao Cooper, para manter o corpo em forma. Considerada uma das moças mais bonitas de Natal, foi por diversas vezes convidada a participar de concursos de beleza, não aceitando atendendo pedido da mãe, que desejava um futuro longe das passarelas para a filha. 

PARA A CIDADE ELA É UMA TIA, PARA DIX-HUIT, UMA PRINCESA 

Nayde Rosado conheceu Dix-huit durante uma procissão de Santos Reis, em Natal. Estava acompanhada da mãe e, Dix-huit atento a sua beleza, em meio a multidão, dirigiu-se a ela e, num ligeiro batepapo, pediu-lhe o endereço: “Fiquei encantada com Dix-huit, logo que o vi. Sua beleza me chamou a atenção. Senti uma grande emoção porque fez-me elogios, dizendo ser eu muito bonita”, conta Nayde Rosado, que quando passou a sair com Dix-huit percebia o assédio das mulheres que lhe dirigiam olhares a todo instante. Mesmo assim, não sentiu-se enciumada. Dix-huit confirma que realmente conheceram-se durante o ato religioso: “Desde então, ligamos nosso destino para alcançarmos depois de 51 anos o status conjugal no qual vivemos tranquilamente, quase que num ambiente isolado, afastados dos filhos e da família. Nossa convivência é a mais amena. Temos pouca reclamação a fazer um do outro”, enfatiza. Dizendo tratá-la com o carinho de quem paga uma dívida permanente, pela dedicação que ela lhe atribui, Dix-huit afirma ter sido Nayde, uma mãe carinhosa, que amamentou todos os filhos durante seis meses, como a medicina recomenda: “Comprovase com facilidade o resultado desse procedimento, com a aparência de todos os filhos. Os homens são atletas e as mulheres, no meu julgamento, são lindas. O pai tem o direito de assim proceder”, palavras de um pai coruja. Numa referência ao mandato de prefeito, Dix-huit lembra que está alcançando o fim do mandato com suas mãos: “Preparamos para voltarmos ao lar que largamos temporariamente para servir a Mossoró. Eu, com minha obsessão e Nayde, com a sua paixão. Podem até pensar que não vou sair com saudade da cidade. A brava urbe vive intrinsecamente ligada ao meu coração. Vou ter saudade de tudo e de todos. Nada reclamarei de ninguém, até mesmo aqueles que me feriram profundamente. As feridas cicatrizaram. Resta apenas um reliquat que desaparecerá com o tempo”, promete Dix-huit. 

CASAMENTO E EDUCAÇÃO DOS FILHOS 

Até conhecer Dix-huit, Nayde não sabia da existência da família Rosado. “Namoramos pouco mais de um mês e nos casamos”, explica Nayde. O casamento foi num sábado de Carnaval, numa cerimônia simples. Nessa época, médico recém-formado, Dix-huit clinicava em Assu, onde o casal morou alguns dias, transferindo-se em seguida para Mossoró, depois alguns anos em Natal, onde nasceram todos os seis filhos: Liana Maria, Mário, Margarida, Maria Cristina, Nayde Maria e Carlos Antonio. Eleito Deputado Federal, Dix-huit transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro, então capital federal e cidade que adotou por muitos anos e onde nasceram os netos e bisnetos. Na educação dos filhos teve preocupação em atividades, praticando esportes, línguas e balé. Liana Maria foi educada nos Estados Unidos. Longe do convívio com a família, Nayde Rosado fala quase que diariamente com os filhos e netos. “Hoje me sinto tão realizada, que a maturidade trouxe o conhecimento acerca de tudo e de todos”, comenta. Bastante amiga de todos os membros da família Rosado, Nayde reconhece que a cunhada Treizième Rosado, a quem considera matriarca da família, é sua maior amiga. “Treizième é gente muito fina, que admiro bastante”, disse. Nayde com a cunhada e amiga, Treizième 

