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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

“LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE” EM NORDESTINA

Por: Archimedes Marques

Próprio dos tantos desafios que houvera na minha atribulada vida de Delegado de Polícia e também nas andanças relacionadas aos estudos e pesquisas para me tornar um escritor do cangaço, em posse do meu querido e atrativo livro refutação, LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE, obra literária esta que vem fazendo sucesso aonde chega e com os seus leitores, além de muito bem elogiada pelos pesquisadores, críticos e estudiosos do tema, em novo desafio, aceitei o convite do Secretário da Cultura do Município de Nordestina, Pastor Ruy Guilherme Cardoso Matos, grande líder de um “rebanho de ovelhas” seguidores, cidadão então estabilizado que deixou os Estados Unidos da América para vir prestar os seus relevantes serviços em prol da comunidade de Nordestina, uma pequena, mas aprazível cidade encravada no sertão baiano entre os municípios de Cansanção e Queimadas, partindo assim de Aracaju no dia 03/08/2012 para romper a barreira dos 448 quilômetros, tudo no intuito de mostrar o meu trabalho literário ao povo daquele município.

Mesa de Autoridades

Entre trancos e barrancos com excelentes, boas e ruins estradas esburacadas parti junto com a minha companheira de todas as horas Elane Marques, entrando na Bahia via Itapicuru e seguindo estrada por Olindina, Nova Soure, Cipó, Ribeira do Pombal, Tucano, Euclides da Cunha, Monte Santo, Cansanção para finalmente chegar a Nordestina, onde às 19:00 horas daquele dia que ficará para sempre nos anais da cultura do seu povo, expor o meu trabalho em palestra que se estendeu por mais de duas horas devido às tantas perguntas dos curiosos, estudantes, educadores e personalidades local, fruto de um povo interessado pelo tema cangaço, afinal de contas, Nordestina um dia pertenceu as terras de Queimadas, uma das cidades que marcou as atrocidades de Lampião no ano de 1929.

Dr. Archimedes Marques e o Pr. Ruy Matos.

A aprazível e pacata Nordestina, uma jovem cidade, um jovem município que ganhou a sua liberdade administrativa e financeira na década de 80 originou da Fazenda Cajueiro, mais tarde simplesmente Cajueiro, que alcançou rápido desenvolvimento, criado com território desmembrado de Queimadas, por força de Lei Estadual de 9 de maio de 1985. A sede foi elevada a cidade quando da criação do município.


Archimedes Marques, esposa Elane Marques e Joao Moreira, maior arquivo vivo da historia de Nordestina.

Na verdade, em 1937, já bem próximo ao fim da era cangaceira, dois desbravadores, Tertuliano de Souza Pereira e Gregório Batista, resolveram construir as suas casas numa fazenda comum para aventurar-se na produção da fibra do caruá e da casca de angico, desafiando o perigo e as dificuldades da seca ali fincando raízes para lutarem pelo desenvolvimento da região.

Archimedes Marques encantou a todos os presentes com o notavel conhecimento sobre a tematica CANGACO.

A Fazenda Cajueiro localizava-se no Município de Queimadas que ainda vivia sob tensão e pavor do que ocorrera há alguns anos atrás, mais de perto, no domingo 29/12/1929, quando Lampião e seu bando ali cometeram das maiores atrocidades da história do cangaço ao matarem impiedosamente sete soldados já rendidos e totalmente indefesos em um final de tarde negra que os queimadenses jamais esqueceram. Consta que todos aqueles militares foram executados à sangue frio pelo próprio Lampião com a ajuda tão somente do cangaceiro Volta Seca que com os seus afiados e pontiagudos punhais de 70 centímetros sangraram todos, enfiando as lâminas jugular abaixo, penetrando nas entranhas das vítimas que ajoelhados na calçada do quartel policial, sob os olhares chorosos dos moradores mais corajosos, viam as suas vidas se esvaírem, sendo perdoado tão somente dessa chacina o sargento Evaristo.

Archimedes Marques e Giovani Bell em confraternização.

