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sábado, 29 de dezembro de 2012

Batalha da Serra Grande

Lampião

Batalha da Serra Grande completa 86 anos

Em março de 1926, Lampião recebeu do Batalhão Patriótico de Juazeiro do Norte, a patente de capitão. Mesmo considerando que a patente não era legítima, o cangaceiro se tornou mais fortalecido e mais violento, também. Nesse ano, ocorreu uma série de atentados na região do Pajeú, com diversas mortes e sequestros, episódios que culminaram com a famosa Batalha da Serra Grande, ocorrida em 26 de novembro de 1926, a cinco quilômetros do distrito de Varzinha município de Serra Talhada.

Lampião tinha sequestrado Pedro Paulo Magalhães Dias, um inspetor da Standard Oil Company. O fato aconteceu na estrada de Triunfo para Vila Bela (atual Serra Talhada). Pedro Paulo era natural da cidade de Sabará, em Minas Gerais, e, por isso, ficou conhecido como Mineiro. Lampião pedia vinte contos de réis para libertá-lo, o dinheiro deveria ser entregue na Fazenda Varzinha, local indicado por Lampião.

Casa de Silvino Liberalino

Quando o bando chegou a Fazenda Varzinha, foi direto à residência de Silvino Liberalino, o qual tinha sido subdelegado de Vila Bela, no ano de 1911. Logo que viu a tropa, Silvino não percebeu que estava diante dos comandados de Lampião, pois, naquela época, as roupas dos cangaceiros eram iguais às da polícia. Então, saltou na calçada, com um rifle na mão, e fez a seguinte pergunta:

- É Lampião ou é Força?

O bando respondeu:

- É a Força Volante.

Silvino Liberalino se sentiu mais seguro e disse:

- Então podem entrar. Se fosse Lampião, ia comer bala.

Os cangaceiros entraram e pediram água para beber, quando Silvino colocou a mão no pote para retirar água, os cangaceiros o seguraram e se identificaram:

- Você está falando é com Lampião cabra. E o prenderam, e para comemorar, deram alguns tiros em frente da residência, ainda hoje, existem algumas marcas de balas nas portas da casa.

Furo de bala disparada por cangaceiro em 1926

Os bandoleiros, que já vinham com o refém, Pedro Paulo Magalhães Dias (o Mineiro), levaram também, Silvino Liberalino, os dois presenciaram a Batalha na Serra Grande.

A intenção do bando de Lampião na Fazenda Varzinha, além de receber o resgate, era uma vingança por um antigo assassinato, ocorrido na Serra Negra, no município de Floresta, cometido por José de Esperidião, que se mudara para Varzinha.

O resgate foi levado por intermédio de Manuel Macário, homem da confiança de Cornélio Soares, no entanto, já na Fazenda Varzinha, o portador foi flagrado pela força policial do sargento Manuel Neto, que lhe aplicou severas torturas e recolheu o dinheiro.

Policial Manoel Neto

O bando seguiu em direção à casa de José de Esperidião, cuja esposa, Rosa Cariri de Lima, ao ver de longe a multidão, avisou o marido, alertando-o para que se retirasse.

José de Esperidião perguntou:

- Quantas pessoas você acha que vêm?

Ela respondeu:

- Uns vintes homens.

Ele disse:

- Não corro com medo de vinte homens.

A mulher calculou muito mal, o quantitativo do bando era de aproximadamente, 68 cangaceiros.

José de Esperidião pegou seu rifle e dois bornais de balas e ficou entrincheirado no quarto. O tiroteio foi grande, de toda ribeira se ouvia o barulho das balas, após certo tempo de tiroteio, o bando resolveu colocar fogo na casa. Para tanto, retiraram toda madeira do curral, que ficava em frente da residência. Segundo o livro, o Canto do Acauã de Mariloudes Ferraz, na Varzinha o bando encurralou um rapaz que, sozinho, lutou até esgotar a munição.

Tiburtino Estevão ainda tentou socorrer o amigo. Pegou seu rifle e tentou se aproximar, mas foi visto por alguns cangaceiros, que passaram a atirar em sua direção. Uma bala atingiu uma galha de xique-xique, próximo da cabeça de Tiburtino. Vendo que nada podia fazer, o homem retornou à sua residência.

