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terça-feira, 24 de janeiro de 2023

A MORTE DO SARGENTO DELUZ - PARTE II

 Por José Mendes Pereira

Sargento Deluz

O patriarca João Marinho tinha outro genro que era o João Maria Valadão, este se casara com a Mariinha. Ele havia nascido e criado no Olho D’água, que era uma fazendinha das redondezas. O Valadão tinha boas amizades com o esposo da cunhada Dalva, por isso, fora escolhido para saber do sargento Deluz, o que o fez devolver a sua esposa Dalva aos seus pais.

Depois de tudo preparado e pensado, o Valadão foi ao encontro do temido sargento e concunhado que havia rejeitado a esposa. João Maria era e quase não era tão quieto assim, como o seu sogro, e confiava em sua coragem, e mais ainda, com a amizade que tinha com o sargento. 

O sargento o recebeu em sua propriedade de nome Araticum com muito agrado. Os dois conversaram até certo ponto, quando o Valadão perguntou-lhe:

- Deluz, não se apoquente com a minha pergunta, eu queria saber o motivo que fez você devolver minha cunhada Dalva aos seus pais?

O sargento Deluz espanta-se um pouco quando ouve a pergunta, mas mesmo assim, resolveu responder o que lhe fora perguntado, com cara de quem não gostou, e diz:

- Num dava certo, Valadão. A Dalva foi criada com muito mimo, e ela não quer aceitar o meu jeito. Você sabe muito bem o meu jeito de serpente, e sendo assim, eu e ela não damos certos para vivermos em paz.

João Valadão resolveu falar também, mas com cuidado para não assanhar a serpente. E diz:

- No meu entender, eu acho que você tem razão, mas nem se preocupe, é assim que eu contarei ao João Marinho, nem mais nem menos falarei.

Mas, geralmente, casal que se separa, dias depois está aconchegado novamente, e o sargento Deluz e sua esposa Dalva não eram diferentes. Dias depois, estavam juntos. A vida do valente pernambucano continuava nas suas obrigações na fazenda Araticum. Os trabalhos militares sempre foram respeitados por todos, afinal, ele era um delegado que dominava toda região do Rio São Francisco, mesmo respeitado, os sertanejos os julgavam um bruto, indivíduo grosseiro e irracional. Até a sua presença física não era agradável perante às pessoas que se curvavam diante dele, e principalmente, repugnavam às escondidas as suas ordens. Tinha um corpo forte, atarracado, era viciado em fumo de corda, e vez por outra, mascava também.

Dalva sua esposa nunca teve um momento de paz e de amor em sua vida de casada, e esta infelicidade, começou a partir do dia em que ela deixou a família e foi morar com o sargento Deluz. As brigas do casal eram a todo momento, porque o Deluz, tratava a sua esposa Dalva sempre debaixo de ordens e na base do cacete. Mas a Dalva era geniosa e não se dobrava, enfrentava o agressivo cônjuge sem medo, e com isso, ele vendo que não a vencia, as desavenças eram constantes. Mas mesmo com o seu lar destruído, a Dalva engravida do homem que não lhe quer ver feliz.

Mas com a gravidez da mulher, o sargento poderia melhorar o seu comportamento, já que um filho seu fora gerado no útero da sua esposa Dalva. Todos da família pensavam isto, e tinham certeza que a vida do casal iria ser apaziguada. O delegado deu sinais que concordava a gravidez da esposa.

Deluz resolveu fazer uma roça nas terras do sogro, lá no Brejo, e o João Marinho aceitou de bom grado, acreditava que com a gravidez da filha, o seu genro poderia mudar o seu comportamento agressivo e grosseiro. E uma das melhores, o interesse do genro pela agricultura e criação de animais. A intenção de todos era que as coisas melhorassem, e a Dalva pudesse viver em paz com o seu desajustado esposo.

Já está bem próximo da Dalva ter neném, e à proporção que os dias iam se passando, as dores começavam visitar a Dalva. A parteira já está ali, esperando a hora de fazer o parto. Tempo depois, a criancinha veio ao mundo cheia de vida. Era uma meninazinha saudável e com nome já escolhido Adélia (que significa nobre e indica uma pessoa que luta para tomar as rédeas do seu destino. Não gosta de depender de ninguém, nem mesmo dos pais. Hábil e esperta em geral consegue o que quer da vida. Mas deve combater a ansiedade e desenvolver o sentido de vida em comum).

Parece que a Dalva escolhera este nome como protesto ao que ela passava com o seu marido bruto. A mãe está feliz com o nascimento da filha, mas o pai não demonstra nenhuma felicidade, e continua do mesmo jeito, grosso e arrogante.

