Por José Bezerra Lima Irmão
Querido amigo
Manoel Severo Barbosa, diletos companheiros do Cariri Cangaço. Li recentemente
uma mensagem do companheiro Marcos Damasceno, em que ele assinala um
preconceito que foi inoculado em nossas mentes desde a época da colonização.
“Durante séculos, a maioria do povo, sem saber ou sabendo, tem vergonha de sua
origem (de vaqueiro, de índio, de sertanejo)”.
As
considerações feitas pelo eminente Marcos Damasceno são simplesmente
magistrais. Temos de fato esse cacoete de, sem saber ou sabendo, nos envergonharmos
de nossas origens, quando elas não são douradas. Nos esboços genealógicos,
ninguém destaca ser descendente de índio, negro, vaqueiro – o que todo mundo
destaca é seus vínculos com figuras ilustres ou potentados.
Como Damasceno
registra com toda propriedade, adota-se desse modo a visão do colonizador, que
depois se tornou o coronel, o chefe político. Quando negamos ou omitimos nossa
origem, perdemos nossa identidade, abandonamos nossa cultura, perdemos nossa
identidade. O Cariri Cangaço é um movimento cultural que mergulha fundo em
busca do resgate de aspectos da verdadeira alma nordestina. O estudo do cangaço
não visa a endeusar ou condenar bandidos. O cangaço foi um fenômeno social que
merece ser estudado com respeito. Precisamos fazer isso antes que seja tarde.
As fontes primárias estão desaparecendo. Um abraço a todos. Nos veremos em
Piranhas.
José Bezerra
Lima Irmão
Pesquisador e
Escritor, Salvador BA
http://cariricangaco.blogspot.com.br
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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