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sábado, 29 de outubro de 2011

Fotos do Cristo Redentor

Não devemos esquecê-lo



Uma das coisas mais bonitas no Rio de Janeiro é com certeza o Cristo Redentor! 

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a viver

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 feliz

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neste imenso planeta.

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"Canudos"... - PARTE I

Por:  Rubens Antonio
[Rubens+2.jpg]

Um tema de extremo interesse e que somente tangenciou o Cangaço foi a Rebelião de Canudos. Este material precioso publicado na net, merece replicação:

"Expedição de Pedro Wilson Mendes (*) a Canudos"
por Mário Mendes Junior, o "Maninho do Baturité"
Apareceu, originalmente, no site:

Aos 35 anos de idade, sem embargo da fama de ser um advogado que jamais perdeu uma causa, Pedro Wilson somava ao seu currículo a qualidade de jornalista combativo ininterruptamente disposto a denunciar falcatruas. Em 1949, contudo, o jovem jurista resolve dar um brevíssimo tempo às lides forenses e ao jornalismo para atirar-se na pesquisa histórica.

Longe do o imediatismo das redações, Pedro Wilson se insurge como a primeira voz no deserto a abrir os olhos dos escritores com relação ao verdadeiro caráter de Antonio Vicente Mendes Maciel o Conselheiro.

Sua intenção, verdadeiramente foi dar inicio à reparação da injustiça que tem feito a História do Brasil ao protelar “o empreendimento de um estudo sério e consciencioso da (verdadeira) personalidade misteriosa e complexa” (1) do líder guerrilheiro.
Na verdade ninguém antes do jovem escritor se ocupou, como ele, de tirar das costas do Conselheiro os pejorativos do tipo gnóstico bronco, fanático religioso, taumaturgo, paranóico, santo homem, chefe de jagunços e outros despautérios, não escapados, sequer, da concisão e maestria de Euclides da Cunha no “OS SERTÕES”.

Antes de publicar suas conclusões em seguidas edições do jornal O POVO, no final da década de 1940, Pedro Wilson, em expedição, percorreu de jipe, todos os caminhos trilhados, pelo Conselheiro, tendo como companheiros Osvaldo Vinhas, Sólon Mendes e Zequinha Pinto, todos, amigos leigos na matéria, mas sequiosos de aventuras.

Quixeramobim. Entrevista com Euclides Wicar

Tudo começa no Quixeramobim. Cidade túmulo dos Maciéis, que não se olvidam pelo jeito sangrento de como, muitos, morreram na guerra da família contra os Araújos de Boa Viagem. Nessa cidade Pedro Wilson, encontra o coronel Euclides Wicar de Paula Pessoa, mestre na história do lugar. Durante uma entrevista Wicar, além de oferecê-lo algumas fotografias históricas, ainda, lhe transmite coisas contadas, principalmente, por Belo Flor, um cantador repentista local, falecido há dez anos. Ex-aluno de Antonio Vicente, as histórias de Belo Flor se referiam ao jeito professoral de quando ele deixou o negócio de Quixeramobim, em 1857, e passou a ensinar noções de conhecimento gerais na Escola da Fazenda Tigre, até se mudar para Tamboril.
 
Cantador Repentista Belarmino Flor, um dos alunos da escola do “Tigre” - Foto de 1939 do arquivo de Euclides Wicar

Fazenda Tigre, um patrimônio histórico

Da sede de Quixeramobim, a expedição se dirige à Fazenda Tigre, então pertencente ao comerciante, industrial e agro-pecuarista Damião Carneiro, que naquela época a modernizava. O dono da fazenda, prazerosamente, usa de toda sua hospitalidade, ao conduzir o visitante aos lugares, freqüentados por Antonio Vicente, enquanto viveu por ali,. A oportunidade propicia ao pesquisador colher fotos da casa grande, da igreja, das ruínas da escola, e demais pontos convenientes ao seu trabalho.
 
RUÍNA DA ESCOLA DA FAZENDA TIGRE ONDE LECIONOU ANTONIO CONSELHEIRO DEPOIS QUE LIQUIDOU SUA CASA COMERCIAL DE QUIXERAMOBIM -1857 1858.FOTO DE 1939 DO ARQUIVO DE EUCLIDES WICAR DE PAULA PESSOA.

Digno de tombamento as velhas construões do Tigre, sem embargo dos muitos melhoramentos para torná-la rentável, se deve à determinação de Damião Carneiro de conservá-las como sítio histórico. Esse mesmo cuidado de conservaçao o acompanhou, quando, na década de 1950, ele constrói o enorme açude da fazenda. Naquela ocasião – quem viu não pode esquecer – as muitas centenas de trabalhadores, que em lombos de igual número de burros e jumentos transportavam a terra desmontada dos morros para elevar a outra montanha que serviu de parede para o reservatório. A então, fantástica obra de engenharia campestre, indubitavelmente, ratifica a fé que Damião dedicava a Deus, porque, ali, ele, literalmente, ao seu modo, removeu montanhas.

 SOLON MENDES E ZEQUINHA MACIEL PINTO ESCORADOS NAS DUAS DAS TRES FORQUILHAS DE AROEIRA, TUDO QUE RESTOU DO PRÉDIO DA ESCOLA DO TIGRE.

FOTO DO SR DAMIÃO CARNEIRO E DO EXPEDICIONÁRIO SÓLON MENDES EM FRENTE ÀS RUÍNAS DA ANTIGA CAPELINHA ONDE ANTONIO MUITO REZAVA.

Do Tigre a comitiva toma o rumo de Assaré, movida pela informação do coletor Paulo Remígio de Freitas, de que, naquela cidade do Cariri, existia, sobrevivo, um ex-combatente da Guerra de Canudos, que apesar de ter sido membro do estado maior do Conselheiro convivia entre os habitantes no mais completo ostracismo.

