Seguidores

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Amigo leitor:

            Nosso escritor e pesquisador do cangaço, e ex-prefeito da cidade do cangaço,


 Poço Redondo, por três gestões:


Alcindo Alves da Costa,


profundo conhecedor  do "Tema Cangaço", respeitado por toda legião de escritores, pesquisadores e historiadores do Brasil, comunicou-me através de e-mail o seguinte:

             Prezado José Mendes,
           
Já fui operado. Já extrair o rim direito. Já sair da UTI. Já deixei o hospital e estou em casa.
            
             Espero em Deus me recuperar o mais rapidamente possível. Nossa Mãe Santíssima e Nosso Amado Mestre e Senhor Jesus Cristo não irá
permitir que eu tenha alguma doença maligna.
 
              Abraços, meu querido amigo
              Alcino
 
"Vamos fazer uma corrente de orações para que o mestre se recupere o mais rápido possível.
Quem pede a Deus com fé e amor, sem dúvida, será ouvido".
 
 
CANGACEIROS NASCIDOS EM POÇO REDONDO

            Conta o escritor e historiador do cangaço Alcindo Alves Costa que, Poço Redondo é considerada a cidade do cangaço. E dela, mais de trinta jovens participaram do banditismo do nordeste brasileiro, entre homens e mulheres.

Aqui estão Eles:

João Preto – o Sabiá.
Rocha – o Canário. 
João Mulatinho – o Delicado.
Luiz Caibreiro, o Bom de Vera.
Zé Neco -  o Demudado. 
Augusto, o Coidado.
 Alfredo Quirino, o Beija-Flor.
Nascimento, o Diferente. 
João - o Moeda.
Zé Rosa - o Alecrim. 
Estes dois últimos foram mortos na chacina de Angico, juntamente
com Lampião e Maria Bonita, no dia 28 de Julho de 1938.
Manoel - o Sabonete. 
João Rosa - o Borboleta. 
 Angelino -  o Zumbi.
 Serapião - o Cravo Roxo.
Chico Inácio - o Cajarana. 
Manoel Marques da Silva -  o Zabelê. Primo legítimo do nosso escritor Alcindo Alves da Costa.
Francisco José do Nascimento -  o Zé de Julião, ou ainda Cajazeira,
sendo este esposo de Enedina que foi morta na chacina de Angico.
Du - Novo Tempo. 
Gumercindo - o Mergulhão.
Antonio -  o Marinheiro. 
Elétrico. Era filho de Pedro Miguel.
Teodomiro, o Penedinho.


AS MULHERES:

 Sila.
Adília. 
Enedina.
Dinda. 
 Rosinha.
Áurea.

Adelaide.

Agradecimentos:

           
             Novamente retorno para agradecer a todos os leitores destas páginas, os quais continuam lendo os trabalhos dos nossos  escritores, pesquisadores e historiadores  do cangaço.
             O número de acessos a estas páginas, tem aumentado a cada dia, e é muito importante nós valorizarmos os seus maravilhosos trabalhos, pois não é à toa que eles saem por aí à procura de informações nas fontes por onde passou o bando de Lampião.
            Não citarei os seus nomes para que não fiquem alguns omissos, mas todos os leitores sabem muito bem quais são.
           Todos são responsáveis, e nos seus trabalhos não existem fantasias.

José Mendes Pereira 




Soldados da Borracha" são agora heróis da Pátria


http://www.perpetuaalmeida.org.br/edit/textos/ImgUpload/ano2011/mes7/fotocomissao-201171995447.jpg

             Projeto é de autoria da deputada perpétua Almeida, que reconhece bom senso da presidente da República e acelera esforço no Congresso para aprovar a PEC que institui pensão digna aos ex-seringueiros.
              A deputada acreana nas comissões por onde o projeto foi aprovado por unanimidade.

