Seguidores

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

OS ANOS DE “GLÓRIA” DO CANGAÇO



Nos sertões nordestinos, de época em épocas, as intempéries climáticas castigavam sem dó o pobre sertanejo. O roceiro vivia a sombra de quem possuía terras para daí retirar o seu sustento em modos de ‘meia’ e/ou ‘terça’. Já para os que cuidavam do gado, vaqueiros, tinham, a cada cinco ou mais vacas que pariam o direito a uma cria e parte do leite das mesmas. Para terem esse ‘sustento’ regular se fazia necessário ter ‘inverno’, chuvas para o sertanejo no primeiro semestre de cada ano, numa constante. 


Como o sertão nordestino fica numa área de clima semiárido, as estações climáticas não são sempre bem definidas e de tempos em tempos há uma seca prolongada. Com esse fenômeno natural ativo, os pequenos reservatórios d’água secam, a Mata Branca se despe da folhagem se protegendo, o alimento dos animais escasseia e, o pior, não tinha como plantar para se colher alguma cultura regional.


Nessas etapas de um ciclo entre 50 e 100 anos ou mais, o sertanejo se via ao deus-dará. O patrão lhe põe para fora da propriedade, pois não tem condições dele produzir coisa alguma. Os animais, quando o patrão não vende, começavam a morrerem um após o outro de fome e sede. As primeiras cabeças a caírem sem vida, normalmente, o patrão, o coronel dono da terra e do gado, sempre dizia que aquelas eram as do vaqueiro. Assim a coisa começa a apertar até para ele, o símbolo maior de coragem e desenvoltura do Nordeste. Na continuação da estiagem, os sertanejos viravam peregrinos ambulantes das várias estradas, trilhas e veredas que cortavam a microrregião. Dentro de três ou quatro anos transformavam-se em espantalhos vivos perambulando a espera da morte no aceiro de alguma estrada empoeirada.


Quando os governantes mandavam ajuda em forma de alimentos para essa pobre gente, aqueles que tinham as rédeas do poder regional o guardava em seus armazéns para venderem ou mesmo consumirem ao longo dos anos. Aqueles que tinham alguma condição partiam rumo ao desconhecido em busca da salvação em terras distantes de seu torrão natal. Por outro lado, alguns não querendo ver sua família morrer de fome ou mesmo após ter presenciado a morte de seus familiares, trocavam de ferramenta e passavam a usarem a coronha de alguma arma em vez dos cabos da enxada, do machado ou das foices.


A pesquisadora/historiadora e jornalista Marilourdes Ferraz em seu “O Canto do Acauã”, na sua 4ª edição revista e atualizada em 2012, nos diz a cerca da seca que assolava o sertão: “(...) nos primórdios do século XX, a região sertaneja de Pernambuco permanecia estática no tempo, vivendo seus habitantes quase tão isoladamente como os primeiros colonizadores que ali se estabeleceram. Havia uma luta constante pela sobrevivência nessa região inóspita, abalada por devastadoras secas periódicas (...).”


Foi nessas épocas, época das secas contínuas, ou seja, em sucessivos anos onde os registros históricos nos mostram durarem cerca de dez anos cada ciclo de estiagem, que a criminalidade cresceu avassaladoramente nos sertões nordestino.

No final dos anos 1910 e início dos 1920 o sertão foi vítima de uma terrível estiagem onde o rebanho regional tem uma perda significativa e só quem tinha condições salvava o restante migrando seu rebanho para outra microrregião. Após tais ciclos os fazendeiros, coronéis, iam à busca de refazerem seus rebanhos comprando reses, animais e criações no Piancó paraibano ou no sul cearense, quando nessas localidades sobrevivia a matéria prima.


A partir dessa data, 1919, o sertão nordestino teve um grande aumento na criminalidade rural, tanto que o Jornal do Recife, a 5 de dezembro de 1926, edita o seguinte para seus leitores: “Nos sertões de Pernambuco, não é somente o bando de Lampião que assola, devasta, arruína. Outros bandos surgem, também armados e fartamente municiados, depredando, arrasando tudo nas suas passagens sinistras”. (MELLO, 2011).

