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domingo, 19 de maio de 2013

A solidão do poeta Luiz Campos

Por: Ednilto Neves

Luiz Campos, aos 73 anos, sente dificuldades para escrever ou recitar: ‘Estou cego, meu filho’, brinca

Luiz Campos é uma figura ímpar no meio literário norte-rio-grandense, com uma vida dedicada à poesia e à cantoria, mas também um homem que sente o peso da idade, depois de tantas experiências, de muitos poemas escritos e rasgados, de muitas desilusões e amores fortuitos.

Sentado numa cadeira, a escutar um noticiário de uma rádio local, o poeta nos recebe para uma conversa descontraída – como devem ser os diálogos com Luiz Campos – e uma boa pitada de sarcasmo. “Não tomo café... me ofende mais que uma dose de qualquer coisa”, brinca.

Na sala, um freezer enferrujado traz a antiga logo da Pepsi e, sobre ele, alguns copos. “Estava ouvindo o noticiário. Ultimamente, tenho sonhado muito com o papa... Há três noites que sonho com ele, com aquela roupa branca, aquela estola amarela, sentado num trono, e também tenho visto vultos, ouvido vozes. Isso tudo é muito espiritual, não acha?”, e sorri, irônico. “Certamente, o papa não quer me levar com ele. Ave Maria!”, diz.
“Tirando as brincadeiras”, o poeta, aos 73 anos, continua afiado, mas sem escrever, pois a visão está quase comprometida. Antes, os versos que vinham à mente eram recitados e um pequeno gravador captava o poema. “Mas esse gravador quebrou e, desde então, estou sem produzir muita coisa, quase nada... também passei por uns momentos difíceis, mas sou um cara que não gosto de estar perturbando ninguém. Em termos de publicação, estou sem condições de escrever ou publicar qualquer coisa. O que eu tenho são cordéis que já foram publicados. Não tenho mais livros para vender. Todos foram comprados”, fala.

Durante a reportagem, várias pessoas o saudaram na calçada. “Poeta Luiz Campos!”, dizia um; “grande Luiz!”, repetia outro... “Não vejo quem é, apenas falo. São pessoas que me ouviram cantar em algum lugar ou mesmo leram meus poemas”, comenta.

O poeta lamenta, porém, sobre uma de suas piores sensações: a de morar sozinho. “Não foi por escolha, foram as coisas e os acontecimentos que me levaram a morar sozinho. A solidão é muito ruim, uma coisa que nos massacra. Mas acredito que, depois de tudo, é isso, realmente, o que eu mereço... não acho que Deus seja injusto comigo, pelo contrário: ele é e sempre será um Deus justo. Eu tenho o que mereço, nesse sentido”, salienta, frisando que a vida do poeta não pode ser fácil.

Adepto da visão clássica de que grandes poetas foram grandes sofredores e passaram por momentos difíceis em suas vidas, Luiz Campos se apega a esse conceito e justifica: “As pessoas elogiam muito os poetas, mas não ajudam na divulgação de seus trabalhos, deixando-os alheios a qualquer coisa. Sempre foi assim. Os grandes poetas viveram e sofreram muito. A vida do poeta é sofrida, cheia de sacrifícios e sofrimentos. Segundo o que eu já li, desde o começo do mundo que os poetas são sofredores”, diz. “Nenhum grande poeta que eu conheci gozou de regalias. Agora, os poetastros, esses, sim, são picaretas. Conheço um bocado”, ironiza. “Os verdadeiros poetas acabam, de certa forma, no esquecimento, abandonados... como Pinto Monteiro, por exemplo”, exemplifica.

Interrompido por uma vendedora, Luiz brinca: “Nem olho pro café!” e compra tapiocas. “Conheço Luiz Campos desde muito tempo, das Cajazeiras”, fala a vendedora. “Ele é um poeta conhecido”, frisa.
Luiz sorri com a simpatia da desconhecida. Fala que, sempre que pode, compra para “ajudar ao pessoal, que está aí na batalha da subsistência”.

A solidão, essa companheira inseparável...

