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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Piranhas, ponto de encontro do Cariri Cangaço em mais uma Avante-Première

Por: Manoel Severo

Mais uma vez a família Cariri Cangaço se reúne. 

Piranhas

Em Alagoas por ocasião da Semana do Cangaço em Piranhas tivemos a oportunidade de reencontrar muitos amigos, de norte  a sul do Brasil em mais uma Avante-Première, a terceira e última do ano, antes: Lavras da Mangabeira e Paraíba, com Sousa e Nazarezinho, agora é preparar para Setembro: De 17 a 22 de Setembro, Cariri Cangaço 2013, no cariri do Ceará.

 
Foto oficial na residência de Chiquinho Rodrigues
 Jaqueline Rodrigues, nossa anfitriã; abaixo, João de Sousa Lima e sua filha, Letícia

Durante o Cariri Cangaço em Piranhas, dentro da Semana do Cangaço , tivemos a oportunidade de por muitos momentos reunir os amigos, "jogar conversa fora", andar pelas pequenas e belas ruas da cidade. A cada passo uma nova imagem para guardar.

Maristela Mafuz e a maravilhosa companhia para o café da manhã em Piranhas
 

Maristela Mafuz, Pedro Barbosa e João de Sousa Lima

Quando imaginamos um evento de cangaço que transcorre dentro de 4, 5, 6 dias, logo temos a tendência de pensar que "é muito tempo", na verdade Piranhas mais uma vez nos prova que todo o tempo é pouco, diante da grandiosidade do tema e da pesquisa.

 



Ingrid Rebouças, Pedro Barbosa, Juliana Ischiara, João de Sousa e Letícia, pelas ruas de Piranhas

Por essas ruas o tempo parece parar, a tradição secular se engrandece, para nós pesquisadores, a partir dos episódios marcantes que tiveram na ribeirinha Piranhas, seu principal cenário. Dois deles se destacam entre outros muitos: O ataque do grupo de Corisco para resgatar Inacinha, companheira de Gato e a partida da volante de João Bezerra para o cerco de Angico.

Casa de Chiquinho Rodrigues


Com a palavra, João de Sousa Lima: "Santílio Barros era o verdadeiro nome do cangaceiro Gato e não se tem na história do cangaço, outro homem que tenha sido tão sanguinário, perverso e frio como foi este cangaceiro. Era filho de Ana ( Aninha Bola) e Fabiano, um dos sobreviventes da guerra de Canudos, seguidor do reverenciado beato Antonio Conselhereiro. Era índio da tribo Pankararé." 

E continua João, "Gato encontrou a morte depois deste ataque  aqui em Piranhas, fato acontecido depois da prisão de sua amada Inacinha, realizada pelo tenente João Bezerra. Inacinha estava grávida e neste combate saiu ferida. O tiro entrando nas nádegas e saindo no abdômen. Por muita sorte a criança não foi ferida. Gato pede ajuda a Corisco e este organiza o ataque . No trajeto, Gato sai disseminando a morte. A data se tornaria, para algumas famílias, uma lembrança dolorosa. Era 29 de outubro de 1936. Dentre os mortos feitos por Gato, estavam Abílio, Messias, Manuel Lelinho e Antônio Tirana. Sendo refém de Gato, o jovem João Seixas Brito, que seria sangrado alguns minutos depois, quando jurou que não havia policiais na cidade e ao romper o som dos primeiros disparos, ocasionados pelos poucos moradores que se negaram a fugir, abandonando a cidade, o rapazinho de 15 anos de idade foi barbaramente assassinado."

 
Na foto acima, o local onde tombou o cangaceiro Gato, na foto abaixo, João de Sousa Lima mostra de onde saiu o tiro que matou o temido cangaceiro (primeira janela do solar azul)


 
Cangaceiro Gato e sua companheira Inacinha

Completa João de Sousa Lima: "Chiquinho Rodrigues portava um rifle cruzeta e tinha um estoque de 260 cartuchos, dos quais deflagrou 170. Existe uma polêmica em razão do tiro que atingiu o cangaceiro Gato. Uns dizem que o autor do foi Chiquinho Rodrigues, outros creditam o certeiro disparo, a Joãozinho Carão. A verdade é que gato saiu baleado e morreu três dias depois do confronto, acabando-se assim um dos mais cruéis homens que engrossaram as fileiras do cangaço."

