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quinta-feira, 18 de junho de 2015

CORISCO A SOMBRA DE LAMPIÃO


Quem quiser adquirir este livro entre em contato com o Professor Pereira (distribuidor/revendedor autorizado) através do e-mail franpelima@bol.com.br. O livro custa apenas R$ 50,00 com frete incluso.

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GRATIDÃO MERECIDA


Poderia passar o resto de meus dias tentando falar sobre esse tal e ilustre sentimento de Gratidão; na verdade, acho que não conseguiria encontrar palavras para traduzi-lo..., mas, nada pode impedir de tentar. 

Não tenho pressa e ocuparei esse espaço para trazer pessoas realmente especiais e preciosas, e serão muitas... incontáveis, cada uma com sua própria história, seu próprio talento, sua Missão. 

A você meu irmão Aderbal Nogueira, a minha mais sincera gratidão. Com você aprendi muito e sem dúvidas você é um dos grandes artífices de nosso sonho transformado em realidade, chamado Cariri Cangaço. Aderbal Nogueira ao lado de valorosos companheiros de GECC, GPEC e SBEC é um dos maiores entusiastas do Cariri Cangaço, ao nosso lado e de outros confrades, como: Kydelmir Dantas, Antonio Amaury, Múcio Procópio, Francisco Pereira Lima, Napoleão Tavares Neves Paulo GastãoAngelo Osmiro Barreto João De Sousa LimaAntonio VilelaHonorio de MedeirosJuliana PereiraLemuel RodriguesJoão Bosco André, Alcino Costa, Ivanildo Silveira Kiko MonteiroNarciso Dias, Magérbio de Lucena, Leandro Cardoso e tantos e tantos, começamos a acreditar que era possível ainda em 2009 e daí tudo aconteceu. 

Valeu! Vamos em frente e que venha Piranhas!!!!


Fonte: facebook

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MATERIAL DE VIRGULINO FERREIRA DA SILVA O LAMPIÃO


Cópias das certidões de nascimento e batismo de Lampião, pedra de amolar, máscara de couro, confeccionada pelo próprio Lampião, punhais e sanfona de oito baixos, conhecida como Pé de Bode. Todos objetos de uso pessoal.

Fonte: facebook
Página: Hélio Fabrício

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DIA DE GLÓRIA NO SERTÃO

Por Márcio Costa

Dia 13 de junho de 1927, às 16h, e em meio a uma chuva fina, Mossoró ouvia os primeiros estampidos de uma guerra que entraria para a história como o início da derrocada de um dos homens mais temidos da história do país, o cangaceiro Lampião. O conflito marcado pela resistência pioneira foi antecedido por três dias de caminhada em território potiguar. Da noite de 9 para 10 de junho, os cangaceiros entraram no Rio Grande do Norte pela cidade serrana de Luís Gomes. No dia 12, chegaram ao povoado de São Sebastião, hoje Dix-sept Rosado, de onde foi enviado um bilhete para Mossoró, avisando sobre a chegada dos cangaceiros.

O jornal O Mossoroense publicou na época o bilhete na íntegra. “Cel. Rodopho, estando eu aqui pretendo é drº (dinheiro). Já foi um aviso, ai pª (para) o Sinhoris, si por acauso rezolver mi a mandar, será a importança que aqui nos pedi. Eu envito (evito) de Entrada ahi porem não vindo esta Emportança eu entrarei, ate ahi penço qui adeus querer eu entro e vai aver muito estrago, por isto si vir o drº (dinheiro) eu não entro ahi, mas nos resposte logo”. Ele assinava “Cap. Lampião”.

O prefeito Rodolfo Fernandes não aceitou a extorsão, esvaziou a cidade e montou as trincheiras para recepcionar os invasores. O bando, formado por 53 cangaceiros, não imaginava que por trás da recusa ao pagamento de 400 contos de réis estaria um exército montado por 150 homens comuns, prontos para reagir ao medo e ao terror imposto pelo temido Lampião. Não foi preciso completar a primeira hora de confronto para o capitão do sertão ter a certeza de que dominar a cidade seria praticamente impossível, mas a luta foi além.Repórter e testemunha do confronto, Lauro da Escóssia narrou nas páginas do jornal O Mossoroense: “Durante toda a noite, a detonação de armas em profusão. Parecia uma noite de São João bem festejada”.

