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sexta-feira, 15 de julho de 2016

VAMOS!...

Por Clerisvaldo B. Chagas, 15 de julho de 2016 - Crônica 1.548

Acertando o número embaralhado das crônicas, vamos deixando a capital rumo ao Sertão. O dia em Maceió amanheceu frio e chuvoso lembrando aquele cheirinho de terra molhada das fazendas sertanejas. O bem-te-vi urbano saudou a manhã e a nossa partida a Santana do Ipanema.

PESQUISADORA GIRLENE M ONTEIRO E PROCÓPIO. Foto (Clerisvaldo).

Infelizmente, a mania concentradora do homem virou cultura. Tudo tem que ser em Maceió. Documentação, saúde, comunicações, encaminhamentos gerais. Cumpridas algumas etapas, conversamos também com o senhor Procópio, inúmeras vezes presidente da AVTA – Associação de Violeiros e Trovadores de Alagoas – no Museu Palácio Floriano Peixoto. Vamos arrebanhando e tangendo os ventos culturais pelos caminhos que se descortinam. Mesmo assim estamos conduzindo ideias para mais uma fundação idealista e prática no Sertão.

A festa da Padroeira Senhora Santana, vai iniciar, comadre! Bafejada pelo inverno vacilante e os ventos mais frios do mês de julho, a cidade externa a alegria do encontro divino. Aí sim, vamos ver e escutar outros bem-te-vis que representam as caatingas, os serrotes, os rios intermitentes, os balanços de quipás, facheiros e mandacarus. É tempo de ouvir zumbidos de abelhas, concentração de nuvens e beber o orvalho nas folhas novas da laranjeira.


Agora vamos para outra etapa. Para as planuras de Canapi, os vales de Mata Grande, o São Francisco de Piranhas e as palmeiras ouricuri de Delmiro Gouveia. Vamos para o lajeado de Ouro Branco, ao bicho preguiça de Maravilha e ao sol escaldante de Pão de Açúcar. O sertão inteiro nos aguarda para a última inspeção da “Repensando a Geografia de Alagoas”. À disposição: automóveis, motocicletas, vans, cavalos e pernas. Longas pernas compridas para as trilhas escondidas da caatinga. Vamos!...


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NA RUA DAS PRETAS

*Rangel Alves da Costa

O tempo parece não passar em diversos contextos e situações. Quando muito, apenas uns poucos hábitos e costumes vão sendo enterrados com as gerações que se vão. Dependendo da força do povo, de seu enraizamento e de sua manifesta vontade de permanência, é como se o passado continuasse tão vivo como nos tempos mais antigos.

Assim ainda se avista na Rua das Pretas, uma moradia de descendentes de escravos em meio ao mundo novo, ao urbanismo moderno. Descendentes, de distantes raízes, mas se considerando ainda como aqueles primeiros que vieram de longe para o sofrimento servil. Sem o tronco, a senzala antiga, o açoite, a dor na pele lanhada, o sofrimento se alastrando em tudo, mas ainda a vida escrava pelas misérias, carências e necessidades.

Alguns até chamavam a rua esquecida e mal alinhada de Senzalinha. Outros iam além, denominando-a de Rua do Tronco ou do Couro Cru. Mas é apenas a Rua das Pretas, assim conhecida pelas negras velhas, as mães-pretas, que noutros idos recebiam filhos e filhas de santo, convidados e curiosos para a batida dos tambores e dos mistérios africanos. Santos negros, divindades do além-mar, entidades trazidas das crenças e dos cultos negros e ali guiando a vida de tantos.

Na Rua das Pretas chegava a madama endinheirada para os feitiços, as mandingas, as proteções. Procurava esconder as traições, os adultérios, as safadezas tantas. Também para acorrentar moço novo ao seu coração carcomido. Uma pagava quanto fosse preciso para que o amante ficasse invisível aos olhos do esposo corneado. E a preta dizia: O guerreiro diz que sua situação é fácil de ser resolvida. Ao invés de usar a própria cama do casal para os encontros raparigueiros, que vá chafurdar nos escondidos. E assim seu marido será o último a saber.


