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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

O SURURU DE ALAGOAS

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de setembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.746

O famoso sururu de Maceió tem denominação vinda do tupi. É um molusco bivalve, isto é, que possui duas conchas duras e por isso chamado também de sururu-de-capote. Retirado das conchas apresenta-se amarelado e comestível. Seu nome científico é Mytela charruana conhecido em outros lugares como mexilhão. Esse molusco também pode ser encontrado em partes de estados nordestinos como Bahia, Sergipe, Pernambuco, Maranhão e em áreas específicas. Mas é em território alagoano onde alcança grande notoriedade, sendo até considerado Patrimônio Imaterial de Alagoas pelo Conselho Estadual de Cultura. No prato possui proteínas de alta qualidade, tem baixo teor de gordura e apresenta-se como de fácil digestão.


Apesar de o sururu ser apontado como coisa de pobre, ele está presente em todas às mesas do estado, inclusive nos restaurantes mais grã-finos. É capturado nas lagoas e mais de trezentas famílias vivem da sua cadeia produtiva na sequência: capturar, lavar, peneirar, “despinicar” e vender. Como curiosidade, a palavra regional despinicar, ficou fora do dicionário, mas significa limpar, retirar os excessos com os dedos. Quando as águas temperadas das lagoas ficam muito doces, o molusco desaparece. Foi o que aconteceu agora com os rios despejando nas lagunas neste inverno prolongado. Temporariamente ficamos sem as vendedoras típicas de sururu gritando o produto pelas ruas da cidade.
Vários pratos são feitos com o molusco como o inigualável “caldinho de sururu” e a “moqueca de sururu”, além do pirão de “sururu-de-capote” e sanduiches. Mas devido à poluição de esgotos domésticos e industriais e o manejo sem higiene, doenças graves ameaçam também seus consumidores. Falta a presença constante do estado em toda a sua cadeia produtiva num trabalho contínuo e ininterrupto em favor da saúde do alagoano. As pessoas que vivem diretamente do sururu, geralmente moram no entorno das lagunas e, na falta do molusco, tentam a pesca comum, o que nem sempre dá bons resultados.
Vamos aguardar à volta do bicho.