Mesmo se sentindo só e com a visão comprometida, o poeta nunca perdeu o bom humor. “Não sou um cara fechado”, diz, sorrindo, enquanto oferece uma cadeira para o repórter-fotográfico Ednilto Neves. “Por aqui já passaram grandes nomes da poesia nordestina. Alguns, hoje, quando vêm a Mossoró, sequer passam por aqui”, explica. “Esta casa foi quem fez os grandes cantadores. Ivanildo morou aqui, Luiz Pereira, Luiz Antônio, Antônio Lisboa (que eu criei, pois chegou aqui ainda menino e ganhou o seu primeiro dinheiro com cantoria ao meu lado) e tantos outros poetas e cantadores dos bons que estiveram aqui comigo. Como disse, infelizmente muitos se esquecem da gente, mas alguns se lembram, como Ivanildo, que sempre que pode aparece por esses lados e até me deu a honra de me ouvir cantar, já agora, recentemente, quando me apresentei ao lado de Cícero Nascimento. Ele reconhece meu trabalho, lê meus poemas e divulga minha obra”, comenta, agradecido.

Aposentado, Luiz Campos divide seus dias entre algumas caminhadas, conversas com amigos e diversões eventuais, como ir a alguns eventos, mesmo com todos os problemas de saúde. “O que me machuca mais é a solidão. No resto, estou em paz. Minha solidão é meu castigo, pois durante minha vida deixei muitas mulheres apenas por vaidade e isso pode ter sido o motivo. Também brinquei, juntamente com João Liberalino, certa vez, com a doença de Elizeu Ventania: passamos perto dele, batemos nele, de leve, e não falamos. Ele não nos reconheceu, pois já estava perdendo a visão. Eu e João sorrimos. Não foi uma brincadeira boa. Hoje não estou do mesmo jeito? Manguei dele e estou do mesmo modo”, confessa.

Para ele, quem mora sozinho é discriminado. “Não discrimino nem critico; o ruim é assumir a qualidade do criticado. Moro sozinho e não posso fazer nada quanto a isso. Também não canto mais e nem posso viajar, devido aos problemas de saúde. Dentro da cidade, se tiver transporte para me levar em cantorias, até posso me apresentar. Qualquer pequena viagem de táxi custa certo dinheiro. Às vezes nem compensa participar, pois não sabemos o que a cantoria vai render”, explica Luiz Campos.

VIVER INTENSAMENTE

Para o poeta, a vida deve ser vivida intensamente. “Tive dezessete mulheres que moraram aqui. Tenho, nos dezoito Estados que andei, um filho em cada um. Já fui muito boêmio e, nesse sentido, não tenho do que reclamar”, fala, relembrando alguns períodos da vida de poeta. “Vivi intensamente, meu filho... aos 73 anos, posso dizer que vivi muita coisa. Quando a solidão vem, pego de um copo, tomo alguma coisa e me esqueço. Ela, pelo menos, alivia a solidão, mesmo quando os versos me vêm à noite e, depois, passam, porque não tenho como registrá-los. Lamento essa parte e também lamento não ter sido reconhecido por muitos, pois vejo muitas pessoas ganhando dinheiro às minhas custas, com meus poemas, reproduzindo e vendendo, sem minha autorização. Tive alguns problemas com alguns poemas clássicos meus, como Me enganei com minha noiva, que muita gente reproduz sem, ao menos, me solicitar nada. Isso tem sido uma chateação. Também já vi muita gente fazendo DVD com meus versos e, claro, ganhando dinheiro”, critica.

No Recife, o cordel Julgado pelo destino, onde o poeta narra suas desilusões, está sendo negociado. “Soube por um amigo que muitas pessoas estão comprando esse cordel lá, mas não mandei nada para Recife”, observa, enquanto dedilha a viola, companheira de muitos anos...

http://www.gazetadooeste.com.br/cultura-a-solidao-do-poeta-luiz-campos-8780


Crispiniano Neto - no seu livro poesias com Luiz Campos - pág. 51 - publicado em Julho de 1993 - Segue:

...ele tá comendo fusca 

César, numa das piadas de Luiz Campos, é irmão de um cantador. César é retardado mental, não faz mal a ninguém e é muito querido pelos cantadores, até pela sua completa inocência.