No ataque, Lampião perdeu importantes cabras de seu bando. Colchete teve parte do crânio esfacelado por balas. E Jararaca, depois de capturado, foi praticamente enterrado vivo. O mito do Lampião invencível caíra por terra, dando ânimo à polícia, que passou a enfrentar o “rei do cangaço” com menos temor. Era o começo do declínio da carreira de Virgulino. Nesta edição especial, o jornal O Mossoroense mostra os principais detalhes desta história com uma roupagem contemporânea e abordagem de novos detalhes. Mossoró revive seu momento de glória, na resistência de um povo lembrada ao longo de décadas.

Voluntários e militares que defenderam Mossoró até hoje são lembrados como "Os Heróis da Resistência".As notícias da presença de Lampião no Oeste potiguar corriam como um rastilho de pólvora naquele período entre o final de maio e início de junho de 1927. O bando de Massilon vinha de um ataque à cidade de Apodi e juntara-se ao de Lampião com o intento de seguir para Mossoró e o prefeito Rodolfo Fernandes já tinha sido comunicado da situação.

"A mansão do prefeito era um formigueiro humano. Todos queriam notícias. Fervilhavam falácias. A cada momento chegavam pessoas dos mais variados lugares", conta Raul Fernandes, filho de Rodolfo, no seu livro "A Marcha de Lampião". Ficou a cargo do tenente Laurentino de Morais, vindo de Natal, a organização das trincheiras que defenderiam a cidade do terrível bando, mas faltava contingente policial para o grave momento pelo qual passava a cidade naquele momento. A população resolveu, então, espontaneamente, juntar-se aos poucos militares na defesa de Mossoró. Segundo o historiador Geraldo Maia do Nascimento, quatro trincheiras foram montadas: a Trincheira de Rodolfo Fernandes, a Trincheira de Tertuliano Fernandes & amp; Cia., a Trincheira da Boca do Esgoto de Águas Pluviais e a Trincheira da Barragem.

Localizada na casa do prefeito, a Trincheira de Rodolfo Fernandes acabou sendo a que concentrou os momentos que iriam eternizar aquele ataque ao longo da história. Formadas por "altos comerciantes, figuras de destaque, funcionários públicos, trabalhadores urbanos e rurais", conforme apontamentos de Raul.

O historiador Geraldo Maia exalta a valentia dos combatentes de 1927: "Não contavam, os cangaceiros, com a fibra do povo de Mossoró. A cidade se preparou e expulsou à bala os facínoras. Esse evento constituiu-se num marco da história do cangaço". Os "Heróis da Resistência", como ficaram conhecidos os combatentes daquela fatídica noite, ganharam homenagem no frontispício de um dos principais monumentos de Mossoró, o Memorial da Resistência, e são lembrados em livros e placas pela cidade.

Manoel Duarte, Honório Ferreira, Francisco Pinto, Antonio Pinto, Manoel Arão e seus filhos: Paulino e João, José Pereira Lima e seu filho Jorge Pereira Gomes, Júlio Maia, Francisco Fernandes de Queiroz, Enedino Inácio, João Domingos, José Rodolfo Fernandes, Amaro Silva, Abel Coelho, Adrião Duarte, Francisco Vidal, Francisco Calixto e seu irmão Raymundo, Herculano Barbosa, Geraldo Dunga, Joaquim Benedicto, Rochinha Freire, Antonio Caldas, Antonio Rolim, José Grosso e José Conrado, Luiz Amâncio, Tibúrcio Silveira, Florêncio Netto, Manoel Reis, Francisco Ferreira, Cícero Pereira, Evaristo Pereira, Manoel Tonel, Raymundo Calistrato, Pedro Raymundo, Euclides Aleixo, Sinhô Bento, Manoel Serra Negra, Júlio Souza, Sebastião Raymundo, João Pedro, Antônio Alves, Manoel Pereira, José Ribeiro, João Chá e Octavio Cavalcante, Manoel Alves de Souza, Léo Teófilo e Manoel Félix, Vicente Sabóia Filho, Pedro Sílvio de Morais, Clóvis Marcelo de Araújo, Severino França, Lafaiete Tapioca, Raimundo Leão de Moura, Lourenço Menandro da Cruz, José Cordeiro, Francisco Santiago de Freitas, João Delmiro, José Tenório, José Pereira, Inácio Bispo e Pacífico de Almeida, Mirabeau Mello, Alcides Magalhães, Mário Villar de Melo, Moacir da Cunha Melo, Manoel Leandro Bezerra, Francisco P. de Souza, Laurentino de Morais, Abdon Nunes de Carvalho e João Antunes, João Arcanjo de Oliveira, Gilberto Studart Gurgel, José Furtado de Castro, Padre Motta, Cônego Amâncio Ramalho e Padre Ulisses Maranhão, Júlio Ramalho, Homero Couto, João Fernandes de Queiroz, Cornélio Mendes, José Gomes, Antônio Araújo, Eliseu Viana, Antonio Brasil, João Manoel Filho, Antônio Juvenal, João Ferreira da Silva, Luiz Chico, José Manoel e Francisco Canuto, Manoel Sabino Lima, Francisco Campos Nogueira, Sérgio Queiroz, Francisco Porto, Pedro Maia e Monte Belo, Francisco Alves Cabral, José Alves de Oliveira, José Ibiapino, Manoel Moraes, Celso Alves, Nestor Leite e Pedro Nonato, Amâncio Leite, João Damasceno, Manoel Luz, Affonso Freire, Leônidas Freire, Pedro Ferreira Leite, Lauro Leite, Francisco Negócio da Silva, Abel Chagas Filho, Tertuliano Ayres Dias, José Mathias da Costa, Severino de Aquino, Noberto de Souza Rêgo, Basílio Silva, Manoel Ferreira, Luiz Mendes de Freitas, Antônio Godeiro, Antônio Estevam, Joaquim Gregório da Silva, João Antônio de Oliveira, Leonel Pastel, David Sabino, José Abreu, Manoel Pedro, Ismael Siqueira.