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MATUTICE E SABEDORIA

Por Rangel Alves da Costa

Menciono o termo matutice sem preconceito ou discriminação ao sertanejo, ao homem da terra, ao caboclo da aridez nordestina. Não se tenha, pois, como termo pejorativo, no intuito de macular a imagem de tão primoroso cidadão. Ora, também sou sertanejo, tenho-me como matuto e muito me honra ter nascido nas lonjuras sergipanas do São Francisco, em meio a um mundo de secas e sofrimentos, debaixo do sol e tendo a lua grande como alento bom depois da refrega do dia.
Homem da terra, da enxada e da foice, do arado e do machado, de uma simplicidade sem igual, mas também de inteligência sem par. Reconhecida é a sabedoria matuta, de lições e livros abertos desde os tempos primeiros, folheados de geração a geração através da palavra, do exemplo, dos costumes na vida. O homem da terra é sábio, é profeta, é adivinho, é professor, é conhecedor dos mistérios do tempo e de todos os mistérios. E quando mais envelhecido mais alçado ao panteão dos glorificados pela sabedoria.
Ninguém conhece mais de remédio caseiro que a velha senhora. Ninguém conhece mais de tempo chuvoso ou não do que o sertanejo. Ninguém tem poder igual ao caboclo matuto de adivinhar o que há nas entranhas da mata. Ninguém cura melhor todo tipo de enfermidade, utilizando somente de rezas e benzimento, do que a senhorinha agrestina. Ninguém além do sertanejo traz na palma da mão um livro escrito no calejamento dos dias, traz no sangue e na pele a lição maior de uma vida. De sua boca não sai senão aquilo cuja valia é maior que qualquer sentença de magistrado ou jurisprudência de tribunal.
Ademais, sempre fui do entendimento que o conhecimento popular possui igual – ou mesmo maior valor - aos demais tipos de conhecimentos, principalmente o científico. Não se esquecendo do fato que a Ciência, mesmo com seus títulos e honrarias, pode ser refutada e jogada ao esgoto em qualquer instante, desde que um novo conhecimento surja que lhe tire a validade de primado irrefutável. E o mesmo não ocorre com o conhecimento autenticamente popular, aquele passado de geração a geração, enraizado desde os primeiros tempos e repassado ao longo do tempo.
Daí que eu prezo muito mais um bom proseado entre matutos, entre homens do campo, entre sertanejos catingueiros, a qualquer conclave, reunião, discussão acadêmica, debate aflorado nos honoris causa. As teorias, por vezes, são incompreensíveis até mesmo aos teóricos. Os tecnicismos e os academicismos impedem as mínimas compreensões dos postulados. Não somente isso, pois existe uma filosofia insuportável, pedante, incompreensível, que tudo diz e nada diz, chegando a conclusão nenhuma, e aquela que chega aos ouvidos como verdadeiro livro aberto.
Vamos aos exemplos. A ciência meteorológica diz que vai chover tal dia e tal hora em determinado lugar. E se não chove, logo vem a desculpa que uma frente fria ou uma precipitação qualquer desviou a nuvem noutra direção. Mas com o homem do mato é diferente. Quando ele olha para a barra do horizonte logo vem a sentença de chuva ou não. E não há quem prove o contrário. Conhece a chuva pelo balançado das folhagens, conhece o prolongamento da seca pelo voo dos passarinhos. Conhece o tempo bom e o tempo ruim pelo simples olhar da experiência.
E então vai a medicina cobrando milhões para o mesmo serviço que as mãos de uma boa e velha parteira faz por amor ao ofício. E vem a psicologia dizendo que a vida é assim ou assada, enquanto o pai de família responsável chama seu filho num canto e lhe dá toda a psicologia da vida. Enquanto o médico passa uma receita com tarja preta, caríssima e dificílima de ser despachada, a senhorinha vai lá ao quintal e traz na mão a farmácia pronta e a cura perfeita. Ou o velho alquebrado chega ao pé do balcão e pede o remédio da hora. E acabou-se o reumatismo.
Mas o forasteiro que nada disso conhece e avista o sertanejo na sua matutice, na sua pouca palavra e no seu jeito humilde ser, logo tende a dizer que ali apenas mais um vivente dos sofrimentos impostos pelo homem e pelas securas da terra. Desconhece, pois, da raiz que brota a verdadeira sabedoria. Nada conhece de um saber tão profundamente original que até mesmo o silêncio é lição. O homem da terra sabe que nenhuma valia possui a palavra se da boca não sair a verdade a ser ouvida e acredita.
Recordo, por fim, o que disse o chapéu velho de couro ao anel dourado do doutor imponente: O brilho maior é o do sol mais quente e trago ele por cima e por dentro de mim.

Escritor
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FILHO DE ASSENTADOS COLA GRAU EM MEDICINA NA UERN


“Eu não acreditava que chegaria a esse momento”, declara o estudante de Medicina da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Caio da Fonseca Silva, 28, sobre a sua colação de grau, que ocorrerá nesta quarta-feira, 6. A expressão remete a sua difícil trajetória até conquistar o tão desejado diploma de graduado.

Filho de assentados, Caio da Fonseca Silva viu na educação uma alternativa para transformar a sua vida e de sua família. “Trabalhávamos com meu pai na agricultura, no Projeto de Assentamento Quixaba. Meu irmão (que é formado em Direito, também pela UERN) foi o primeiro da família a se ater para os estudos. Inspirado nele, também decidi trilhar por esse caminho”, relata.

As dificuldades em seguir com os estudos foram muitas, antes mesmo de ingressar na faculdade. Por muitas vezes, ele percorreu de bicicleta 22 quilômetros do assentamento Quixaba até a escola onde cursava o Ensino Médio para não perder aula. “Foi então, que decidi vir para Mossoró. Vim morar na Casa do Estado de Mossoró, onde fiquei por cinco anos”, afirma o discente.

Quando concluiu o Ensino Médio, Caio da Fonseca não prestou vestibular de imediato. “Infelizmente, o ensino público deixa muito a desejar e para se tornar competitivo para o curso que eu desejava, tive que estudar por alguns anos para ter base para passar. Estudava em média 16 horas por dia”, lembra Caio. Segundo ele, como estudava bastante, conseguiu uma boa base em disciplinas como química e física, e passou a dar aulas de monitoria em cursinhos da cidade, e em troca, os proprietários dos cursinhos permitiam que ele assistisse aulas em disciplinas que tinha mais dificuldades, como português e redação. “Isso me ajudou muito”, diz.

Em 2010, passou em Medicina. Os seis anos de graduação foram tão difíceis ou mais do que o período do Ensino Médio. “Foi difícil, foi muito sofrido. Minha família tinha a maior boa vontade, me incentivava, mas infelizmente, não tinham como me ajudar na questão financeira. Por mais que a UERN seja uma instituição pública, se manter no curso requer muitos gastos, com livros, material, xerox”, declara. Ele lembra que muitos professores da Faculdade de Ciências e Saúde o ajudaram, inclusive financeiramente.


