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sábado, 18 de outubro de 2014

FAMILIARES NARRAM A IMPRENSA SOBRE A MARIA DO CAPITÃO LAMPIÃO.

Por: Rostand Medeiros (Blog TOK de HISTÓRIA)

A NARRATIVA DE ZÉ FELIPE (PAI DE MARIA BONITA)

Sobre esta mulher sabemos que se chamava Maria Gomes de Oliveira, que nasceu no dia 8 de março de 1911, na fazenda Malhada do Caiçara, no Estado da Bahia e seus familiares chamavam-na de Maria Déia. Já seus pais eram os fazendeiros Maria Joaquina da Conceição e José Gomes de Oliveira.

Muito já foi escrito, muito já foi analisado e muito já foi comentado sobre ela. Mas não custa nada trazer para o público do nosso blog “Tok de História” duas antigas reportagens jornalísticas realizadas com familiares da famosa cangaceira.

Vinte anos após a morte de Lampião e Maria Bonita na Grota do Angico, o repórter A. C. Rangel e o fotógrafo Rubens Boccia seguiram para o sertão a serviço do periódico carioca “O Jornal”.

Este era autodenominado o “órgão líder dos Diários Associados”, sendo o primeiro veículo jornalístico adquirido pelo poderoso Assis Chateaubriand e se tornou o embrião do que viria a ser a empresa jornalística Diários Associados. O objetivo dois profissionais da imprensa era realizar uma entrevista com o pai de Maria Bonita, José Gomes de Oliveira, mais conhecido como Zé Felipe.

Os pais de Maria Bonita

O pai de Maria Bonita nada narrou sobre a esterilidade do sapateiro e nem sobre o primeiro marido da sua filha, mas comentou que ficou arruinado com a união de Maria e o “Rei do Cangaço”. Ele afirmou ao jornalista que em consequência daquela união passou oito anos andando pelo norte do país, verdadeiramente como um “cão escorraçado e sem sossego”.

Zé Felipe comentou que após Maria decidir seguir os passos de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, nas poucas vezes que pode estar frente a frente com a sua filha, buscou convencê-la a deixar aquela vida. Atitude bastante razoável para um pai diante daquela situação. Comentou que Lampião vivia como um “alucinado” e que não parava em parte alguma. Mas como bem sabemos, ele não conseguiu convencer a filha.

Grande parte da entrevista procura mostrar Maria Bonita como uma mulher muito valente, até mesmo violenta, que encarava Lampião sem medo.

O jornalista Rangel informa que Zé Felipe lhe narrou que em uma ocasião em meio a uma caminhada forte, com a polícia seguindo nos calcanhares, Maria Bonita foi ficando cada vez mais para trás, pois trazia embalada uma criança sua, com pouco tempo de nascida. Sem explicar como, a reportagem informa que a cangaceira com seu filhinho pegou um cavalo e conseguiu chegar próximo ao bando. Como a criança chorava muito, Lampião se exasperou e, para evitar que o bando fosse encontrado pela polícia, quis “sangrar” com um punhal seu próprio filho. Mas Maria saltou de punhal na mão e encarou o chefe cangaceiro frente a frente e este desistiu de sua ação. Noutra ocasião Zé Felipe narrou ao jornalista Rangel que Maria tinha ficado raivosa com o companheiro e chegou a quebrar-lhe uma cabaça d’água na cabeça. [2]
Em outra parte da narrativa, o velho Zé Felipe narrou uma desobediência de sua filha perante Lampião.

Sem dizer a data, afirmou que em uma ocasião o bando chegou a um lugar denominado Girau do Ponciano após haver praticado saques. Por alguma razão que Zé Felipe não detalhou, Maria passou a pegar várias peças de pano, de várias cores, jogando-as para cima e depois pisando no pano. Daí media até o alto da sua cabeça e depois mandava cortar aquele pedaço e entregava aos mais pobres do lugarejo dizendo:

 “- Quem tá noiva prá casar ganha uma peça”. 

O pai da cangaceira afirmou que apenas ela podia fazer aquele tipo de coisa e que Lampião estava zangado com ela na ocasião por alguma “Ruga” (Rusga), mas não comentou a razão.

Zé Felipe aos periodistas comentou que até aquela data não conseguia compreender o desejo irascível de Maria seguir atrás de Lampião. Mas quem pode explicar as razões do amor?