Porque Lampião Invadiu Mossoró

Quatrocentos réis, esta foi a quantia pedida pelo cangaceiro Lampião na sua investida a Mossoró naquele 13 de junho de 1927. O valor, atualizado, equivale a algo em torno de R$ 2,8 milhões. Eis, que agora, 88 anos depois daquele dia que ficou registrado na história de Mossoró, o pesquisador e historiador Honório de Medeiros Filho levanta uma pergunta: por que Lampião invadiu Mossoró?

A pesquisa, que vai ser transformada em livro, aprofunda as pesquisas já realizadas e, segundo o pesquisador, faz questionamentos que precisam ser verificados: “No senso comum Lampião invadiu Mossoró por pura ganância. Ele veio aqui em busca de dinheiro. Isto é verdade? É. Mas isto é uma consequência da decisão que ele tomou de invadir. E esta decisão não tinha nada a ver com isto. Há uns quinze dias antes da invasão a Mossoró, quando Lampião chegou em Aurora/CE, nas terras do coronel Izaías Figueiredo, encontrou Massilon que estava voltando do ataque que havia realizado em Apodi. E este ataque, foi resultado de uma questão de natureza política. Como Massilon estava no ataque a Apodi e estava no ataque a Mossoró, ele é o elo que une as causas dos dois ataques. Então é em cima desta linha argumentativa que o meu trabalho se fundamenta”, relata o autor.

Sem concordar com a hipótese de que o ataque tenha cunho financeiro, o historiador relaciona perguntas que diz, precisam ser respondidas para comprovar a teoria estabelecida há oito décadas: “A história da vinda de Lampião a Mossoró meramente com intuito de arrancar dinheiro, não tem o menor fundamento. Ele poderia atacar várias cidades da Paraíba, do Ceará, do Pernambuco, todas do porte de Mossoró ou um pouco menor, como Patos, Catolé, Sousa. Todas estas cidades sem passar pela possibilidade de derrota que ele passou quando atacou Mossoró.”

Quatrocentos quilômetros de uma caminhada insólita, um comércio rico, e um ataque suspeito. Entre os vários questionamentos levantados por Honório para a invasão, ele aponta que o grupo de Lampião adentrou o Rio Grande do Norte de forma incomum, o que demonstra que o rei do cangaço não estava seguro de suas ações: “Você imagine o cidadão andar quatrocentos quilômetros de distância para vir atacar uma cidade do litoral, sem conhecer a terra, sem conhecer os lugares, vindo por uma rota errada. A rota que ele pegou, contornando Martins, era de descampado e os cangaceiros jamais usavam este tipo de caminho. A grande arma dos cangaceiros era procurar proteções naturais, rochas, serras, velames e nada disto tinha no caminho”.