http://www.depositonaweb.com.br/wp-content/uploads/dilma-roussef.jpg

              A presidente Dilma Roussef sancionou a Lei 12.447, publicada nesta segunda-feira, que inscreve os nomes de cerca de 65 mil "Soldados da Borracha" no Livro dos Heróis da Pátria. A proposta, de autoria da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), passou por todas as comissões da Câmara e foi aprovada, em caráter conclusivo, na Comissão de Educação, Cultura e Esportes do Senado, sendo o último relatório assinado pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) antes de ela assumir o cargo de ministra-chefe da Casa Civil.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje0zQACT3cQmkCEz5No-_7HnjT7kgEHiiHMRFKK_XmHpFPB_kw_OlWHH0jwWK21jiP30r4ihkwVBcTzqX45AIi6fFM14O1fMn0kQ4s9A5LcRIZcsdVHDQWTqnTnr-mWSRX1NzQLRrAMHs/s1600/Foto+Gleisi+Hoffmann.JPG
Gleisi Hoffmann
               
                Perpétua disse que a presidenta da República deu provas de bom senso ao sancionar a lei, atendendo ao clamor por justiça de fato. A parlamentar acreana, no entanto, ao tomar conhecimento da sanção, acelerou o esforço, junto às bancadas, para que a Câmara aprove, ainda, a PEC que equipara a pensão dos soldados da borracha aos ex-combatentes de guerra, além de uma gratificação natalina no mesmo valor da aposentadoria. Ela foi relatora de uma comissão especial que estipula o benefício em cerca de sete salários mínimos. "Vejo uma necessidade urgente de aprovarmos a PEC. O Brasil tem compromisso moral com estas famílias, especialmente com cidadãos que, atualmente, já atingem uma idade avançada e devem ser reconhecidos em vida pelo esforço de guerra naquela época tão difícil", disse a deputada.
              "Os Soldados da Borracha estiveram sujeitos a condições de trabalho e sobrevivência extremamente severas, contribuindo diretamente para o mesmo objetivo dos ex-combatentes, que se uniram às Forças Aliadas para derrotar as Potências do Eixo", defendeu a senadora-ministra, que acatou integralmente as justificativas da deputada Perpétua Almeida. Seu voto foi acatado pela unanimidade dos senadores.
               A homenagem se deve ao trabalho realizado pelos 65 mil brasileiros que foram para a Amazônia durante a 2ª Guerra Mundial. "Esse contingente realizou notável trabalho, suprindo as necessidades de látex durante o conflito mundial, uma vez que foi bloqueado o acesso aos seringais da Malásia", explica ela.
               Em seu relatório, Gleisi Hoffmann explica que, "embora não tenham participado dos combates, os Soldados da Borracha estiveram sujeitos a condições de trabalho e sobrevivência extremamente severas, contribuindo diretamente para o mesmo objetivo dos ex-combatentes, que se uniram às Forças Aliadas para derrotar as Potências do Eixo".

 
Fonte: http://terrafirmetk.blogspot.com/

FAZENDA ABÓBORA – UM IMPORTANTE LOCAL PARA HISTÓRIA DO CANGAÇO E DO NORDESTE

By Rostand Medeiros
http://profile.ak.fbcdn.net/hprofile-ak-snc4/173895_1439308014_4781262_n.jpg

Desde que comecei a ler temas relacionados ao ciclo do cangaço, a sua figura maior, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e a história do Nordeste no início do século XX, um local em especial me chamava atenção pelas repetidas referências existentes em inúmeros livros. Comento sobre uma antiga propriedade denominada Abóbora, localizada na zona rural do município de Serra Talhada, próximo a fronteira com a Paraíba e não muito distante das cidades pernambucanas de Santa Cruz da Baixa Verde e Triunfo.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/dsc08003.jpg
A cidade de Triunfo a Noite

Vamos conhecer um pouco de sua história e da visita que realizei a este local.
Uma Rica Propriedade

Quem segue pela sinuosa rodovia estadual PE-365, que liga as cidades de Serra Talhada a Triunfo, antes de subir em direção a povoação de Jatiúca e as sedes dos municípios de Santa Cruz da Baixa Verde e Triunfo, percebe que está em um vale cercado de altas serras, que dão uma beleza singular a região. Atrás de uma destas elevações se encontra a Fazenda Abóbora.