Ali chegavam candidatos, políticos, autoridades importantes e até governantes. Todos em busca de auxílio dos deuses negros e de proteção. Mas o que mais queriam saber era sobre seus destinos políticos e eleitorais: E a preta dizia: Joguei mucunã, concha de mar, pedra d’água e porção de vento, e tudo diz que tudo está em suas mãos, que depende somente de você. Cumpra ao menos uma promessa, pague ao menos uma dívida, aja com seriedade e honestidade ao menos uma vez na vida. Ninguém tem tudo o que quer sem fazer sua parte na vida. A continuar assim, enganando a tudo e a todos, a água da bacia não mostra outra coisa senão o esquecimento.

Por isso mesmo que a maioria das pessoas saía de lá entristecida ou chorando. Lá chegava na esperança que a preta-velha floreasse sua esperança e dissesse tudo aquilo que desejava ouvir. Mas a negra não mentia, não traía seus conhecimentos antigos. Falava pela voz dos caboclos, dos orixás, das entidades e deuses negros e, por isso mesmo, apenas o que permitiam que falasse. A não ser que a própria pessoa quisesse ser enganada e entendesse de uma forma aquilo que era dito de outra.

Hoje não há mais mãe-de-santo, preta-velha ou mãe-negra na Rua das Pretas. Seus filhos e filhas são apenas filhos do mundo, de uma vida dura e sacrificante. Ali impera a pobreza, a carência, o esquecimento das autoridades, a desvalia da vida. Pelos vastos quintais ainda existentes, apenas algumas plantas utilizadas antigamente nos afazeres misteriosos. Uma galinha cisca num canto, um cachorro adormece num canto, enquanto a mão negra enxagua a roupa para estender no varal. Canta uma canção antiga, triste, como num banzo dolente de um povo ainda saudoso de felicidade.

As portas e janelas se abrem e as amigas se dão bom dia. Uma varre a calçada, a outra reclama da imundície da rua. Um cheiro forte de café se espalha pelo ar, também o cheiro forte de toucinho assando na brasa. Lá dentro, pelos quintais, uma velha mão ainda bate milho no pilão. Um fogo de chão é aceso, uma vasilha d’água começa a ferver. O menino grita pedindo pão. Ainda não tem, e nem sei se hoje vai ter, uma voz responde. Um choro de criança irrompe no ar, as contas de um velho rosário passam rapidamente nos dedos. Há a fé católica, mas os deuses negros ainda não foram esquecidos.

E dizem que há uma igreja dos deuses negros em cada quintal. Nos fundos das casas os santuários, os ídolos, as crenças, a fé de um povo, não em imagens, mas em cada folha de hortelã, de malva, de boldo, de qualquer planta ali nascida e presente de geração a geração. Estas as entidades e os cultos de agora na Rua das Pretas.

Escritor
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O PAGADOR DE PROMESSAS E O MOVIMENTO POPULAR EM MONTE SANTO

 Por José Gonçalves

Em 1987, foi gravada na Bahia a minissérie da rede Globo,“O pagador de promessas”. Escrita por Dias Gomes e dirigida por Tizuka Yamasaki, a obra foi rodada em duas fases: primeiro em Monte Santo, depois em Salvador. A peça já havia sido filmada nos anos sessenta (1962), quando ganhou a Palma de Ouro, no Festival de Cannes, na França, uma das mais prestigiadas premiações do cinema mundial.

A trama, protagonizada por modestos trabalhadores rurais, inicia no interior da Bahia e termina na capital do estado, onde finalmente ocorre seu desfecho. O pano de fundo é o da religiosidade popular, que permeia do início ao fim o comportamento dos personagens. O personagem principal, Zé do Burro, faz uma promessa à Santa Bárbara, a fim de que Nicolau, seu burro de estimação, seja curado de um grave ferimento provocado durante uma tempestade. Graça alcançada, lá se vai o devotado lavrador cumprir sua longa e amarga penitência.
  

Portando enorme e pesada cruz, e acompanhado de sua fiel companheira, Rosa, “o pagador de promessas” sai do seu pequeno torrão e segue em direção a Salvador, à procura da igreja de Santa Bárbara, santa esta cujo correspondente no Candomblé é Yansã, a deusa das tempestades. Chegando ao local da promessa, depara-se o personagem com um cenário completamente hostil à sua presença; longe do seu ambiente familiar, como se fora um corpo estranho em meio à vasta multidão, torna-se logo vítima da curiosidade pública, da perseguição policial e, por último, da intransigência da igreja. Há também, por outro lado, aqueles que o veem ora como um líder revolucionário – na defesa da reforma agrária – ora como um defensor fervoroso da causa do Candomblé.

Acusado da prática de sincretismo religioso, Zé (como Rosa prefere chamá-lo), é impedido de adentrar o interior do templo, o que o deixa por demais enfurecido. Num ímpeto de indignação, tenta em vão arrebentar as portas, e é contido pela polícia com quem trava violento confronto. Acuado de todos os lados, mas irredutível no seu propósito, é assassinado nas escadarias da igreja, sob o olhar espantado de populares e seguidores das religiões afrodescendentes. Morre sem conseguir cumprir a promessa que fizera à santa do milagre.


Para a gravação da minissérie da Globo, novos elementos foram acrescentados ao texto original, de modo a adequá-lo ao contexto sertanejo. O autor, velho conhecedor dos conflitos sociais, já tendo tratado do assunto em obras como “Roque Santeiro” e “O Bem-Amado”, foi buscar no sertão da Bahia, em Monte Santo, os elementos de que precisava para recompor seu apreciável drama.

Inspira-se ele na experiência de luta social levada a cabo pelo padre Enoque Oliveira, chegado a Monte Santo em 1981. Luta social que consistiu em amplo e vigoroso trabalho de articulação popular, incluindo desde trabalhadores rurais até jovens, crianças e mulheres. O contexto era o dos movimentos populares, destacando-se as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), a luta pela terra, a reconquista de sindicatos livres, a redemocratização do país. Movimentos populares que, no caso específico de Monte Santo, despertaram a ira das forças reacionárias, fazendo desencadear violenta onda de perseguição contra as atividades da igreja, tendo como alvo principal a figura do sacerdote, que acabaria preso em 1985.


É a reforma agrária um dos temas centrais da edição global de “O pagador de promessas”; tema, aliás, muito em voga no momento em que se deu a gravação da peça, já que eleito como uma das prioridades do governo do então presidente José Sarney. Pela primeira vez, depois do golpe de 64, o assunto entrava na agenda oficial, ganhando até um ministério – o ministério da Reforma Agrária. A questão, todavia, não passava da pura retórica, sendo a realidade do campo completamente diferente daquela apregoada pelos propagandistas da “nova república”. Nos rincões do Brasil o que se viam eram os conflitos de terra, que acabavam, não raro, em mortes e derramamento de sangue.

Assim, mesclando ficção e realidade, a minissérie destaca a luta pela terra, caracterizada por conflitos constantes entre posseiros e proprietários rurais. Padre Eloy (Osmar Prado) é o líder religioso, comprometido com a causa dos injustiçados e a principal referência no tocante à luta pela posse da terra. Sua prédica, sedimentada na realidade social que o cerca, tem como foco principal a libertação dos pobres e oprimidos.

https://zinebrasil.wordpress.com/2009/05/15/p-de-promessas-hq/

Durante uma reunião com lavradores na casa paroquial, ele denuncia o sistema opressor que nega o direito à terra e à vida: “o que eu procuro é dar a vocês consciência dos seus direitos. E é por isso que eles querem tapar a minha boca. Mas não adianta. Porque se entre 10 crianças que eu batizo oito morrem de fome antes de completar um ano de idade, a gente tem que denunciar. E se essas duas que ficam não vão ter escola pra estudar, nem um pedaço de terra pra trabalhar, a gente tem que denunciar. A terra é um bem de Deus e a vida é um bem de Deus. Todo homem tem direito a um pedaço de terra e a uma vida decente”.

Em estreita sintonia com a memória regional, busca Eloy inspiração noutro líder popular, Antônio Conselheiro, o fundador do arraial santo de Canudos. Em sermão na igreja matriz, durante os festejos de Todos os Santos, enquanto é insultado pelos representantes do poder local, ele evoca a figura do beato cearense: “há quase cem anos, bem perto daqui, em Canudos, um homem chamado Antônio Conselheiro e seus seguidores ocuparam terras que passaram a cultivar dividindo a colheita entre si. O movimento comunitário de Canudos provocou a ira dos senhores de terra que conseguiram mobilizar a polícia e o exército para destruir a comunidade. Canudos virou cinzas, degolaram até o último sobrevivente. Mas como disse o grande Euclides da Cunha, ‘Canudos não se rendeu’. É neste exemplo que nós temos que nos inspirar”.

Em torno de padre Eloy atuam lideranças camponesas, como Romualdo (Arildo Deda), Lula (Diogo Vilela) e Zé do Burro (José Mayer), que depois partirá para Salvador, carregando sua pesada cruz. São eles os responsáveis por soprar o “vento da meia-noite”, o fantasma aterrador que tanto irrita o fazendeiro Sebastião Gadelha (Carlos Eduardo Dolabela), dono das terras que há em toda aquela redondeza. A ação consiste na derrubada das cercas e na ocupação das terras por parte dos camponeses. Das mesmas terras que um dia pertenceram a eles (camponeses) e aos seus familiares e que agora se encontram em poder do truculento latifundiário.
  

O conflito se estabelece e, mesmo diante das ameaças do grileiro, os posseiros não desistem da luta. A questão atinge seu ponto crítico no momento em que se dá o assassinato de padre Eloy, a mando do poderoso Sebastião Gadelha.

A figuração foi composta por moradores da localidade e reuniu pessoas dos mais diferentes segmentos sociais, como romeiros, feirantes, artistas, trabalhadores rurais, lideranças comunitárias, dentre outros.

Projetada em 12 capítulos, a produção, que foi exibida no ano seguinte, acabaria vítima do golpe da censura (da própria Globo), sendo reduzida a oito capítulos. As abordagens mais contundentes acerca da reforma agrária e dos conflitos políticos não foram até hoje ao ar, limitando-se a emissora em dispor tais conteúdos em sistemas de mídia de leitura digital.

“O pagador de promessas” é, sem dúvida, um marco da teledramaturgia brasileira. Com a inteligência e maestria dos seus idealizadores, a fita articula de maneira cativante os mais diferentes elementos do cotidiano brasileiro (em especial do universo sertanejo), que vão desde os conflitos sociais, até as manifestações de fé expressas por meio da religiosidade popular.

José Gonçalves; Poeta e cronista
jotagoncalves_66@yahoo.com.br

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GENTE DAS RUAS DE POMBAL DÉCADA DE 1970

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

1. Um padre com cara de Pirarucu.
2. Foi Cobra do primeiro ao quinto
3. O anotador de bicho que prendeu o Tenente

Diasa (Otacílio de Sousa) pai do Zé Hilto Trajano, Otacilio e Socorro

Diasa empregado da prefeitura como vigilante da Praça do Pirarucu (Praça Monsenhor Valeriano), anotador de “Jogo Bicho” e musico.

Ele foi o responsável pela troca dos Fícus Benjamim pelas Algarobas, que ainda hoje sombream a Praça Getulio Vargas

Lembro que do final da década de 1960 para início da de 1970, Diasa passava de casa em casa, na Rua de Baixo, anotando o jogo, muitas das vezes fiado para não perder a freguesia. Só em Pombal da década de 1970, era possível apostar no jogo do bicho para pagar depois da corrida, e a confiança era tanta que, mesmo não sendo ganhador, o cliente pagava o a aposta perdida. 


Outra lembrança que eu tenho de Diasa, nessa época eu tinha entre nove e 11 anos, era ele no pé de rádio anotando o resultado do bicho. Até hoje eu não entendi aquele códigos tipo: “A” de Antonio, “N” de Nadir, “P” de Paulo “L” de Luiz e “M” de Maria, e no final Diasa fazia umas cálculo e gritava pra dona Valmira de seu Zé Compressor, outra anotadora de bicho:

“deu Cobra de novo e do primeiro ao quinto, Valmira”

No momento que Diasa gritou o bicho para dona Valmira, passava por trás dele, Dona Maloura, que era a parteira e mais abusada que se tinha noticias, e não era de “levar desaforos” para casa. Certa que Diasa estava soltando pilherias com ela, deu-lhe uma bela de uma esculhambação.

Certa vez, acho que em 1969, chegou a Pombal, vindo de Catolé do Rocha, um Tenente de nome Milton, com a incumbência de botar ordem em de Pombal, que andava meio atrapalhada a coisa na cidade.

A tropa de onze homens comandada pelo Tenente Milton desfilava pelas ruas da cidade com seus colts e cartucheiras na cintura, no melhor estilo velho oeste, como forma de intimidar os desavisados. 


Naquela época o Grande Hotel estava sob a administração de Zé Preto, e era o local de encontro dos que gostavam de tomar uma cerveja gelada para depois descer para o banho no rio antes do almoço.

Entre os frequentadores do Grande Hotel estavam os advogados Dr Plínio, Dr. Antonio Queiroga, seu Joguinha, seu Zé Pretinho, seu Zé Avelino do Cartório, Dr Newton, promotor da cidade e o Juiz, Dr João Aquino.

Diasa aproveitava a ocasião para anotar as apostas do bicho com os frequentadores. O Grande Hotel a época tinha duas portas frontais e duas pequena nas laterais.

Eis que o Tenente Milton chega com seus onze homens, cheio da autoridade que achava que tinha, manda baixar todas as portas do Grande Hotel, inundando o ambiente de total escuridão. Diasa, que fazia de costa anotava um jogo e não percebeu a o ocorrido, e grita de lá:

- Quem foi o corno que apagou as luzes?

De imediato o Tenente Milton dá ordem de prisão a Diasa e manda que o recolha a delegacia.

Nisso o Juiz Dr. João Aquino toma a frente e gruta de lá:

- Preso ta você, seu cabra safado!

O Tenente Milton revida:

- Leve esse também. Ora, quem você pensa que é?

Dr. Newton, promotor grita de Lá. 

- Ele num é ninguém, não Tenente. É só o juiz da cidade. E se acha pouco eu sou o promotor e se ainda não deu pro senhor, deixe que eu apresente os outros: aqueles três são os donos do cartório, os três ali a frente são advogados. E quem vai se recolher a delegacia é o senhor, e só saia de lá quando receber minhas ordens.

No dia seguinte o Tenente Milton deixou a cidades, e nunca mais foi visto nas redondezas.

O prefeito Dr. Azuil construiu a praça por trás da Igreja Matriz e a batizou como o nome de Praça Monsenhor Valeriano, mas, colocou lá uma enorme piscina e dentro um peixe pirarucu, de forma que a Praça passou a ser chamada simplesmente de Praça do Pirarucu.

Insatisfeito com esse batismo popular, prefeito Dr. Azuil Arruda, convocou Diasa, o guarda da Praça para informá-lo que estava arrependido de ter colocado os peixes na referida praça, isso porque o povo da cidade passou a chamar aquele logradouro de Praça do Pirarucu o que era uma ofensa ao homenageado que era Monsenhor Valeriano, tio da sua esposa, homem muito importante e culto, e o povo desrespeitava a sua nobre iniciativa.

Diasa que era apreciador de pinga e àquelas horas já tinha toadas as de direito, ouviu aquilo calado, porém, depois fez o seguinte comentário:

- O povo está certo, prefeito: se o senhor olhar direito Padre Monsenhor Valeriano está tão velhinho que mais parecia um pirarucu mesmo. 

O Prefeito saiu rindo do ambiente e não voltou mais a reclamar do nome que o povo escolheu para a praça.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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DULCE CANGACEIRA E O CINEASTA BRUNO AZEVEDO

Por Geraldo Júnior

Na fotografia da esquerda para a direita está o meu amigo Bruno Azevedo (Diretor/Cineasta), Dulce Menezes dos Santos a última integrante do bando de Lampião ainda viva e o ator Paulo Goulart Filho que interpretará o Rei do Cangaço na Trilogia de filmes sobre a saga de Virgulino Ferreira da Silva “Lampião” que em breve terá sua produção iniciada.

A história do cangaço é contagiante e quem a conhece logo se interessa em se aprofundar no conhecimento. Uma história envolvente onde cada personagem tem a sua própria história e que infelizmente todo esse potencial é muito pouco explorado. Lembrando que é cogitado que apenas pelo Bando de Lampião durante os vinte anos de cangaço, tenha passado aproximadamente 1.000 (Homens) Cangaceiros e desse total pelo menos uns duzentos tem suas vidas dignas para a elaboração de filmes, embora muitos desses não tiveram suas biografias totalmente resgatadas e suas vidas e aventuras se perderam com o passar dos anos.

E por reconhecer o potencial da história cangaceira e em especial do seu representante maior, foi que o Diretor Bruno Azevedo e o Ator Paulo Goulart Filho resolveram adiar um projeto que tinham em mente que traria a biografia de uma importante personalidade brasileira para se dedicarem no projeto cinematográfico sobre a vida do maior de todos os cangaceiros, Lampião.

Serão produzidos três filmes (Trilogia), uma mega-produção, sobre as histórias de Lampião e a saga cangaceira.

Há muito tempo que o cinema e a televisão brasileira estão devendo ao grande público uma produção digna, tanto para a grandeza histórica do personagem, quanto para o grande público que pesquisa, estuda e se interessa em conhecer a história do cangaço e do personagem Lampião.
Vamos aguardar.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo O Cangaço)

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MOSSORÓ, 27 DE MAIO DE 2015 CONTERRÂNEOS AMIGOS, SAUDAÇÕES SERTANEJAS! (1)

Por José Romero Araújo Cardoso (2)

Venho recordar-lhes um grande herói das veredas da terra do sol, um personagem ímpar da nossa história que marcou indelevelmente nosso imaginário, pois cantou e decantou com invulgar perfeição o estilo de vida, a natureza e as coisas mais belas que podem existir na face da terra.
          
Encourado, vestia-se como um rei, pois na verdade ele o era, sua coroa era inigualável, feita da mais pura e autêntica matéria-prima que, sem sombras de dúvidas, assinala a autenticidade de uma cultura forjada sob a égide dos cascos das boiadas que outrora palmilharam céleres pelas trilhas tortuosas dos adustos rincões sertanejos.
         
O gibão que ostentava servia para enfatizar a essência de um povo forte que não mede distância em se aventurar pelos perigos das caatingas bravias, buscando no mato cerrado o gado que se perdia e nem mais atendia ao aboio cadenciado do vaqueiro, um dos inspiradores desse grande rei.
          
A estética armorial incorporada pelo nosso grande rei fê-lo original em todos os sentidos, pois com tenacidade agregou valores ao nosso processo de afirmação, imortalizando variedade impressionante de temas que enriqueceram formidavelmente a nação sertaneja em todos os sentidos.
          
Digo-lhes sem titubear que amo nosso grande rei encourado por que foi na superação de provações e obstáculos que colocou em panteão dos mais altos nosso povo e nossa terra, não faltando-lhe humildade para se declarar um devoto apaixonado das coisas ligadas à terra que tanto amou.
          
Nosso rei tinha a pele crestada de sol, muitas vezes vítima de preconceitos, pois era o registro biológico da miscigenação de três raças impávidas que não hesitaram em formar uma civilização singularíssima que se firma bravamente diante dos desafios da contemporaneidade, muito devido ao legado de sua suprema e divina arte.
          
Esse rei elegeu o acordeon, a nossa sanfona, como instrumento musical por excelência da ruralidade que marca a essência da sertanejidade que deve estar presente em nossas veias, em nossas mentes e corações, pois devemos defendê-la com todo ardor, tendo em vista que se trata do retrato de nossas vidas e das memórias dos nossos antepassados.
          
Harmonia e melodia de suas canções fazem despertar a identidade de um povo que luta bravamente e nunca esquece o torrão natal, por mais distante que esteja, por mais longe que possamos estar sempre há espaço para recordações quando seus imortais registros musicais ecoam pelas quebradas estranhas.
          
Esse rei, adornado em tradições imorredouras, fez vibrar de emoção o mais belo pedaço de chão que Deus em Sua Divina Providência criou para alegria daqueles que sabem valorizar um processo de construção coletiva marcado pela firmeza de conduta.
          
Samarica Parteira, Assum Preto, Asa Branca, Xanduzinha, Riacho do Navio, Mossoró, pois Lampião não era besta, não, vozes da seca, enfim, uma infinidade de assuntos dialogados e tratados pelo grande rei encourado das caatingas do sertão devem servir de exemplo às gerações presentes e vindouras a fim de valorizar a terra mãe, esse pedaço de chão cheio de percalços e desafios, mas que oferece vantagens incomparáveis àqueles que o ama.
          
Termino aqui esta carta recomendando que mirem-se no exemplo de telurismo que o grande rei deixou-nos enquanto signo maior de um tributo exemplar às raízes sertanejas.

(1)    Concorrente ao I Prêmio A CARTA, ano de 2015, promovido pelo Grupo União São Francisco – Parque Cultural O Rei do Baião – São João do Rio do Peixe - Paraíba.
Não obteve classificação entre os três primeiros colocados.

(2)   José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor. Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial e em Organização de Arquivos. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Sócio da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP).

Enviado pelo autor...

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PRECONCEITO

 Por José Bezerra Lima Irmão

Querido amigo Manoel Severo Barbosa, diletos companheiros do Cariri Cangaço. Li recentemente uma mensagem do companheiro Marcos Damasceno, em que ele assinala um preconceito que foi inoculado em nossas mentes desde a época da colonização. “Durante séculos, a maioria do povo, sem saber ou sabendo, tem vergonha de sua origem (de vaqueiro, de índio, de sertanejo)”. 

As considerações feitas pelo eminente Marcos Damasceno são simplesmente magistrais. Temos de fato esse cacoete de, sem saber ou sabendo, nos envergonharmos de nossas origens, quando elas não são douradas. Nos esboços genealógicos, ninguém destaca ser descendente de índio, negro, vaqueiro – o que todo mundo destaca é seus vínculos com figuras ilustres ou potentados. 

Como Damasceno registra com toda propriedade, adota-se desse modo a visão do colonizador, que depois se tornou o coronel, o chefe político. Quando negamos ou omitimos nossa origem, perdemos nossa identidade, abandonamos nossa cultura, perdemos nossa identidade. O Cariri Cangaço é um movimento cultural que mergulha fundo em busca do resgate de aspectos da verdadeira alma nordestina. O estudo do cangaço não visa a endeusar ou condenar bandidos. O cangaço foi um fenômeno social que merece ser estudado com respeito. Precisamos fazer isso antes que seja tarde. As fontes primárias estão desaparecendo. Um abraço a todos. Nos veremos em Piranhas.

José Bezerra Lima Irmão
Pesquisador e Escritor, Salvador BA

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DESPEDIDA DE CONSELHEIRO

 Por Múcio Procópio
Camilo Lemos e Múcio Procópio

"Quando amanhã vieres me encontrarão inerte, aconselho a todos os meus amigos, vão fugindo, para vocês ainda é cedo, aceitem o conselho que vos dou, levem com vocês o meu bom Antônio Beatinho, desapareço deste mundo com alegria no coração, sei também que para meus amigos não haverá salvação, o fim da guerra é um ato perigoso, o Oscar não vos perdoará, fujam o quanto antes, errante o meu povo, digo, o resto do meu povo, que se da guerra escapar não encontrará tão cedo, nem ao menos um lugar para repousar. Canudos ficará aniquilado e alguém que um dia aqui passar não terá lugar para um descanso".

A principal fonte sobre a despedida (acima) está no livro ANTÔNIO CONSELHEIRO E CANUDOS, de Ataliba Nogueira, Editora Atlas, Páginas 195/7, nos capítulos 624 a 628. Existem várias versões, mas a original é a do Ataliba pois foram extraídas dos escritos do Conselheiro, conforme cópias, escritas do próprio punho. Uma beleza pode ver. Esta publicada aqui eu ganhei de um aluno que gosta do tema e me presenteou. Está um pouco modificada e fica a dúvida quando ele, já doente, falava da necessidade de saírem, conforme o testemunho de vários sobreviventes entre eles Antônio e Honório Vilanova, dos últimos a debandar. Vejamos o Conselheiro falece dia 22.09.1897. e o cerco total se completa no dia 24.09.1987. Se todas as informações forem verdadeiras, eles saíram na última noite antes do cerco. Mas, o que todos falaram coincide com os escritos da carta pois, ele pedia que eles fugissem para poder contar a história do Belo Monte e se todos ficassem jamais se saberia o que ali tinha ocorrido. E se não saíssem o Oscar mataria todos, como realmente aconteceu com os que resistiram e os quatro últimos entraram na história descrita por Euclides da Cunha em Os Sertões. II - No livro Universos em confronto Canudos X Bello Monte, de Sérgio Guerra Ed. UNEB - 2000, Pag. 178/179, consta a despedida original. III - Livro Memorial de Vilanova Memorial de Vilanova - Nertan Macedo - Edição RENES/PRÓ MEMÓRIA INL - 1983 - RIO - RJ- PAG. 63/4 .

Múcio Procópio
Pesquisador, Conselheiro Cariri Cangaço
Natal RN

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MOSAICO BAIANO VISITA O MUSEU CASA DE MARIA BONITA EM PAULO AFONSO NA BAHIA

https://www.youtube.com/watch?v=HiRSrtvTST4&feature=share

MOSAICO BAIANO VISITA O MUSEU CASA DE MARIA BONITA EM PAULO AFONSO NA BAHIA

Publicado em 29 de jan de 2015
A casa onde nasceu Maria Gomes de Oliveira, a cangaceira MARIA BONITA, a rainha do cangaço, está situada no Povoado Malhada da Caiçara, zona rural do município, há 38 km do centro de Paulo Afonso/BA, guardando a mesma linha arquitetônica (casa de reboco). Lá funciona o "MUSEU CASA DE MARIA BONITA", aberto à visitação pública. O atrativo faz parte do Roteiro Cânion e Cangaço.
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ZÉ DE NENÊ

Por Noádia Costa

Seu nome verdadeiro era José Miguel de Paiva e popularmente era conhecido como Zé de Nenê. Exercia a profissão de sapateiro. Também gostava de levar uma vida boêmia e algumas pessoas que o conheceram diziam que o mesmo dançava muito bem. 


Foi o primeiro marido de Maria Bonita. Após o fim do relacionamento casou -se ainda duas vezes. Faleceu em Setembro de 1991 na cidade Paulista de Nova Andradina.

Fonte de pesquisa: A trajetória guerreira de Maria Bonita
Foto: Acervo Antônio Amaury

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