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terça-feira, 28 de maio de 2013

Fotografia de Dr. Almir de Almeida Castro, o médico dos pobres de Mossoró

Dr. Almir de Almeida Castro

Em 22 de junho de 1922 falecia o Dr. Francisco Pinheiro de Almeida Castro, médico, nascido a 28 de agosto de 1858 na cidade de Maranguape (Ceará). Chefe político de incontestável prestígio em Mossoró e zona Oeste do Rio Grande do Norte, foi o Dr. Almeida Castro uma personalidade a quem o povo mossoroense dedicava a maior estima e respeito, sempre demonstrados na decorrência de seu aniversário, quando centenas de amigos e mesmo adversários políticos o cumprimentavam em sua residência à rua que tem seu nome. 

Exerceu o Dr. Almeida Castro o mandato eletivo de Presidente da Câmara Municipal e intendente durante o período 1890/1892, deputado Federal na legislatura 1920/1922, além de Venerável da loja Maçônica “24 de Junho”, de 1895 a 1900. 

Foi Diretor de O MOSSOROENSE, de 1920 a 1922. Chefiou campanha de oposição aos Governadores Alberto Maranhão e Joaquim Ferreira Chaves e por último o Partido Republicano Federal, até sua morte. Defendeu, quando Deputado da Baixa Câmara do país, importantes proposições em favor do Rio Grande do Norte e de Mossoró.

A fotografia do Dr. Almeida Castro foi enviada pelo professor e pesquisador do cangaço: José Romero Araújo Cardoso

A biografia do Dr. Almeida Castro foi adquirida no blogdogemaia.

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Fonte:

http://www.blogdogemaia.com/index.php?s=Artigos

Autor: Geraldo Maia do Nascimento

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

Capela do Sítio Tatu

Por: Manoel Severo
Severo e Danielli Esmeraldo

Euclides da Cunha autor de “Os Sertões”, já vaticinava: "O sertanejo é antes de tudo um forte..." Na verdade, quem anda por entre as trilhas do sertão e das terras áridas da mata branca - caatinga, vendo de perto o habitat desses homens e mulheres de pele queimada pelo sol, sabe que boa dose dessa fortaleza nasce da fé.

Capela do Sítio Tatu em Lavras da Mangabeira

Falar do povo do sertão é olhar a sua fé. O zelo, o respeito em sua devoção faz o homem nordestino encontrar forças para a lida diária de uma terra que muitas vezes lhe parece ingrata, mas que ele ama e ama, acima de qualquer coisa, daí o poeta cantar: "Só deixo o meu cariri no último pau de arara". Essa fé é a mesma fé que move montanhas, é a fé manifestada nos arraiais das fazendas e nas belas e singelas capelas de nosso sertão, como no Sítio Tatu.

Prefeito de Barbalha, José Leite e esposa, presentes ao Cariri Cangaço Lavras da Mangabeira

A história do nosso nordeste, do nosso Ceará e do nosso sertão tem laços indissociáveis com essa magnânima fé. A religiosidade sertaneja traduzida no cotidiano das fazendas e sítios do sertão construíam passo a passo o destino de todo um povo. Ao chegar no Sítio Tatu, a bela Capelinha no alto de um pequeno elevado nos dava as boas vindas como que reverenciando essa mesma fé.

O Brasil é esta nação inigualável marcada pela imensa e maravilhosa colcha de retalhos culturais onde pontua de forma sagrada o sincretismo religioso. Convivem por essas terras os cultos cristãos, as manifestações dos povos africanos e dos irmãos indígenas, aqui na Capela do Sítio Tatu, quase conseguíamos ouvir os cantos gregorianos das santas missas e o agudo surdo contido na oração dos escravos, de um tempo não muito distante, de magia e encantamento, aonde novamente a fé ia palmilhando os caminhos de todos...

Múcio Procópio e o Prefeito de Lavras, Gustavo Augusto Bisneto na visita ao Tatu

Emerson Monteiro e Capela de sua infância



A chegada ao Sítio Tatu e à sua capela não marcava apenas o inicio de mais um domingo de festa ou de mais um evento do Cariri Cangaço em Lavras da Mangabeira; na verdade marcava, sobretudo o encontro de cada um de nós com a fé misteriosa e forte desse mesmo sertanejo de Lavras, do Cariri, do Ceará, do Nordeste do Brasil.

Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço

http://cariricangaco.blogspot.com

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Felipe Marques, pesquisador do cangaço, sofre acidente automobilístico.

Por: João de Sousa Lima
Felipe Marques, seu pai Marcos Passos e João de Sousa Lima

Na segunda feira recebi e-mail de Marcos Passos relatando acidente acontecido com seu filho Felipe Marques.

Felipe e seu pai Marcos Passos estiveram por duas vezes em Paulo Afonso realizando pesquisas sobre o cangaço, eles residem em Macaé, Rio de Janeiro e em uma das viagens presentearam o escritor João de Sousa Lima com duas de suas obras impressas em Braile. Estamos aqui preocupados e torcendo para que a recuperação de Felipe aconteça o mais breve possível.

O e-mail de Marcos Passos segue abaixo:

Felipe, na madrugada de sábado, por volta das 5h da madruga, sofreu acidente automobilístico ao colidir de frente com outro carro, em face a ter dormido foi parar na pista em sentido contrário. Graças a nosso bom DEUS, o primo dele, sobrinho de Ilce, estava o acompanhando em outro carro e tomou as providências necessárias providenciando a ambulância do Corpo de Bombeiros, em face a conhecimentos com os policiais, impediu que confiscasse a carteira de habilitação.

O estrago nos dois veículos foram grandes. No outro carro havia um casal, que graças ao airbag nada sofreu, e era conhecido do sobrinho de Ilce.

Felipe sofreu um pequeno corte na boca, parte interna, no maxilar inferior que causou grande sangramento, porém sem consequências graves.


Tentou sair do carro, mas devido ao deslocamento do fêmur de um tal de acetábulo, não conseguiu ficar em pé sendo conduzido pelos bombeiros até a ambulância, que o conduziu até o Hospital Público Municipal, onde foi muito bem atendido. 

O carona sofreu somente compressão no tórax, devido ao cinto de segurança. Felipe, por estar com o cinto também, diminuiu as consequências do grave acidente.

Ao ser atendido no HPM, o médico ao verificar a radiografia, fez uma cirurgia, colocando um parafuso, para que fosse feito tração e evitar a calcificação da fratura, pois era necessário atendimento por um especialista.

Felipe autorizou, e será operado amanhã, terça, dia 28.

Disse o médico que a previsão de alta será na sexta feira, e que todo cuidado é pouco, pois pode ocorrer riscos de necrose nos tecidos do
tal acetábulo

DEUS é mais. Com FÉ e orações tudo correrá bem.

Tenho dito.

Abraços, Marcos Passos


Marcos Passos e Felipe Marques entregando  ao escritor João de Sousa Lima  a biografia de Maria Bonita em Braile


Felipe e Marcos no centro do Raso da Catarina


Marcos e João de Sousa Lima no Raso da Catarina


Felipe e Marcos visitando Arlindo Grande, um dos coiteiros de Lampião na região de Paulo Afonso.


Felipe dando entrevista pra TV Macaé


Felipe e Marcos visitando o soldado da volante> Teófilo Pires do Nascimento.

Enviado pelo escritor, pesquisador e membro da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudo do Cangaço:
 João de Sousa Lima

Postado por João de Sousa Lima no João de Sousa Lima em 5/28/2013 08:41:00 AM

 http://www.joaodesousalima.com

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A música do cangaço

Por: Renato Phaelante(*)

A partir do final dos anos 40, o tema cangaço, tão divulgado pela Imprensa brasileira e também, particularmente, por violeiros, cantadores e folhetos de cordel, ganha vulto nas artes plásticas, no teatro, na literatura, no cinema e, finalmente, na música, através do disco.