Até hoje esta fazenda chama atenção pelas suas dimensões. Segundo relatos na região, suas terras fazem parte das áreas territoriais de três municípios pernambucanos. Aparentemente no passado a área era muito maior. Ali eram criados grandes quantidades de cabeças de gado, havia vastas plantações de algodão, engenho de rapadura e se produziam muitas outras coisas que geravam recursos. No lugar existem dois riachos, denominados Abóbora e da Lage, que abastecem de forma positiva a gleba. [1]

Com tais dimensões, circulação de riquezas, no passado o lugar era ponto de parada de muitos que faziam negócios na região e transportavam mercadorias em lombo de animais, os antigos almocreves. No lugar estes transportadores do passado eram recebidos pelo “coroné” Marçal Florentino Diniz, que junto com irmão Manoel, dividiam o mando na propriedade.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/imagem1.jpg?w=300&h=24
Documento que aponta os proprietários da
Fazenda Abóbora na década de 1920

Informações apontam que Virgulino Ferreira da Silva, quando ainda trabalhava como almocreve, realizou junto com seu pai e os irmãos vários transportes de mercadorias entre as regiões de Vila Bela (sua cidade natal, atual Serra Talhada) e Triunfo.[2].

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/ffigura-24.jpg
Sentado vemos Marcolino Diniz e seus "cabras"

Certamente em alguma ocasião, o jovem almocreve teve a oportunidade de conhecer a fazenda do “coroné” Marçal e de seu irmão Manoel. Além destes o almocreve da família Ferreira conheceu o impetuoso filho do fazendeiro Marçal, Marcolino Pereira Diniz.[3]

Uma ótima Relação

Chefe de bando inteligente e perspicaz, Lampião buscava antes do confronto, o apoio e as parcerias com os antigos proprietários rurais e assim agiu junto aos donos da Fazenda Abóbora.
 
http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/lampiao-e-punhal.jpg?w=206&h=300

Após assumir a chefia efetiva de seu bando, depois da partida do seu antigo chefe, o mítico cangaceiro Sinhô Pereira, Lampião frequentou em várias ocasiões as terras da Abóbora, onde o respeito do chefe e dos seus cangaceiros pelo lugar estava em primeiro lugar.

Rodrigues de Carvalho, autor do livro “Serrote Preto” (1974), informa nas páginas 252 a 254 que ocorreu uma intensa e positiva relação de amizade entre Lampião e a família Diniz principalmente com o “jovem e pretensioso doutor” Marcolino Diniz, que chegou há cursar durante algum tempo a Faculdade de Direito em Recife, mas não concluiu.[4]

Esta relação ambígua de amizade entre estes ricos membros da elite agrária da região e o facínora Lampião foi posta a prova em duas ocasiões.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/dsc03149.jpg?w=300&h=224
Antiga Cadeia Pública de Triunfo,
em breve um novo centro cultural

A primeira no dia 30 de dezembro de 1923, quando Marcolino Diniz é preso pelo assassinato do juiz de Direito Ulisses Wanderley em um clube de Triunfo. Marçal solicita apoio de Lampião para tirar Marcolino da cadeia, se necessário a força. Juntos vão acompanhados de um grupo que gira em torno de 80 a 100 cangaceiros armados. Não Houve reação dos carcereiros.

