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domingo, 29 de maio de 2016

O MUNDO ESTRANHO DOS CANGACEIROS - NESTE VÍDEO LAMPIÃO FALA ALGO

https://www.youtube.com/watch?v=j2JNhBaFNXs

Enviado em 2 de agosto de 2010
Imagens do cangaço: Lampião e seu bando.
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O HOMEM QUE FOTOGRAFOU LAMPIÃO

Por Fellipe Torres

Benjamin Abrahão fugiu da Síria para o Brasil em 1915, durante a Primeira Guerra Mundial. Aqui, foi secretário particular de Padre Cícero e conseguiu a façanha de fotografar Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros.

Lampião e Benjamim Abraão

O historiador recifense Frederico Pernambucano de Mello dedicou-se a vida inteira a estudar o cangaço brasileiro. E foi pesquisando esse tema que ele chegou até Benjamin Abrahão Botto (1901-1938), um sírio-libanês que veio para o Brasil em 1915, fugindo da convocação obrigatória durante a Primeira Guerra Mundial. Por muito tempo, o estrangeiro trabalhou como vendedor, até se tornar secretário particular de Padre Cícero.

Benjamin Abrahão Botto

Embora fosse o tipo de pessoa de caráter duvidoso, gozava da confiança do religioso, e era responsável por administrar as doações feitas pelos fiéis. Era muito bem pago e se vestia de maneira sempre impecável. Quando Padre Cícero morreu, ele chegou a arrancar mechas de cabelo do defunto para vender como amuleto para os romeiros. Mas depois de seis meses à frente desse lucrativo comércio, as pessoas perceberam que o padre não tinha tanto cabelo assim... e então Benjamin fugiu de novo.


Histórias como essa estão detalhadas no livro biográfico escrito por Pernambucano de Mello, "Benjamin Abrahão: entre anjos e cangaceiros" (Editora escrituras). De tão incrível, a história desse personagem parece ficção. Enquanto ainda morava em Juazeiro do Norte, o sírio foi responsável por ciceronear Lampião em uma breve passagem pela cidade.



Por causa desse episódio, oito anos depois, quando Padre Cícero morreu, Benjamin apostou no cangaceiro como seu próximo ganha-pão. Ele sabia que naquela época Lampião não somente era uma celebridade brasileira, como havia se tornado figura de renome internacional depois que o jornal New York Times passou a acompanhar seus passos.


Assim, depois de planejar bastante, o sírio-libanês procurou uma empresa alemã para pegar emprestada uma câmera filmadora de 35 milímetros. Com equipamentos na bagagem, partiu sertão adentro em busca do grupo de Lampião. Demorou vários meses até encontrá-los, mas quando enfim teve a oportunidade, fez cerca de 90 fotografias dos cangaceiros, muitas delas espontâneas.







O material coletado por Benjamin Abrahão fez sucesso gigantesco e foi incansavelmente reproduzido em jornais da época. Mas a vida do sírio não iria durar muito. O seu fim chegou junto com o de Lampião. Quando foi decretado o Estado Novo em 1936, os coronéis das cidades sertanejas deixaram de apoiar Lampião, que acabou sendo morto em 1938. Dois meses depois, Benjamin foi igualmente assassinado.

http://lounge.obviousmag.org/sarcasmo_e_sonho/2014/02/o-homem-que-fotografou-lampiao.html

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11 CANGACEIROS E UM VOLANTE FORAM CHACINADOS NA GROTA DE ANGICO EM SERGIPE


No dia 27 de julho de 1938, o bando acampou na fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A volante chegou tão de mansinho que nem os cães pressentiram. Por volta das 5:15 do dia 28, os cangaceiros levantaram para rezar o oficio e se preparavam para tomar café, foi quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.

Não se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, segundo a opinião de Virgulino, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva, abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.

O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos trinta e quatro cangaceiros presentes, onze morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais apreenderam os bens e mutilaram os mortos. Apreenderam todo o dinheiro, o ouro e as joias.