Os Irmãos Vila Nova de Assaré à Canudos

Filhos de José Francisco Assunção e de dona Maria da Conceição, Antonio e Honório Vila Nova, nasceram em Assaré, no tempo da guerra do Paraguai. Ainda, eram duas crianças, quando conheceram Antonio Vicente, em 1873, por ocasião de uma passagem do peregrino por aquela cidade.

Reencontraram-se em 1877 quando o pregador resolveu trocar o Ceará pela Bahia, certamente, tangido pela fome da seca que acendeu o êxodo dos cearenses para os cafezais de São Paulo e seringais do Amazonas.

Convidado e ungido pelo Conselheiro como chefe temporal de Belo Monte – nova denominação de Canudos – Antonio Vila Nova, com seu tino administrativo, além de equilibrar as finanças e o abastecimento do lugar, até, fez circular, ali, um tipo de moeda muito bem aceita em toda zona de influência do Arraial, então, o segundo maior pólo produtivo da Bahia.

Ao Antonio Vila Nova competia, também, a guarda do armamento, colhido das forças invasoras vencidas. Isso porque, em Canudos, não se permitia o uso indiscriminado de armas, estas eram distribuídas aos guerrilheiros somente em caso de defesa.

Dono da maior loja do espaço, rico, dentro dos padrões do sertão, alvo preferido das más línguas, Antonio Villa Nova morava no único lugar de Belo Monte literalmente classificável como rua. Ali, as casas eram de tijolo, cobertas de telha, algumas com assoalho de madeira, portanto, bem diferentes, das outras cinco mil taperas de taipa, cobertas de palha, piso de chão batido, erigidas em vielas tortas e becos sem saídas que abrigavam quase 25 mil almas.

Conduzindo sua atribuição sem malquerença a ninguém, os irmãos Vila Nova, apesar de confiarem na obra física do Conselheiro, pouco se importavam com sua fé. Na realidade, ambos, até, nem freqüentavam as devoções, comprometimento optativo em Canudos.

Foi por serem alheios às credulidades dos canudenses, que, nos dias entre a morte do Conselheiro e o cerco definitivo, os Villa Nova saem do Arraial a tempo de escapulir da chacina. Muito embora tivessem brigado até quase o extermínio total, eles regressam definitivamente para seu torrão, onde envelheceram sempre falando bem do pai Conselheiro.

Residentes em Assaré, Antonio e Honório, ajudaram o padre Cícero, em 1913, por ocasião da Sedição de Juazeiro. Foi da cabeça de Antonio Vila Nova, que saiu a idéia da construção do valado em volta da cidade, que, estratégico, serviu de trincheira para os jagunços do Santo Padre rebater as forças do governo de Franco Rabelo aquarteladas no Crato.

Pedro Wilson em Assaré

Pedro Wilson da parte de Honório e de dona Toinha, viúva de Antonio Villa Nova não podia ter melhor acolhida. A família, entusiasmada com o propósito do visitante, cuida logo de proporcionar tudo que podiam em proveito de sua pesquisa. Para começar a boa velhinha se desfaz da única lembrança fotográfica do falecido marido, onde se lia: “Antonio Villa Nova, o herói de duas guerras”.

Deslumbrado, com tanto material para pesquisar, Wilson, atento, inicia a cobertura fotográfica da etapa de Assaré. Além de pessoas, fotografava, ainda, suas armas, verdadeiras relíquias trazidas, por eles, do próprio campo de batalha da Guerra de Canudos – peças do despojo da debandada do exército, material que acumulava uma espada tomada de um oficial, outras carabinas e cunhetes de balas, então, já, resfriadas.

REPRODUÇÃO DA FOTO OFERECIDA POR DONA TOINHA A PEDRO WILSON. TIRADA NO JUAZEIRO DO NORTE NO ANO DE 1916.

Numa das poses, quase em posição de sentido, Honório Vila Nova fez questão, de se munir da mesma “manulincher”, que usou para alvejar Moreira César, o coronel “Corta Cabeças”, comandante da malograda terceira expedição, que vergonhosamente, fugiu do campo da guerra.

O sobrevivente, três vezes, é citado no livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha, depois do trabalho de Pedro Wilson, com quase noventa anos de idade, tornou-se o conselheirista mais qualificado para reconstituir a história da Guerra. Altivo, agarrado com a mesma inseparável “manulincher”, há quem diga que foi Honório quem eliminou o “Corta Cabeças”, assim chamavam o coronel Moreira Cesar.

O fato se deu no andamento da terceira expedição do governo contra Canudos, quando, pretensiosamente, o Coronel montou no seu cavalo sob o propósito de dar brio aos soldados. Naquele instante ao avistar o coronel do outro lado, descendo a barranca do rio, Honório, fez posição de tiro, dormiu na pontaria, e disparou, certeiro, o balaço que lhe atingiu a virilha. Se quisesse teria acertado direto no coração e acabar com a vida dele duma vez. Preferiu, entretanto, lhe dá uma morte mais doída fazendo-o sofrer e experimentar, no próprio corpo, a agonia que ele imprimia ao povo agredido, perversamente, em nome da República.

Honório Vila Nova – O velho moço, de quase oitenta e cinco primaveras empunha a “manulincher” com que combateu as tropas do governo, em canudos e uma espada de oficial, a prezada na luta. Foto batida a 22/08/1949

A “manulincher” de Antonio Vila Nova era uma das duas únicas armas automáticas existentes em Canudos ao tempo do ataque de Moreira César. Ambas haviam sido tomadas da Expedição Febrônio de Brito juntamente com 14 cunhetes de balas, e foram as que, produtivamente enfrentaram o exército do Cortador de Cabeças.