A segunda ocorreu no mês de março do ano seguinte. Após o episódio do ferimento do pé de Lampião na Lagoa Vieira e o posterior ataque policial na Serra das Panelas, onde o ferimento de Lampião voltou a abrir e quase gangrenar, é a família Diniz que parte em socorro do cangaceiro. Marçal e Marcolino cederam apoio logístico para a sua proteção, transporte, medicamentos e plena recuperação com o acompanhamento dos médicos José Lúcio Cordeiro de Lima, de Triunfo e Severino Diniz, da cidade paraibana de Princesa. Sem este decisivo apoio, certamente seria o fim do “Rei do Cangaço”.[5]

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/alex-gomes-dsc_2574-1.jpg?w=300&h=162
Lagoa Vieira-Foto-Alex Gomes

Foi igualmente na propriedade Abóbora que Lampião conheceu Sabino Gomes de Gois, também conhecido como “Sabino das Abóboras”.[6]


Frederico Pernambucano de Mello, autor do livro “Guerreiros do Sol-Violência e banditismo no Nordeste do Brasil” (2004), nas páginas 243 a 246, informa que Sabino efetivamente nasceu na Fazenda Abóbora, sendo filho da união não oficial entre Marçal e uma cozinheira da propriedade. Consta que ele trabalhou primeiramente como tangedor de gado, o que certamente lhe valeu um bom conhecimento geográfico da região.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/antigas-10.jpg?w=102&h=300
Sabino

Valente, Sabino foi designado comissário (uma espécie de representante da lei) na região da propriedade Abóbora, certamente com a anuência e apoio do pai. Organizava bailes e em um destes envolveu-se em um conflito, tendo de seguir para o município paraibano de Princesa. [7]

Depois, entre 1921 e 1922, acompanhou seu meio irmão Marcolino para Cajazeiras, no extremo oeste da Paraíba. Marcolino Diniz desfrutava nesta cidade de muito prestígio. Era presidente de clube social, dono de casa comercial, de jornal e tinha franca convivência com a elite local. Sabino por sua vez era guarda costas de Marcolino e andava ostensivamente armado. Nesta época Sabino passou a realizar nas horas vagas, com um pequeno grupo de homens, pilhagens nas propriedades da região.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/4-lampic3a3o-gostava-de-mostrar-se-um-homeme-inteligente-perante-as-cc3a2meras.jpg?w=190&h=300
Outra imagem de Lampião

O autor de “Guerreiros do Sol” informa que teria sido Sabino que coordenou a vinda do debilitado Lampião para ser tratado pelos médicos José Lúcio Cordeiro de Lima e Severino Diniz. A amizade entre o “Rei do Cangaço” e o filho bastardo de Maçal Diniz, nascida na Fazenda Abóbora, teria então se consolidado a ponto deste último se juntar a Lampião e seu bando, em uma posição de destaque, no famoso ataque de cinco dias ao Rio Grande do Norte, ocorrido em junho de 1927.

Outros Episódios do Ciclo do Cangaço na Fazenda Abóbora

Pelos muitos autores que se debruçaram sobre o tema cangaço e pelos relatos da região está mais que provado a franca convivência entre os membros da família Diniz e os cangaceiros no seu verdadeiro feudo na Abóbora.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/volantes-114.jpg?w=186&h=300
Oficiais de forças volantes que perseguiram Lampião
e outros cangaceiros ao longo da história

Mas no meio desta história, onde estava o aparato de segurança do estado?

Segundo informações colhidas pelo autor deste artigo, que esteve na região em várias ocasiões, a polícia frequentava a Fazenda Abóbora, mas o poder dos Diniz era tal, que os homens da lei tinham que avisar com antecedência que iriam lá.

Daí, no caso de cangaceiros estarem acoitados na grande gleba, estes eram informados por Marçal, Marcolino ou alguém de confiança, e seguiam tranquilamente para coitos nas Serras Comprida, da Pintada, ou da Bernarda, ou nas propriedades denominadas Xiquexique, Pau Branco, Areias do pelo Sinal e outras.