A extrema sorte do sargento Evaristo ocorreu quando das visitas do cangaceiro chefe às casas das ilustres personagens de Queimadas. Lampião ao adentrar na residência do Escrivão da Coletoria Federal de nome Amphilóphio Teixeira e vendo a sua esposa Austrelina Teixeira, conhecida por dona Santinha, mulher elegante, perfumada e bem arrumada, logo gostou e se interessou por um lindo trancelim de ouro que carregava tal dama em seu pescoço, mas para não ser deselegante e tomá-lo a força, muito elogiou aquela joia com as segundas intenções de obtê-la pra si, daí a referida senhora mais do que sabida, logo tirou o bonito cordão dourado e o ofereceu de presente ao cangaceiro chefe. Sem pensar nas consequências ou até mesmo sem esperar qual seria a vontade da dona Santinha, Lampião teria prometido que atenderia um pedido da generosa senhora ao receber tal presente. Então essa elegante e inteligente senhora, alegando que o sargento Evaristo era pessoa excelente, de boa índole, um exemplo de marido e pai, querido por todos da cidade, pediu pela sua vida. Assim, um reles trancelim salvou a vida de um bravo policial militar que em momento algum se acovardou ou implorou por sua vida mesmo vendo os seus comandados tombados em rios de sangue na calçada do seu local de trabalho.

De Nordestina enobreci a minha bagagem de pujança e determinação, sem esquecer o carinho com que fui recebido e recepcionado por aquele povo ordeiro e trabalhador que um dia, por certo, levará este município a melhores patamares na história sertaneja baiana.

Nordestina está hoje, sem dúvida alguma, bem servida na sua área cultural com a pessoa do Pastor Ruy Matos, como também muito bem representada pelos dinâmicos secretário municipal, presidente da Câmara de vereadores e educadores Giovani Bell, Marcos Batista de Souza, Nilzete Bezerra, Patricia Amambahy, além do poeta Jose Abel dentre outras personalidades que se fizeram presentes ao evento, sem esquecer do maior arquivo vivo da cidade, o simpático velhinho João Moreira que apesar de andar na casa dos noventa anos parece um menino a esnobar as suas lembranças, destarte para um dia após a chacina de Queimadas, oportunidade em que Lampião e seus asseclas estiveram no sitio onde residia, ali próximo, na beira do rio Itapicuru, quando o mesmo tinha aproximadamente 10 anos de idade, em uma passagem amistosa, mas que ele se lembra daqueles homens vestidos tão diferentes e da voz de Lampião confabulando algumas palavras com o seu pai como se fosse hoje.

Foi assim que eu vi Nordestina, foi assim que eu senti Nordestina e é assim que guardarei para sempre Nordestina dentro do meu peito esquerdo.

Enviado pelo Delegado de Polícia Civil no Estado de Sergipe, escritor e pesquisador do cangaço: Dr. Archimedes Marques

 http://www.cangacoemfoco.jex.com.br/

O Poder Politico e Econômico de Lampião em Sergipe

Por: Alcino Alves Costa

Lampião reinou durante quase 20 anos nos sertões de sete estados: Pernambuco, seu berço natal; Paraíba, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe. Os primeiros dez anos foram vividos nos estados do outro lado do rio São Francisco. A partir de 1928, naquele dia 21 de agosto, quando atravessou o grande rio sertanejo, para a Bahia, viveu mais dez anos de sua imensurável odisséia, até a sua morte na Grota de Angico, no dia 28 de julho de 1938.

Lampião e seu grupo no tempo que reinava em Sergipe

As andanças de Lampião por Sergipe tiveram início em 1929, quando no dia 01 de março, o afamado bandoleiro e seu bando invadiram o então povoado de Carira. No mês seguinte (19 de abril de 1929) Virgulino Ferreira adentrou ao povoado Poço Redondo, se hospedou na casa de China e assistiu uma missa celebrada pelo padre Artur Passos.