 
 Piranhas, a cada passo imagens para guardar para sempre
João de Sousa Lima, Manoel Severo e Jaqueline, neta de Chiquinho Rodrigues
 Wescley Rodrigues
 Afrânio Mesquita
 Ana lúcia e Aderbal Nogueira
Piranhas, a mais nova casa do Cariri Cangaço

Manoel Severo
Cariri Cangaço Piranhas
Semana do Cangaço

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(Cangaço na Bahia) “Uma ventania... Um Tropel”

Por: Rubens Antonio

Prezado Rubens.

Presenteio ao mundo do cangaço, êste magnífico e único momento.

Quando da exumação das cabeças para o justo envio para suas familias, retirei um verdadeiro tesouro que foi imediatamente entregue às duas netas presentes. UM CACHO DO CABELO DE MARIA BONITA E UMA MECHA DO CABELO DE LAMPIÃO,  para entregar à Expedita, a filha amada do Capitão Virgulino e sua mulher Maria Bonita.   Pedi que guardasse nos pés de Nossa Senhora.

Uma forte e sufocante ventania invadiu o cemitério, em plena tarde de sol e calmaria. Após a entrega das mechas de cabelos e dois dentes inferiores do Capitão  que, estavam soltos na bandeja. A ventania se foi como um tropel de cavalos. Falei com Vera, a neta. ELES VIERAM E SE FORAM  FELIZES.   Era a energia sentida. Mal podiamos abrir os olhos.

Para os que acreditam.

Se algum dia no futuro, os cabelos servirem para exames de envenenamento. O material está sob guarda no amado Sergipe.

Existem ainda  lá 3 cabeças aguardando os entes queridos.

Dr Orlins Santana de Oliveira
Salvador Bahia
Membro da Sociedade Protetora dos Desvalidos

Postado por Rubens Antonio no Cangaço na Bahia em 8/01/2013 05:12:00 PM

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Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
Rubens Antonio

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Caravana Cariri Cangaço visita a Fazenda Patos

 Por: Manoel Severo
Cariri Cangaço visita Fazenda Patos

Na manhã do segundo dia do Cariri Cangaço em Piranhas, a Caravana partiu para a zona rural do município rumo à lendária fazenda Patos. No meio do caminho entre Piranhas e Entre Montes, pegamos uma estradinha viscinal e depois de cerca de 20 km chegamos a sede da fazenda e cenário de um dos episódios mais selvagens de todo o cangaço: A Chacina da Fazenda Patos, atrocidade cometida por Corisco, logo após a morte de Virgulino na Grota do Angico

 
Corisco

"Como se sabe Corisco, após a morte de Lampião, ficou “atoleimado” e “atarantado” da cabeça, sem tino e sem razão. Ensandecido, cometeu diversas atrocidades, dentre elas as monstruosas execuções e degolamento de Domingos Ventura e mais cinco pessoas da família do vaqueiro da fazenda Patos, nas Alagoas, e como requinte final, após cortar as cabeças de suas desventuradas vítimas, as enviou para a cidade de Piranhas, aonde foram entregues ao prefeito João Correia Britto. O mesmo acontecendo, já em Sergipe, na fazenda Chafardona, em Monte Alegre de Sergipe, quando em mais um ato brutal assassinou Sinhozinho de Néu Militão, cortou a sua cabeça colocando-a em uma gamela e a enviando para o então povoado de Monte Alegre, por um rapaz chamado Santo e entregá-la ao cabo Nicolau que ali destacava" Diz Alcino Alves Costa em uma de suas obras.

 
 Wescley, Ingrid, Aninha, João de Sousa, Pedro Barbosa, Letícia e Jaqueline Rodrigues
 
Aderbal Nogueira
Elane e Archimedes Marques

Participaram da visita à fazenda Patos, dentre outros; Manoel Severo, Juliana Ischiara, Wescley Rodrigues, Aderbal Nogueira, João de Sousa Lima, Jaqueline Rodrigues, Afrânio Cisne, Neli Conceição, Archimedes e Elane Marques.