“Como minha família é do assentamento Quixaba, tinha que conseguir moradia aqui em Mossoró. A ideia era ir para a Residência Universitária, mas mesmo na residência ficava pesado para arcar com alimentação e o transporte para ir à Faculdade. Então, uma pessoa da faculdade e pessoas de fora me ajudaram a pagar aluguel em uma residência perto do curso e assim consegui levar. Sinceramente, em algumas situações eu achava que não ir conseguir”, relata o estudante.

Hoje, prestes a receber o diploma em Medicina, Caio da Fonseca Silva relembra com emoção toda sua trajetória. “Ainda não caiu a ficha, acho que só vou acreditar quando tiver o diploma em mãos. Não existem palavras para descrever a felicidade que eu tenho, principalmente em ver a felicidade dos meus pais em ver mais um filho formado”, diz o graduando. As suas metas agora são trabalhar para estruturar a vida sua e de sua família, e até o final do próximo ano prestar residência para neurocirurgia.

Para ele, a UERN foi um divisor de águas em sua vida. “Sempre sonhei em estudar na UERN, sempre me via estudando aqui, na FACS. A Faculdade de Medicina me tornou uma outra pessoa. Vivi muitas coisas aqui, e hoje sou uma pessoa mais humana, muito melhor. Devo muito do que eu sou aos meus professores e ao corpo de servidores da instituição. Vou levar a UERN comigo para onde for”, finaliza.
Colação de grau

Na noite desta quarta-feira, 6 de setembro, 25 alunos de Medicina da UERN irão colar grau, em solenidade realizada às 19h30, no Teatro Municipal Dix-huit Rosado.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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MAIS DUAS EXCELENTES OBRAS SOBRE CANGAÇO CHEGARAM PARA RESIDIREM EM MINHA ESTANTE

Por José Mendes Pereira

No dia 30 de agosto de 2017, recebi na minha casinhola o livro que tanto os pesquisadores, escritores, leitores do cangaço e eu, esperávamos, com o título “LAMPIÃO E O CANGAÇO NA HISTORIOGRAFIA DE SERGIPE” VOLUME I (os volumes II, III, IV e V serão lançados posteriormente), escrito pelo pesquisador do cangaço Dr. Archimedes Marques um dos mais competentes com suas pesquisas sobre o movimento social dos cangaceiros. 

Além deste, recebi também o livro "SILA DO CANGAÇO... AO ESTRELADO" escrito pela sua esposa, a escritora e pesquisadora do cangaço Elane Marques. 


Agradeço  ao nobre escritor e pesquisador do cangaço Dr. Archimedes Marques por sempre lembrar deste estudante do cangaço e da minha humilde estante, que aos poucos, está aumentando os seus hóspedes.

Os interessados pelos livros citados é só entrarem em contato com o escritor Dr. Archimedes Marques através deste e-mail: archimedes-marques@bol.com.br, que serão atendidos imediatamente. 

Aos autores, o meu agradecimento e continuaremos, o blog e eu ao inteiro dispor dos escritores Dr. Archimedes Marques e Elane Marques.

Estudante do cangaço José Mendes Pereira

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PARA JOSÉ ROMERO A. CARDOSO - CUMPRIMENTOS - FELIZ ANIVERSÁRIO! PROF. DR. PEDRO FERNANDES RIBEIRO NETO – REITOR

Prof. Aldo Gondim Fernandes – Vice-Reitor

Para José Romero A. Cardoso - cumprimentos

28 de setembro de 2017.

Romero,

Que você tenha um grande dia hoje e que a felicidade esteja
presente em todos os momentos.

Feliz Aniversário!

Prof. Dr. Pedro Fernandes Ribeiro Neto – Reitor
Prof. Aldo Gondim Fernandes – Vice-Reitor


Enviado por e-mail, com data antecipada em razão que não haverá expediente na UERN, devido ser o aniversário da instituição de ensino superior, bem como também o meu. ORGULHO DE PERTENCER AOS QUADROS DA UERN.


Prof. José Romero Araújo Cardoso - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN/Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais - FAFIC/Departamento de Geografia - DGE     -     Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC/Instituto Cultural do Oeste Potiguar - ICOP/Associação dos Escritores Mossoroenses - ASCRIM



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PARTICIPAÇÃO DO PROFESSOR BENEDITO NO SEMINÁRIO : " CULTURA - O PAÍS VINGT-UN "

Por Benedito Vasconcelos Mendes

Terminou hoje, o Seminário sobre a Contribuição do Prof. Vingt-Un Rosado para a Cultura Potiguar, realizado no Teatro Dix-Huit rosado, em Mossoró, nos dias 25 e 26 de setembro do corrente ano. 