 Fotografia de Lampião, na fazenda da família Carvalho

Foi em Sergipe que Lampião alcançou o maior apogeu de sua vida bandoleira. Foi o coronel dos coronéis; foi soberano, temido, respeitado por todas as autoridades; amigo dos homens mais influentes do Estado. Poderosos senhores, tais como os coronéis Hercílio Britto; Antônio Caixeiro, que era o pai de governador de Sergipe, Eronides de Carvalho; era amigo dos famosos fazendeiros da Serra Negra, Piduca e João Maria, ambos eram irmãos do temido tenente Liberato de Carvalho, famoso militar do exército brasileiro que caçava tenazmente os grupos bandoleiros e fez parte do histórico “Fogo da Maranduba”, em janeiro de 1932; e muitos outros homens de enorme importância e influência na terra sergipana.

O poder de Lampião era tão grande que ele teve a ousadia de dividir partes do Estado de Sergipe nos moldes das antigas sesmarias, colocando seus principais homens, como se fossem sesmeiros, à frente de vastas glebas de terras, por exemplo: na região que compreende os municípios de Frei Paulo, Carira, em Sergipe, e Paripiranga, na Bahia, o domínio de Zé Baiano; 

O cangaceiro Zé Baiano

em Porto da Folha, Gararu e N. S. da Glória, o senhor daquelas terras era o cangaceiro Mariano, 

O cangaceiro Mariano

em Poço Redondo e Monte Alegre de Sergipe, o domínio era de 

O cangaceiro Zé Sereno

Zé Sereno e em Canindé, o poder estava nas mãos de Juriti.


Enganam-se aqueles que imaginam ter Lampião destroçado a economia sertaneja. Muito pelo contrário. O “Rei dos Cangaceiros” e o banditismo foram fontes de renda. Como? A caça aos bandoleiros deu emprego a centenas de sertanejos que se engajavam nas volantes do governo, alguns como policiais e outros na condição de “contratados”, e assim, tinham ordenado garantido, algo muito difícil naquela época. Além do grande contingente de sertanejos que fizeram parte do bando de Lampião, o que não deixava de ser um meio salutar de “se ganhar à vida” – como diziam os que viviam nos cafundós do sertão.O perambular incessante dos perseguidores de Virgulino Ferreira custava caro aos cofres do governo. Quase que a totalidade das despesas acontecia nas fazendas e escondidos povoados das caatingas. E aqueles gastos injetados numa região de pobreza absoluta eram de uma serventia maravilhosa.

 Grupo de Lampião na Fazenda Jaramataia

Como se vê, um domínio tão imenso como este não poderia de maneira alguma ficar no esquecimento, consequentemente o seu poder político se tornou grandioso, sua palavra e suas decisões eram leis que todos respeitavam e acima de tudo temiam.  E assim, o incrível épico deste extraordinário pernambucano foi parar nos livros da história do Brasil.

Como se verifica, apesar do rasto de destruição deixado pelo maioral do cangaço e sua sanguinolenta malta, naqueles tempos chamados de “os tempos de Lampião”, ocorreu um fluxo econômico que tinha na mão de obra dos “contratados” do governo, em sua totalidade jovens homens dos sertões que jamais haviam recebido um salário e, ainda, os custos com os deslocamentos das forças volantes que faziam com que o dinheiro chegasse naquele mundão de escassez de recursos pecuniários.  

E assim, mesmo sendo responsável por tanto sofrimento, o cangaço obrigou os poderes constituídos a injetar vultosas quantias pelos campos sertanejos – Poço Redondo foi dos mais beneficiados – criando, dessa maneira, uma fonte de renda que perdurou por longos anos nos mais distantes, abandonados e desconhecidos rincões nordestinos.