Essa verdadeira promiscuidade praticamente só vai ter um fim diante da extrema repercussão do ataque dos cangaceiros a cidade de Sousa, na Paraíba. Ocorrido na noite de 27 de julho de 1924, o fato logo ganha destaque nas páginas de vários jornais e assusta as autoridades nas capitais da Paraíba e de Pernambuco. Em pouco tempo os líderes sertanejos são instados a negarem a proteção dada aos bandos de cangaceiros. [8]

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/figura-12.jpg?w=204&h=300
Theophanes Ferraz Torres

Tanto assim que três dias após o assalto a Sousa, ao meio dia, uma força volante sob o comando do major Theophanes Ferraz Torres, trava um combate contra um grupo de cangaceiros comandados por Sabino, que foge sem dar prosseguimento à luta. Certamente Sabino tentava chegar ao seu conhecido “lar” e teve esta desagradável surpresa. [9]

Ao longo do mês de agosto de 1924 vários combates serão travados na região. Tiroteios nos lugares Areias do Pelo Sinal, Serra do Pau Ferrado, Tataíra e outros vão marcar a história de luta contra os cangaceiros. Não havia propriedade que não pudesse ser adentrada e varejada pela polícia.

Mas não seria o fim da presença de cangaceiros no local.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/cc3b3pia-de-00274.jpg?w=300&h=237
"Diário de Pernambuco", 4 de agosto de 1926

Em uma pequena nota existente na página quatro do jornal “Diário de Pernambuco”, edição de quarta feira, 4 de agosto de 1926, encontramos a informação que por volta das três horas da tarde do dia 30 de julho, na área da Fazenda Abóbora, foram mortos pela polícia pernambucana e paisanos, depois de demorado tiroteio, os cangaceiros Juriti e Vicente da Penha.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis3hIXrzQZz9Sdy107-SNgDKMO5r4WM9qQ7gaKhc-xW9I-uMvp2mxAAW8mPRxnohR0yHAXNSzFAW3qrlbBdP5sQ0JAejW7TZCSC94xkcjEdZn3Bg0EGmWH8RqXY9DYqFFd1fu5ihKTSQ0/s320/Juriti.jpg

Juriti era erroneamente apontado pelo jornal como sendo o comandante de um ataque ocorrido no dia 7 daquele mesmo mês, a uma casa comercial em Triunfo. No caso o comandante da ação foi Sabino.

O “Coito” do Coronel José Pereira

Com o declínio da ação de cangaceiros na região de Triunfo, discretamente a Fazenda Abóbora deixa de ser local de combates, mas não deixaria de servir como um ótimo esconderijo.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/images2.jpg?w=116&h=208
O Coronel José Pereira

Em 1930, eclodiu um grave conflito armado na vizinha Paraíba, mais precisamente no município de Princesa.

Entre as origens deste sério problema, estavam as divergências entre o governador eleito da Paraíba em 1927, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, e os coronéis monopolizadores da economia e política do interior do estado.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/images-11.jpg?w=197&h=256
João Pessoa

João Pessoa discordava da forma como este grupo político, que o elegera, conduzia a política paraibana. Entre estes poderosos era valorizado o grande latifúndio de terras do interior, possuidores de grandes riquezas baseadas no cultivo de algodão e na pecuária.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/1-653.jpg?w=300&h=224
Casarão de onde José Pereira comandava suas
forças no conflito de Princesa

Estes fazendeiros, como vimos no exemplo de Marçal Diniz, atuavam através de uma estrutura política arcaica, que se valia entre outras coisas do mandonismo, da utilização de grupos de jagunços armados, da conivência com cangaceiros e outras ações as quais o novo governo não concordava.