Sobre as trilhas de Canudos

A etapa de Assaré se acaba com o “velho moço” Honório Vila Nova se oferecendo para nortear a Expedição de Pedro Wilson até Canudos. A adesão, além de facilitar os objetivos, também, serviu para animar os outros expedicionários que nem sequer sabiam como alcançar Canudos – um trecho longuíssimo de trilhas desabitadas e perigosas.Enquanto Zequinha conduzia o jipe rompendo os obstáculos do péssimo caminho, o ex-guerrilheiro, pacientemente, ao ser requisitado, rememorava e reconstituía as coisas que sabia, mas sempre, sem esquecer-se de elevar a personalidade marcante do líder Conselheiro sobre os costumes e a vida dos sertanejos.

Quando foi perguntado sobre a significação da profecia de que o SERTÃO VAI VIRAR MAR E O MAR VAI VIRAR SERTÃO, Honório tenta explicar o raciocínio do chefe dizendo:

- Ao pronunciar a célebre profecia, o bom homem, sabia o que o mar representava para os matutos. Eles nunca viram nenhum mar. Mas sabem da sua imensidão e dos seus mistérios.

- Que mistérios? Pergunta Osvaldo. Quem responde a pergunta do cunhado é Pedro Wilson.

- Ora, Osvaldo, esses mistérios, na “parábola” do Conselheiro, faz o sertanejo crer num sertão, hipotético e potencialmente com os mesmos poderes do mar que tudo pode: devora homens, destrói a armada e arrasa cidade.

- Isso mesmo doutor, essa coisa realmente aconteceu, até quando a terceira expedição foi expulsa em debandada – diz Honório encerrado o assunto.
As ruínas de Canudos.

Rompidos vários dias de trilhas, finalmente, deslumbrado, Pedro Wilson pode fotografar Canudos do mesmo ângulo que, de outra vez, o Arraial foi visto pelas forças federais que vinham arrasá-lo: o alto do Mário.

CANUDOS – OUTUBRO DE 1949 – PANORAMA DA CIDADE DE ENTÃO COLALIZADA COMO A OUTRA À MARGEM DO RIO VAZA BARRIS

No mesmo dia, excitados, desceram até as ruínas, momento em que o chefe expedicionário, se dar folga, cai em volta de reconstituições de tudo que se deu por ali no Arraial.

Depois, dia a dia, ajudado pelos companheiros, Pedro cuida de catar subsídios, analisar pedaços de escombros, restos de pedras, banda de tijolos, informações de testemunhas ainda vivas, e, finalmente, tudo, que pudesse ajudar a compreender o porquê de tanta morte, entender tanta reza e compreender tanto ensinamento.

Aquele cenário, para Vila Nova, representava um passado pouco distante – até se lembrava algumas árvores -, mas, para os outros, aquelas ruínas sepultadas no mato, em apenas meio século, pareciam tão antigas como túmulos dos Faraós no Egito.

Quando o jipe se aproxima do centro do ex-arraial, o velho expedicionário vai mostrando os lugares onde um monte de taperas, abrigava às vinte e cinco mil almas, trucidadas pelas forças oficiais. Não contem as lágrimas quando o carro alcança as ruínas da Igreja Velha – ali ele casou-se com a prima Tereza Jardelina de Alencar – foi ela quem o tratou, uma vez, do ferimento à bala, num dos pés. Retirado do entrincheiramento pelo irmão, ela curou a ferida com sumo de pimenta malagueta envolvida em folhas de bananeira.

Benze-se ao passarem diante do cruzeiro. O mesmo cruzeiro de madeira, agora, cheio de furos de balas, mas, ainda, intacto. O rústico monumento resistia ao tempo, do mesmo modo, que, escapou do arraso das tantas dinamites detonadas. Abandonada, mas de pé, aquela cruz continuava ali, orgulhosa da gente que abençoou e não se entregou, até dia em que cinco mil soldados do exercito rugiam sobre os últimos defensores do lugar: um velho, dois homens feitos e uma criança.

A exposição em Fortaleza

Ao regressar a Fortaleza, a Expedição, montou uma Exposição de Fotografias, Armamentos e Outros Materiais colhidos na cidade arrasada. Ali os visitantes curiosos e pesquisadores, enquanto examinavam as fotografias, dirigiam perguntas aos expedicionários, principalmente à Vila Nova, que ali permanecia como testemunha viva da guerra e à disposição de quantos quisessem saber detalhes da sangrenta pagina da História do Brasil.

Paralelamente aos trabalhos da exposição, Pedro Wilson avançava no trabalho jornalístico, histórico-sociológico, “ANTONIO CONSELHEIRO E O DRAMA DE CANUDOS”, publicando-o em capítulos em diferentes edições do jornal O POVO.

O regalo da veia comunista do autor extravasa todo seu talento, quando, em desacordo, com o pensamento de então, pioneiramente, coloca a personalidade do líder canudense entre o pequeno rol de heróis nacionais. No trecho abaixo, extraído da obra histórico-jornalística de Pedro Wilson, se mede o entusiasmo que só brota no coração dos apaixonados por seus ideais:

“(…) Canudos analisado nos seus profundos aspectos sociais, apresenta-nos o fenômeno autêntico de uma guerra de classe. Foi uma revolta de camponeses vergados sob o peso da opressão em seus múltiplos matizes. Aqueles heróis devem figurar na galeria dos filhos do povo, que tombaram em todas as frentes, lutando por uma vida mais digna e mais humana.”