Alcino Alves Costa

http://cariricangaco.blogspot.com/2010/05/o-poder-politico-e-economico-de-lampiao.html

Em tempos de fuga - A Família de Lampião em Juazeiro

Por: Leandro Fernandes
Leandro Cardoso

Muita gente não sabe, mas a família de Lampião viveu em Juazeiro do período de 1923 a 1927, com a permissão do Padre Cícero. Na segunda década do século passado, por duas vezes, a família Ferreira teve que se mudar em razão dos entreveros com o vizinho 


José Alves de Barros, o Zé de Saturnino. Na primeira vez, obedecendo a um pacto de acomodação arbitrado pelo Coronel Cornélio Soares de Vila Bela, mudaram-se para a Vila de Nazaré do Pico, PE. Na segunda vez, demandaram à cidade alagoana de Mata Grande, ocasião em que morreram os genitores de Lampião, José Ferreira (vítima da volante de José Lucena Maranhão) e Dona Maria (vítima de um ataque cardíaco).



Em 1922, o jovem cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, já definitivamente com o pé fincado no cangaço, assume a chefia do bando do célebre Sinhô Pereira, que deixava o Nordeste em fuga para Goiás. A família Ferreira, sem possibilidade de retornar para Vila Bela, procura abrigo em Juazeiro do Norte. Com a morte dos pais, João Ferreira (o único dos irmãos que não entrou para o cangaço), assume a chefia da família. Após conversa com o Padre Cícero, recebe permissão para se estabelecer em Juazeiro com as irmãs, cunhados, primos (os Paulo) e sobrinhos.


Na passagem de Lampião por Juazeiro do Norte, em 1926, foram tiradas várias fotografias da família. Na célebre foto da família reunida (que é vista acima), vemos na extrema esquerda sentado, Antônio Ferreira e na extrema direita, Lampião; a segunda sentada da direita para a esquerda é Dona Mocinha (tendo seu marido, Pedro Queiroz, atrás de si); ao lado direito de Pedro está João Ferreira; do lado esquerdo de João está Ezequiel (que depois entraria para o cangaço com o vulgo de Ponto Fino); e, finalmente, o segundo da direita para a esquerda, em pé, é Virgínio (seria o futuro cangaceiro Moderno, chefe de grupo), casado com uma irmã de Lampião, que logo morreria de parto em Juazeiro.

Na ocasião da foto, Dona Mocinha (Maria Ferreira de Queiroz) estava recém-casada com Pedro e, nas várias ocasiões em que a entrevistei, ela sempre externou a enorme benevolência do Padre Cícero, e que todos da família se sentiam seguros em Juazeiro. Dona Mocinha, hoje com 96 anos, única remanescente viva dos irmãos e irmãs de Lampião, mora em São Paulo e foi diversas vezes entrevistada por mim.

Contou-me que aprendeu a dançar com Virgulino tocando “harmônica” no terreiro da fazenda “Passagem das Pedras”, em Vila Bela, e que o irmão vivia na casa da avó, Dona Jacosa Lopes. Refere-se aos irmãos sempre com muito carinho, dizendo que o mais fechado era Antônio e o mais brincalhão era Levino Ferreira. E, em todas as vezes que conversamos, sempre externou a excelente acolhida que a família teve em Juazeiro, e gratidão de todos ao Padre Cícero. Tanto é que seu primogênito é afilhado do Padre Cícero. Rememora com muita satisfação dos familiares de João Mendes de Oliveira, de quem se tornaram amigos. Dona Mocinha casou em Juazeiro com Pedro Queiroz e só deixou a Meca nordestina quando a polícia pernambucana intimou seu marido em Vila Bela, e o prendeu arbitrariamente. Então, Dona Mocinha (e parte da família), teve que deixar Juazeiro em 1927 para residir em Serra Talhada.


Para finalizar, deixo minhas homenagens à Dona Mocinha, hoje falecida, mas mesmo centenária foi um repositório vivo da história recente do Brasil e de Juazeiro do Norte, uma vez que foi expectadora de camarote de um dos períodos mais interessantes e polêmicos da nossa história recente, além de ser testemunha inconteste do desprendimento e da bondade incondicionais do Padre Cícero Romão Batista.

Leandro Cardoso Fernandes é médico cardiologista, cordelista, escritor, residente em Teresina, PI.

PROPAGANDA NO TEMPO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Por: Rostand Medeiros
Rostand Medeiros

A arte de anunciar determinado produto para a venda, seja em revistas, jornais, televisão, etc., segue muito a tendência do momento.