O Prof. Benedito Vasconcelos Mendes discorreu sobre o protagonismo de Vingt-Un na área cultural, mostrando a sua liderança na criação de instituições culturais, como bibliotecas, museus, academias, faculdades e congressos técnico-científicos. 


Este seminário promovido pela Fundação José Augusto, Fundação Vingt-Un Rosado e Secretaria Municipal de Cultura teve a Coordenação da Professora Isaura Amélia Rosado Maia e do Dr. Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia Sobrinho e teve como objetivo  relembrar a formidável obra cultural realizada por Vingt-Un Rosado.

https://www.facebook.com/benedito.vasconcelosmendes

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ

https://www.youtube.com/watch?v=INWPxqUSXEY

Anilton Lellis

ATAQUE DE LAMPIÃO À MOSSORÓ...
Um vídeo com o selo de Aderbal Nogueira / Paulo Gastão...
Confira esse excelente vídeo...!

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O CÉU BRILHOU EM CANUDOS

Por José Gonçalves do Nascimento

Final do século dezenove. No rastro de antigos missionários, e conduzido pela estrela do Bendegó, um homem cruza os sertões em busca da terra anunciada. Pouco tempo havia desde que a república fora proclamada, quando Antônio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, chegou ao arraial de Canudos para dar início à sua saga redentora. A notícia fez com que famílias inteiras deixassem tudo para trás a fim de se juntar ao profeta. 


O sertão quase que esvaziou. As fazendas fecharam suas porteiras. As cercas despencaram e não havia mais quem as erguesse. Os engenhos viraram fogo morto e agora não passavam de uma triste lembrança na crônica sertaneja. Os ferros que antes davam forma às correntes transformaram-se todos em arados. Negros, índios, vaqueiros, gente do eito, antigas escravas, parteiras, benzedeiras, professoras, poetas, beatos, menestréis, toda essa enxurrada de gente arribou em massa para a aldeia sagrada. Em pouco tempo Canudos já era a maior vila do sertão. Desesperado, um barão daquelas terras escreveu no jornal, queixando-se da falta de braços nos seus alargados domínios.

Mais do que o paraíso utópico dos contos antigos, Canudos era a realização do sonho de liberdade desde muito fomentado pelos filhos do sertão. Era a Canaã prometida, a terra sagrada onde jorrava leite e mel. A fortaleza segura que a todos protegia e amparava. O doce regaço a refrescar os corpos cansados nas tardes longas de fadiga.

O Vaza-barris, generoso, desmanchava-se em verdejantes vales, onde tudo brotava com fartura. Milho, feijão, fava, batata, jerimum, até cana de açúcar crescia bonitona por aquelas bandas. A terra era de todos, não havia cerca, nem senhor. Seus supostos donos andavam a enlamear-se na areia fria da praia. Tinham outras preocupações. Visavam às cifras, às siglas, às urnas. Não queriam largar a gamela palaciana. Viviam fuçando os cofres oficiais, ávidos de mais privilégios.

Enquanto isso, o sertão florescia e um novo mundo se desvendava; despido da sua sisudez habitual, o deserto se recobria com o verde do alecrim e do mandacaru; os celeiros se enchiam de semente nova; as cacimbas, outrora esturricadas, dessa vez regurgitavam de tão cheias; no alto dos morros, nas colinas, por toda parte, animais pastavam tranquilamente; os antigos currais davam lugar às roças de milho verde, enquanto o lavrador virava senhor de si, não sendo mais obrigado a oferecer a força do seu braço em troca de alguns poucos vinténs.

A terra, os campos, a criação, a água dos rios, os peixes, os paióis de feijão, tudo ali era de todos; os dias de bonança, a comida farta na mesa, o leite, o pão, o cuscuz, tudo nascia da união fraterna e solidária dos amigos do beato; a república, o governo não davam as caras por lá; aliás, para o governo aquela gente sequer existia; não tinha nome, nem identidade; vivia noutra terra, noutro país.