Cobertura Fotográfica da Expedição de Pedro Wilson a Canudos

Prédio onde residiu e negociou Antonio Conselheiro -1856 1857
Quixeramobim 1949. Foto de 1949

O Jipe Land Houver, originário da Inglaterra, lançado em 1948. Um desses primeiros veículos chegados em Fortaleza, importado pelo concessionário Conrado Cabral & CIA., foi adquirido pela Loteria Estadual do Ceará, da qual Pedro Wilson Mendes era sócio-fundador. Na fotografia a seguir é um modelo 1949 que serviu à expedição de Pedro Wilson Mendes tendo como motorista seu primo José Maciel Pinto, o Zequinha. Ao fundo, o canhão que os guerrilheiros tomaram da fracassada Terceira Expedição contra Canudos comandada pelo Cortador de Cabeças Coronel Moreira Cesar. Este militar foi escolhido para comandar a Terceira Expedição Contra Canudos em virtude do seu extraordinário desempenho nas campanhas contra a Revolução Federalista do Rio Grande do Sul.

Durante a permanência da expedição de Pedro Wilson em Canudos, Honório Vila Nova se surpreende ao encontrar pelas redondezas do Arraial arrasado o ex-companheiro Chiquinhão que lhe contou como escapou do cerco em última hora.
 
CHIQUINHÃO O SOBREVIVENTE AMIGO DE VILA NOVA

Na foto abaixo Pedro Wilson ladeado por Honório Vila Nova e Chiquinhão, os dois matutos de chapéu na mão, talvez em respeito à câmera para eles um objeto muito raro

PEDRO WILSON LADEADO POR VILA NOVA E CHIQUINHÃO.

Na pagina seguinte, Honório, Chiquinhão e seus netos na Frente do Umbuzeiro do Moreira Cesar. A árvore, assim chamada porque, ali, debaixo dela, foi queimado o cadáver do coronel que mandava degolar dos canudenses aprisionados. Isso mesmo, o exército não fazia prisioneiros. Os defensores de Canudos uma vez capturados pelos soldados, depois de obrigados a dar vivas à República que lhes agredia, eram agarrados pelos cabelos e degolados a golpes de sabres. Cinicamente o degolador afirmava que o “Jagunço” ao ser degolado não “verve” uma xícara de sangue. Na verdade, essa passagem, serve mais, para mostrar a subnutrição imposta ao lugar que chegou a ser o segundo pólo produtor da Bahia, portanto só perdendo para Salvador. 

VILA NOVA E CHIQUINHÃO ENTRE SEUS NETOS NO FUNDO O UMBUZEIRO DO MOREIRA CESAR
 
VILA NOVA E CHIQUINHÃO AO FUNDO O “UMBUZEIRO DO MOREIRA CÉSAR” ASSIM DENOMINADO POR TER SIDO QUEIMADO NO SEU TRONCO O CADÁVER DAQUELE COMANDANTE DA 3ª. EXPEDIÇÃO ABANDONADO QUE FORA PELAS TROPAS NA VERGONHOSA DEBANDADA.

CONTINUA...

A trajetória e o horror do crack

Por: Archimedes Marques


Archimedes Marques é Delegado de Polícia no estado de Sergipe.  Tem Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe)
archimedes-marques@bol.com.br

Os fatos criminosos, as consequências horripilantes na área social e familiar e o sortilégio causado ao usuário do crack, comprovam que essa droga, sem sombras de dúvidas, é mais perigosa do que todas as outras juntas.

De poder avassalador e sobrenatural, o crack sempre vicia o usuário quando do seu primeiro experimento e o que vem depois é a tragédia certa. Crack e desgraça são indissociáveis e quase palavras sinônimas. O crack é a verdadeira degradação humana.

Há alguns anos atrás, quando o crack foi introduzido no Brasil, em especial em São Paulo, seu uso estava praticamente restrito a classe paupérrima da nossa sociedade devido ao seu baixo custo de venda, começando assim a sua trajetória com os moradores de rua que eram viciados em álcool, maconha ou em cheirar cola e que assim viam naquela nova e poderosa droga mais barata e acessível, a pretensa solução para resolver ou para esquecer dos seus problemas.

Na época as autoridades constituídas viviam as ilusões de que esse subproduto da cocaína não sairia do consumo dos mendigos, dos pobres, dos desafortunados e dos desgraçados, por isso pouco se importavam com a problemática, contudo, o seu consumo rompeu esse quadrilátero, conquistou as demais classes sociais, expandindo-se rapidamente, virando uma epidemia nacional e aí, diante do clamor público, o Estado passou a correr atrás do prejuízo.

A dimensão da tragédia é difundida nos diversos Estados da Nação através de reportagens jornalísticas que comprovam o retrato devastador em todos os lugares possíveis e imagináveis aonde chegou o filho mortal da cocaína. O crack invadiu grandes e pequenas cidades, periferias e lugares de baixa a alta classe social, municípios, povoados, zona rural e já chegou até às aldeias indígenas.

O fracasso da política antidrogas do governo federal é estampado nos quatro cantos do Brasil. A cada reportagem televisiva assistimos atônitos pessoas adultas, jovens, adolescentes e crianças consumindo o crack, deitados no chão das praças, das calçadas, debaixo dos viadutos, das marquises, sem se incomodarem com nada ou mesmo correndo em desespero, vivendo aquele mundo imaginário, sem perspectiva de vida alguma.

Meninos e meninas na flor da idade se prostituem até por 1 real e praticam qualquer ato ou tipo de crime possível em busca do crack. Famílias inteiras se desesperam vendo os seus entes queridos buscando o fundo do poço pelo crack.

O crack trás a morte em vida do seu usuário, arruína a vida dos seus familiares e vai deixando rastros de lágrimas, sangue e crimes de toda espécie na sua trajetória maligna. Assistimos recentemente com imensa tristeza e pesar uma reportagem mostrada na TV Record em que crianças recém nascidas de mães viciadas em crack, são também barbaramente atingidas pelos efeitos nefastos da droga.