Sendo, dentre os cangaceiros, o mais famoso, Lampião é, também, o mais focalizado. Além de sua fama, um outro motivo responsável por um maior enfoque de sua figura é que a sua ação se desenrola num período em que os meios de comunicação passam por um fantástico processo de desenvolvimento e ainda pela extensão de sua situação no ciclo histórico-social. É tão forte a participação de Lampião como homem do cangaço que, mesmo após sua morte, em 1938, quando esse tipo de banditismo é, praticamente, extinto, o prestígio do cangaceiro aumenta - talvez pela própria história que deixa registrada - e o fenômeno passa também a ser estudado por historiadores e elementos sociais.

No que se refere à discografia brasileira, já desde 1929 se registra a presença de um grupo pernambucano que faz sucesso no Rio de Janeiro apresentando-se com chapéus de abas largas, dobradas na frente, roupas  características dos cangaceiros, além de alpercatas similares, e se intitulam como Turunas da Mauriceia.

No ano seguinte, em 1930, quando as façanhas de Lampião se espalham e chegam ao conhecimento dos brasileiros de Norte a Sul do País, o maestro, regente e compositor J. Thomaz compõe um samba intitulado "Vou Pegá Lampião", parece que para o teatro de revista carioca, que é gravado por Castro Barbosa em disco RCA Victor, em 3 de Julho de 1931. A letra do samba é mais que um desafio, uma ameaça a Lampião, feita numa época em que ele e seu bando aterrorizam as gentes do sertão.

"Adeus Amélia
Vou decidir minha sorte
Eu vou pro Norte Vou pegá Lampião. 
Cinquenta contos
Não fazem mal a ninguém
Vamos ver se esse malandro
Desta vez vem ou não vem
Não quero nada
Nem revólver nem canhão
Vou pegá-lo à cabeçada,
Pontapé e bofetão.
Não sou criança
Ele vai virar estopa
Vou acabar com essa lambança
Lampião pra mim é sopa"

Essa, a letra de uma audácia bem humorada, de J. Thomaz, e que parece haver sido o primeiro registro em disco sobre o tema "Lampião", reproduzido em CD, recentemente, em 1994, na série Revivendo, de Leon Barg.

O cangaceiro Volta Seca

Em 1957, a gravadora Toda América, resgata em LP 10 polegadas, oito músicas sobre o cangaço, na voz do ex-cangaceiro Volta Seca e, em 1984, o jornalista e pesquisador Aluísio Falcão reúne 12 composições sobre o cangaço, algumas delas oriundas do cinema, além de um pequeno depoimento da cangaceira Sila sobre o combate  do bando, num LP que se intitula "A Música do Cangaço".

Escritora Marilourdes Ferraz

Em 1988, a pesquisadora Marilourdes Ferraz lança, com o apoio do Governo do Estado de Pernambuco e da Prefeitura de Floresta, o LP "O Canto do Acauã, reunindo na voz do intérprete Edson Rodrigues as músicas cantadas, tanto por cangaceiros quanto por soldados das volantes na época de Lampião.

Em 1989, no ano seguinte, o Instituto Nacional do Folclore, na série em disco A Arte da Cantoria, dedica o de nº 4 ao tema cangaço, nas interpretações dos cantadores-repentistas Miguel Bezerra, Ivanildo Vila Nova, Severino Ferreira, Sinésio Pereira e Antonio Aleluia. Um trabalho importante, não apenas pelo resgate dessa memória oral, como também, pelo texto-pesquisa do encarte que acompanha o disco.

Esse quatro LPs parecem ser o que de mais significativo existe na discografia brasileira sobre cangaço. Vários músicos e compositores, no entanto, debruçam-se sobre o tema e com a colaboração dos pesquisadores Fernando Spencer e José Batista Alves, conseguimos, em apenas um ano, levantar quase 100 composições dos mais diversos ritmos e intérpretes, esperando que essa relação possa vir a ser útil àqueles que buscam sempre novos conhecimentos sobre este tema.

(*) pesquisador Fonográfico da Fundaj.

Fonte:

Diário Oficial
Estado de Pernambuco
Ano IX
Julho de 1995

Material cedido pelo escritor, poeta e pesquisador do cangaço:
Kydelmir Dantas

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Coluna Recordação = “Pombal: Bairros, Ruas e Fatos”

Por: Inácio Tavares
Publicado em 22/05/2013

Costumo caminhar em Pombal por simples prazer de rever ruas e logradouros que me trazem boas lembranças. Muitas coisas que presenciei e vivi na minha terra estão gravadas no meu consciente.

