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domingo, 26 de junho de 2011

Maria Gomes de Oliveira

Maria Bonita

            Maria Gomes de Oliveira, vulgo Maria Bonita, nasceu no dia  8 de Março de 1911, no sítio Malhada da Caiçara, do município de Paulo Afonso, que na época era município gloriense, no Estado da Bahia. Foi a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros armados. Era filha de José Felipe e Maria Gomes de Oliveira, a dona Maria Déia.  Segundo o escritor e historiador do cangaço João de Sousa Lima, Maria Bonita tinha os seguintes irmãos:
1910 - Benedita Gomes de Oliveira,
1913- Antonia Gomes de Oliveira,
1916- Amália Gomes de Oliveira,
1920- Joana Gomes de Oliveira,
1922 - Olindina Gomes Oliveira,
Francisca Gomes de Oliveira,
Ozéas Gomes de Oliveira,
José Gomes de Oliveira,
Arlindo Gomes de Oliveira,
Ananias Gomes Oliveira e
Izaías Gomes de Oliveira

            Com 15 anos de idade, Maria Bonita  resolveu matrimoniar-se  com um sapateiro, José Miguel da Silva, conhecido nas redondezas por Zé Neném, e segundo alguns escritores afirmam que ele eram primo da futura cangaceira.    
          
 Zé de Neném
          
           Essa união, Maria não foi muito feliz, e as brigas do casal eram constantes. Durante o tempo em que viveu com o sapateiro, Maria jamais engravidou, e até falavam em boca miúda que Zé de Neném era estéril. 
            Como as brigas não paravam em seu lar,  Maria Bonita procurava o aconchego da família, indo  para a casa dos pais, e em 1929 Lampião apareceu por lá, e ela carente, logo se apaixonou pelo facínora, quando ele já tinha quase 33 anos de idade, e ela com menos de vinte anos. 

Lampião e Maria Bonita
          
            A família vivia em Santa Brígida, Bahia, lugar por onde Lampião costumava passar  a caminho do Sergipe. Os pais de Maria Bonita tinham pelo capitão Virgulino  respeito e admiração.
            A mãe contou a Lampião que sua filha era sua admiradora. E no ano seguinte, ao passar pela fazenda, Virgulino levou Maria, com o consentimento de sua mãe.
            Durante os oito anos que viveu com Lampião, teve quatro gestações, sobrevivendo apenas uma menina, a Expedita Ferreira, que nasceu em 1932 e foi criada anonimamente por coiteiros.

Expedita Ferreira da Silva

            No bando de cangaceiros  Maria Bonita era tratada como a esposa do chefe, respeitada por todos os comandados de Lampião, e pela sua braveza e beleza, típica da mulher sertaneja: baixinha, cheinha, olhos e cabelos escuros, dentes bonitos, pele morena clara.  Mas por má sorte, na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota de Angico, no Estado de Sergipe, finalmente a bela Maria Bonita foi pego  e  degolada ainda viva pela polícia, e mais dez cangaceiros, entre eles estava o seu amado Virgulino Ferreira da Silva, o rei Lampião. Alguns cangaceiros escaparam da chacina, entre eles:

Balão,
Sila,
Zé Sereno,
Candeeiro,
Juriti,
Maria, sua amada e outros e...
        
           Depois da chacina os cangaceiros que escaparam, a maior parte procurou se entregar à polícia.  Mas os cangaceiros Moreno e  Corisco continuavam segurando o movimento do seu ex-rei.

          
             Mas os cangaceiros Moreno e Durvalina,  abandonaram o cangaço em 02 de Fevereiro de 1940, liberando os demais componentes.

Corisco e Dadá
            
            E teimosamente, Corisco e Dadá continuavam pelas caatingas do nordeste, e infelizmente em 25 de maio de 1940, o último cangaceiro foi morto pelas malditas armas do tenente Zé Rufino.



 

Paulo Medeiros Gastão

UM CANGACEIRO ACADÊMICO VESTIDO
DE NORDESTINIDADE

Coluna Perfil da revista Nordeste21,
edição de Maio 2011.


             Paulo Medeiros Gastão é uma dessas personalidades cujos pensar e fazer estão impregnados de nordestinidade. Tem um olhar poético todo voltado para a estética do povo e da terra do Nordeste brasileiro. Sua mente está em constante movimento, criando e maturando ideias para tornar cada vez maior e mais bela a nação nordestina.

Manoel Severo, Aderbal Nogueira, Paulo Gastão e Antonio Vilela

             Nascido no dia 14 de novembro de 1938, na cidade de Triunfo da Baixa Verde, PE, região serrana das mais bonitas do Nordeste, na fronteira com o Estado da Paraíba, Paulo Gastão é, em outras palavras, um homem vestido da sabedoria genuinamente sertaneja e nordestina. Homem de invulgar espírito empreendedor. Desde cedo demonstrou especial atenção e zelo às coisas da história e cultura do Nordeste.
              Ainda nos tempos de estudante destacou- se como um dos mais aplicados e inteligentes alunos, até encontrar uma de suas mais ardentes paixões: A história do Cangaço.
              Paulo Gastão, com dedicação extrema e paciência beneditina, própria de pesquisadores da melhor estirpe, adentra a largueza do mundo habitado pelas personagens do cangaço, desvenda os mistérios do fenômeno do cangaceirismo no Nordeste e se notabiliza como um dos mais ativos e determinados pesquisadores do Brasil sobre essa seara onde os eventos tempestuosos são protagonizados por homens e mulheres rudes.  

Lampião e seu respeitado  bando

              Ao enveredar pela temática do Cangaço, inexoravelmente, Gastão acabou deparando-se e se apaixonando por outras temáticas intrinsecamente interligadas, por exemplo: o messianismo, beatos e coronelismo etc.
             Daí, mergulhado nesse caudalosorio, Gastão nadou a curtas braçadas na investigação de vidas extraordinárias como as de:

Antônio Conselheiro,

Delmiro Gouveia

e o Beato Zé Lourenço,

tornando-se também um profundo pesquisador sobre Canudos, Pau de Colher e Caldeirão da Santa Cruz. Detentor de uma cultura vasta e plural, intelectual de bom calibre, Paulo Gastão foi o idealizador e primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC, entidade que reúne pesquisadores de todo o território nacional e que tem sua sede na cidade potiguar de Mossoró.
              Também foi membro fundador da Fundação Vingt- un Rosado, de reconhecido trabalho em prol da perpetuação da memória e cultura nordestina, bem como da Academia Mossoroense de Letras.

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Dependências internas da Fundação Ving-un Rosado

            É sócio do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP), ex- professor da Universidade Regional do Rio Grande do Norte e da Escola de Agricultura de Mossoró (RN). Paulo Gastão, respeitado e admirado por quantos têm o prazer de conhecê-lo, ouvir suas conferências e sábias intervenções, tem participado, com assiduidade, fóruns acadêmicos e populares em todo o Brasil, de seminários, congressos e encontros sobre cinema e cangaço, sobre o Nordeste e seu universo.
              Entre os livros por ele escritos destacam-se “Viagem a Triunfo da Baixa Verde” – 2a edição (1995); e “Contribuição a uma bibliografia
do cangaço” – 1845/1996 (1996).
           "Homem de invulgar espírito empreendedor, desde cedo demonstrou especial atenção e zelo às coisas da história e cultura do Nordeste"