O peregrino era a luz que alumiava a escuridão do deserto; um cavaleiro da esperança a abrir caminhos nunca antes transitados; um anjo rebelde a desafiar o status quo da velha política que há séculos afundava o sertão no vale tenebroso do analfabetismo; sua palavra era espada afiada contra a ira do mundo; contra o pecado institucionalizado da pilhagem do bem público por parte dos ricos, que ficavam cada vez mais ricos, em prejuízo dos pobres que ficavam cada vez mais pobres; contra o descaso e a má-fé da promíscua e parasitária máquina governamental, responsável pela eternização da miséria e do atraso; contra o moralismo insano e estúpido dos padres, que apontavam nos pobres todo tipo de pecado, mas que viviam ora a lambuzar-se nos braços das concubinas, ora a refestelar-se nas mesas dos coronéis.

Seu Evangelho se assentava na tolerância, na mansidão, na brandura. Não condenava, libertava. Não atirava pedras, acolhia. Não recorria às leis do inferno para amedrontar e prevenir; do contrário, evocava a beleza de Deus para instruir e ensinar. Unindo o céu e a terra, sua catequese vislumbrava já neste mundo o reinado que os clérigos, comodamente, anteviam apenas no além-túmulo. Seu apostolado, ao tempo em que esmagava serpentes, também construía pontes, cavava açudes, abria estradas.

Tudo ia muito bem até a que das profundas da escuridão sem fim, o dragão da maldade levantou sua cauda terrível, espalhando fogo no sertão. Agora sim, a república, o governo apareciam por lá. Só que ao invés de lápis e caderno, levavam fuzil e baioneta. A reforma agrária, sonhada, era substituída pelo troar da “matadeira”. A liberdade, a bem-aventurança, a alegria do viver, agora davam lugar à dor, à tristeza, à desolação. Tudo isso em nome de Deus, da ordem, da pátria e dos "bons costumes".

Foi assim que a noite baixou sobre o sertão, abrindo as cortinas da morte e encerrando a poesia no túmulo da estupidez; de repente, o céu brilhou em Canudos e do alto da serra do Cocorobó soou uma trombeta luminosa, anunciando que o Conselheiro ressuscitara.

Por José Gonçalves do Nascimento
jotagoncalves_66@yahoo.com.br


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Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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NOVOS CANGACEIROS | O CANGAÇO NA LITERATURA #67

https://www.youtube.com/watch?v=FMd-nMCQt9k&feature=share

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LIVRO “LITURGIA DO FIM”, DE MARILIA ARNAUD, SERÁ LANÇADO NESTE SÁBADO EM POMBAL

Por  Marcelino Neto

A escritora Marilia Arnaud estará lançando neste sábado (30), em Pombal, a sua mais nova produção literária “Liturgia do fim”.

Na história um conflito de gerações, sendo esse o quinto livro da autora e o segundo romance de sua carreira.

A obra retrata a figura do filho que retorna à cidade natal para rever o seu pai autoritário e antiquado.


O romance foi escrito durante dois anos e enfatiza a narrativa de “Inácio Boaventura”, um moço nascido no sertão nordestino num lugarejo chamado “Perdição”.

O moço conta a história de vida dele passando pelo relacionamento difícil com o pai, um tema universal de relacionamento que já foi tratado por outros escritores.

O evento de lançamento acontecerá na Câmara Municipal, a partir das 10h30.

SOBRE O PERSONAGEM:

Inácio, é escritor e professor universitário, um homem assombrado pela memória e pelos fantasmas de um segredo familiar, abandona a mulher e a filha, as salas de aula e a literatura para voltar a “Perdição”, lugar onde nasceu e viveu até os 18 anos.

Numa narrativa descontinuada e sinuosa, em que presente e passado se alternam e se misturam.

Inácio narra a infância e a adolescência em Perdição, a vida em família, a relação difícil com o pai, o terno entendimento com a mãe, a obsessão pela tia louca, os medos noturnos, o primeiro e único amor, a paixão pelos livros.

Marcelino Neto


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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GENTLEMAN JERÔNIMO VINGT-UN ROSADO MAIA (MOSSORÓ, RIO GRANDE DO NORTE - 25 DE SETEMBRO DE 1920 - NATAL, RIO GRANDE DO NORTE, 21 DE DEZEMBRO DE 2005): MEU EXEMPLO DE VIDA.

Por José Romero de Araújo Cardoso

Gentleman Jerônimo Vingt-un Rosado Maia (Mossoró, Rio Grande do Norte - 25 de Setembro de 1920 - Natal, Rio Grande do Norte, 21 de Dezembro de 2005): Meu exemplo de vida - "Gentileza, humildade e educação": Ensinamentos para toda vida. Obrigado por tudo, meu querido mestre!



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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