Fatos do passado afloram na minha memória a ponto de fazer-me reviver os bons momentos da minha juventude.

Era somente alegria num mundo de fantasias onde a palavra de ordem era ser feliz. Fui feliz, pois, diverti-me a beça, amei, fui amado, alimentei esperanças e desenhei projetos de vida futura.

Os meus primeiros passos, em busca do saber foram dados nesta terra fascinante sobretudo abençoada por Deus. Hoje, ao caminhar pelas ruas revejo velhas edificações que mexem e remexem com o meu já sambado coração.

Por exemplo, o velho Grupo Escolar João da Mata ainda hoje me fascina, não só pela sua arquitetura padrão, referencia para todos os edifícios públicos construídos naquela época, mas, porque foi neste estabelecimento de ensino que me ensinaram as primeiras letras do alfabeto, primeiro passo para minha alfabetização.

O velho João da Mata serviu para abrigar o saudoso Ginásio Diocesano de Pombal. Quem não se lembra do nosso grande patrono Cônego Vicente de Freitas? Acredito que poucos sabem quem foi este ilustre cidadão.

Nem mesmo o poder público municipal lhe prestou uma justa homenagem, a altura dos relevantes serviços que este magnífico homem de Deus prestou à terra de nós todos.

Pois é, foi o nosso estimado, de saudosa memória, Cônego Vicente de Freitas, o fundador do Ginásio Diocesano de Pombal. Em 1958, formou a primeira turma de estudantes do primeiro grau.

Está aí pra dar o seu testemunho, o meu estimado amigo, professor e educador, Arlindo Ugulino, um dos ícones do corpo docente da nossa terra. Com certeza o nobre Mestre conheceu de perto a dedicação do Padre Vicente, à causa da educação em nosso município.

Como disse inicialmente, costumo andar de forma despreocupada pelas ruas da minha terra com o olhar no presente e o pensamento no passado. Ao caminhar pela Teodósio de Oliveira Ledo ocorrem-me algumas lembranças que gostaria de não tê-las.

Este senhor, reverenciado no hino oficial na terrinha como construtor do nosso município foi responsável pela matança de milhares de Índios Tapuias de forma covarde e impiedosa. O que me dói é que, apesar dos pesares o seu nome está estampado em algumas esquinas desta importante rua da nossa cidade.

A propósito é oportuno lembrar que o município de Pombal é dotado de pessoas importantes, capazes de causar inveja aos grandes municípios do estado ou da região, prontos para serem homenageados pelos serviços prestados ou pela projeção que deu a nossa terra mundo afora.

Citemos: Celso Furtado, Ruy Carneiro, Janduhy Carneiro, Avelino Elias de Queiroga, Wilson Seixas, Chiquinho Formiga, Atêncio Wanderley, Deputado Francisco Pereira, Cônego Vicente de Freitas, filho por adoção e tantos outros.

Com esse plantel de filhos ilustres, já é tempo de se fazer um remanejamento dos homenageados com nomes das ruas centrais da cidade, afastando para o subúrbio essa figura nefasta, incômoda, para dar lugar a quem efetivamente deu visibilidade a esta cidade, não menos ilustre, do sertão paraibano.

A outra lembrança é de caráter sentimental e porque não dizer, estritamente telúrica. Pois é, lembro-me que a rua, com o nome do tal cidadão matador de índios, outrora era a saudosa Rua da Cruz.

Era um arruamento disforme que iniciava nas proximidades da casa do meu saudoso tio Cândido Filemon, como era conhecido, e se estendia até a rua da Rodagem, hoje Domingos Medeiros.

Na primeira casa morava o senhor Escolástico Clemente, a segunda era de Bocage a terceira de Chico de Sinhá Sadalina e prosseguia até as casas de Duca e de Jarda.

A Rua da Cruz era conhecida pelas frequentes desarmonias entre os seus moradores. Quem não se lembra da língua solta de Rosa de Ernesto? A fama da Rua da Cruz era tanta que quando alguém, não residente no ambiente, cometia qualquer descortesia era logo taxado de morado da rua da cruz.