MOSSORÓ TODA VIDA 

Seu filho, Mário Rosado, economista, diz que a mãe pensa que mora no Rio de Janeiro. “Mas ela é devota de Dix-huit. Temos o maior carinho por eles. Estendemos o carinho e a dedicação deles a Mossoró, por isso nos privamos durante anos, da companhia deles. Gostaria que servisse de exemplo a outras mulheres”, entrega Mário, que confessa que se existisse santa na terra, sua mãe seria uma. “Ela é essa candura de pessoa que você está vendo. Nunca a ouvi falar com ódio, vingança ou algo parecido”, conta. Mário também explica que, à exemplo dos seus irmãos, é entusiasmado por Mossoró. “Nossos filhos têm tido oportunidade de ir a Mossoró e sempre temos dificuldade em voltar para o Rio ou São Paulo. Eles querem ficar em Mossoró, pois são encantados com a cidade”, afirma. Numa referencia a Mossoró, Mário, que também é poeta, autor do livro Poemas do Amor Constante, esclarece que a força do desempenho da cidade é reconhecida hoje no Brasil inteiro e é exemplo para o Nordeste. “Dix-huit é o nosso ídolo. Mostra-nos que o homem vale mais pelas obras que faz. Ele desprezou a roupa fina para viver na cidade que tanto ama. Somos muito entusiasmados por Mossoró”, repete Mário, que fala também em nome dos irmãos. Sobre Dix-huit, Nayde Rosado conta que não tem palavras que possam traduzir a admiração que sente por ele: “Nunca desejou mal a ninguém, é uma pessoa que ama sua terra e que nunca deixou de demonstrar isso. Gostamos muito do slogan Mossoró Toda Vida. Ele bem traduziu o afeto que temos pela cidade”, resume. Mas Nayde Rosado, que não gosta de ser rotulada de primeira-dama, dispensa esse tratamento por achar que não possui nenhum significado: “Não tenho vaidade de coisa nenhuma, não vivo à sombra disso”, descarta. Nayde é muito querida, principalmente pelas pessoas mais humildes, a quem tem tido a oportunidade de conhecer e servir, independente de partidarismo. “Quando faço uma bondade, um gesto, que mereça um elogio de alguém, faço com a melhor das intenções. Gosto de servir e de estar em contato com o povo, seja pobre ou rico”, esclarece. Dizendo ter em Mossoró amigos verdadeiros, apesar de ter passado maior parte da vida no Rio de Janeiro, Nayde diz: “Todos me tratam com carinho, todos são amigos. Vou levando as melhores recordações”, registra. Com certeza são os mais humildes que demonstram mais amizade e afeto. Nunca pedem nada, mas Tia Nayde oferece e procura servi-los. “Uma coisa que me choca é que muitas vezes não gravo a fisionomia das pessoas. Não sou boa fisionomista e tenho tido problemas, porque acho que muitas vezes possa parecer antipática, quando na realidade, deixo de falar com as pessoas por não gravá-las na mente. Algumas vezes é o nome que foge na hora de cumprimentá-los”, enfatiza. 

Rosalba Ciarlini Rosado, Nayde, Dix-huit e o amigo, Sebastião Mendonça

A música do casal diz: “Em você tudo é encantamento/Em você tudo é deslumbramento/Você traduz sonhos de luz/anjo divino/Qual uma dádiva do céu no meu destino/Em você eu encontrei, querida/A realização de toda minha vida/É você minha expressão da verdade/A minha apoteose de felicidade”. A música bem traduz a felicidade que reina ao casal Dix-huit-Nayde Rosado. A felicidade muito comum em um casal que se ama, acima de tudo. No ano passado, o casal reuniu o clã para a comemoração das Bodas de Ouro, no Rio de Janeiro. “Foi tudo muito bonito, não sei como segurei tanta emoção”, recorda Nayde. Perguntada por qual momento sente-se mais feliz em Mossoró, ela diz que tanto em Mossoró, como em qualquer lugar é quando o prefeito retorna a casa. Nayde gosta de passear pelo comércio de Mossoró. “Aprecio as butiques e admiro a facilidade que as mulheres daqui têm em andar na moda. A mesma moda que vemos no Rio, ser lançada aqui, simultaneamente. Nunca trago novidades, porque encontro aqui em Mossoró”, comemora. Adriano da Silva Pinto tem nove anos de idade e é um dos inúmeros amigos de Nayde, ele confessa que tia Nayde é uma pessoa boa. “É como se fosse minha irmã”, disse. Adriano acompanha a tia, segundo ele, para jantar fora, batizados e quase todo final de semana vai lhe visitar. O sobrinho Laíre Rosado Filho, diz que tia Nayde é uma pessoa que conquistou Mossoró com sua bondade e simpatia. “À exemplo de tio Dix-huit, ela deixou de pertencer a sua família para se dedicar a Mossoró”, comenta. Sobre o retorno ao convívio com a família no Rio de Janeiro, que está próximo, Nayde Rosado afirma que sai com a certeza da volta. “Essa minha demonstração é maior, não pelo sentimento, mas já manifestei a Dix-huit que devemos manter uma residência aqui, para voltarmos sempre. E até pensando na possibilidade de vê-lo novamente na prefeitura, como diz o provérbio, o bom filho à casa retorna”, profetiza. 

Nota: em 1992, quatro anos após essa entrevista, Dix-huit Rosado candidata-se a prefeito de Mossoró, aos 80 anos de idade e, eleito, cumpre o terceiro mandato até 22 de outubro de 1996, falecendo aos 84 anos, deixando como titular, a sobrinha, vice-prefeita Sandra Rosado, filha de Vingt Rosado e primeira mulher, descendente de seu Rosado, a ocupar a cadeira de prefeito do município. Sandra Rosado atualmente cumpre segundo mandato de deputada federal. 

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