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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O MARAVILHOSO MUNDO DE ANESTÉSIO QUIRÓ

Por: Rangel Alves da Costa* 
Rangel Alves da Costa

Anestésio Quiró, apenas um sujeito na vida, como ele mesmo gosta de se definir, na verdade é o que se pode chamar de passividade em pessoa ou tanto faz ainda que doa e sangre. É reconhecido, cantado e decantado - sem que a isso jamais dê a mínima - como aquele que sempre está conformado com tudo que aconteça consigo e ao redor.

Por isso mesmo, talvez não haja indivíduo que mais ande, ainda que inconsciente, na estrita obediência dos caminhos do destino. Ao achar que tudo está bom, está dentro da normalidade, que é assim mesmo, acaba revelando ser desse jeito porque não nasceu para ser contrário ao que lhe foi reservado na vida e agir de modo diferente.

Mas chega a ser insuportável a indiferença de Anestésio Quiró, correspondendo muito bem ao seu nome que remete à anestesia ou privação mais ou menos completa da sensibilidade. E as provas estão nas atitudes tomadas pelo homem. Acaso um tijolo caia sobre sua cabeça e logo justificará um sinal vindo do céu; se nunca pode comprar aquilo que tanto almeja é porque não nasceu para ser merecedor daquele objeto. E assim vai Anestésio na conformidade da vida e com tudo se conformando.

 

Com efeito, a passividade e o conformismo são algumas de suas mais visíveis características. As outras permanecem inalteradas, adormecidas na sua contumaz indiferença. Não há nada no mundo, que surja como tragédia ou bonança, que possa afetar seu senso de humor, pois continua sempre o mesmo e como se nada daquilo tivesse acontecido. Daí que nem adianta esperar que critique alguma coisa ou situação que nada ouvirá de sua boca. A não ser que é assim mesmo.

Anestésio não demonstra preocupação com absolutamente nada, se comporta de modo totalmente impassível, não se interessa por nada de novo, não diz que está doce ou salgado demais. Apenas que está bom. Não torce por qualquer time porque não possui entusiasmo suficiente para comemorar as vitórias ou reclamar do fraco desempenho. Um dia lhe perguntaram se achava bonita a flor e ele apenas respondeu que uma flor é uma flor. E repetiu que uma flor é uma flor.

Sua falta de ânimo espiritual é reconhecida além fronteiras. Não é preguiçoso nem esquecido, mas também não mostra estar encorajado em qualquer coisa que faça. Faz e faz mais, mas é como uma máquina repetindo procedimentos ou programada para a frieza do passo seguinte. Daí ser metódico demais, indo sempre pelo mesmo caminho, na mesma hora, que faça sol de lascar ou chova canivete. Abre a janela e possui o mesmo olhar para a manhã tempestuosa ou ensolarada.

Como se depreende, abraça a sorte como abraça a infelicidade, olha com o mesmo brilho no olhar o sereno e o exagero das nuvens, não tem comportamento diferenciado diante da tragédia ou do maravilhoso festim. O seu exagerado conformismo o faz sempre abraçado às causas prevalecentes no momento. Como não opina nem critica, acaba aceitando de bom tom os aumentos exagerados e até tudo que lhe diminua a qualidade de vida.

Contudo, alguém já percebeu que se excetuando algumas situações conflitantes, onde não há ser humano consciente que possa manter-se indiferente, a verdade é que o senhor Anestésio vive num mundo maravilhoso. E admirável mundo anestesiano porque longe de estar envolto a tantas preocupações, problemas e infinitos aborrecimentos. Assim, o mundo de Anestésio seria o lugar onde apenas se vive tranquilamente e em obediência aos desígnios, até que a sorte chame para um lugar melhor.

Maravilhoso mundo anestesiano aonde o aumento das tarifas e alimentos não chega como pontada no peito da pobreza; onde a aceleração da violência e a contínua diminuição na qualidade de vida não causam tanta perplexidade; onde as notícias sobre corrupção, improbidades e outros crimes das altas esferas de poder não chegam como momentâneas revoltas e indignações; onde as promessas políticas jamais são ouvidas e acreditadas porque já nascem desabonadas; onde o povo vive refém das imposições governamentais porque só se lembra de bradar nas campanhas políticas, e em defesa de seus algozes.