Na época da Segunda Guerra Mundial, em meio ao afundamento de navios civis brasileiros, a morte de vários compatriotas no mar, a declaração de guerra do Brasil contra a Alemanha e Itália, os preparativos para a defesa, os blackouts, a ida da Força Expedicionária Brasileira e do 1º Grupo de Caça para lutar na Itália, muitos eram os jornais e revistas que ficaram repletos de propagandas que evocavam vários aspectos bélicos daqueles dias sombrios.

Vejam alguns exemplos…

O “V” da vitória.

Este era o principal símbolo dos aliados, o “V” da vitória, aqui mostrado também na forma reproduzido no código Morse, três pontos e um traço. Neste período era muito comum, principalmente depois da declaração de guerra, uma grande quantidade de peças publicitárias de produtos importados dos Estados Unidos. O Veedol Motor Oil era um produto da Tidewater Petrolium, atualmente pertencente ao Grupo Texaco.

Propaganda de armas era comum.

Era grande a quantidade de propagandas com armamentos produzidos pelos americanos, onde muitos nem sequer foram utilizados pelas Forças Armadas do Brasil. Mas o avião mostrado acima, o Lockheed Hudson, fabricado pela Lockheed Corporation, foi utilizado pela FAB. 

Seu projeto original era de um avião de uso civil, desrinado ao transporte. Mas com as devidas alterações se tornou uma boa máquina de guerra. Um deles foi o primeiro avião da Marinha Americana (U.S. Navy) a afundar um submarino naquele conflito.

A população brasileira se militarizava.

Com a participação brasileira no conflito se tornou comum que o vestuário local tivesse um corte, ou acessórios, com característica mais militar. Como na época, mesmo sem os atuais problemas na camada de ozônio, era generalizado a utilização de chapéus, nada melhor do que vender um produto condizente com o conturbado momento. Mesmo que belicamente não tivesse nenhuma utilidade.
Até a Loteria Federal se aproveitou do momento militarizado para vender seus jogos.

Era um trambolho, mas necessário naqueles dias.

Em 1940 a população brasileira era de 41 milhões de pessoas e possuía uma frota que girava em torno de 250.000 veículos. Todos os veículos que circulavam no país eram importados, já que as fábricas apenas montavam os automóveis por aqui e não produziam suas peças. Apesar de haver duas refinarias de petróleo no Rio Grande do Sul, grande parte da gasolina era importada e muito deste combustível ainda era distribuído em latas e tambores. Com a eclosão da guerra, a gasolina se tornou mais difícil e o jeito para rodar de carro foi através do gasogênio, onde seu uso era incentivado pelo governo.

Utilizando madeira e carvão para produzir gás dentro de geradores, que normalmente ficavam na parte traseira dos veículos, eram bastante úteis. Havia gasogênios de todos os tipos; os que eram colocados em reboques, na parte dianteira dos carros, compactos e colocados nos porta malas. Não era um negócio fácil de manusear, mas quem tinha veículo particular e não tinha gasogênio, não estava participando do “esforço de guerra” e podia ser tachado de estar “ajudando o inimigo”.

Agradecimento aos países abaixo do Rio Grande.

Esta imagem, de uma empresa americana fabricante de pneus, que se tornou a Uniroyal e hoje pertence ao grupo francês Michelin, mostra uma situação comum na época; muitas peças publicitárias de empresas dos Estados Unidos, agradecendo aos povos da América Latina pela participação no esforço de guerra. Mas tem um detalhe – não se vê a bandeira da Argentina na foto acima. A razão foi porque este país só declarou guerra à Alemanha em 1945 – declaração meramente formal, como condição para a sua entrada na recém-criada ONU.

Muitas peças publicitárias davam a ideia que a guerra estava perto de casa.

Ter seus trabalhadores servindo na FEB era um bom negócio em termos propagandísticos.