A força volante, de maneira bastante desumana para os dias de hoje, mas seguindo o costume da época, decepa a cabeça de Lampião. Maria Bonita ainda estava viva, apesar de bastante ferida, quando sua cabeça foi degolada. O mesmo ocorreu com Quinta-Feira, Mergulhão (os dois tiveram suas cabeças arrancadas em vida), Luis Pedro, Elétrico, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela. Um dos policiais, demonstrando ódio a Lampião, desfere um golpe de coronha de fuzil na sua cabeça, deformando-a. Este detalhe contribuiu para difundir a lenda de que Lampião não havia sido morto, e escapara da emboscada, tal foi a modificação causada na fisionomia do cangaceiro.

Feito isso, salgaram as cabeças e as colocaram em latas de querosene, contendo aguardente e cal. Os corpos mutilados e ensanguentados foram deixados a céu aberto, atraindo urubus. Para evitar a disseminação de doenças, dias depois foi colocada creolina sobre os corpos. Como alguns urubus morreram intoxicados por creolina, este fato ajudou a difundir a crença de que eles haviam sido envenenados antes do ataque, com alimentos entregues pelo coiteiro traidor.

Percorrendo os estados nordestinos, o coronel João Bezerra exibia as cabeças - já em adiantado estado de decomposição - por onde passava, atraindo uma multidão de pessoas. Primeiro, os troféus estiveram em Piranhas, onde foram arrumadas cuidadosamente na escadaria da igreja, junto com armas e apetrechos dos cangaceiros, e fotografadas. Depois Maceió e depois, foram ao sul do Brasil.

No IML de Maceió, as cabeças foram medidas, pesadas, examinadas, pois os criminalistas achavam que um homem bom não viraria um cangaceiro: este deveria ter características sui generis. Ao contrário do que pensavam alguns, as cabeças não apresentaram qualquer sinal de degenerescência física, anomalias ou displasias, tendo sido classificados, pura e simplesmente, como normais.

Do sul do País, apesar de se encontrarem em péssimo estado de conservação, as cabeças seguiram para Salvador, onde permaneceram por seis anos na Faculdade de Odontologia da UFBA da Bahia. Lá, tornaram a ser medidas, pesadas e estudadas, na tentativa de se descobrir alguma patologia. Posteriormente, os restos mortais ficaram expostos no Museu Nina Rodrigues, em Salvador, por mais de três décadas.

O Memorial da Resistência localizado em Mossoró no Rio Grande do Norte é um museu que retrata a história da única cidade nordestina a resistir a invasão do bando de Lampião.

Durante muito tempo, as famílias de Lampião, Corisco e Maria Bonita lutaram para dar um enterro digno aos seus parentes. O economista Silvio Bulhões, em especial, filho de Corisco e Dadá, empreendeu muitos esforços para dar um sepultamento aos restos mortais dos cangaceiros e parar, de vez por todas, essa macabra exibição pública. Segundo o depoimento do economista, dez dias após o enterro do seu pai violaram a sepultura, exumaram o corpo e, em seguida, cotaram-lhe a cabeça e o braço esquerdo, colocando-os em exposição no Museu Nina Rodrigues.

O enterro dos restos mortais dos cangaceiros só ocorreu depois do projeto de lei no. 2867, de 24 de maio de 1965. Tal projeto teve origem nos meios universitários de Brasília (em particular, nas conferências do poeta Euclides Formiga), e as pressões do povo brasileiro e do clero o reforçaram. As cabeças de Lampião e Maria Bonita foram sepultadas no dia 6 de fevereiro de 1969. Os demais integrantes do bando tiveram seu enterro uma semana depois . Assim, a era do cangaço se encerrou, com a Morte de Virgulino.

Lampião compositor

Cercada pela lenda de que teria sido feita por Lampião, "Mulher Rendeira" é um antigo tema popular, muito cantado nos sertões nordestinos ao tempo do rei do cangaço. Por isso foi incluído no premiado filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto, que o celebrizou no país e no exterior. Na ocasião, sofreu uma adaptação do compositor Zé do Norte (Alfredo Ricardo do Nascimento), autor de outras músicas do filme, que manteve a sua estrutura original.