 
 Nely e Juliana Ischiara
 João de Sousa Lima e Letícia
Juliana Ischiara e Wescley Rodrigues

Manoel Severo
Cariri Cangaço Piranhas
Semana do Cangaço

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Entrevista Kydelmir Dantas

Por: Leonardo Sodré - O mossoroense

O Mossoroense - O que o levou a ter interesse em pesquisar o cangaço?

Kydelmir Dantas - A culpa foi do meu pai. Ele era um autodidata que lia compulsivamente e eu ouvia muitas histórias sobre os sertanejos, sobre cangaceiros. Daí comecei a me interessar pelo estudo do cangaço, pelas coisas do Nordeste e a influência que esse movimento representou para o sertão.

OM - Você nasceu em Mossoró?
KD - Eu sou de Nova Floresta, Paraíba, e estou em Mossoró há 19 anos, desde que comecei a trabalhar na Petrobras. Sou mossoroense há 19 anos de fato e de direito, até porque sou cidadão mossoroense. Gosto muito daqui.

OM - Existem duas fases no cangaço: a primeira foi com o surgimento de Jesuíno Brilhante e a segunda com Lampião, Antonio Silvino e outros. Existe alguma diferença no comportamento dos cangaceiros de uma fase para a outra?

KD - Uso como exemplo a Bíblia: antes de Cristo e depois de Cristo. O cangaço está dividido em duas fases: antes de Lampião e depois de Lampião. Antes de Lampião existiam pequenos grupos, a maioria ligados em questões de família e política, como Zé Pereira e Jesuíno Brilhante. Na briga de Brilhante com os Limões, por exemplo, a política estava do lado dos Limões. Zé Pereira não começou no cangaço como meio de vida e sim por causa de briga de famílias, ele brigou com os Carvalhos.

OM - Qual foi o tema do Simpósio do Cangaço?

KD - A Sociedade Brasileira de Estudo do Cangaço (SBEC) nasceu há 13 anos com o objetivo de estudar com profundidade o assunto. Mas, temos no nosso estatuto, como obrigação, não somente estudar o cangaço mas todos os temas que possam estar relacionados a ele. Esse Simpósio, por exemplo, tem quatro vertentes: A influência na cultura do Nordeste, o coronelismo, que é um estudo da posse da terra ao controle da mídia, os direitos autorais no cordel e sobre religião e política no Rio Grande do Norte nos anos 30. Muitos temas estão intrinsecamente ligados ao cangaço e o estudo não pode ser limitado. Tem que ser amplo.

OM - O livro "A marcha de Lampião", de Raul Fernandes, filho do prefeito Rodolfo Fernandes, que comandou a defesa de Mossoró em 1927, mostra um Lampião bandoleiro, um bandido comum, absolutamente cruel. O que você acha dessa abordagem?

KD - Dentro do universo do cangaço temos duas vertentes. Até três. Tem o escritor imparcial, tem o que é a favor e tem o que é contra Lampião. Logicamente, sendo filho de Rodolfo Fernandes, Raul não poderia colocá-lo de forma diferente. Tinha que puxar para o lado dele. O fenótipo que ele produz de Lampião não tem nem em fotografia: o de que ele era negro, do cabelo ruim, do beiço virado e da canela lascada. Em fotografias você vê que Lampião não era assim, ele era caboclo e não negro. O livro dele é interessante pelos aspectos da resistência da cidade ao bando do cangaceiro montada pelo seu pai, Rodolfo Fernandes, o grande comandante daquela defesa, que deveria ser venerado pelos mossoroenses. No cemitério, estranhamente, veneram Jararaca, o bandido morto durante a tentativa de invasão. Já o padre Frederico Bezerra Maciel só falta canonizar Lampião. É absolutamente a favor do cangaceiro e da sua história. Temos que ter equilíbrio e isenção. Temos que ver o aspecto histórico para não passarmos informações deturpadas para as novas gerações. Não queremos transformá-lo em herói e tampouco em bandido ao extremo. Nem em santo, nem diabo. É preciso lembrar que o cangaço foi um produto de uma época.