Porém, nos últimos anos, César que sempre andava com um fusquinha de plástico na mão, degringolou e viu sua mania transformada em tara.

Hoje ele é muito conhecido em Mossoró, pela triste mania de "manter relações sexuais" com fusca. Não adianta trazer um carro mais bonito. A tara dele é por fusca. Parece que todo mundo já entendeu que é desvio mental e mesmo quem não o conhece de perto, dispensa sua loucura. Até mesmo as mulheres, olham, riem e passam ao lado.

No começo, nós tínhamos medo de que as pessoas sem conhecê-lo cometessem alguma violência contra ele.

Foi nesse período que Luiz Campos cantava na presença de um dos irmãos de César, quando surgiu este assunto: Aí Luiz disse:

Amigo tenha cuidado
se não seu nome se ofusca
faça alguma diligência
corra mais, dê uma busca
procure mulher pra César 
que ele tá comendo fusca.

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O BARBUDO DE VALDEREDO

Por: Clerisvaldo B. Chagas, 17/18/19 de maio de 2013 - Crônica Nº 1019

O BARBUDO DE VALDEREDO
     
Na década de sessenta, principalmente, foram manchetes em jornais nordestinos e revistas nacionais, os embates no Sertão alagoano. Floro Gome Novais virava mito com suas vinganças pela morte do pai, em Olivença. Nas regiões dos povoados Várzea de Dona Joana e Pedra d’Água dos Alexandres, uma família se digladiava em rixa tremenda. Muitas emboscadas e mortes marcaram negativamente os bons invernos daquela década. Raramente os noticiários do dia deixavam de citar algum acontecimento ligado a Floro Novais ou à família Ferreira. 

Família Ferreira

Nos duelos sem fim que dizimavam jovens e adultos dos Ferreira, ganhou destaque o senhor Valderedo. Mesmo assim outros personagens da mesma família eram citados como ágeis e valentes. Valderedo e Floro tornaram-se amigos, mas Floro não se metia na briga interna dos Ferreira e nem aprovava os combates do mesmo sangue. No final de tantas lutas, Floro Novais foi emboscado e morto com um simples caroço de chumbo que lhe atingiu o coração. Valderedo desencarnou depois, dizem, vítima do próprio coração.

 
foto: (passosmgonline).

Certa feita, um vizinho nosso estava em um bar no cruzamento urbano Maracanã, em Santana do Ipanema. Gostava ─ como ainda hoje ─ de andar barbudo. Ao passar pelo local, sempre alerta e desconfiado, Valderedo avistou o cliente e agitou-se. Confundi-o com um dos seus terríveis inimigos. Quando estava pronto para eliminar o pobre caminhoneiro, foi convencido por alguém que aquele barbudo não era o fulano e sim, um rapaz muito trabalhador, motorista e conhecido de todos na cidade. Valderedo ainda demorou em acreditar no que lhe diziam, por causa da semelhança das pessoas em causa. Entretanto, o trabalho de convencimento teve êxito. Não temos certeza, todavia, se ao desistir do intento Valderedo ainda chegou a pedir desculpas à suposta vítima. Estar certo o que filosofa: “quem de uma escapa, cem anos vive”. Vez em quando passo e cumprimento o meu vizinho que continua barbado e caminhoneiro.

Muitas vezes a vida não passa de ilusão de ótica ou de cabeça. Quantos covardes e traidores surgem entre os que você julgava amigos! Quanto alívio se sente ao saber que o inimigo estava apenas na ilusão, como O BARBUDO DE VALDEREDO!.