Nascem como se viciadas fossem, com crises de abstinências, com compulsão à droga, tremores, calafrios e com problemas físicos diversos, principalmente com lesões no cérebro que provavelmente os levarão às demências ou a outros tipos de problemas inerentes, ou seja, uma nova geração de vítimas do crack sem sequer ter consumido a droga por vontade própria. A maioria das mães drogadas também perdem o instinto materno e terminam doando os seus filhos debilitados.

Ao contrário da maioria das drogas, o crack não tem origem ligada a fins medicinais, muito pelo contrário, ele nasceu para alterar o estado mental do usuário, para viciá-lo de maneira sobrenatural e para aniquilar todos os seus órgãos, levando-o a uma morte breve, mas sofrível para si e para todos que o cercam.

A cocaína gerou o crack para terminar de arrasar as diversas gerações que dele buscam sensações diferentes, mas que não imaginam que na verdade caminham para a desgraça absoluta. Achando pouco os efeitos insanos da droga mãe, o homem adicionou ao lixo do processo da sua fabricação, alguns produtos químicos altamente nocivos e perigosíssimos para a saúde humana para depois repassá-la ao seu semelhante como passaporte para a morte.

Absurdamente são adicionados à borra da cocaína para compor uma fórmula maligna e cruel, a amônia que é usada em produtos de limpeza, o ácido sulfúrico que é altamente corrosivo e usado em baterias automotivas, querosene, gasolina ou outro tipo de solvente que é para dar a combustão ao produto e, para render aumentando a sua lucratividade, a cal virgem, ou cal viva que também é tóxica e usada em construções ou plantações, que ao serem misturados e manipulados se transformam numa pasta endurecida de cor branca caramelizada onde se concentra mais ou menos 40% a 50% de cocaína. Assim nasceu o crack para o bem do traficante, para o mal da sociedade e para o horror da humanidade.

A fumaça altamente tóxica do crack é rapidamente absorvida pela mucosa pulmonar excitando o sistema nervoso, causando euforia e aumento de energia ao usuário, com isso advém, a diminuição do sono e do apetite com a consequente perda de peso bastante expressiva. Logo o usuário sente a aceleração ou diminuição do ritmo cardíaco, dilação da pupila e a elevação ou diminuição da pressão sanguínea, ou seja, uma transformação total da sua normalidade física.

Com o tempo o crack causa destruição de neurônios e provoca ao seu usuário a degeneração dos músculos do seu corpo, conhecida na medicina como rabdomiólise, o que dá aquela aparência esquelética ao indivíduo, ou seja, ossos da face salientes, pernas e braços finos e costelas aparentes.

O usuário do crack pode ter convulsão e como consequência desse fato, pode levá-lo a uma parada respiratória, coma ou parada cardíaca e enfim, a morte. Além disso, para o debilitado e esquelético sobrevivente seu declínio físico é assolador, como infarto, dano cerebral, doença hepática e pulmonar, hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC), câncer de garganta e traquéia, além da perda dos seus dentes, pois o ácido sulfúrico que faz parte da composição química do crack assim trata de furar, corroer e destruir a sua dentição.

O crack vai destruindo o seu usuário em vida ao ponto dele perder o contato com o mundo externo, se tornando uma espécie de zumbi, ou morto-vivo, movido pela compulsão à droga que é intensa e intermitente. Como os efeitos alucinógenos têm curta duração, o usuário dela faz uso com muita frequência e a sua vida passa a ser somente em função da droga.

Ainda não existem estatísticas oficiais nos Estados brasileiros que venham a comprovar o rastro da devassidão e desgraça causada pelo crack, entretanto já se comentam que as vítimas fatais mensais superam em dobro as vítimas de acidentes de trânsito, e em assim sendo, considerando que o Brasil sempre está nas primeiras colocações em mortes de transito no contexto mundial, conclui-se, portanto, que estamos caminhando para o caos absoluto por conta dessa droga.

Pelas matérias jornalísticas observa-se que o Estado do Rio Grande do Sul é o mais atingido pela tragédia do crack. Segundo o Jornal Zero Hora, há cinco usuários de crack para cada grupo de mil gaúchos, enquanto que é previsto para até o final do ano de 2012, apesar da grande taxa de mortalidade, que essa população de zumbis alcance o número de 300 mil componentes.

Já aqui no nordeste, mais de perto em Salvador, capital da Bahia, é fato em notícia que 80% das pessoas com idade entre 12 a 25 anos que vem a óbito são egressos do crack e morrem do crack ou pelo crack.

A dificuldade que o dependente do crack tem ao querer deixar o seu consumo também é imensa e requer uma força de vontade fora do comum, diferente do que acontece com os usuários das outras drogas.

A Universidade Federal de São Paulo atestou uma pesquisa que acompanhou a trajetória de 131 usuários de crack após 12 anos da saída dos mesmos de um hospital de tratamento, chegando a seguinte conclusão: Apenas 33% se recuperaram e venceram a droga, enquanto que 67% foram derrotados, e desse número, 17% continuavam dependentes, 20% desapareceram, 10% estavam presos e 20% foram mortos em decorrência do mal da droga ou assassinados por conta dela.

Conclui-se assim que estamos caminhando para uma espécie de genocídio, ou seja, morte em massa decorrente de ações de uma causa só, conforme previu o traficante colombiano Carlos Lehder Rivas, preso e condenado nos Estados Unidos da América em 1985, ao afirmar naquela data que o crack seria a terceira bomba atômica a ser lançada contra a humanidade e que iriam morrer mais pessoas do que todas as guerras mundiais juntas.