OM - Voltando ao Simpósio do Cangaço, o resultado foi bom?

KD - Se levarmos em consideração que a abertura do evento aconteceu no dia da abertura da Copa do Mundo e tínhamos um auditório com mais de 200 pessoas assistindo a palestra sobre coronelismo, posso dizer que o resultado foi muito positivo. Durante todo o dia foi muito concorrido. Íamos encerrar às 17 horas, mas somente conseguimos às 18 horas porque até aquela hora tinha pessoas debatendo, questionando os assuntos tratados.

OM - Você, que é considerado um dos maiores estudiosos do cangaço no Nordeste e talvez até mesmo no Brasil, possui algum site que divulgue o resultado de suas pesquisas?

KD - Eu assumi a presidência da Sociedade Brasileira de Estudo do Cangaço (SBEC) há dois anos. Nesse momento estamos montando um site para divulgação de artigos e resultados de estudos. Atualmente passo por e-mail para algumas listas as informações que recebemos. A Internet tem ajudado muito. Divulgo os trabalhos com o apoio da empresa onde trabalho (Petrobras) e os que quiserem entrar em contato podem escrever para 
kydelmir@petrobras.com.br. 

OM - O espetáculo "Chuva de Bala" retrata bem a resistência da cidade ao bando de Lampião?

KD - Na palestra que fiz sobre a influência do cangaço no teatro, na cultura, falei justamente sobre o Chuva de Bala, que começou no átrio da Igreja São Vicente e que muita gente chama de Capela de Lampião (risos). No começo a encenação era mais realista, mas sempre seguiu uma linha histórica. Depois, veio um diretor "global". Aliás, esse nome global está se tornando uma peste. Para ser alguém, tem que ser da Globo, para ser bom, tem que ser da Globo. Depois, chegou João Marcelino e mostrou que é muito capaz, que faz um excelente trabalho, sem ser da Globo, pois o global Abujamra literalmente estuprou a história da resistência a Lampião. Foi um estupro a história e aos resistentes. Depois, João Marcelino pegou o texto e fez uma coisa mais aproximada da história, mais realista. Tanto, que os atores mais aplaudidos foram os que representaram a resistência. Depois, nos anos seguintes, passou-se a fazer a coisa mais "hollywodiana" e os atores que representaram os cangaceiros foram mais aplaudidos do que os da resistência.

OM - Outro dia o poeta Caio Muniz falou sobre as estátuas que enfeitam o espaço Arte da Terra. Dizia que os resistentes eram esquecidos, em detrimento aos cangaceiros...

KD - Realmente. Quando a gente pensa em Rodolfo Fernandes, em homenageá-lo, termina por ver esses contrastes. Por exemplo, na praça Rodolfo Fernandes não tem mais o seu busto, que existia na década de 70. Fizeram inúmeras reformas na praça e terminaram por tirar o busto do homenageado que era para estar ali. Nós que fazemos a SBEC procuramos dar ênfase aos resistentes. Sempre trabalhamos nessa linha. Jamais fizemos nenhum evento que enaltecesse o nome dos cangaceiros. Nunca fizemos um seminário que dissesse: O ataque de Lampião a Mossoró. Sempre ligamos preferencialmente o nome dos resistentes. No ano passado, por exemplo, no Chuva de Bala, exageraram tanto na dança, no palco, em Lampião, que só faltou cangaceiro dançando balé no palco. Tanto que quando terminou o espetáculo, João Marcelino me perguntou se eu tinha gostado e eu respondi: no ano que vem não precisa contratar ninguém, basta trazer Gal Costa para cantar "Chuva de Bala que cai sem parar..." (risos).