Autobiografia

CLERISVALDO B. CHAGAS – AUTOBIOGRAFIA
ROMANCISTA – CRONISTA – HISTORIADOR - POETA

Clerisvaldo Braga das Chagas nasceu no dia 2 de dezembro de 1946, à Rua Benedito Melo ( Rua Nova) s/n, em Santana do Ipanema, Alagoas. Logo cedo se mudou para a Rua do Sebo (depois Cleto Campelo) e atual Antonio Tavares, nº 238, onde passou toda a sua vida de solteiro. Filho do comerciante Manoel Celestino das Chagas e da professora Helena Braga das Chagas, foi o segundo de uma plêiade de mais nove irmãos (eram cinco homens e cinco mulheres). Clerisvaldo fez o Fundamental menor (antigo Primário), no Grupo Escolar Padre Francisco Correia e, o Fundamental maior (antigo Ginasial), no Ginásio Santana, encerrando essa fase em 1966.Prosseguindo seus estudos, Chagas mudou-se para Maceió onde estudou o Curso Médio, então, Científico, no Colégio Guido de Fontgalland, terminando os dois últimos anos no Colégio Moreira e Silva, ambos no Farol Concluído o Curso Médio, Clerisvaldo retornou a Santana do Ipanema e foi tentar a vida na capital paulista. Retornou novamente a sua terra onde foi pesquisador do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Casou em 30 de março de 1974 com a professora Irene Ferreira da Costa, tendo nascido dessa união, duas filhas: Clerine e Clerise. Chagas iniciou o curso de Geografia na Faculdade de Formação de Professores de Arapiraca e concluiu sua Licenciatura Plena na AESA - Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde, em Pernambuco (1991). Fez Especialização em Geo-História pelo CESMAC – Centro de Estudos Superiores de Maceió (2003). Nesse período de estudos, além do IBGE, lecionou Ciências e Geografia no Ginásio Santana, Colégio Santo Tomaz de Aquino e Colégio Instituto Sagrada Família. Aprovado em 1º lugar em concurso público, deixou o IBGE e passou a lecionar no, então, Colégio Estadual Deraldo Campos (atual Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva). Clerisvaldo ainda voltou a ser aprovado também em mais dois concursos públicos em 1º e 2º lugares. Lecionou em várias escolas tendo a Geografia como base. Também ensinou História, Sociologia, Filosofia, Biologia, Arte e Ciências. Contribuiu com o seu saber em vários outros estabelecimentos de ensino, além dos mencionados acima como as escolas: Ormindo Barros, Lions, Aloísio Ernande Brandão, Helena Braga das Chagas, São Cristóvão e Ismael Fernandes de Oliveira. Na cidade de Ouro Branco lecionou na Escola Rui Palmeira — onde foi vice-diretor e membro fundador — e ainda na cidade de Olho d’Água das Flores, no Colégio Mestre e Rei. 
Sua vida social tem sido intensa e fecunda. Foi membro fundador do 4º  teatro de Santana (Teatro de Amadores Augusto Almeida); membro fundador de escolas em Santana, Carneiros, Dois Riachos e Ouro Branco. Foi cronista da Rádio Correio do Sertão (Crônica do Meio-Dia); Venerável por duas vezes da Loja Maçônica Amor à Verdade; 1º presidente regional do SINTEAL (antiga APAL), núcleo da região de Santana; membro fundador da ACALA - Academia Arapiraquense de Letras e Artes; criador do programa na Rádio Cidade: Santana, Terra da Gente; redator do diário Jornal do Sertão (encarte do Jornal de Alagoas); 1º diretor eleito da Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva; membro fundador da Academia Interiorana de Letras de Alagoas – ACILAL.
Em sua trajetória, Clerisvaldo Braga das Chagas, adotou o nome artístico Clerisvaldo B. Chagas, em homenagem ao escritor de Palmeira dos Índios, Alagoas, Luís B. Torres, o primeiro escritor a reconhecer o seu trabalho. Pela ordem, são obras do autor que se caracteriza como romancista: Ribeira do Panema (romance - 1977); Geografia de Santana do Ipanema (didático – 1978); Carnaval do Lobisomem (conto – 1979); Defunto Perfumado (romance – 1982); O Coice do Bode (humor maçônico – 1983); Floro Novais, Herói ou Bandido? (documentário romanceado – 1985); A Igrejinha das Tocaias (episódio histórico em versos – 1992); Sertão Brabo CD (10 poemas engraçados).