Alguns pesquisadores citam que esse período de oito anos, 1919 a 1927, foram os ‘anos de glória do cangaço’. Nesse meio tempo, já estando chefiando seu próprio bando desde 1922, Virgolino Ferreira, o Lampião, se destaca dentre os demais pelos seus modos operantes. No entanto, notamos que, tendo a época mais de quarenta bandos formados, muito daquilo que os outros praticavam eram referenciados ao filho de José Ferreira e seus irmãos.


O sociólogo Frederico Pernambucano de Mello, citando o escritor Rodrigues de Carvalho, referiu: “O biênio 1919 - 20 foi sem dúvida um dos períodos mais férteis à expansão do banditismo, que à semelhança de uma praga de gafanhotos disseminada pelas caatingas sertanejas (...)”. 

Entre os anos citados, além do fenômeno natural de estiagem estudado, houve vários movimentos militares, regionais e nacionais que caíram como uma luva nas mãos dos cangaceiros. Sem terem nada haver, os movimentos contribuíam para que o banditismo se alastrasse com extrema dureza nas fazendas, povoados, vilas e cidades de pequeno porte, pois os Estados tinham que movimentarem suas tropas para darem combate aos que se revoltavam. Com isso, os bandos de bandoleiros não tinham nada a temer nem a enfrentar, a não ser algum doido de sangue no olho que os topassem de frente.


Em 24 de junho de 1922 ocorre o movimento militar conhecido como “Os Dezoito do Forte”, em seguida, com as mesmas lideranças desse movimento, ocorre o movimento denominado de “A Revolta Paulista de 1924”, também chamada de “Revolução Esquecida”, sequencialmente, deu-se o maior dos movimentos que ficou conhecido como “A Coluna Prestes”. A Coluna Prestes foi um movimento político-militar brasileiro existente entre 1925 e 1927 e ligado ao tenentismo de insatisfação com a República Velha, percorrendo do Sul ao Norte do País. O entrelaçamento de alguns fatos históricos regionais e nacionais com o Fenômeno Social Cangaço nos referiremos em outra oportunidade.


Além da terrível falta do precioso líquido, do aumento dos bandos de bandoleiros, da falta de humanidade dos ‘coronéis’, da ausência do Estado e outras mais, os nordestinos do interior da Região tinham pela frente uma tropa de “Revoltosos” onde os “Patriotas” divulgavam serem tudo o que era de ruim para eles. Foi “implantado” na população o ‘medo e o pavor’ religioso em forma da prática do pecado. A falta de cultura, já sendo uma inadimplência social dos governantes, deixava o sertanejo com uma única esperança de ‘salvação’, sua fé. A coisa mais fácil do mundo era colocar em sua memória que seu sofrimento era mandado por Deus e que os “Revoltosos”, a Coluna Prestes, era a coluna do demônio.

O medo é a maior das armas entre os adversários. Essa divulgação mentirosa surtiu o efeito desejado, tanto que aonde os “Revoltosos” mais necessitaram de apoio, exatamente da população rural, essa não existiu.