Correndo contra o tempo o Ministério da Saúde lançou um Programa emergencial em junho de 2009 que prevê investimentos na ordem de 118 milhões de reais até o fim de 2010, com proposta de aumentar o número de leitos e de profissionais dedicados à saúde mental, assim como, de instalações de novos núcleos de apoio à saúde da família e centros de atenção psicossocial, entretanto, essa verba, mostra-se pequena para a extensão da gravidade do problema.

Enquanto isso, milhares de pessoas no Brasil ingressam na Justiça com ações contra o Estado pleiteando direito à indenização ou ao tratamento adequado em clínicas particulares para os seus familiares viciados que estão vivendo o drama do crack. Nesse sentido o Estado de Sergipe é exemplo nacional através do Juiz de Direito da Comarca de São Cristóvão, Manoel Costa Neto, que além de desenvolver um trabalho de conscientização contra os riscos do uso dessa droga.

Vem decidindo em sentenças justas e humanitárias, através das ações individuais apoiadas pelo Ministério Público e posteriormente por conta de uma Ação Civil Pública ingressada pela Defensoria Pública, que todo aquele dependente químico, principalmente do crack, que reside dentro da circunscrição daquele município, já pode ter do Governo a compensação no seu tratamento, ou seja, o Estado está sendo obrigado a arcar com as despesas dos drogados em clínicas particulares.

O crime organizado continua investindo pesado do tráfico de drogas. Muita cumplicidade perversa promove e mantém o crack no seio da nossa sociedade. Tudo prolifera e floresce com muito arranjo sinistro. A política de repressão ao tráfico não esta sendo suficiente para conter o avanço do crack. A Polícia, apesar de todos os esforços empreendidos, com prisões e apreensões diariamente de muitos traficantes e de grandes quantidades de crack, não é forte o bastante para vencer essa batalha.

Assistimos também desolados, jovens e crianças abandonando as escolas e recrutados pelo tráfico em troca do crack e algumas migalhas em dinheiro. O documentário apresentado pela Rede Globo no programa Fantástico no ano de 2006 denominado “Falcão - meninos de tráfico” comprovou essa triste realidade brasileira. Durante as gravações, 16 dos 17 meninos “falcões” entrevistados morreram, sendo 14 em apenas três meses, vítimas da violência na qual estavam inseridos.

Por sua vez, apesar de tudo isso, apesar dessa realidade brutal e com perspectivas de piorar ainda mais a sua problemática, sentimos o poder público ainda meio tímido, sem verdadeira vontade política para debelar tal situação.

O Estado tem a obrigação de investir em massa não só na área curativa do mal, mas também na repressão e principalmente na prevenção que é a raiz da problemática, elaborando projetos que efetivamente influenciem os nossos jovens a nunca experimentar droga alguma, em especial o crack, ou então teremos taxas de mortalidade inaceitáveis com o suposto genocídio em ação, tragédias familiares e sociais no extremo, além do aumento geométrico da criminalidade, destarte para os crimes de furto, roubo, homicídio e latrocínio por conta dessa droga avassaladora.

Aliados a tais medidas governamentais é preciso também da conscientização popular principalmente na área da educação. Dentre as formas de prevenir está a questão de se oferecer atividades escolares extracurriculares que despertem mais atenção dos estudantes, além de um convívio mais profundo e dialogado entre alunos com professores, psicólogos e especialistas, assim como, entre pais e filhos, para enfim, lutarmos com todas as forças possíveis contra essa epidemia.

Não podemos achar que a polícia e a medicina resolverão os problemas, que, muitas vezes, se iniciam nos lares, escolas, festas, shopings center e outros lugares de convivência social, principalmente dos jovens, mais expostos, por vários motivos, à atração do mundo das drogas.

Archimedes Marques, Delegado de Policia, tem Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Publica pela Universidade Federal de Sergipe) archimedes-marques@bol.com.br

Enviado para este blog pelo  autor:
Dr. Archimedes Marques.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com/

Escola da Malandragem - Bullying!!!

Luiz Domingos de Luna

Com o fluxo normativo da interação social, com a frouxidão da ética como padrão a convivência dos seres humanos em sociedade, com as mutações sociais que ocorrem diariamente, novas agressões ao tecido sociológico vão aparecendo e fomentando a violência no seio da própria sociedade.

O Que no passado dos coronéis, era comum, a seu círculo de amizades, um bando de capachos, coiteiros e outros afins, perturbarem a ordem pública constituída para mostrar a sociedade o poder do coronelismo, praga que dizimou o progresso acentuado de nosso Pais.

A prática de não tolerar a heterogenia social, infelizmente, sempre esteve presente na nossa história, outrossim, por um mecanismo desconhecido, fica bem fácil observar que grupos de vândalos a bailar na orla urbana de forma organizada a assediar moralmente os transeuntes, escolhem as pessoas para eles, talvez mais frágeis, pela ótica destes monstros e começam uma voz, solitária a colocar pecha e mais pechas à medida que vai aumentando o sadismo social, as vitimas do preconceito ou do ódio setorizado destes vândalos, praticamente indefesos não sabem nem a quem recorrer, pois na maioria das vezes ficam em lugares de difícil acesso de visibilidade, e,quando as vitimas destes preconceituosos passam, é formado um coro sincronizado para aniquilar moralmente os cidadãos.

Creio ser oportuno aos autoridades constituídas, prestarem mais atenção a esta prática que começa, ainda de forma embrionária, a nascer e a ganhar corpo no espaço social, pois se nada for feito, com certeza em breves dias teremos uma Escola do Sadismo social implantada dentro da própria sociedade para intimidar, violar e descaracterizar a civilidade, ao convívio interativo e harmônico a que todos nós aspiramos.