A peça publicitária acima mostra como era positivo para muitas empresas ter seus trabalhadores servindo na Itália e continuar pagando integralmente seus salários. E elas faziam questão de divulgar isso, pois publicavam nos jornais fotos onde mostravam os seus diretores entregando os salários dos militares engajados as suas esposas, ou seus pais.

Até mesmo produtos de empresas que a maioria das pessoas não tinham contato, como os de aviação, faziam questão de divulgar suas peças de propaganda com um viés bastante militarizado.

Até na propaganda de um simples remédio para a dor de cabeça, tinha de algo que lembrasse o conflito.

Mesmo as revistas e seções de jornais que tratavam da moda feminina na época, sempre tinham um cenário que evocavam o conflito.

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Extraído do blog: "Tok de História", do Historiógrafo 
Rostand Medeiros

VINGANÇA DO TEMPO (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

VINGANÇA DO TEMPO

O tempo acompanha a duração da existência dos seres e das coisas, dá curso e percurso aos fatos; as horas marcam a passagem do tempo e vão envelhecendo o não realizado. A realização se preserva, tem continuidade, diz por si mesma de sua existência.

E por que, então, deixar a vida dentro de um baú, inexistentemente envelhecendo, ao invés de torná-la sempre presença ativa? O indivíduo sempre esquece o que ao relógio cabe simplesmente tornar passado. Nas horas passadas está a vingança do tempo pelo nada feito no percurso que lhe foi permitido realizar.

O tempo, disposto no calendário, no relógio e nas horas, espera sempre uma ação. O tempo é curto demais, corre disparado, é apressado em tudo, não espera nada. Ainda assim há tempo para se fazer tudo. Ou quase. O primeiro passo da ação é que precisa ser dado, sob pena de o relógio se tornar inimigo daquele que se omitiu no seu momento de agir.


Diz o Eclesiastes que há um tempo pra tudo. Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus: tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado; tempo para matar, e tempo para sarar; tempo para demolir, e tempo para construir; tempo para chorar, e tempo para rir; tempo para gemer, e tempo para dançar; tempo para atirar pedras, e tempo para ajuntá-las; tempo para dar abraços, e tempo para apartar-se. Tempo para procurar, e tempo para perder; tempo para guardar, e tempo para jogar fora; tempo para rasgar, e tempo para costurar; tempo para calar, e tempo para falar; tempo para amar, e tempo para odiar; tempo para a guerra, e tempo para a paz.

Mas tão infinito é o tempo, com tanto afazer nesse percurso, que ao homem não cabe senão se contentar com o seu calendário próprio. Nesse calendário marcando desde o nascer ao morrer, não lhe resta outra coisa a não se aproveitar os anos, os dias, as horas, cada segundo. Diferentemente do sino da igreja que anuncia a hora da missa, não há outro badalar no homem que não a sua responsabilidade, o seu fazer perante a vida.

Há o tempo de começo e de fim. O galo canta anunciando o tempo de levantar, a chuva cai anunciando o tempo do plantio, as dores aumentam anunciando o tempo de nascer, a fome vem avisando sobre o tempo de comer, o corpo enfraquece anunciando o tempo de se cuidar. E tudo é anunciado, dito, gritado, nada passa despercebido pelos seus sinais. E por que fecham olhos e ouvidos para esse grito constante?

Não há nada mais amigo do tempo do que o cuidado, a atenção, a preocupação em não perder oportunidades importantes. Ora, o tempo, apressado que é, não tem tempo para voltar atrás, dar outra oportunidade, deixar fazer o que não foi feito. Ou a pessoa está atenta ao que deve ser feito naquela oportunidade ou correrá o risco de levar o resto da vida se arrependendo.

Dentre tantas outras, o arrependimento é uma das formas com que o tempo procura se vingar dos desatentos, omissos, negligentes. Tem-se tempo demais para o cuidado, para o remédio, para preparar a viagem, para estudar, para fazer aquilo que é importante, para o encontro marcado, para se preparar para o acontecimento. Entretanto, somente quando já não há mais nada a fazer é que surge o arrependimento.