Até setembro de 2009, o autor tentava publicar as seguintes obras inéditas: Ipanema, um Rio Macho (paradidático);Deuses de Mandacaru (romance); Fazenda Lajeado(romance); O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema (história); Colibris do Camoxinga - poesia selvagem (poesia).
Atualmente (2009), o escritor romancista Clerisvaldo B. Chagas também escreve crônicas diariamente para o seu Blog no portal sertanejo Santana Oxente, onde estão detalhes biográficos e apresentações do seu trabalho.

(Clerisvaldo B. Chagas – Autobiografia) 
 http://clerisvaldobchagas.blogspot.com.br

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Faça uma visitinha a este site: 
http://minhassimpleshistorias.blogspot.com

Lampião, o invencível - duas vidas, duas mortes"

Livro escrito por José Geraldo Aguiar
Lili, filha de Moreno e Durvalina e José Geraldo Aguiar

Não me atrevo em dizer que as informações que segundo o livro do escritor José Geraldo Aguiar foram criadas por ele, mas este suposto Lampião era na verdade, um verdadeiro mentiroso, querendo ser Lampião até fisicamente.


Leia o que segue:

Livro garante que Lampião passou seus últimos anos de vida no Norte de Minas

Por: Avay Miranda
Colaboração para O NORTE

BRASÍLIA-DF - A morte do mais famoso cangaceiro brasileiro, Lampião, tem causado muitos debates, informações desencontradas e dúvidas, ao longo da história, desde aquele dia fatídico, 28 de julho de 1938, quando as forças policiais promoveram uma emboscada a um grupo de cangaceiros, na localidade de Angico, Município de Poço Redondo, no Estado de Sergipe, matando 11 pessoas e apresentando às autoridades suas cabeças, dizendo que se trata de Virgulino Ferreira da Silva, sua mulher Maria Bonita e de alguns seguidores.

A grande imprensa do país tem se dedicado ao assunto e nos últimos 15 anos vem noticiando que um fotógrafo de São Francisco estava fazendo pesquisa para publicar um livro, provando que Lampião não foi degolado naquele dia, mas, armou um esquema com as autoridades e fugiu para Minas Gerais, tendo residido em várias cidades do Norte Minério, usados diversos nomes e faleceu em 1993, na cidade de Buritis, no Noroeste de Minas Gerais.

Trata-se de José Geraldo Aguiar, 59 anos, que, como fotógrafo, em São Francisco, com muitos contatos, tomou conhecimento dos rumores na região de que Lampião estaria vivendo naquele Município.

José Geraldo Aguiar, autor do livro
"Lampião, o Invencível: duas vidas, duas mortes".

Passou a pesquisar e encontrou um homem sisudo, estranho, com um defeito no olho direito, usava óculos escuros e que não era de ter amigos. Procurou se aproximar daquela pessoa, travando conversas, puxando assunto, até que ficou sabendo de se tratar de João Teixeira Lima
.
Os contatos foram aumentando. João Teixeira Lima passou a ter confiança em Geraldo Aguiar, como é conhecido em São Francisco. Muitas informações foram transmitidas ao fotógrafo, até que num determinado dia, João Teixeira confessou que era, na realidade, Virgulino Ferreira da Silva, narrando toda a história de sua vida e como ele renunciou ao cangaço e fugiu para Minas.

Certo dia, em 1992, Geraldo Aguiar disse para João Teixeira que queria escrever a sua história, para corrigir o equívoco daquele episódio de Angico. Ele disse: “meu passado foi muito problemático, não posso aparecer. Faça o que for possível, mas, não anuncie nada antes da minha morte. Vou morrer no ano que vem. Deixo minha mulher autorizada a colaborar com você em tudo que for possível.”

Realmente, João Teixeira Lima veio a falecer no ano seguinte, o óbito foi registrado em nome de Antônio Maria da Conceição e a sua então mulher, Severina Alves de Morais, conhecida por Firmina, outorgou procuração para José Geraldo Aguiar, prestou todas as informações necessárias e entregou documentos importantes.