Leonardo Sodré - O Mossoroense

Kydelmir Danta é poeta, escritor, pesquisador do cangaço e ex-presidente da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, com sede em Mossoró - Rio Grande do Norte 

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Só enquanto não vem cangaço - Seu Galdino e a onça vermelha

Por: José Mendes Pereira
 http://dariopintocarvalho.blogspot.com 

Enquanto lá na cozinha dona Dionísia preparava o café da manhã seu Galdino permanecia no curral, mungindo as suas famosas e invejadas vacas; e assim que arreou o segundo bezerro para desleitar a mãe, levantando a vista em direção à estrada, viu seu Leodoro Gusmão que vinha se aproximando do curral, montado numa égua em dias de parir. E ao vê-lo, não pensou duas vezes, e de imediato chamou logo a sua atenção, dizendo-lhe que ele não tinha dó daquela pobre égua em dias de parir.

Seu Leodoro que havia trabalho em diversas fazendas de grande porte, disse-lhe que era bom para facilitar no momento do parto. Com isso, convenceu seu Galdino, já que ele tinha trabalhado em diversas fazendas, com certeza sabia muito mais do que ele.


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Enquanto eles conversavam, alguém vinha se aproximando do curral. Era o vaqueiro do fazendeiro Luiz Duarte, que procurava uma vaca embicheirada. E ao descer do cavalo, sendo ele um dos que mais proseava com seu Galdino, devido as suas mentiras, desafiou-o, dizendo que o daria 50,00 reais para ele  inventar uma mentira naquele momento.

Seu Galdino arrebatou dizendo-lhe, que havia recebido uma proposta para inventar uma mentira por 100,00 reais, e não a aceitou. Se ele arriscasse contar uma mentira por 50,00 reais, já estava no prejuízo, perdendo 50,00 dos 100,00 que o sujeito havia lhe oferecido. Mas na verdade, já era uma verdadeira mentira, porque ninguém paga para ouvir mentiras.

A conversa entre os três durou até a  chegada da dona Dionísia, esposa do seu Galdino, que veio se aproximando do curral, e em suas mãos, xícaras, mais um bule de café.

 
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Ali, entre prosas, beberam o café, fumaram, e em seguida o vaqueiro disse-lhes que iria embora, porque precisava campear uma vaca parida nos tabuleiros, lá  pelas redondezas do rio Angicos. E despedindo-se, montou-se em seu animal e foi-se embora.

Seu Galdino estava ansioso para que o vaqueiro fosse logo embora, pois precisava expor uma das suas maiores mentiras ao seu Leodoro, que mesmo sabendo que o seu compadre Galdino mentia muito, ele apreciava ouvir as suas lorotas.

Seu Galdino, segundo ele, havia feito uma viagem em Bananeiras, no Estado da Paraíba, em uma fazenda para comprar um bom reprodutor de ovelhas. Ao chegar, o sol já havia se levantado bem esperto, porque havia acordado coberto por um enorme lençol de nuvens encarneiradas.

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Ao chegar à fazenda, assustou-se com uma onça que estava deitada ao pé da porteira. Com medo de ser atacado por ela, alarmou desesperadamente em direção à casa do vaqueiro, que trouxesse armas para matar uma onça vermelha, que ali estava deitada na entrada do portão.

Seu Leodoro o ouvia em silêncio, sem dizer uma palavra, mas de olhos arregalados em direção ao seu Galdino, como se não estivesse acreditando no que contava o seu compadre.

E continuou seu Galdino, que lá de dentro da casa, alguém da fazenda respondeu, dizendo-lhe que não se preocupasse com  a onça, ela  era mansa, e havia chegado ali há alguns meses, ficou morando, e já era um animal de estimação por todos dali, como se fosse o cachorro daquela fazenda.

Seu Leodoro só fazia ouvir, nenhum gesto, nenhuma palavra, apenas no seu eu, duvidava daquela conversa do seu Galdino. Ele já tinha ouvido muitas de suas conversas, até então, umas quase verdades, outras cabeludas, mas aquela da onça vermelha estava lhe deixando assustado. Não pela a onça, pela mentira do seu compadre.

Seu Galdino afirmava ainda que a bicha era do tamanho de um bezerro de um ano, e que ela passeava e brincava na fazenda, corria no meio dos rebanhos de ovelhas, bodes, e quando estava deitada, as galinhas ficavam sobre ela, procurando parasitas no seu corpo.