Um dos pontos mais fortes da discórdia era cobrança de taxas de exportação do algodão. Os ditos coronéis paraibanos exportavam a produção desta malvácia pelo porto do Recife, causando perdas tributárias para o estado da Paraíba. O governador estabelece diversos postos de fiscalização nas fronteiras do Estado. Por esse motivo os coronéis do interior passaram a apelidar João Pessoa de “João Cancela”.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/images-21.jpg?w=198&h=255
José Pereira (em destaque) e seu estado maior
durante a chamada Guerra de Princesa

O fazendeiro e líder político José Pereira Lima, mais conhecido como “Coronel Zé Pereira”, da cidade de Princesa, era o mais poderoso entre todas as lideranças do latifúndio na sua região. Para muitos ele é descrito como verdadeiro imperador do oeste da Paraíba, na área da fronteira com o estado de Pernambuco. Zé Pereira contava com o apoio dos governadores de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, respectivamente Estácio de Albuquerque Coimbra e Juvenal Lamartine de Faria.

Diante do impasse com o governador João Pessoa, Pereira declarou Princesa “Território Livre”, separando-o do estado da Paraíba, tornando-o absolutamente autônomo. 

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/meu-avc3b4-ademar-naziazene-1.jpg?w=300&h=181
Combatentes durante o conflito

A reação do governo estadual foi pesada e uma verdadeira guerra começou. Princesa se tornou uma fortaleza inexpugnável, resistindo palmo a palmo ao assédio das milícias leais ao governador João Pessoa. O exército particular do Coronel José Pereira era estimado em mais de 1.800 combatentes, onde diversos lutadores eram egressos das hostes do cangaço e muitos eram desertores da própria polícia paraibana.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/meu-avc3b4-ademar-naziazene-2.jpg?w=300&h=179
Combatentes da Guerra de Princesa-Fonte

A força do governador João Pessoa possuia cerca de 890 homens, organizados em colunas volantes. Essas colunas eram chefiadas pelo coronel comandante da Polícia Militar da Paraíba, Elísio Sobreira, pelo Delegado Geral do Estado, o Dr. Severino Procópio e José Américo de Almeida (Secretário de Interior e Justiça).

Marçal Florentino Diniz e Marcolino, ligados por parentesco com José Pereira, se juntam a luta na região. Houve muitos episódios sangrentos na conhecida Guerra ou Sedição de Princesa.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/digitalizar0018.jpg?w=300&h=210
João Pessoa assassinado. Estopim da Revolução de 30

Após a morte do governador João Pessoa, ocorrida em Recife, houve a consequente eclosão da Revolução de 30 e o conflito em Princesa acabou. Durante os quatro meses e vinte e oito dias que durou sua resistência, Princesa não foi conquistada pela polícia paraibana. Após a eclosão da Revolução, as tropas do Exército Brasileiro, de forma tranquila, ocuparam a cidade.

Para muitos pesquisadores José Pereira Lima organizou de tal maneira a defesa dos seus domínios, que provocou baixas estrondosas à força pública paraibana.

Diante da derrota, José Pereira e muitos dos que lutaram com ele fugiram da região. A família Diniz se retraiu diante do novo sistema governamental imposto e a fortuna de Marçal e Marcolino ficou seriamente comprometida.

O tempo dos caudilhos do sertão estava chegando ao fim, pelo menos naquele formato utilizado por Marçal Diniz e José Pereira.

José Pereira deixa Princesa no dia 5 de outubro de 1930 e fica escondido em propriedades de pessoas amigas, em diversas localidades existentes em outros estados. Segundo o Sr. Antônio Antas, depois de percorrer vários locais, segundo lhe informou o próprio Marcolino Diniz, José Pereira passou muito tempo escondido na Fazenda Abóbora, até que em 1934 o novo regime lhe concedeu anistia e ele decidiu permanecer em território pernambucano.

http://tokdehistoria.files.wordpress.com/2011/07/1-368.jpg?w=191&h=300
Antônio Antas, conviveu quando jovem com Marcolino Diniz, seu parente.
Um grande amigo e memória viva da história de sua região

Mas segundo o Sr. Antônio Antas, a situação na Fazenda Abóbora não foi fácil. Um ano depois da anistia, por ordens de Agamenon Magalhães, então Interventor Federal em Pernambuco, a polícia estadual cerca a Fazenda Abóbora. José Pereira escapa, volta a Princesa e recebe garantias dos líderes estaduais paraibanos.