Maravilhoso ou não, verdade é que o mundo de Anestésio é realmente diferenciado. E isso provoca reações as mais adversas e o torna um indivíduo de poucos amigos. E um desses amigos, tentando a todo custo obter uma resposta mais alongada sobre os motivos de se manter assim tão indiferente a tudo e a todos, um dia conseguiu, enfim, ser atendido.

E eis a resposta anestesiana: Ora, sou como toda a população brasileira. Como todo mundo faz, acabo aceitando tudo que acontece e pronto. Só me diferencio porque não minto pra mim mesmo. Não adianta reclamar, esbravejar, prometer ódios e vinganças eleitorais, se depois fica todo mundo mansinho e caladinho. Então aceito tudo logo de vez e pronto, pois mais tarde é assim que o povo acaba fazendo: agindo com indiferença até perante a revolta de ontem. 

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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O que dizer de um evento tão grandioso?

Por: Narciso Dias

 
Narciso Dias e Hagahus Araújo, em dia de Cariri Cangaço


O que dizer de um evento tão grandioso, está no Cariri Cangaço é motivo de orgulho, pois, compartilhar com essa família todo conhecimento da história do Nordeste, com um carinho todo especial ao estudo do cangaço é indescritível. Poder discutir situações que deram outro rumo ao destino de pessoas que propositalmente, direta ou indiretamente contribuíram para que o cangaço existisse, e transformasse suas vidas, e hoje décadas depois descendentes ou não, se esforçam para que a história não fique pelo caminho, embora o resultado desse fenômeno tenha causado grande sofrimento aos habitantes dessa região tão especial.

Famílias foram dizimadas, muitas vezes por vingança, cobiça ou simplesmente por vislumbrar a ilusão de se tornar independente das garras dos grandes latifundiários. A paixão contagiante de estudar o fenômeno do cangaço vem aumentando a cada dia, pois os incansáveis rastejadores não esmorecem, pois, o que dizer de um Antônio Amaury, Paulo Gastão, Alcino Costa, Ângelo Osmiro e tantos outros que dedicaram e dedicam parte de sua vida para o estudo e pesquisa.


Luiz Ruben, Narciso Dias, Antônio Amaury, Jairo Luiz e Jorge Remígio no Cariri Cangaço 2013 

Eis que aparece um jovem inovador com uma ideia brilhante de dar continuidade ao resgate da história desses personagens que marcaram uma época, e Manoel Severo Barbosa criava a partir de 2009 o "Seminário Cariri Cangaço" o maior evento sobre a temática no Brasil, que hoje alcança sua 4ª edição, reunindo escritores, pesquisadores e admiradores de vários estados da federação.

Para um calouro igual a mim fazer parte desse contingente é envolver-me de um orgulho sem dimensão, e ser membro do Conselho Consultivo me inspira a cada dia a continuar contribuindo de maneira singela  juntamente com meus amigos do GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço, em dar continuidade aos estudos. Só tenho a agradecer em poder compartilhar com vocês parte da nossa história.

Grande abraço a todos!!!
Narciso Dias - presidente do GPEC
Membro da SBEC
Conselheiro do Cariri Cangaço

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Comunicado GECC


O GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, vem por meio deste ofício agradecer a acolhida durante o IV Cariri Cangaço. Oportunidade em que fomos recebidos com total cordialidade por todas as cidades envolvidas no evento. Entretanto não poderíamos deixar de destacar o carinho especial em que fomos recebidos nas cidades de Porteiras, Aurora, Barro e Missão Velha, sem desmerecer de maneira nenhuma as outras cidades envolvidas no evento. O calor humano recebido nessas cidades foi destacado por todos os presentes. O que na verdade não se constitui em surpresa, visto que em outras edições do mesmo Cariri Cangaço a mesma hospitalidade foi à tônica presenciada. Reitero o agradecimento aos senhores Prefeitos, Secretários, autoridades em geral e população dessas cidades que assim procedendo valorizam a memória de cada uma dessas localidades através da História.
Atenciosamente.