No dia seguinte, foram retirar o corpo de José de Esperidião para fazer o sepultamento, não encontraram marcas de balas no corpo dele, portanto, chegou-se à conclusão de que a morte fora por asfixia provocada pela fumaça.

José Pereira Lima, conhecido por Cazuza, filho da vítima, com apenas sete dias de nascido, encontrava-se deitado em uma rede na sala, no momento do tiroteio. Foi baleado, ficando com uma marca no pé pelo resto de sua vida. Geralmente, quando ia comprar sapatos, adquiria dois pares, um par 41 e outro par 42, pois o pé defeituoso ficara menor.

O bando seguiu viagem rumo às ribeiras do tamboril, chegando até o Sítio dos Nunes no município de Flores, de onde voltaram.

Ao chegar ao Sítio Morada, hoje município de Calumbi, Lampião estava ciente que a polícia estava no seu encalço, portanto, ali mesmo, abasteceu o bando e pegou o rumo da Serra Grande.

O sequestro de Pedro Paulo Magalhães Dias e os fatos acontecidos na Fazenda Varzinha foram interpretados como sendo um desrespeito às autoridades, por terem ocorridos na comarca de Vila Bela, na época, a sede do comando militar de combate ao cangaço no interior de Pernambuco. Portanto, foi preparado um destacamento com mais de 300 soldados, chefiados por seis comandantes de volantes, todos fortemente armados, inclusive com duas metralhadoras Hotkiss, e muita munição, era um verdadeiro exército. Tudo inspirava confiança e dava a certeza da vitória.

Lampião estrategicamente com seus 68 cangaceiros, subiram a serra, e prepararam uma emboscada, em um local onde existem grandes pedras e fendas profundas, que lhe dava uma visão completa sobre o campo da batalha.

 Serra Grande:  local onde ocorreu a maior batalha de Lampião em solo pernambucano

O combate teve início antes das 9 horas da manhã e terminou ao anoitecer, a polícia mesmo com um quantitativo superior, e os soldados atacando corajosamente, não conseguiram vencer a resistência do capitão Virgulino Ferreira e seus comandados.

A localização dos cangaceiros era ótima, conforme disseram os policias. Segundo o cangaceiro Ventania, no local que Lampião estava, nem canhão tirava ele de lá, no entanto, a posição dos soldados era extremamente precária, entrincheiravam-se como podia, sem comando, sem tática, salve-se como puder. Arlindo Rocha recebeu um balaço no rosto que lhe fraturou o maxilar inferior, ainda no início do tiroteio, Manuel Neto foi baleado nas pernas, Luiz Careta de Triunfo faleceu com uma bala na cabeça, Euclides Flor recolocou ainda em combate as vísceras abdominais de Vicente Ferreira (Vicente Grande), atingido na altura do umbigo, o soldado Luiz José sofreu um ferimento na coxa.

Para provocar os policiais, o cangaceiro Genésio deu um aboio triste e sonoro, os soldados se sentiram encurralados como gado, Antônio Ferreira não se conteve e se expôs totalmente, gritando como vaqueiro: Ei, booooi... Nesse momento, o sargento Filadelfo Correia de Lima, deu-lhe uma rajada de metralhadora, a partir de então, a polícia acreditava que Antônio Ferreira tinha morrido no combate.


Com a chuva de balas vindas de cima da serra, os soldados ficaram desesperados, portanto, aproveitavam a cobertura de fogo das metralhadoras para se debandar na caatinga, deixaram grande quantidade de armas, munições, cartucheiras, cantis, bornais, etc. Levavam apenas alguns companheiros feridos, quando podiam. Após a batalha, os cangaceiros recolheram 27 fuzis e mosquetões.

A Batalha da Serra Grande é considerada a mais violenta da história do cangaço, segundo o historiador Frederico Bezerra Maciel, morreram 26 policias e 38 saíram feridos, no bando dos cangaceiros não houve registrado de morte.