Geraldo Aguiar pesquisou o assunto durante 17 anos, entrevistou dezenas de pessoas ligadas ao cangaço e terminou de escrever o livro, com o título “Lampião, o Invencível: duas vidas e duas mortes.” Está sendo editado pela Thesaurus Editora, de Brasília e sairá até o fim deste mês, cujo primeiro lançamento será feito num Congresso sobre o Cangaço, em Crato, no Ceará, nos dias 22 a 26 do corrente mês e outros lançamentos serão feitos em várias cidades do Norte de Minas.

Na pesquisa, especialmente com as entrevistas com familiares de Lampião, Geraldo Aguiar conseguiu obter informações importantes e inéditas, que irão mudar o rumo da história do cangaço no Brasil.

LAMPIÃO TERIA RESIDIDO EM VÁRIOS MUNICÍPIOS

José Geraldo Aguiar, fotógrafo em São Francisco, escreveu um livro, com o título “Lampião, o Invencível: duas vidas, duas mortes”, para demonstrar que o cangaceiro mais conhecido do país, renunciou ao cangaço, fugiu do Nordeste em 1938, passou por diversas cidades do Norte e Noroeste de Minas e viveu seus últimos dias na cidade de Buritis, onde faleceu no dia 3 de agosto de 1993, com 96 anos de idade, uma vez que nasceu em 7 de julho de 1897, em Pernambuco.

Desde que renunciou ao cangaço, em julho de 1938, que Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, mudou de nome e, com Maria Bonita e outros seguidores, fugiram para a cidade de Paulo Áfono e de lá foram margeando o Rio São Francisco até entrarem em Minas pela cidade e Manga.

Lampião e Maria Bonita, em cada Município que chegavam, adotavam nomes diferentes, procuravam abrigo mais seguro na zona rural, alugando mangas e criando bovinos, evitando contados mais estreitos com pessoas estranhas.

Assim, eles residiram nas localidades de Itacarambi, Missões, Povoados de Brejo do Amparo, São Joaquim e Tijuco, em Januária, Pedras de Maria da Cruz, Matias Cardoso, Burarama, hoje Capitão Enéas, Arinos, Urucuia, São Francisco e finalmente em Buritis, onde faleceu.

Em São Francisco, Lampião encontrou local seguro para residir e comprou uma fazenda às margens do Rio São Domingos, onde ficou por muitos anos, até a sua velhice. Depois se mudou para a cidade de Buritis, onde conseguiu se aposentar pelo FUNRURAL. Voltou para São Francisco, indo residir na cidade.

Enquanto residia em Minas, Lampião foi algumas vezes a várias cidades das Bahia e chegou a voltar à sua terra, em Pernambuco, porém, disfarçado.
Para manter o seu disfarce, Lampião usou os nomes de Antônio Teixeira Lima, João Teixeira Lima, José Pereira, João Baiano, João Pernambucano, João Bogó, João Mangabeira, Policarpo Lima, Antônio Luiz de Lima, Luiz Antônio de Lima, Luiz Fulício Lima e, quando faleceu, o registro foi feito em nome de Antônio Maria da Conceição, porém, na cruz, colocada na sepultura, consta o nome de Antônio Teixeira Lima.

Segundo o autor do livro sobre as duas vidas de Lampião, o que houve em Sergipe, em 1938, quando as forças policiais mataram 11 cangaceiros e disseram que Lampião e Maria Bonita estavam entre eles, foi um amplo acordo de Lampião com as autoridades locais para ele fugir.

Lampião contava com 41 anos de idade, estava certo que não tinha mais condições de chefiar o seu bando, já manifestara, por diversas vezes, que queria deixar o cangaço e viver uma vida descente.

Governava Sergipe, na época, o Dr. Eronildes Carvalho, que era amigo e protetor de Lampião, assim como o famoso Padre Cícero, também apoiava o chefe do cangaço. Com eles, Lampião negociou o acordo para deixar o cangaço e fugir das caatingas do Nordeste.

Virgulino Ferreira da Silva teve mais dez filhos com Maria Bonita, em Minas Gerais, tinha três filhos com outra mulher e, quando faleceu, sua companheira Severina Alves de Morais, que ainda vive em Buritis, teve três filhos com ele.

Facebook - página do pesquisador Guilherme Machado

http://blogdomendesemendes.blogspot.com