Ângelo Osmiro Barreto

Presidente do GECC

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Lampião seu tempo e seu reinado

Autor: Frederico Bezerra Maciel

Literatura de Lampião e o cangaço: Lampião seu tempo e seu reinado volume 5 - Frederico Bezerra Maciel.Volume 5 de 6. O apogeu, a tragédia de Angico, a coroa do rei. Lançado originalmente em 1987. com 6 volumes.

http://portaldocangaco.blogspot.com.br
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Padre Cícero e as lamparinas

Por: José Mendes Pereira
 
Padre Cícero (à dir.) e um colega no seminário - fonte: http://estadao.com.br

O Padre Cícero foi um dos maiores religiosos do nordeste, e gostava de abraçar para si os problemas dos outros, no intuito dele mesmo resolvê-los. Foi e continua sendo adorado pelos nordestinos, que o consideram como um santo do nordeste.

Alguns afirmam que o Padre Cícero não era tão religioso assim, por ter armado e dado patente de capitão ao maior bandido do nosso sofrido chão, Virgulino Ferreira da Silva, conhecido no mundo inteiro por Lampião.

www.salvadorupdate.com

Mas é preciso que se entenda. O Padre Cícero não era o grande manda chuva do Nordeste, apenas cumpria ordens como qualquer outro religioso ou político que é subordinado aos poderosos.

Alguns autores e pesquisadores afirmam que quando Lampião esteve em Juazeiro, antes da sua chegada à cidade, Padre Cícero teria dito: "- Agora vem este homem para cá". A expressão que foi usada pelo Padre Cícero, entende-se que foi dita em forma de protesto, de  repúdio, insatisfação pela sua presença à cidade que tanto ele zelava, Juazeiro do Norte, e protegia os mais necessitados.

Diz que certa vez um senhor estava passando fome juntamente com sua família. Já havia batido em tudo que era de portas, para ver se conseguia pelo menos um pequeno trabalho. Mas infelizmente não arranjara.

www.portaldejuazeiro.com

Sabendo que o Padre Cícero gostava de ajudar a quem lhe procurava, resolveu ir à sua presença, achando que ele faria algo que pudesse solucionar àquela sua dificuldade. Ao chegar, encontrou o Padre Cícero aguando algumas plantas, e ao vê-lo,  perguntou-lhe:

- O que o senhor deseja?

- Padre, eu estou passando por grande dificuldade. - Dizia o homem -  meus filhos já choram com fome.  A sua mãe, chora com eles. E eu nada tenho para lhes dá. Se for possível, gostaria que o senhor orasse a Deus, pedindo-lhe  que eu possa adquirir um trabalho. Eu sei que prestando o meu serviço a alguém, dará para comprar pelo menos o alimento de hoje, matar a fome dos meus filhos que em casa ficaram em choro.

O Padre Cícero baixou a cabeça, e ali ficou imaginando como ele poderia ajudar aquele senhor que no momento pedia ajuda. Depois de alguns segundos meditando, perguntou-lhe:

- O que o senhor sabe fazer?

- De todos os serviços grosseiros eu sei fazer um pouco. Mas o que eu mais faço, são: bacias, bules de café, baldes para carregar água, chocalhos, lamparinas...

 
elizabethdiniz.blogspot.com
 
- Pois bem - dizia  Padre Cícero - será realizada uma procissão neste mês, aqui em Juazeiro, e o senhor comece fabricar lamparinas. Muitas! O maior número de lamparinas será bem-vindo. Em todas as missas que eu as celebrar, anunciarei que o senhor tem lamparinas suficientes para vender aos participantes da procissão.

 
okariri.com
 
O homem deu início à fabricação de lamparinas. Fez uma porção, e devido a propaganda que fazia Padre Cícero em todas as missas que ele celebrava na igreja, sobre as suas lamparinas, nunca mais o homem passou necessidade, e chegou a até possuir uma loja com santos, velas, lamparinas...

Tudo que o Padre Cícero dizia aos seus fieis eles obedeciam, como se ele fosse um grande santo daquela região nordestina.  

Se é mentira eu não sei.

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

Fonte:
http://minhasimpleshistorias.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com