Visitando a Fazenda Abóbora

Em recente ocasião estive na cidade de Triunfo, onde mantive contato com Lucivaldo Ferreira e André Vasconcelos. Há tempos que mantemos parcerias entre o nosso blog “Tok de História” e o ótimo blog que eles comandam, chamado “Boom! Triunfo”.

A principal igreja católica de Triunfo e a névoa
 da época de inverno na serra

Tive oportunidade de travar contato com ambos, onde pude entregar-lhes meu último livro “João Rufino-Um Visionário de Fé” e conversar muito sobre cangaço. Os dois são verdadeiramente apaixonados por Triunfo, sua história, sua cultura e lutam para que isso seja divulgado entre os mais jovens.

Lucivaldo é professor de artes da Escola Nova Geração Triunfense, atua como produtor cultural independente. Ele concilia o trabalho de Regente da Filarmônica Isaias Lima, com o de cantor, compositor, arranjador, vocalista da Banda Templários e participante da Orquestra Maestro Madureira.

O autor deste artigo e André Vasconcelos

Já André é bacharel em hotelaria, já foi secretário de cultura de sua cidade, é funcionário do SESC-Serviço Social do Comércio, trabalhando no belo hotel que esta entidade mantem na cidade serrana e é um grande pesquisador do tema cangaço. Acredito que tudo que diz respeito ao cangaço em Triunfo e região, se ele não souber, chega perto.

Com extrema boa vontade, ambos se colocaram a disposição para apresentar as características e fatos históricos de Triunfo, de uma forma tranquila e aberta.

Nas nossas andanças me chamou a atenção como às pessoas na região são extremamente tranquilas e comunicativas, sempre buscando ajudar. Percebi que na busca de informações, é difícil alguém que não tenha algum fato em sua história familiar, relacionado a episódios relativos ao cangaço.

Na busca da Fazenda Abóbora, com a Serra Grande ao fundo.
 Mais de 900 metros de atitude

Em um dos dias em que lá estive, busquei alugar uma moto 125 e fui com André desbravar os difíceis, longos e enlameados caminhos até a Fazenda Abóbora. Devido às chuvas, o trajeto foi bem complicado e quase caímos em algumas ocasiões. Mas o legal foi que André não perdeu a animação.

Durante o trajeto foi bonito ver a distância a famosa Serra Talhada. Neste caso não era a cidade, mas a elevação com mais de 800 metros de altitude que nomeia o lugar.

A Serra Talhada

A sede da Fazenda Abóbora fica praticamente escondida pelos contrafortes da chamada Serra Grande e seus mais de 900 metros de altitude. Já a passagem dos Riachos Abóbora e da Lage foi uma verdadeira aventura, pois ambos estavam com água corrente e, devido a ser final da tarde, não dava para ver a profundidade. Mas o negócio era encarar e seguir em frente. Graças a Deus deu certo.

Percebe-se com clareza no trajeto o quanto a região ainda é isolada. Existem serras cercando todos os quadrantes da propriedade, o que de certa maneira deixa a área bastante intocada. Tudo é muito bonito em termos naturais e paisagísticos.

Aspecto da Região

Em meio a tantas situações interessantes, em um ponto mais alto, avistamos a casa grande da fazenda Abóbora. À primeira vista, à distância, confesso que fiquei até um pouco decepcionado. Achei que era “história demais, para casa de menos”. Mas não era bem assim.

Sede da Fazenda Abóbora

Devido à distância e as condições da estrada, chegamos praticamente à noite. Era estranho tentar imprimir velocidade na 125, em meio a uma estrada terrível, desconhecida, cheia de curvas, altos e baixos e o medo de não conseguir as fotos devido a falta de iluminação natural. Ainda bem que André foi um passageiro bem tranquilo na moto. Mas deu certo.