Logo no segundo dia do resguardo, o sargento Deluz acordou com o cão nos couros, e sem nenhuma razão e motivo, fez a Dalva se levantar às pressas. Ela não ficou calada e o respondeu sem medo, devolvendo-lhe as suas ignorâncias.

Incomodado, porque não tinha como convencê-la, foi até a porta do quarto, e a trancou juntamente com a sua filhinha. Por último, a mãe e a filha estavam presas. Com temperamento de louco, derramou uma lata de querosene na casa, e ficou ameaçando tocar fogo para incendiá-las. E assim que a vizinhança percebeu o descontrole emocional do sargento em gritos, pede socorro. Finalmente, os seus comandados chegaram e conseguiram segurar o demônio que já se preparava com o fósforo quase a riscar. 

Aquele casal não tem mais condições de viver junto, e a solução, seria definitivamente a separação. O homem é um desajustado e não tem como inverter aquela situação. A Dalva, há muito tempo que havia deixado de ser sua esposa para simplesmente ser um saco de pancadas.

As pessoas do lugar que presenciavam aquela infeliz vida da Dalva filha do João Marinho, diziam em boca miúda:

- Coitada daquela moça! Foi tão bem criada, uma pessoa tão boa, ter que viver uma vida tão infeliz!

João Marinho, sua esposa e irmãos perderam o sossego por completo. A Dalva estava diante de um satanás. As irmãs lamentavam a pouca sorte da mana, e os irmãos começaram sentir ódio do cunhado maldito. Todos parentes da Dalva estavam angustiados, e sofrendo com o pouco censo de um homem totalmente desajustado e desequilibrado mentalmente.

Não se preocupe. Continuarei amanhã esta historinha! 

A Morte do sargento Deluz - Parte I 

https://blogdomendesemendes.blogspot.com/2023/01/deluz-parte-i.html

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MENTIRA CABELUDA...!

 Por José Mendes Pereira

Suposto Ezequiel Ferreira da Silva

Amigo leitor, as minhas inquietações não se referem a nenhum dos que organiza a literatura lampiônica, e sim, aos depoentes que mentiram mais do que deviam. 

O suposto Ezequiel Ferreira da Silva que se dizia ser filho de José Ferreira com dona Maria Lopes, disse que saiu do cangaço em 1931, porque o seu irmão capitão Lampião, teria forjado a sua morte, só para que ele saísse do cangaço sem ser perseguido por nenhum grupo policial, possivelmente.  

Mas, veja que, 7 anos depois, ele reaparece, lá na Grota do Angico, em Porto da Folha, hoje Poço Redondo, nas terras sergipanas, e possivelmente, foi antes da chacina, e nesse dia, teria fugido do bando em companhia de Luiz Pedro, Lampião e Félix da Mata. Isso está na literatura lampiônica.


Veja o que disse o pesquisador Ângelo Osmiro:

O escritor e pesquisador do cangaço Ângelo Osmiro, residente na capital  de Fortaleza, no Estado do Ceará, em um dos seus trabalhos com o título “A morte de Ezequiel Ferreira (Ponto Fino) irmão de Lampião”, nos diz que, segundo o Ezequiel, teria ficado na “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia” até  julho de 1938, quando o irmão fez uma reunião, para comunicar aos companheiros que abandonaria o cangaço.  

Aqui está o link para você conferir e não achar que é invencionice minha: 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com/2015/07/a-morte-de-ezequiel-ferreira-ponto-fino.html

Mas é improvável que o Ezequiel Ferreira da Silva estava na Grota do Angico, naquele dia, porque nenhum dos remanescentes do cangaço falou sobre a presença de um irmão de Lampião lá, a não ser somente o José Ferreira, que era seu sobrinho, e conseguiu fugir no momento do ataque aos cangaceiros. 

Em 1938, o capitão Lampião não tinha mais nenhum irmão no cangaço. De Ferreira, naquela maldita vida, só ele e mais ninguém. Então, mais uma mentira do suposto Ezequiel Ferreira da Silva.

As histórias do Ezequiel não têm limites, e são facilmente entendidas como invenções, isso, na intenção de conquistar os pesquisadores, escritores e cineastas. Mas se enganara.

O que eu escrevi, de forma alguma, prejudicará os trabalhos dos estudiosos do cangaço. São apenas as minhas inquietações. 

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PAIS E IRMÃOS DE MARIA BONITA

 Por Lampião e o Cangaço 


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