Ao entardecer, ele e o vaqueiro foram até ao cercado, olhar o rebanho de ovelhas, no intuito de seu Galdino escolher o melhor dos carneiros reprodutores para comprá-lo.

O vaqueiro da fazenda preparou um cavalo lustroso, gordo, selando-o. Em seguida, selou a onça, com todos os equipamentos  que se usa em cavalos.

Ao terminar, ordenou que ele se montasse na onça, aconselhando que ela não lhe faria nenhum mal. Lutou muito para não aceitar esta ordem, mas findou se rendendo, e sem muito esforço, subiu na onça.

A onça mesmo não o conhecendo, saiu de chote em direção ao cercado, e vez por outra ela dava uns pulos mais distantes, como se quisesse chegar primeiro do que o cavalo, que caminhava sobre o comando do vaqueiro.

Dizia ele que havia gostado bastante desta experiência, que antes não tivera, de andar montado em um animal tão grande e conhecido como feroz, valente, malvado e traiçoeiro. Mas estava certo que, o que dizem da sua valentia, não precede. Ela é domável e amiga.

Nesse mesmo dia, antes de passear montado sobre o seu lombo, enquanto ela descansava em  um galho, seu Galdino disse que ficou alisando o seu pelo sem nenhum receio. E ela até havia dado umas lambidas em seu rosto e em uma das mãos.

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Seu Leodoro Gusmão estava como se estivesse hipnotizado. Nenhuma palavra saía da sua boca, para confirmar ou contrariar um pouco o seu Galdino.

E de repente resolveu ir embora, precisava fazer campo, campear alguns dos seus animais, pois havia recebido informações de alguns vaqueiros, que uma de suas novilhas estava embicheirada. Mas antes de partir, saiu com uma engraçada.

- Eu acredito plenamente no que o senhor me afirmou compadre Galdino, porque a última vez que a Gertrudes, minha esposa, foi visitar os seus familiares lá nas Minhas Gerais, fez um passeio nas águas de uma lagoa sobre o lombo de uma cobra sucuri, com mais de 20 metros de comprimentos e da espessura de um tonel.


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"-Ela ainda me adiantou que a sucuri já era treinada para este fim, servindo de prancha para os turistas que ali apareciam e queriam surfar sobre as águas da lagoa. O que ela me contou, eu fiquei de boca aberta, compadre! O início do passeio foi na beira da lagoa, a sucuri deu partida, isto com a Gestrudes em cima dela, em pé, de braços abertos, como se fosse uma sufista, e saiu rodeando a lagoa, isto com toda velocidade. E quando chegaram ao lugar de onde havia saído, a sucuri deu um freio tão grande, mas tão grande que a jogou longe da lagoa, saindo feito uma roda, passando sobre pedras, matos rasteiros, rodando sobre o solo, embolada como se fosse um tatu bola".


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Continuava seu Leodoro: "-E quando ela caiu na real, isto é, que há tempo que tinha saído de cima do lombo da sucuri, já estava no terreiro dos seus familiares, porque havia esbarrado em um rio que passava em frente a casa da família. E ao cair nele, a água corrente a levou até lá".

- Minha nossa Senhora, que coisa, hein! - fez seu Galdino.

Já satisfeito com o troco que havia dado ao seu Galdino sobre a sua história, seu Leodoro disse:

- Eu já estou indo, compadre Galdino. Eu preciso ir ao campo.

Despedindo-se, montou-se na égua e foi-se embora.

- Mas que compadrinho mentiroso! Que sucuri que nada! Nesses dias ela irá surfar em outra cobra, mas desta vez surfará é na minha anaconda. -Dizia seu Galdino balançando a cabeça e se desmanchando em risos, pela grande mentira que o Leodoro soltara naquele momento.

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

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Agradecimento aos estadunidenses e às colônias brasileiras que residem nos Estados Unidos

Por: Família blog do Mendes e Mendes
www.apolo11.com

O blog do Mendes e Mendes, escritores, pesquisadores e colaboradores agradecem a expressiva visita que tem recebido dos estadunidenses e das colônias brasileiras que lá residem. Isto é o reconhecimento de bons trabalhos feitos por todos que mantém  este blog no ar.