Mas, a desarmonia entre as pessoas da comunidade não era a regra geral, pois havia pessoas de fino trato a residirem no lugar, tais como Quincô, Tinane, Zé Bezerra, Biró de Lica, Jovino, o botador d água, o povo de Delmira, Júlio Gazo, o canoeiro, Bocage, Nicodemos, Vicente de Virtuosa, Benedito e tantos outros que o tempo deletou da minha memória.

Ao atravessar a rua da rodagem deparamos com o Cachimbo Eterno. Nesta exótica localidade, morava uma mulher que muito me chamava atenção. Tratava-se da senhora Cornélia.

Era repentista e emboladora de coco. Apenas com um ganzá à mão direita, cantava modinhas e improvisava tiradas de coco de roda, principalmente quando tomava um pouquinho de zinabre.

Mais adiante, a poucos passos, localiza-se a rua principal do Bairro Nova Vida, onde havia um morador especial. Era o senhor Terto Calado, cuja residência ficava nas proximidades do açude.

Era pai de muitos filhos, entre os quais o temido domador de cobras, o Dantinha. Nenhum menino da minha época queria desavença com esse rapaz.

Era um jovem travesso e brigão. Tinha mania de sair mato à dentro a procura de cobras venenosas para por o braço para que elas picassem. Quando isso acontecia quem morria era a cobra.

Vi algumas exibições de Dantinha com o intuito de mostrar as pessoas que era curado do veneno de cobras, sem distinção de espécies. Ele se dizia protegido de Deus por isso não havia porque temer mordidas de cobras ou qualquer outro animal peçonhento.

Contava-se naquela época, que certa vez o seu pai o perseguiu com um cinturão para aplicar-lhe uma pisa em razão de mais uma das suas travesuras.

De repente ele puxou do bolso uma cobra venenosa e correu em perseguição ao pai que saiu em desabada em direção a casa. Assim sendo, não houve outra saída para pai perseguido, a não ser trancar-se num dos quartos da casa e pedir socorro aos outros filhos.

Dantinha, às gargalhadas no terreiro da casa, zombava do pai e gritava: velho medroso... venha ver a bichinha..... é uma cascavel fêmea que não ofende a ninguém.....faz três dias que está morando no meu bolso. De repente a Mãe aparece e resolve a questão. Coisas de mãe..... Mesmo assim, o povo do bairro, admirava o Dantinha por usa habilidade em lidar com cobras peçonhentas. Sem dúvida era um misto de admiração e medo.

A Rua da Cruz foi engolida pela especulação imobiliária e seu povo, em grande parte, foi tangido para favela do Cacete Armado. Era um povo pobre, entretanto feliz. Era lá onde se fabricava panelas, tigelas, quartinhas, potes, entre outros utensílios de barro da melhor qualidade.

Ademais, alguns membros da comunidade fabricavam tijolos e telhas, em olarias próximas às suas moradias. Essa atividade contribuiu para a expansão e ocupação do perímetro urbano da cidade, nos anos cinquenta.

Do ponto de vista cultural, foi a Rua da Cruz que sediou por muito tempo uma das principais manifestações folclóricas da cidade: a Festa de Reisados. Os líderes dessa manifestação viveram até pouco tempo, como Bem-bem, Jubinha, Nicodemos, entre outros.

O rito do reisado foi sequenciado por Chiquinho, Cícero e Dinho, sendo estes três filhos de Bem-bem. Com a morte de Chiquinho e Cicero o terceiro filho, o Dinho, deu prosseguimento a esta manifestação, porem sem o arrojo e a alegria do seu Pai, bem como os dois irmãos.

Retomando as minhas reflexões, é importante lembrar que o velho logradouro conhecido como Cachimbo Eterno foi também absorvido pela especulação imobiliária.

Não resta nada do que foi. A moradora mais importante, como já disse, foi a senhora Cornélia que tinha o dom do repente e nos fins de semana costumava alegrar os povos da vizinhança com suas tiradas de improviso.