Na casa os proprietários não se encontravam, mas os moradores foram extremamente solícitos em nos receber e abriram as portas do local.

Oratório de São Sebastião

O interessante é que a residência está mantida praticamente na sua forma original. Com exceção do pequeno pátio, do murinho, portal e escadarias localizados na parte frontal, eles afirmaram que o resto da casa é todo original e a intenção dos donos é mantê-la como está. Ao redor existem muitas antigas casas de moradores, a grande maioria desocupadas, mostrando que a quantidade de trabalhadores que havia no local já foi bem maior.
A antiga e preservada cozinha

Fizemos muitas fotos, mas por questão de respeito aos proprietários, apresentamos apenas o interessante oratório com a figura de São Benedito e a original cozinha com seu fogão a lenha.

Os caseiros do local informaram que vivem há anos no lugar e tiveram oportunidade de ouvir através dos moradores mais velhos, a maioria já falecidos, inúmeras histórias sobre a passagem de Lampião pela casa . Ele nós garantiram que era a primeira vez que conheciam pessoas que vinha à casa da Fazenda Abóbora em razão do tema cangaço.

A nossa visita foi rápida, mas valeu e muito.
Mas uma vez agradeço ao André Vasconcelos pelo apoio.

[1] Relatos transmitidos em entrevista gravada junto ao Sr. Antônio Antas, da cidade paraibana de Manaíra, em dezembro de 2008. O Sr. Antônio, parente de Marcolino Diniz, conviveu com o filho de Maçal quando este estava idoso e vivendo na Comunidade de Patos do Irerê. Vale ressaltar que é relativamente pequena a distancia da sede da Fazenda Abóbora para a cidade de Manaíra.

[2] Relato transmitido ao autor em entrevista gravada junto ao Sr. Antônio Ramos Moura, em agosto de 2006, em Santa Cruz da Baixa Verde.

[3] Para Frederico Pernambucano de Mello, autor do livro “Guerreiros do Sol-Violência e banditismo no Nordeste do Brasil” (2004), na página 244, afirma que Maçal Diniz conheceu Lampião e seus irmãos quando os mesmo já eram membros do bando de Sinhô Pereira, cangaceiro que igualmente recebeu proteção e apoio deste fazendeiro em 1919.

[4] Entrevista gravada com Antônio Antas, dezembro 2008.

[5] Sobre o combate de Lampião na Lagoa Vieira ver – tokdehistoria.wordpress.com/2011/02/10/quando-lampiao-quase-foi-aniquilado

[6] Segundo Frederico Pernambucano de Mello, Sabino também era conhecido como Sabino Gomes de Melo, Sabino Barbosa de Melo, ou ainda com os denominativos Gore, Gório ou Goa. Ver “Guerreiros do Sol-Violência e banditismo no Nordeste do Brasil” (2004), pág. 243.

[7] Rodrigues de Carvalho (pág. 164) afirma que Sabino nasceu na Paraíba, no lugar denominado Pedra do Fumo, então município de Misericórdia, atual Itaporanga. Pela lei estadual nº 3152, de 30 e março de 1964, o antigo distrito de Pedra de Fumo foi desmembrado do município de Itaporanga e elevado à categoria de município com a denominação de Pedra Branca, localizado a cerca de 20 quilômetros de Itaporanga. Pelo que escutamos durante nossas visitas a região, acreditamos que a versão do autor de “Guerreiros do Sol” é mais correta.

[8] Sobre o ataque a Sousa ver o livro “Vingança, Não”, de Francisco Pereira Nóbrega.

[9] Sobre este combate ver “Pernambuco no tempo do Cangaço – Theophanes Ferraz Torres, um bravo militar (2 volumes)”, de Geraldo Ferraz de Sá Torres Filho, págs. 379 e 380.

Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso,
 desde que citada a fonte e o autor.



Extraído do Blog "Toque de História"
 do autor deste trabalho, Rostand Medeiros