Hoje, 01 de Agosto do ano em exercício, só dos Estados Unidos o nosso blog recebeu mais de 100.000 visualizações.

Segue lista da estatística dos países que mais acessaram este blog até hoje.

Visualizações de páginas por países

Gráfico dos países mais populares entre os visualizadores do blog

EntradaVisualizações de página
Brasil
889579
Estados Unidos
100020
Portugal
26724
Alemanha
11883
Rússia
11593
França
4255
Reino Unido
1714
Cingapura
1448
Ucrânia
1379
Espanha
1255

Confira o total de visualizações de página de todos os países: 
Total geral: 1,087,499

São trabalhos feitos por profissionais sócios da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, e que pesquisaram e continuam pesquisando com responsabilidade, sem fantasias e sem invenções de fatos que não aconteceram durante o período do movimento social dos cangaceiros.


Vale lembrar ao leitor que a estatística do blog só fornece o total dos dez países que mais acessaram. 

Mas veja o seguinte, tomando como exemplo a Espanha, que tem um total de 1.255 visualizações: Se a Argentina, por exemplo consegui 1.256 visualizações,, a Espanha desaparecerá da lista, dando lugar a Argentina, porque a estatística só apresenta os dez países que mais acessaram.

Todos estes profissionais você poderá conferir as suas fotos na coluna ao lado esquerdo do blog. E se quiser entrar em contato com algum ou alguns deles, basta enviar-nos e-mail para: josemendesp58@gmail.com

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Um Caipira Imortalizado

Por: Archimedes Marques
Archimedes e Elane Marques ao lado de Alcino Alves Costa

Há pessoas que simplesmente passam as suas vidas e nada deixam. Há outras, porém, que passam mas ficam, deixam as suas marcas de excelentes exemplos e realizações. Ficam e deixam as suas marcas porque as suas obras se fizeram bem elaboradas, bem trabalhadas, bem manipuladas. Ficam e deixam as suas marcas porque as suas edificações se fizeram bem arquitetadas, bem alicerçadas, bem sólidas, bem acabadas. Ficam e deixam as suas marcas porque as suas plantações se fizeram bem adubadas, bem regadas, bem cuidadas, bem colhidas. Ficam e deixam as suas marcas porque os seus caminhos, os seus percalços, as suas pedras, as suas barreiras, foram transpostos com suor, com luta, com determinação, com inteligência. Ficam e deixam as suas marcas porque as suas batalhas foram vencidas com sabedoria, com perspicácia, com honestidade, com lisura, com honradez.

Essas pessoas são pessoas especiais, pessoas abençoadas, pessoas iluminadas, pessoas que irradiam luz, irradiam satisfação, irradiam paz, irradiam alegria, irradiam harmonia, irradiam amor. Essas pessoas são as que passam mas ficam porque em outras pessoas continuam vivendo, transformando-se assim em pessoas imortais. E é dentro desse parâmetro que enxergamos o nosso eterno amigo ALCINO ALVES COSTA, o querido Caipira de Poço Redondo, por tudo isso também imortalizado, pois em centenas de pessoas continua vivo, uma pessoa especial que carregando todos esses predicativos bem soube colecionar uma verdadeira legião de amigos.

De Alcino só nos resta eterna gratidão por também fazer parte da sua seleta coleção de amigos. De Alcino só nos resta o privilégio, a satisfação de poder carregar conosco um pouco do seu saber, um pouco dos seus ensinamentos, um pouco da sua lição e legado de vida. De Alcino só nos resta agradecer por ele ter existido, vivido, passado nessa vida e ficado no nosso viver.

Piranhas, 26 de julho de 2013.
Archimedes e Elane Marques.

Nota de autoria do casal Elane e Archimedes Marques, lida por ocasião da noite de abertura do Cariri Cangaço em Piranhas no Centro Cultural Miguel Arcanjo.
Manoel Severo

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