Honório estranha o fato de o grupo de cangaceiros, chegando a Mossoró, não ter buscado as fontes de recursos como o comércio e o próprio banco, atacando primeiramente a casa do prefeito Rodolfo Fernandes, o que deixa margem para uma conotação política para o ataque:

Honório de Medeiros e Manoel Severo

“A hipótese que eu levanto, é que Lampião foi manipulado, pois havia um projeto interno menor, capitaneado por Massilon, que era alcançar um desfecho que teve como alvo Rodolfo Fernandes. Você raciocine: se você é cangaceiro e você quer dinheiro, você vem atacar Mossoró e ataca a casa do prefeito? O comércio de Mossoró pujante como era, com banco inclusive. Eles não sabiam que o dinheiro do banco havia sido levado para Areia Branca por Joaquim Perdigão. O banco estava aí à disposição. Ao invés de invadir Mossoró pela rota natural, que era margeando o rio, como eles sempre fizeram, alcançar o centro da cidade, onde estava o comércio de Mossoró e o Banco do Brasil, onde estava o dinheiro, e eles resolvem atacar Rodolfo? Massilon queria atacar Rodolfo, tanto é que no ataque, ele entrou pelos fundos. Mandou Jararaca distrair os resistentes que estavam na frente da casa, enquanto isto, ele atacava pelos fundos da casa. O que ele não contava era com a resistência que lhe foi proposta. Então tudo isto é extremamente curioso”.

Sobre a entrada ou não de Lampião na cidade como contestam alguns, Honório relata que o Virgolino Ferreira acompanhou o ataque ao prefeito do cemitério da cidade, tentando assim, assegurar a segurança do bando. O livro “Porque Lampião Invadiu Mossoró” deverá ser lançado por Honório em outubro deste ano.

Márcio Costa

Editor-geral
FONTE:http://omossoroense.uol.com.br/index.php/o-jornal/cotidiano-mobile/67548-dia-de-gloria-no-sertao

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ESPÓLIOS DO CANGAÇO PERTENCES DO CANGACEIRO ARVOREDO

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Objetos pertencentes ao cangaceiro "Arvoredo" encontrados no momento em que foi morto, vendo-se o Mosquetão com bandoleira enfeitada com moedas de prata, Parabellum e capa, punhal, bolsa de couro e metal, duas cartucheiras repletas de munição, cantil e bornais.


Arvoredo (Hortêncio Cordeiro de Moraes) foi morto pelos jovens Cícero Ferreira (Xisto) e João Biano no dia 22 de Maio de 1934 no estado da Bahia.

Fonte: JORNAL "A NOITE" (SUPLEMENTO)
Página no facebook: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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EXCELENTE DOCUMENTÁRIO...." AS DUAS FACES DE LAMPIÃO "

qhttps://www.youtube.com/watch?v=HTKyKjdwDGAu


Comandados por Lampião os cangaceiros armados invadiam cidades, vilas e fazendas. Em contraste ao lado sanguinário, ele tinha habilidades com a máquina de costura...

O Repórter Francisco José entrevista o escritor Frederico Pernambucano de Melo sobre os mais diversos temas ligados ao cangaço...etc...etc... 

QUEM AINDA NÃO ASSISTIU, CONFIRA A MATÉRIA NO VÍDEO ACIMA.

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QUEM MATOU DELMIRO GOUVEIA?


SERVIÇO:

Livro: Quem Matou Delmiro Gouveia?
Autor: Gilmar Teixeira
Edição do autor
152 págs.
Contato para aquisição
gilmar.ts@hotmail.com
Valor: R$ 30,00 + R$ 5,00 (Frete simples)
Total R$ 35,00

VISITANDO A "HISTÓRIA"...


Bruno Azevedo (Diretor e Produtor da Trilogia LAMPIÃO - O FILME), Dulce Menezes (A última integrante do bando de Lampião e sobrevivente de Angico) e Paulo Goulart Filho que interpretará o "Rei do Cangaço" na Trilogia, em fotografia registrada por Adauto Silva em Campinas-SP, na ocasião da visita do diretor e ator à última "peça" do bando de Lampião.

Estamos todos(as) na expectativa do lançamento e na certeza que em breve seremos agraciados com mais um grande trabalho sobre a vida do maior de todos os cangaceiros.

Nossos agradecimentos ao amigo/pesquisador Adauto Silva e aos envolvidos pelo apoio e ajuda na divulgação das páginas "O CANGAÇO".

Fonte: facebook
Página: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

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O MITO E O MÍSTICO EM LAMPIÃO

Por Rangel Alves da Costa*

O mito e o místico numa só pessoa. O lendário e o temente num único ser humano. O emblemático e o espiritualizado no mesmo cidadão. Assim era Virgulino da Silva, assim era Lampião, mas sempre considerando que aquele se contrapôs a este em muitos aspectos, e este clamou para ser o outro em muitas situações. E assim por que em muitos momentos Lampião quis ser apenas Virgulino. E também em muitos instantes este se despiu de muitos sentimentos para dar impulso ao Lampião.