Infelizmente, nada se conhece sobre os repentes da poetisa do subúrbio, porque os que viveram a sua época são raros e os que ainda estão vivos são poucos os que sabem sobre aquela senhora. É lamentável. O seu sobrinho Zé Corró, o lavador de carros, nada sabe sobre a tia.

O bairro do alto do Cruzeiro, é outro ajuntamento humano que outrora fora ocupado por pessoas pobres, porem decentes e que também sofreu por conta da invasão imobiliária.

Muitas casas desapareceram e os espaços foram ocupados por moradias típicas de classe média bem sucedida, uma vez que não se faz sentido falar em classe média alta em Pombal. Ainda restam alguns casebres onde residem os remanescentes da família Daniel.

Ah, sim, a velha Rua dos Roque? Esta jamais a esquecerei. Nesta Rua residiram alguns descendentes de João Ignácio D’Arão. Os filhos e netos de tia Flor(Florinda Cardoso de Alencar, filha de João Ignácio), casada com Alexandre Liberato de Alencar(Alexandre barriga mole), com certeza foram os fundadores dessa Rua.

Nela residiram os Felinto, com destaque para Felinto Velho, pai de Marcelina Junqueira, ainda os netos de tia Flor, bem como seu Roque casado com tia Joaquina, assim como os seus descendentes. Eis porque a denominação de Rua dos Roque.

A minha caminhada por essa Rua remete-me a lembranças inesquecíveis. Rigorosamente as serenatas que fazíamos havia de passar pela Rua dos Roque.

Vozes e violões rompiam o silencio da noite com valsas e canções para acordar a mulher amada. Em seguida íamos para pedra da estação a fim de dar um descanso ao violão, bem como às vozes da madrugada.

Bebíamos alguma coisa, depois seguíamos pra Rua do Rosário a fim de acordar alguém que nos esperava ansiosamente. O passo seguinte era a Rua do Sol onde cantávamos algumas musicas, às vezes a pedido, para depois tomarmos a direção da rua Estreita, com uma breve parada numa ruela transversal, em seguida cada um buscava suas casas.

Estas são as boas lembranças quando das minhas caminhadas despretensiosas pelas ruas da minha terra.

Sim, isso mesmo o bairro dos Pereiros também faz parte da minha história com ente caminhante pelas ruas da cidade. O lugar continua intacto, não sei até quando, pois a instalação do Campus da UFCG nas proximidades com certeza valorizou a posse do solo, o que pode atrair a especulação imobiliária.

Até então a especulação imobiliária não havia chegado ao sul da cidade, por razões de ordem social e até mesmo moral, pois ali bem perto localizava-se a antiga zona do baixo meretrício da cidade, que já não existe mais. Mesmo assim, ficou aquela repugnância social que impossibilitou o crescimento da cidade, para aquela direção, a exemplo dos demais bairros.
A rigor, o bairro que mais me chama atenção é sem dúvida é o de Nova Vida. Mesmo perdendo parte de sua área, pelas mesmas razões dos demais, apresenta fortes sinais de vitalidade econômica e social.

Parece até, que está a transmitir um recado ao poder público municipal, dizendo em alta voz? o futuro econômico e urbanístico desta cidade está nesta direção, qual seja o sentido da BR- 427.

Pois, um pouco mais adiante, está a esplendorosa planície, localizada entre os sítios mundo novo e capim verde, que poderá abrigar num futuro próximo novos espaços urbanos/comerciais ao lado de um distrito industrial, capaz redirecionar a economia do município a um longo e perpetuo ciclo de prosperidade econômica.

Sonhar não custa nada, por isso vou continuar sonhando a vida inteira.

Acredito no ressurgir de uma Pombal próspera e esplendorosa, tomada pelo otimismo da prosperidade, onde seus filhos possam ter uma oportunidade de emprego, aqui mesmo, sem precisar sair por aí, mundo afora, em busca de algo que não perdeu.
João Pessoa, 22 de Maio de 2013
Ignácio Tavares

Inacio é Economista. Colunista da Liberdade FM onde escreve sobre vários temas. CONTATOS: itavaresaraujo@yahoo.com.br

FONTE: http://www.liberdade96fm.com.br/colunistas/inaciotavares


Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso