Por José Mendes Pereira
O patriarca João Marinho tinha outro genro que era o João Maria Valadão, este se
casara com a Mariinha. Ele havia nascido e criado no Olho D’água, que era uma fazendinha das redondezas. O Valadão tinha
boas amizades com o esposo da cunhada Dalva, por isso, fora escolhido para saber
do sargento Deluz, o que o fez devolver a sua esposa Dalva aos seus pais.
Depois de tudo
preparado e pensado, o Valadão foi ao encontro do temido sargento e concunhado
que havia rejeitado a esposa. João Maria era e quase não era tão quieto assim, como o seu sogro, e confiava em sua coragem, e mais ainda, com a amizade que
tinha com o sargento.
O sargento o
recebeu em sua propriedade de nome Araticum com muito agrado. Os dois
conversaram até certo ponto, quando o Valadão perguntou-lhe:
- Deluz, não
se apoquente com a minha pergunta, eu queria saber o motivo que fez você
devolver minha cunhada Dalva aos seus pais?
O sargento
Deluz espanta-se um pouco quando ouve a pergunta, mas mesmo assim, resolveu
responder o que lhe fora perguntado, com cara de quem não gostou, e diz:
- Num dava
certo, Valadão. A Dalva foi criada com muito mimo, e ela não quer aceitar o meu
jeito. Você sabe muito bem o meu jeito de serpente, e sendo assim, eu e ela não
damos certos para vivermos em paz.
João Valadão
resolveu falar também, mas com cuidado para não assanhar a serpente. E diz:
- No meu
entender, eu acho que você tem razão, mas nem se preocupe, é assim que eu
contarei ao João Marinho, nem mais nem menos falarei.
Mas,
geralmente, casal que se separa, dias depois está aconchegado novamente, e o
sargento Deluz e sua esposa Dalva não eram diferentes. Dias depois, estavam
juntos. A vida do valente pernambucano continuava nas suas obrigações na
fazenda Araticum. Os trabalhos militares sempre foram respeitados por todos,
afinal, ele era um delegado que dominava toda região do Rio São Francisco,
mesmo respeitado, os sertanejos os julgavam um bruto, indivíduo grosseiro e
irracional. Até a sua presença física não era agradável perante às pessoas que
se curvavam diante dele, e principalmente, repugnavam às escondidas as suas
ordens. Tinha um corpo forte, atarracado, era viciado em fumo de corda, e vez
por outra, mascava também.
Dalva sua esposa nunca teve um momento de paz e de amor em sua
vida de casada, e esta infelicidade, começou a partir do dia em que ela deixou
a família e foi morar com o sargento Deluz. As brigas do casal eram a todo
momento, porque o Deluz, tratava a sua esposa Dalva sempre debaixo de ordens e
na base do cacete. Mas a Dalva era geniosa e não se dobrava, enfrentava o
agressivo cônjuge sem medo, e com isso, ele vendo que não a vencia, as
desavenças eram constantes. Mas mesmo com o seu lar destruído, a Dalva
engravida do homem que não lhe quer ver feliz.
Mas com a
gravidez da mulher, o sargento poderia melhorar o seu comportamento, já que um
filho seu fora gerado no útero da sua esposa Dalva. Todos da família pensavam
isto, e tinham certeza que a vida do casal iria ser apaziguada. O delegado deu
sinais que concordava a gravidez da esposa.
Deluz resolveu
fazer uma roça nas terras do sogro, lá no Brejo, e o João Marinho aceitou de
bom grado, acreditava que com a gravidez da filha, o seu genro poderia mudar o
seu comportamento agressivo e grosseiro. E uma das melhores, o interesse do
genro pela agricultura e criação de animais. A intenção de todos era que as
coisas melhorassem, e a Dalva pudesse viver em paz com o seu desajustado esposo.
Já está bem próximo da Dalva ter neném, e à proporção que os dias iam se passando, as dores começavam visitar a Dalva. A parteira já está ali, esperando a hora de fazer o parto. Tempo depois, a criancinha veio ao mundo cheia de vida. Era uma meninazinha saudável e com nome já escolhido Adélia (que significa nobre e indica uma pessoa que luta para tomar as rédeas do seu destino. Não gosta de depender de ninguém, nem mesmo dos pais. Hábil e esperta em geral consegue o que quer da vida. Mas deve combater a ansiedade e desenvolver o sentido de vida em comum).
Parece que a
Dalva escolhera este nome como protesto ao que ela passava com o seu marido
bruto. A mãe está feliz com o nascimento da filha, mas o pai não demonstra
nenhuma felicidade, e continua do mesmo jeito, grosso e arrogante.
Logo no
segundo dia do resguardo, o sargento Deluz acordou com o cão nos couros, e sem
nenhuma razão e motivo, fez a Dalva se levantar às pressas. Ela não ficou calada
e o respondeu sem medo, devolvendo-lhe as suas ignorâncias.
Incomodado, porque não tinha como convencê-la, foi até a porta do quarto, e a trancou juntamente com a sua filhinha. Por último, a mãe e a filha estavam presas. Com temperamento de louco, derramou uma lata de querosene na casa, e ficou ameaçando tocar fogo para incendiá-las. E assim que a vizinhança percebeu o descontrole emocional do sargento em gritos, pede socorro. Finalmente, os seus comandados chegaram e conseguiram segurar o demônio que já se preparava com o fósforo quase a riscar.
Aquele casal não tem mais condições de viver junto, e a solução, seria definitivamente a separação. O homem é um desajustado e não tem como
inverter aquela situação. A Dalva, há muito tempo que havia deixado de ser sua
esposa para simplesmente ser um saco de pancadas.
As pessoas do
lugar que presenciavam aquela infeliz vida da Dalva filha do João Marinho,
diziam em boca miúda:
- Coitada
daquela moça! Foi tão bem criada, uma pessoa tão boa, ter que viver uma vida
tão infeliz!
João Marinho,
sua esposa e irmãos perderam o sossego por completo. A Dalva estava diante de
um satanás. As irmãs lamentavam a pouca sorte da mana, e os irmãos começaram
sentir ódio do cunhado maldito. Todos parentes da Dalva estavam angustiados, e
sofrendo com o pouco censo de um homem totalmente desajustado e desequilibrado
mentalmente.
Não se preocupe. Continuarei
amanhã esta historinha!
A Morte do sargento Deluz - Parte I
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