O Governo Federal, na pessoa do Presidente Artur Bernardes e depois na de Washington Luís, notando que sua Força Militar, o Exército Brasileiro, não tinha condições táticas de enfrentar a coluna revoltosa, o Exército sabia lutar em trincheiras e em um campo determinado, aonde ficavam praticamente parados travando batalhas, porém os “Revoltosos” implantaram a ‘guerra de movimentos’, mais conhecida como “Guerrilhas”, projeta recriar os BPs, Batalhões Patrióticos, outrora usado na época da Guerra de Canudos. Com a aproximação das tropas de Prestes aos Estados que compõem a Região Nordeste, não havia mais tempo para treinarem um contingente a altura, obrigando os “Generais”, comandantes dos BPs, particularmente no Ceará o deputado federal Dr. Floro Bartolomeu, contratarem homens acostumados ao Ofício das Espingardas. Nisso, os coronéis, senhores supremos regionais, por força de grande soma de contos de réis ‘alugam’ seus jagunços aos interesses dos comandantes. Os bandoleiros independentes, ou seja, os bandos de cangaceiros foram contratados diretamente através de seus chefes. Além de serem pessoas hábeis no manejo das armas, os jagunços e cangaceiros usavam dos mesmos movimentos usados pela “Coluna Prestes”, tendo ainda em seu favor o conhecimento da região. É nessa parte da História que o chefe cangaceiro Virgolino Ferreira, o Lampião, natural de Vila Bela, hoje Serra Talhada, PE, na microrregião do Pajeú das Flores, sertão pernambucano, é convocado e recebe a Patente Provisória de Capitão dos Batalhões Patrióticos, em março de 1926 na cidade de Juazeiro do Norte, CE.

Abaixo, mostraremos os bandos, normalmente identificados com o nome de seus chefes, que atuaram nos anos mais assombrosos nos confins do sertão nordestino:

“André e Antônio Marinheiro, os Marinheiro – região do Navio, Pernambuco;
“Antônio, Cícero, Manuel, Pedro e Raimundo Porcino, os “Porcinos” – arredores de Mata Grande e Água Bela, zona sertaneja de Alagoas;
“Antônio de Ingrácia – arredores de Chorrochó, sertão alto da Bahia;
Antônio Freire – arredores de Sítio dos Moreiras, Pernambuco;
Antônio Germano – Floresta e Tacaratu, em Pernambuco, e o sertão de Alagoas;
Antônio Jerimum – zona de Arneiroz e Tauá, sertão do Ceará;
Antônio, Francisco e Cornélio Pedro, os “Pedro” – arredores de Serra Talhada e toda a zona do Pajeú, Pernambuco;
Antônio Rosa Ventura – zona do Pajeú, Pernambuco;
Antônio de Souza – sertão alto da Bahia, com centro no município de Juazeiro;
Artur José Gomes da Silva, o “Beija-Flor “– zona do Pajeú, Pernambuco;
Caboclos ou Pequenos – região do Navio, Pernambuco;
Clementino José Furtado, o “Quelé” – arredores de Triunfo, Pernambuco, e Princesa, Paraíba;
Cícero Costa Lacerda – zona do Piancó, Paraíba, estendendo-se à ribeira do Pajeú, Pernambuco;
Francisco Pereira Dantas, o “Chico Pereira” – sertões da Paraíba e Rio Grande do Norte;
Horácio Cavalcanti Albuquerque – o “Horácio Novais” ou “Horácio Grande”, região do Navio, Pernambuco;
Jacinto Alves de Carvalho, o “Cindário” – arredores de Serra Talhada, zona do Pajeú, Pernambuco;
João Marcelino, o “Vinte e Dois” – zona da Serra do Araripe, fronteira(divisa) entre Pernambuco e Ceará;
Joaquim Marques – zona do agreste e sertão norte de Alagoas;
José Bernardo, o “Zé Piutá” ou “Casa Velha” – zona da fronteira(divisa) entre os Estados de Pernambuco, paraíba e Ceará;
José Leite de Santana – o “Jararaca” – ribeiras do Moxotó e Pajeú, Pernambuco ;
José Moleque – arredores de Campina Grande, Paraíba;
José Patriota – arredores de São José do Egito, Pernambuco, e Alagoa do Monteiro, Paraíba;
José Pretinho – arredores de Tacaratu e Inajá, sertão baixo de Pernambuco;
José de Souza, o “Tenente” – ribeira do Pajeú, Pernambuco;
Livino Sipaúba ou Livino de Guarida – arredores da Serra d’Umã, municípios de Floresta e Salgueiro, Pernambuco;
Luís Pereira de Souza ou Luís Nunes de Souza, o “Luís do Triângulo” – região da ribeira do Pajeú, Pernambuco, e parte dos sertões da Paraíba e Ceará;
Manuel Ângelo – arredores do município de Salgueiro, Pernambuco;
Manuel Francisco – arredores dos municípios de Bodocó, Exu e Granito, da região do Araripe, Pernambuco;
Manuel Frutuoso – arredores do município de Granito, da região do Araripe, Pernambuco;
Manuel Marcelino, o “Bom de Veras” – zona da serra do Araripe fronteira (divisa) entre Pernambuco e Ceará;
Manuel Rodrigues – arredores de São José do Egito e Afogados da Ingazeira, municípios da ribeira do Pajeú, Pernambuco;
Manuel Vitor da silva – arredores do município de Tacaratu, sertão baixo de Pernambuco;
Mariano Laurindo Granja, o “Mariano” – ribeiras do Moxoró e Pajeú, Pernambuco;
Massilon Leite, o “Benevides” – sertões da Paraíba e Rio Grande do Norte, neste último, especialmente a zona da serra de Luís Gomes;
Melões – sertão de Alagoas e sertão baixo de Pernambuco;
Miguel dos Anjos – arredores da serra d’Umã , Floresta, Pernambuco;
Mocinho Godê – arredores dos municípios de Flores, da ribeira do Pajeú, Pernambuco;
Paizinho Baio – arredores dos municípios de Garanhuns, Bom Conselho, correntes, Águas belas e Buíque, agreste meridional de Pernambuco;
Pinanes – arredores do município de Tacaratu, Pernambuco;
Sabino Gomes de Góis – arredores do município de Cajazeiras, Paraíba, e de Triunfo, Pernambuco;
Sebastião Pereira e Silva, o “Sinhô Pereira” ou “Seu Rodrigues” (este segundo vulgo era de uso exclusivo de seus cabras) – sertões de Pernambuco, Paraíba e Ceará; 
Tibúrcio Santos – ribeira do Pajeú, Pernambuco;
Timóteo Pinheiro e irmãos, os “Pinheiro” – arredores do município de Mata Grande, Alagoas, e sertão do Moxotó, Pernambuco;
Ulisses Liberato de Alencar – sertões da Paraíba, Rio Grande do norte e Ceará.” 
(MELLO, pgs 191 a 193. 2011)