Professor da Escola de Ensino Fundamental e Médio Monsenhor Vicente Bezerra – Aurora – Ceará


A História do cangaço e seus personagens

Por: Guilherme Machado
 
Consta que o primeiro homem a agir como cangaceiro teria sido o Cabeleira, como era chamado José Gomes. Nascido em 1751, em Glória do Goitá, cidade da zona da mata pernambucana, ele aterrorizou sua região, incluindo Recife. Mas foi somente no final do século XIX que o cangaço ganhou força e prestígio, principalmente com Antônio Silvino, Lampião e Corisco.
Antonio Silvino
Entre meados do século XIX e início do século XX, o nordeste do Brasil viveu momentos difíceis, aterrorizado por grupos de homens que espalhavam o terror por onde andavam. Eles eram os cangaceiros, bandidos que abraçaram a vida nômade e irregular de malfeitores por motivos diversos. Alguns deles foram impelidos pelo despotismo de homens poderosos.
Um famoso cangaceiro foi Lampião. Os cangaceiros conseguiram dominar o sertão durante muito tempo, porque eram protegidos de coronéis, que se utilizavam dos cangaceiros para cobrança de dívidas, entre outros serviços "sujos".
Um caso particular foi o de Januário Garcia Leal, o Sete Orelhas, que agiu no sudeste do Brasil, no início do século XIX, tendo sido considerado justiceiro e honrado por uns e cangaceiro por outros.
No sertão, consolidou-se uma forma de relação entre os grandes proprietários e seus vaqueiros. A base desta relação era a fidelidade dos vaqueiros aos fazendeiros. O vaqueiro se disponibilizava a defender (de armas na mão) os interesses do patrão.
Como as rivalidades políticas eram grandes, havia muitos conflitos entre as poderosas famílias. E estas famílias se cercavam de jagunços com o intuito de se defender, formando assim verdadeiros exércitos. Porém, chegou o momento em que começaram a surgir os primeiros bandos armados, livres do controle dos fazendeiros. Os coronéis não tinham poder suficiente para impedir a ação dos cangaceiros.
O cangaceiro - um deles, em especial, Lampião - tornou-se personagem do imaginário nacional, ora caracterizado como uma espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres, ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que questionava e subvertia a ordem social de sua época e região.
Cangaço foi um fenômeno ocorrido no nordeste brasileiro de meados do século XIX ao início do século XX. O cangaço tem suas origens em questões sociais e fundiárias do Nordeste brasileiro, caracterizando-se por ações violentas de grupos ou indivíduos isolados: assaltavam fazendas, sequestravam coronéis (grandes fazendeiros) e saqueavam comboios e armazéns. Não tinham moradia fixa: viviam perambulando pelo sertão brasileiro, praticando tais crimes, fugindo e se escondendo.
O Cangaço pode ser dividido em três subgrupos: os que prestavam serviços esporádicos para os latifundiários; os "políticos", expressão de poder dos grandes fazendeiros; e os cangaceiros independentes, com características de banditismo.
Os cangaceiros conheciam bem o Cerrado, e por isso, era tão fácil fugir das autoridades. Estavam sempre preparados para enfrentar todo o tipo de situação. Conheciam as plantas medicinais, as fontes de água, locais com alimento, rotas de fuga e lugares de difícil acesso.
O primeiro bando de cangaceiros que se tem conhecimento foi o de Jesuíno Alves de Melo Calado, "Jesuíno Brilhante", que agiu por volta de 1870, embora alguns historiadores atribuam a Lucas Evangelista o feito de ser o primeiro a agregar um grupo característico de cangaço, [1] nos arredores de Feira de Santana (em 1828), sendo ele preso junto com a sua quadrilha em 28 de Janeiro de 1848 por provocar durante vinte anos assaltos contra a população de Feira.  O último grupo cangaceiro famoso, porém foi o de "Corisco" (Cristino Gomes da Silva Cleto), que foi assassinado em 25 de maio de 1940.
O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, também denominado o "Senhor do Sertão" e "O Rei do Cangaço". Atuou durante as décadas de 20 e 30 em praticamente todos os estados do nordeste brasileiro.
Por parte das autoridades, Lampião simbolizava a brutalidade, o mal, uma doença que precisava ser cortada. Para uma parte da população do sertão, ele encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o senso da honra (semelhante ao que acontecia com o mexicano Pancho Villa).
O cangaço teve o seu fim a partir da decisão do então Presidente da República, Getúlio Vargas, de eliminar todo e qualquer foco de desordem sobre o território nacional. O regime denominado Estado Novo incluiu Lampião e seus cangaceiros na categoria de extremistas. A sentença passou a ser matar todos os cangaceiros que não se rendessem.
No dia 28 de julho de 1938, na localidade de Angicos, no estado de
Sergipe, Lampião finalmente foi apanhado em uma emboscada das autoridades, onde foi morto junto com sua mulher, Maria Bonita, e mais nove cangaceiros.
Esta data veio a marcar o final do cangaço, pois, a partir da repercussão da morte de Lampião, os chefes dos outros bandos existentes no nordeste brasileiro vieram a se entregar às autoridades policiais para não serem mortos.
Portal do Cangaço

Citações sobre João Bezerra Parte I

Por: Paulo Britto
Paulo Britto

Li o Artigo da Srª.
 
 
Juliana Ischiara “O Polêmico Episódio de Angico – Parte I e II” publicado, neste mesmo blog “Cariri Cangaço”, do nosso amigo Severo;
 
 
principalmente os pontos onde ela reúne comentários carregados de acusações caluniosas ao
 
 
Coronel João Bezerra, que até hoje não foram comprovadas por falta de total embasamento. Em atenção a Srª. Juliana e a todos os leitores desse respeitado blog, resolvi compilar algumas referências/citações ao Coronel João Bezerra da Silva, feitas por pessoas de realce dentro do contexto do tema Cangaço, as mais diversas possíveis: coiteiros, soldados, oficiais, escritores, pesquisadores, autoridades militares, chefes de volantes renomados de outros Estados, etc.