Major Teófanes Torres

Foram a Serra Grande verificar os fatos de perto, o Major Teófanes Torres comandante de Vila Bela, o juiz de direito Dr. Augusto de Santa Cruz e o promotor de Salgueiro.

Antes do regresso para Vila Bela, o Tenente Higino ainda providenciou o sepultamento de sete corpos em uma única cova, no rancho de Pedro Rodrigues (proprietário local).

Tomaram parte na batalha os seguintes cangaceiros: Luiz Pedro, Maquinista, Jurema, Bom Devera, Zabelê, Colchete, Vinte e Dois, Lua Branca, Relâmpago, Pinga Fogo, Sabiá, Bentevi, Chumbinho, Ás de Ouro, Candeeiro, e seu irmão Vareda, Barra Nova, Serra do Mar, Rio Preto, Moreno, Euclides, Pai Velho, Mergulhão, Coqueiro, Quixadá, Cajueiro, Cocada, Beija-Flor e seu irmão Cacheado, Jatobá, Pinhão, Mormaço, Ezequiel e seu irmão Sabino, Jararaca, Gato, Ventania, Romeiro, Tenente, Manuel Velho, Serra Nova, Marreca, Pássaro Preto, Cícero Nogueira, Três Coco, Gaza, Emiliano, Acuana, Frutuoso, Felão, Biu, Cordão de Ouro, Genésio, Ferreirinha, Antônio Ferreira, Lampião e outros.

No dia seguinte à Batalha da Serra Grande, Lampião, já na Fazenda Barreiros, entregou uma carta a Pedro Paulo Magalhães Dias, endereçada ao então governador de Pernambuco, Dr. Júlio de Melo, propondo dividir o estado em dois, com os seguintes limites: Governo o sertão até as pontas dos trilhos em Rio Branco (Arcoverde), e vosmecê daí até a pancada do mar no Recife.

O relato sobre a Batalha da Serra Grande encontra-se no processo criminal contra Virgulino Ferreira et al., de 28 de novembro de 1926, 1° Cartório de Serra Talhada PE.

http://www.varzinha.net/p/batalha-da-serra-grande.html

O desconhecido cangaceiro Antonio Braz

Por: Rostand Medeiros

Clique no link abaixo para você ler a história do cangaceiro Antonio Braz, escrita pelo historiógrafo Rostand Medeiros


http://www.overmundo.com.br/overblog/o-desconhecido-cangaceiro-antonio-braz

Lenda sobre o rei Lampião

Recontada por: Joaquim Nóbrega

A lenda do cigarro, como toda lenda, é contada em várias versões. De acordo com o escritor Leonardo Mota em seu livro "No tempo de Lampião", que foi publicado originalmente em 1930, a estória se dá quando o mesmo esteve na casa de correção da capital Pernambucana e conversou com vários cangaceiros que ali se encontravam encarcerados.

Leonardo Mota

O autor os perguntou se eles lembravam de algum episódio engraçado envolvendo o grande Lampião. O cangaceiro Canção que lá se encontrava, junto a mais um punhado de outros facínoras, lembrou-se de um episódio e o contou da seguinte forma:

"A coisa mais engraçada que eu tive de assistir passou-se numa fazenda do município de Princesa, na Paraíba. O velho dono da casa tremia que era ver uma vara verde, Lampião botou ele debaixo de confissão, riscando o punhal nas costelas e ele acabou descobrindo o rumo da volante do tenente Mané Binisso. 

Lampião

Virgulino queria dar uma surra de relho, mas era tento choro de muié e menino, que o jeito foi se perdoar. Mais com pouca, Lampião tirou do bolso um maço de cigarro e ofereceu:

-Pita?

O velho ficou calado, fez que não tinha ouvido e Lampião tornou a perguntar, desta vez gritando no pé do ouvido dele:

-Pitaaaaaaaaaa? 

Ai todo tremendo, o velho disse:

-Pito, mas vamincê querendo eu largo o viço."

É isso aí. Um grande abraço a todos.

Joaquim Nóbrega - Fortaleza/CE

Fonte: 
http://lampiaoaceso.blogspot.com
http://www.jarlescavalcanti.com