É sempre interessante ler antigas reportagens ligadas aos participantes do cangaço, com informações transmitidas por seus próprios parentes, por aqueles que conviveram com a figura pesquisada debaixo do mesmo teto. Mas interessante ainda é quando estas opiniões foram relatadas a jornalistas anos depois do fim do cangaço, quando muito da apreensão de se falar sobre os personagens deste assunto havia desparecido. Mas esta matéria de 1958 se mostrou bastante limitada, pouco detalhista e tendenciosa ao sensacionalismo. Mostrando uma extrema limitação do jornalista, que a nosso ver perdeu uma grande oportunidade de conhecer mais detalhes da vida da companheira de Lampião através do relato do seu próprio pai.

Fonte principal: 
http://tokdehistoria.com.br 
Rostand Medeiros é historiógrafo e pesquisador do cangaço

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Eco fazenda mundo novo: um paraíso bem próximo a Paulo Afonso


Eco fazenda mundo novo: um paraíso bem próximo a Paulo Afonso  

Distante apenas 48 km de Paulo Afonso, na estrada de Canindé, Sergipe, encontra-se um verdadeiro oásis no sertão. 

O eco fazenda mundo novo conta com toda infraestrutura de pousada, ecoturismo, trilhas do cangaço e uma visão deslumbrante do cânion do Rio São Francisco. 

Fica na rodovia se - 230, km 183

 

Reservas 79-9804-0673 - 9606-0609 

augusto@ecofazendamundonovo.com.br 
www.ecofazendamundonovo.com.br 

Estive lá com  Galdino, Ricardo e Nicolas realizando uma matéria para o Jornal Folha Sertaneja e prometi voltar para curtir as belezas desse paraíso.


João de Sousa Lima é escritor, pesquisador, autor de 09 livros. Membro da Academia de Letras de Paulo Afonso e da SBEC- Sociedade Brasileira de estudos do Cangaço. Telefones para contato: 75-8807-4138 9101-2501 

email: 
joaoarquivo44@bol.com.br 
joao.sousalima@bol.com.br

http://www.joaodesousalima.com/2014/10/eco-fazenda-mundo-novo-um-paraiso-bem.html

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O CANGACEIRO BEIJA-FLOR


Assim como Dadá, este ex-cangaceiro sentia falta do tempo das caatingas. 

Fonte: facebook
Página: Corisco Dadá

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SALVO POR CAUSA DE UM “ XAROPE"...!


O cangaceiro LABAREDA, em matéria publicada pelo jornal O GLOBO, edição de 7-2-1969, informou que escapou ao cerco de ANGICO, em que morreram Lampião e mais 10 cangaceiros, porque estava com uma forte gripe, e, pouco antes do combate, foi até a cidade de Jeremoabo-BA, adquirir um XAROPE, o qual lhe salvou a vida.

Confira a matéria, logo abaixo...


Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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ESCRITORA MARIA CRISTINA MACHADO E OS CANGACEIROS.


No final de 1969, a dita escritora, reuniu em SP, vários cangaceiros que não se viam há mais de 30 anos, por ocasião do lançamento de seu livro...


Na matéria, logo abaixo, o velho cangaceiro LABAREDA informa, que tem um filho na Polícia Militar de São Paulo.

Confira a matéria de "O GLOBO".

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta

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O Banditismo no Nordeste

 Por:Donatello Grieco
Ranulfo Prata

RIO, 23 (Da nossa sucursal) – O senhor Ranulfo Prata acaba de publicar um interessantíssimo livro sobre Lampião, que foi editado no Rio por Ariel. Procurado esse ilustre escritor, que já forma em nossa literatura com alguns bons livros de ficção, conseguimos uma entrevista interessante, para os leitores do sul que, em geral, tão pouca coisa conhecem, em linhas nítidas, desse angustioso problema do nordeste brasileiro.

Obtive a documentação do livro, diz-nos o Sr. Ranulfo Prata, na própria região assolada pelo flagelo. Residindo em Santos, fui em dezembro de 31, ao interior de Sergipe onde, na cidade de Anápolis, tenho pessoas de minha família.
Nessas férias, permaneci em Anápolis até março de 1932, procurando sempre entrar em contato com testemunhas pessoais de façanhas do bandido, bem como colher documentação entre as pessoas que me pareceram mais autorizadas a falar sobre o assunto. Colhi, então, os primeiros dados biográficos do facínora.

Este ano, nova viagem foi empreendida por mim àquelas zonas flageladas pelo cangaço. Entrei então, posso dizê-lo com sinceridade, no conhecimento direto dos fatos que mais de perto se relacionam com o banditismo. Viajando de auto de Anápolis a Jeremoabo, quartel general das perseguições e das ações das volantes, passando em Paripiranga, Bom Conselho, Antas e mais regiões sertanejas, vê-se que a gente daquelas vilas não pensa, não fala, não cuida de outra coisa a não ser de Lampião.