Comprova o sucesso de "Mulher Rendeira" o grande número de gravações que recebeu na época, inclusive fora do Brasil. Tem até uma gravação de um antigo cabra do bando de Lampião, o cangaceiro Volta Seca.

http://advivo.com.br/node/693306

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SEGUNDO O CANGACEIRO BALÃO DISSE À REVISTA REALIDADE EM 1973. A MULHER FOI A PERDIÇÃO DO CANGAÇO:

Entrevistas memoráveis O Ex Cangaceiro "Balão" falou à Revista Realidade, em Novembro de 1973. - http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/08/cangaceiro-balao-sensacional-entrevista.html

Enquanto não apareceu mulher no cangaço o cangaceiro brigava até enjoar. Depois, diante de qualquer perigo, logo se podia ouvir: "Ai, corre, corre!" Quando entrei, Lampião tinha duzentos homens, separados em grupos para despistar as volantes. Muitos dos "oficiais" já tinham mulheres: Corisco, Luís Pedro, Pancada. No fim, até os cabras. Elas não lutavam. Uma única vez vi uma delas brigar como um homem, Foi Dadá, no dia em que o seu marido, Corisco, caiu baleado nos dois braços.

Colorido pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

Maria Bonita usava uma pistola Mauser, de 11 tiros, mas também não atirava nada. Não era bonita: baixinha, grossinha, pernas meio tortas, cintura fina, quadris bem largos, atrás era batidinha como uma tábua. Tinha o rosto cheio, redondo, andava com botas de couro de bode, bem coladas nas pernas. Usava saia de couro abaixo dos joelhos e uma blusa de couro. Ela sempre tentava me derrubar, a gente brincava muito. Lampião não ligava. Olhava e recomendava: "Depois não vão se zangar".

Aos poucos, o bando foi ficando cheio de mulheres. E homem de batalha não pode andar (Relação) com mulher. Se o cangaceiro tem uma relação sexual, perde o poder da oração (uma espécie de amuleto), e seu corpo fica como uma melancia: qualquer bala atravessa. Por isso, antes, seriam necessários alguns cuidados:

O cangaceiro deve tirar a oração do corpo e entregá-la a um amigo por quinze dias. E antes de usá-la. Novamente precisa tomar um bom banho, lavar bem as roupas do pecado.


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DEUS E DIABO NA TERRA DO SOL A NOITE EM QUE PADRE CÍCERO CONVERSOU COM LAMPIÃO


Foto raríssima da família Ferreira (Lampião) registrada na década de 1920, em Juazeiro do Norte no Estado do Ceará.

Ali estavam, frente a frente, pela primeira e única vez, Lampião e Padre Cícero, os dois maiores mitos de toda a história nordestina. Uma terceira figura mitológica era indiretamente responsável por aquele encontro inusitado: Luís Carlos Prestes, o comandante da Coluna Prestes, movimento militar guerrilheiro que desde o ano anterior serpenteava pelo interior do país, enfrentando as tropas do presidente Artur Bernardes. Quando a marcha da coluna revolucionária rumou para o Nordeste, o governo federal não teve dúvidas: convocou os chefes políticos locais para formarem exércitos próprios e combater os rebeldes. No livro O General Góes Depõe, da década de 1950, o próprio general Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior das operações contra a Coluna, assume que partiu dele a idéia de convocar jagunços e cangaceiros para fazer frente ao avanço de Prestes. No Ceará, coube ao deputado Floro Bartolomeu, médico e aliado político do Padre Cícero, fazer o convite oficial ao bando de Lampião para se engajar no “Batalhão Patriótico”. Em fevereiro de 1926, Padre Cícero ainda tentou uma solução pacífica. Enviou aos revolucionários uma carta em que os incitava a depor armas. Em troca, prometia-lhes abrigo em Juazeiro do Norte (CE), onde teriam garantias legais de que seriam submetidos a um tratamento justo. De acordo com o relato de Lourenço Moreira Lima, secretário da Coluna revolucionária, a mensagem foi recebida. “Tivemos a oportunidade de ler essa carta, escrita com uma grande ingenuidade, mas da qual ressaltava o desejo íntimo e sincero do padre no sentido de conseguir fazer a paz”, escreveu Moreira Lima em seu diário de campanha, publicado em 1934. O pedido, como se sabe, foi ignorado. 