Quando a idade avança, o corpo enfraquece, as doenças surgem mais facilmente, as recordações chegam em ventania, então é que os arrependimentos se tornam fios cortantes, dilacerantes. Arrepende-se por ter tido tanto tempo e ainda assim não cuidou melhor da saúde, não viajou mais, não procurou viver com mais intensidade, não aproveitou os melhores momentos surgidos.

Houve um tempo de amar e não amou suficientemente o amor que o outro reconhecesse; houve um tempo para construir um castelo e se contentou em juntar areia na beira da praia; houve um tempo de perdoar, de agradecer, de sorrir, de dar as mãos, e nada disso foi feito. Deixou pra depois.

E o tempo passou, como tudo passa, menos a dor de não ter realizado o que deveria. Como diz a música, devia ter vivido mais, amado mais, ter visto o por do sol. Mas já é noite. E o tempo só retorna para receber o próprio tempo, na manhã que não mais cabe ao homem.

(*)Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com



OS OSSOS DE LONDRES

Por: Clerisvaldo B. Chagas - Crônica Nº. 835
Clerisvaldo B. Chagas

O entusiasmo dos brasileiros pelas Olimpíadas, nem tem razão de ser. A verdade é que não temos a tradição de jogos amadores contra os países que trabalham para isso, desde antes mesmo da II Grande Guerra.

Nem Marta salvou à Patria. (Fonte: smn).

O Brasil nunca levou a sério o esporte amador e nem a Educação, como quer bons resultados milagrosos? Ficamos apenas em cima da exacerbada paixão pelo futebol profissional e que até hoje continua como antes. Caso o futebol masculino traga a medalha de ouro e todas as outras modalidades nada tragam, consideramos uma grande vitória dessa nação brasileira. Acontecendo o contrário, todas com o ouro menos o futebol, perdemos tudo. É assim que funciona por aqui essa monocultura cafeeira. O entusiasmo tem início com a chegada da delegação brasileira ao destino, depois a tristeza, seguida de mais quatro anos de desprezo ou de apatia do governo e das empresas particulares pelo esporte amador, que parece não existir. Como combater no Front com as inúmeras modalidades sem pai e mãe? Está aí, mesmo o futebol feminino que vai ficando vovó, sem renovação. Até a Marta já cansou e não tem substituta, enquanto o futebol feminino cresce no mundo com outros países.

Os frutos de um trabalho árduo aparecem em longo prazo. Nunca sai um diagnóstico oficial e confiável do que está acontecendo no amadorismo brasileiro. Quando se aproximam as olimpíadas, se junta o que tem se empurra a tropa misturada para a guerra e espera-se um misericordioso “seja o que Deus quiser”, ainda na ilusão tremenda de que o Pai é brasileiro.  Caso continue assim, ninguém aguarde melhora nenhuma nem mesmo em terras cabralinas. Eles virão banhar-se em nossas belas praias, degustar nossos petiscos, apreciar as nossas cores e levar os discos de ouro como sempre os levaram. Estamos vendo pela televisão a tristeza dos nossos atletas, sem patrocínios, que vão se encobrindo como podem com vergonha das derrotas diante de milhares de pessoas. Se quisermos parar com esse drama que bate forte no peito do Brasil, temos que mudar essa política no esporte amador para começar a colher os seus frutos na próxima década, de 20.  Sem saber como agir no momento, parece que só existe uma solução que é juntar os cacos das derrotas, colocá-los no saco do desânimo e voltar ao Brasil, enxugando as lágrimas.

O desenrolar das Olimpíadas vai deixando eufóricas nações como Estados Unidos, China e França que plantaram cedo e apenas colhem com dignidade os frutos merecidos. Fazer o quê, se somente trouxermos na bagagem OS OSSOS DE LONDRES!.

http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2012/08/os-ossos-de-londres.html


Hoje na História de Mossoró - 06 de Agosto de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

06 de agosto de 1874 – A Lei n. 680, firmada pelo Presidente da Província, autoriza a navegação por lancha a vapor no rio Mossoró, entre esta cidade e barra do rio, de que é contratante o comerciante José Paulino de Castro Medeiros.

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

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