Poucos foram os viventes que alcançaram tanto a mítica como o místico. Não é qualquer um que ao longo dos anos – e muito tempo depois de sua morte - vai aumentando o reconhecimento e a admiração ao redor de seu nome, ainda que o conceito de alguns seja pela negação de sua conduta. Igualmente difícil ao ser humano ter construído sua história em meio a lutas sangrentas e mais tarde ter valorizado seu lado que não foi desumanizado pelos ódios derramados a cada passo. E Lampião, que se aceite ou não, transformou-se num mito, cujo elemento mítico ou místico, de cunho religioso, esteve presente no Virgulino até o último sopro de vida.

Contudo, urge que se esboce uma ligeira noção acerca do que os livros definem como mito e como místico. O mito é uma representação simbólica produzida pela mente humana, é a concepção de sobrenatural ou de força superior destinada ao endeusamento ou à heroicização. É algo visto como fora da realidade, que é de difícil explicação racional. Pode surgir de fatos ou acontecimentos históricos ou de valores culturais enraizados no povo e transformados em lenda, em heroísmo, em divinização. O passar dos anos tem o dom de aprofundar mais ainda a concepção mítica do herói mentalmente firmado.

Por sua vez, o termo místico tem um sentido religioso, de espiritualidade e devotamento, de acatamento e prática de determinados ritos de fé. O ser místico é aquele levado ao misticismo, cujas crenças pessoais acerca dos poderes divinos o tornam adepto de determinados preceitos religiosos. O místico geralmente é um ser contemplativo, de robusta devoção, demasiado crente nas forças e poderes divinos, alguém que sempre invoca proteção superior. E os relatos demonstram Virgulino Ferreira da Silva como um homem profundamente religioso e com rituais próprios de veneração a Deus, santos e anjos.

No caso específico do cangaceiro de Vila Bela, o mito e o místico possuem fronteiras precisas, limites reconhecíveis. O mito está em Lampião, no maior dos cangaceiros entre todos já existentes nas terras nordestinas, no líder hábil e inteligente, no estrategista que fazia de um rochedo ou de tufo de mato um campo impenetrável de guerra. Mito este criado a partir do desempenho do bando sob sua liderança, do poder de arregimentação, do círculo de poderosas amizades que soube tecer, do seu reconhecimento e até veneração por todo o mundo sertanejo e citadino.

Mito também pela história que construiu. Ora, ninguém se torna fenômeno por um fato ou outro na sua passagem terrena, mas sim pelo percurso de luta, bravura, destemor, enfrentamento dos poderes então constituídos. Ou será negada a Lampião sua valentia na luta contra a opressão sertaneja que chamou para si? Será que vale a pena desmitificar ou simplesmente desconhecer a história de um homem de pouco estudo, de família humilde, arribado de casa desde ainda moço, e que construiu um império de bravura ao seu redor? Quantos sertanejos fizeram, a partir da caatinga, estremecer as estruturas do poder coronelista, patriarcal, impiedoso? E foi tão perseguido porque representava a força do sertanejo ante a tirania do Estado. Assim foi sendo construído o mito Lampião.

Ao lado do mito, o hoje reconhecido misticismo no ser humano batizado como Virgulino Ferreira da Silva, no homem lutando sobre a terra e temendo e devotamente se apegando às forças do céu. Levava consigo armas, munição, instrumentos de guerra. Mas também rosários, imagens sacras, instrumentos de devoção. Quando as balas silenciavam e os gritos de horror se calavam, quando o tempo de guerra fingia um tempo de paz, então o Capitão se voltava para si mesmo, para reacender as chamas de fé que levava consigo. Meditava sobre sua situação de vida, intimamente se afligia, mas procurava na oração e nos rogos aos seres celestiais o fortalecimento espiritual e a proteção desejada.

Os relatos de hoje revelam o fervor religioso de Virgulino, o seu máximo respeito às coisas sagradas, o seu profundo senso de devoção. Rezava todos os dias e levava consigo algumas orações, principalmente para manter o corpo fechado. Tinha devoção especial por Padre Cícero, a quem tinha como verdadeiro santo nordestino. Não admitia que cangaceiro de seu bando menosprezasse as coisas sagradas e tinha predileção especial por Santa Luzia e São Jorge. Uma para dar esperança de visão ao seu olho sem luz, e o outro por ser guerreiro.

Parece ser contraditória tanta religiosidade naquele que pouco tempo teve para viver senão para guerrear. Mas assim aconteceu. E coisas assim somente acontecem com quem um dia nasceu para ser mito.


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