A coisa não estava para brincadeira não. O banditismo se alastrou tanto quanto suas notícias nos vespertinos dos Estados da região assim como dos outros Estados da Nação. Em uma atitude de protesto ou de sarcasmo, ou mesmo em ‘uma homenagem’ particular, na realização do pleito eleitoral de 1926, um cearense, ou um morador da capital do Estado do Ceará, vota em Lampião para deputado federal, ato que o jornal A Notícia daquela cidade, em sua edição de 26 de fevereiro de 1927, há noventa e um anos atrás, publicou:
“Em uma das seções da capital foi aberta uma urna com o voto: para deputado federal, o capitão Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião...”

Fonte “O Canto do Acauã” – FERRAZ, Marilourdes. 4ª edição revista e atualizada, 2012.
“Guerreiro do Sol – Violência e banditismo no Nordeste do Brasil” -MELLO, Frederico Pernambucano de. 5ª Edição revista e atualizada 2011
Foto Obras Citadas


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

MIOLO DE POTE

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de fevereiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.849

      Semana passada encontrei-me com um artista da terra e, além da satisfação do encontro puxamos conversa de miolo de pote. E conversar miolo de pote no meu Sertão é conversar asneiras, coisas sem importância, para passar o tempo. Foi aí que falei sobre uma vontade que eu tinha de fazer uma campanha para implantar uma estátua de Santa Ana com 35 metros, no serrote do Cruzeiro, em Santana do Ipanema, Alagoas. Uma estátua como a do padre Cícero no Juazeiro do Norte, cuja base é um grande redondo comercial. No entorno da estátua seria construído um horto artificial com as maiores árvores da caatinga. Mas aí o meu amigo, falou: “Mas o prefeito me disse que vai mandar fazer uma com 60 metros e vai ficar numa outra serra porque o cruzeiro é rochoso. Inclusive, falou-me ainda que os encarregados já estão agindo”.