Quando Lampião chegou no dia 4 de março à cidade de Juazeiro do Norte, atendendo ao chamado de Floro, este não se encontrava mais por lá. Doente, o deputado federal viajara para o Rio de Janeiro, onde acabaria morrendo. Padre Cícero se viu então com um problema nas mãos: recepcionar o famoso bandido e seus cabras na cidade e, mais ainda, cumprir o que havia sido combinado entre Lampião e o deputado, com a devida aprovação do governo federal: o cangaceiro deveria receber dinheiro, armas e a patente de capitão do “Batalhão Patriótico”. Lampião e outros 49 cangaceiros ocuparam uma casa próxima à fazenda de Floro, nas imediações da cidade, e, em seguida, alojaram-se em Juazeiro do Norte, no sobrado onde residia João Mendes de Oliveira, conhecido poeta popular da região. Foi lá que, da janela, Virgulino atirou moedas ao povo e onde, durante a madrugada, Padre Cícero encontrou o bando. Os bandidos, ajoelhados em deferência ao sacerdote, teriam ouvido o padre tentar convencer seu líder a largar o cangaço logo após voltasse da campanha contra Prestes. Mandou-se então chamar o único funcionário federal disponível na cidade, o agrônomo Pedro de Albuquerque Uchoa, para redigir um documento que, supostamente, garantiria salvo-conduto ao bando pelos sertões e, principalmente, concedia a prometida patente. O papel, como Lampião viria a descobrir tão logo saiu da cidade, não tinha qualquer valor legal, o que não o impediu de assinar, daí por diante, “Capitão Virgulino”. Ciente da desfeita, o cangaceiro não se preocupou mais em dar combate à Coluna Prestes. Já obtivera dinheiro e armas em número suficiente para seguir seu caminho de bandoleiro, agora ostentando orgulhoso a falsa patente militar. Mais tarde, o agrônomo Uchoa justificou seu papel no episódio: diante de Lampião, assinaria qualquer coisa. “Até a destituição do presidente da República”, disse.

Bonnie e Clyde do sertão

O amor de Maria Bonita e Lampião provocou uma revolução no cotidiano dos cangaceiros

Uma sertaneja amoleceu o coração de pedra do Rei do Cangaço. Foi Maria Gomes de Oliveira, a Maria Déa, também conhecida como Maria Bonita. Separada do antigo marido, o sapateiro José Miguel da Silva, o Zé de Neném, foi a primeira mulher a entrar no cangaço. Antes dela, outros bandoleiros chegaram a ter mulher e filhos, mas nenhuma esposa até então havia ousado seguir o companheiro na vida errante no meio da caatinga. O primeiro encontro entre os dois foi em 1929, em Malhada de Caiçara (BA), na casa dos pais de Maria, então com 17 anos e sobrinha de um coiteiro de Virgulino. No ano seguinte, a moça largou a família e aderiu ao cangaço, para viver ao lado do homem amado. Quando soube da notícia, o velho mestre de Lampião, Sinhô Pereira, estranhou. Ele nunca permitira a presença de mulheres no bando. Imaginava que elas só trariam a discórdia e o ciúme entre seus “cabras”. Mas, depois da chegada de Maria Déa, em 1930, muitos outros cangaceiros seguiram o exemplo do chefe. Mulher cangaceira não cozinhava, não lavava roupa e, como ninguém no cangaço possuía casa, também não tinha outras obrigações domésticas. No acampamento, cozinhar e lavar era tarefa reservada aos homens. Elas também só faziam amor, não faziam a guerra: à exceção de Sila, mulher do cangaceiro Zé Sereno, não participavam dos combates – e com Maria Bonita não foi diferente. O papel que lhes cabia era o de fazer companhia a seus homens. Os filhos que iam nascendo eram entregues para ser criados por coiteiros. Lampião e Maria tiveram uma filha, Expedita, nascida em 1932. Dois anos antes, aquele que seria o primogênito do casal nascera morto, em 1930. Entre os casais, a infidelidade era punida dentro da noção de honra da caatinga: o cangaceiro Zé Baiano matou a mulher, Lídia, a golpes de cacete, quando descobriu que ela o traíra com o colega Bem-Te-Vi. Outro companheiro de bando, Moita Brava, pegou a companheira Lili em amores com o cabra Pó Corante. Assassinou-a com seis tiros à queima-roupa. A chegada das mulheres coincidiu com o período de decadência do cangaço. Desde que passou a ter Maria Bonita a seu lado, Lampião alterou a vida de eterno nômade por momentos cada vez mais alongados de repouso, especialmente em Sergipe. A influência de Maria Déa sobre o cangaceiro era visível. “Lampião mostrava-se bem mudado. Sua agressividade se diluía nos braços de Maria Déa”, afirma o pesquisador Pernambucano de Mello. Foi em um desses momentos de pausa e idílio no sertão sergipano que o Rei do Cangaço acabou sendo surpreendido e morto, na Grota do Angico, em 1938, depois da batalha contra as tropas do tenente José Bezerra. Conta-se que, quando lhe deceparam a cabeça, a mais célebre de todas as cangaceiras estava ferida, mas ainda viva.