Meu intuito é único e exclusivo, levar ao público informações para que diante delas, tirem suas próprias conclusões...

Continua...
Paulo Britto
Filho de João Bezerra

 Boletim Regimental número 179,
de 12/08/1938

Não se enganou, portanto, o Exmº. Sr. Interventor Osman Loureiro, nem tampouco este comando. A perseguição se iniciou de forma tenaz e vigorosa, e não tardou a raiar da manhã de 28 de julho, onde um punhado de 45 bravos comandados pelo Capitão João Bezerra da Silva, 1º. Tenente Francisco Ferreira de Melo e Aspirante a oficial Aniceto Rodrigues dos Santos numa arrancada de heróis, atacaram de surpresa, na Fazenda “Angicos” município de Porto da Folha, no Estado de Sergipe, o grupo de famigerado “Lampeão” composto de nada menos de 58 bandidos e com eles numa luta tremenda conseguiram abater 11 sicários, inclusive o Rei do cangaço, pondo os demais em debandada, sem que tivesse tempo, os restantes, de conduzir do campo da luta os seus apetrechos e material de guerra que abandonaram.

... O Exmº. Sr. Interventor Federal Dr. Osman Loureiro, vendo realçada, com o mais significativo êxito, a missão de que fora e ainda se acha encarregado o II Batalhão, houve por bem premiar os que tomaram parte na refrega, e assim sendo, graduou no posto de Coronel, o Tenente Cel José Lucena de Albuquerque Maranhão e promoveu por ato de bravura, a Capitão, o 1º Tenente João Bezerra da Silva, a 1º Tenente, o aspirante a oficial Francisco Ferreira de Melo, a aspirante, o 3º. sargento Aniceto Rodrigues dos Santos...

 Elogio do Coronel Lucena

- Louvor do Coronel Lucena comandante do II Batalhão, transcrito no III item do Boletim nº 285, do II Btl, de 17 de dezembro de 1938.

“Tendo o Sr. Capitão João Bezerra da Silva, sido desligado deste Batalhão, a fim de assumir a função na sede do Regimento. Louvo-o pelo modo brilhante com que soube espontaneamente cumprir as árduas missões de que foi incumbido, quando neste batalhão, mormente na campanha contra o orda de facínoras, perturbadores da paz sertaneja que há tanto tempo vinha sofrendo as agruras conseqüentes da ação do banditismo. Este oficial, demonstrou os nobres predicados de que é possuidor; trabalhador incansável que nunca ousou dar tréguas a tal corja, combatendo-a bravamente até o momento máximo em que assediou com a sua fôrça o conjunto chefiado pelo célebre “Lampeão” que não podendo vazar tal assédio, caiu sem vida, quando para os supersticiosos já era tido como imortal.

Coronel Lucena em foto clássica com João Bezerra

Jornal de Alagoas:

O Chefe de Polícia de Alagoas relata como se deu o encontro em que morreu o “Rei do Cangaço”. Quem é o Tenente João Bezerra. A Agência Nacional, do Departamento de Propaganda, procurou ouvir pelo telegrapho, o Secretário do Interior e Chefe de Polícia de Alagoas Sr. José Maria das Neves. O Sr. José Maria das Neves informou o seguinte.

- O Sr. João Bezerra da Silva, nasceu em Pernambuco a 4 (*) de junho de 1898, verificando praça em 29 de novembro de 1921. Foi 2º. Sargento em 29 de março de 1922... e 1º Tenente por merecimento em 30 de setembro de 1936. Teve vários encontros com bandidos, tendo de uma feita morto três dos comparsas de Lampeão. ... É official valoroso da Polícia Alagoana e de immediata confiança do governo...

...Espada
 
Entre os prêmios recebidos por João Bezerra, a sua família guarda, zelosa e orgulhosamente, a ESPADA que ele recebeu do povo de Piranhas em 1938, expressão de gratidão pela morte de Lampião, em cuja “Copa” está escrito: “Ao Capitão João Bezerra pela sua bravura e heroísmo. Offerece o povo de Piranhas.”
Durval Rosa

Colocações de Durval Rosa, irmão de Pedro de Cândido, no livro “Assim morreu Lampião” de autoria do pesquisador e escritor Antônio Amaury, página 105.
... Juão Bizerra dissi qui tava certo i dividiu todo mundo.
Avisou:
- Não conversa ninguém. Puxem o ferrolho dos fuzis. Não dá tiro a tôa.
Passou uma órdem severa.
- Vô passá uma órdem prá todo mundo. Num si dá um tiro sem si vê im quem . Só si atira im cangacero. Soldado num briga deitado, u qui eu incontrá deitado, ou outro qualqué incontrá deitado, atiri i maté qui essi é covardi. Quando vocêis me verim deitado atirim im mim também.
Quando eu gritá, avança, aí eu quero Lampião pegado hoji di qualquer maneira. Ou morto ou pegado a mão!
Nisso Antonho Jacó chegou-si perto deli, tirou o chapéu, botou no chão, pisou im cima i dissi assim.
- Mi solti logo “Seu” tenenti, qui eu quero sabe si Lampião é mais homi que eu.
Ficou doido, doido, doido.
O teneti falô:
- Esperi aí, i tenha calma!” ...

Afirmativas como esta feita pelo coiteiro que não tinha necessidade alguma para enaltecer a coragem do comandante da tropa e seu subordinado, não são consideradas por certos pesquisadores que se apegam a comentários tendenciosos que não tem relevância.