Lampião é o problema obsedante; seus atos, todas as suas tropelias sangrentas são discutidos com ânsia febril pelas populações exaltadas. Por isso mesmo que todos falam do mesmo homem. Por lá andando me foi simplíssimo colher dados e narrativa das próprias vítimas, dos soldados, oficiais e mesmo de coiteiros.

Esses “coiteiros” são indivíduos que dão refúgio a Lampião e seus sequazes. Nesta palavra de velho sabor vernacular, está com certeza, o segredo do fracasso de todas as arremetidas contra Lampião. Protegendo o bandido, coagidos por seus ímpetos sanguinários ou então o fazendo por mero desforço pessoal aos policiais truculentos, os coiteiros ocultam todos os detalhes da ação do bandido; e isso dificulta extraordinariamente a captura dos miseráveis bandoleiros.


A ideia do Livro...

- E como surgiu a ideia do livro?

- Vendo o horror que afligia aquelas pobres populações senti-me na obrigação moral de, como intelectual, filho dali e partilhando daquele sofrimento, lançar um clamor e um apelo. Foi o que fiz. As notas que eu próprio tomei, foram depois completadas com as de parentes e amigos, que me merecem a mais absoluta fé. Dos próprios oficiais combatentes recebi relatórios que detalhavam a ação militar.

A amigo dedicado, velho morador de Jeremoabo, e espectador inteligente do drama, devo também muito dos informes. Esse amigo fez uma verdadeira reportagem pelo interior do sertão, falando até com o velho guerrilheiro Pedrão, sobrevivente de Canudos.
  
Em fins de dezembro de 31 presenciei, com os próprios olhos, o quadro que descrevi no capítulo “Êxodo”. Às cidades de Anápolis e Paripiranga, esta última uma vila baiana vizinha, vi chegarem magotes e magotes de gente expulsa dos lares sertanejos. Conversei com agigantados vaqueiros que choravam como crianças por terem deixado tudo ao léu: casa, criações, roças. 
Na minha própria cidade, a principal do Estado, o bandido já tentou várias vezes entrar. Quando lá estive, noites e noites passamos sem dormir, com soldados e homens assalariados dentro de trincheiras, fuzil em punho. Os apontamentos sobre as duas visitas do facínora a Sergipe foram obtidos nas próprias cidades invadidas, de pessoas fidedignas.
  
Minucias do tipo físico de Lampião tive-as do meu amigo e colega Eronides de Carvalho, clínico em Aracaju, que teve o desprazer de hospedá-lo durante uma noite, em uma fazenda dos sertões de Gararu. Muitas das fotografias que estampam o livro de vítimas do bandido, foram obtidas por mim.


A solução do problema...

- E que nos diz a respeito de uma solução a esse problema angustiante do banditismo?

- A solução imediata é a morte ou prisão de Lampião, com a consequente dissolução do bando. 

Posso mesmo expor aqui uma fácil comparação médica: sertão, sofredor da velha moléstia do cangaceirismo, desde longos anos, está agora, numa crise aguda a exigir uma picada de morfina que o alivie de dores cruciantes. Dando-lhe este alívio coem o extermínio de Lampião, ficará ainda a moléstia a merecer terapêutica enérgica que por uma vez, a liquide, voltando o sertão a ser o que deve ser.

Esta solução imediata só uma campanha federal poderá alcançar. Nada mais patente do que a incapacidade dos poderes estaduais, ou melhor, de todo o Nordeste congregado. É uma simples questão de meios: o governo central pode dispor de dinheiro e de força, imprimindo à campanha uma feição séria como exige o problema. Desaparecido Lampião não creio que surja outra figura que adquira a mesma aureola. Apesar dos pesares, de todo o peso das correntes que a política nos amarra aos pés, caminha-se, o sertão progride e já não é meio tão propício ao desenvolvimento do banditismo como há dez ou quinze anos atrás. Os Fords já vasculham tudo aquilo, de Sergipe a Pernambuco, trazendo as consequências civilizadoras fáceis de imaginar.

Concluindo: 

- Com meu livro, termina o Sr. Ranulfo Prata, quis, antes de tudo, fazer obra de repercussão social. 

Não me incomodei unicamente com o amontoamento dos detalhes trágicos da vida do cangaceiro, “Lampião” é um libelo, um livro que envergonha, entristece e humilha, devendo ser visto com sinceridade. É uma chaga que exponho ao sol para ver se é possível curá-la.

DONATELLO GRIECO
Extraído da “Folha da Manhã”, de São Paulo, 
de 28 de janeiro de 1934.

Cortesia de postagem de Antonio Corrêa Sobrinho.

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