Saiba mais

LIVROS

Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste Brasileiro, Frederico Pernambucano de Mello, Massangana/Girafa, 2004
Um dos melhores estudos sobre cangaço, desmitifica a idéia de Lampião como um “bandido social”.
Lampião: Senhor do Sertão, Élise Grunspan-Jasmin, Edusp, 2006
Compara as várias versões a respeito da vida de Virgulino Ferreira e analisa a permanência do mito Lampião.
A Derradeira Gesta: Lampião e Nazarenos Guerreando no Sertão, Luitgarde Oliveira Cavalcanti Barros, Mauad, 2007
Analisa a violência que cercou o cangaço e Lampião.
Lampião: O Rei dos Cangaceiros, Billy Jaynes Chandler, Paz e Terra, 2003
Biografia de Virgulino Ferreira, baseada em jornais da época.
Foto: Lampião e família

Fonte: facebook
Link: https://www.facebook.com/pedro.r.pessoa.3?fref=pb&hc_location=profile_browser

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TEMA CANTADO E PESQUISADO - OBRAS PARA AMAINAR A SECA – INSERTO NO MEU LIVRO A SER LANÇADO BREVE: O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO (pela Outubro Edições)

Por Luiz Serra

TRECHO DO INTROITO AO CAPÍTULO.
“Aquele rio ..era como um cão sem plumas…
Nada sabia da chuva azul…
João Cabral de Melo Neto
"O sertanejo retirante, quanto mais andava, mais se internava no inferno?
Excerto que se admite ser consequente com as tribulações em face das atribulativas secas de 1915 e 1919.
Extraído do romance "Coiteiros", de José Américo de Almeida, lançado em 1935, conforme o estilo da corrente artística daquela fase.
A terra da retirada era sem fim.
Desfilavam. Já era uma tragédia tão banal que ninguém se comovia. Ninguém podia ter pena, porque todos sofriam. Não era mais uma tragédia: era vida comum, a sorte de todo mundo.
Trilhavam o pedregulho aspérrimo. Ninguém os chamava. Só o caminho aberto para o desconhecido.
E falavam de terras fartas. Todos manifestavam o horror dos casebres podres da terra da promissão.
Iam acompanhados de alguns cães acabados, com as orelhas tão murchas, como se estivessem mortas. Não ladravam, vendo o desfile macabro: estavam acostumados a andar com fantasmas.
O único traste que levavam era a pequenada nas costas.
Mulheres inocentes, que só queriam comer, iam arrastadas pelo vento, como um pano velho.
O sertanejo podia não ter haveres nem saber ler, mas se orgulhava da memória prodigiosa, guarda tudo de cabeça. Até o anônimo mascate cantador que busca inspiração de antanho fazia estes versos setecentistas:
Não há homem como o rei,
Nem mulher como a rainha,
Nem santo como meu Deus,
Nem memória como a minha.
***
No espírito do cangaceiro, uma ciclotímica convivência franqueada do inferno: em meio a um sertão (desajuizado) e anarquista."
Definição do vocábulo anarquia: do grego anarkhía, as, "falta de chefe ou governo" (Houaiss). Para o termo anárquico, temos duas acepções extraídas do prestigioso dicionário:
A primeira: "que não tem governo ou organização política"; e
A segunda: "em que reina a anarquia; desorganizado, confuso, caótico".
LIVRO DESENVOLVIDO A EDITORIA E FOTOGRAFIA PELA
OUTUBRO EDIÇÕES, CAPITANEADA PELA ESCRITORA MARIA CLARA ARREGUY MAIA.

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