Estátua de Santa Rita, 56 metros. Foto: (Romaria Brasil).
         Para comparar fui buscar a estátua de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz, Rio Grande do Norte com 56 metros, a maior estátua sacra do mundo. A de Nossa Senhora Aparecida, no vale do Paraíba com 50 metros (400 toneladas) em aço inoxidável. A estátua de Nossa Senhora de Fátima, no Crato, com 45 metros. Frei Bruno, em Joaçaba, com 37 metros, em fibra de vidro. A estátua do padre Cícero, em Juazeiro do Norte, com 27 metros. São Francisco de Assis, no Canindé, com 25 metros (25 cm a mais do que o Cristo Redentor do Rio de Janeiro). As grandes imagens sacras atraem os romeiros, alavancam o turismo e casam com a economia local. Nesse lépido giro pelo Brasil, justificam-se os grandes monumentos sacros em tradicionais lugares de romarias. Essas cidades procuram oferecer mais aos seus visitantes, mas também de olho nos benefícios trazidos por eles, inclusive, a divulgação extraordinária do lugar.
        Mas será que Santana do Ipanema vai mesmo ganhar uma estátua de 60 metros de altura? Seria a maior do Brasil e do mundo. Muito mais difícil de que confeccioná-la seria mantê-la sem vandalismo no topo da serra Aguda a três ou quatro quilômetros da cidade. Mas eu estudo direitinho o semblante do meu amigo artista que diz como quem está se livrando de grande responsabilidade: “Eu mesmo não acredito!”.
         Caso o prefeito tenha dito que será construída a estátua, não vejo porque não acreditar. E se seria ou não a maior do mundo, pouco importa. Acho que Senhora Santa Ana merece e iria gostar.
         Sim, vamos continuar o nosso miolo de pote...                                                 


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ZÉ DE JULIÃO E ALCINO

*Rangel Alves da Costa

Dia 03 de outubro do ano de 1958, data da segunda eleição realizada em Poço Redondo, tendo como candidatos José Francisco do Nascimento (Zé de Julião, pelo PSD) e Eliezer Joaquim de Santana (pela UDN). Foi nesta data que o jovem Alcino Alves Costa, então com 18 anos, votou pela primeira e foi indicado como um dos mesários. E também surpreendido e estupefato pelo que presenciaria logo no início da votação.
De repente, em pleno alvoroço da seção eleitoral, lá fora despontam mais de cem cavaleiros. E todos vindos naquela direção. Era o candidato Zé de Julião acompanhado de amigos como Abdias, João Capoeira e muitos outros. Sabedor que jamais seria eleito ante as fraudes praticadas (perseguições a seus eleitores, títulos que não sido entregues, intimidações e abusos), havia decidido roubar as urnas. E chegara ali para tal. Bateu no ombro de Alcino e entristecido reclamou que aquilo também estava acontecendo por culpa de seu pai Ermerindo, que ao invés de apoiá-lo havia se juntado ao grupo político dos forasteiros Artur Moreira de Sá e Eliezer de Santana. Em seguida, Alcino apenas viu quando a urna foi levada e a votação desfeita. O tropel seguiu em direção ao povoado Bonsucesso, para a mesma empreitada.
Mesmo atordoado perante toda aquela situação, apenas avistando os destemidos cavaleiros em apressada fuga, Alcino guardou na memória - e para jamais esquecer - aquele olhar aguerrido e aquela feição transbordante de nobre valentia do ex-cangaceiro e então político em sua constante luta. Daí em diante abrigou no seu âmago aquela emblemática figura como de um verdadeiro ídolo. Sim, Zé de Julião se tornou um grande ídolo para Alcino. Tanto assim que em muito nele se espelhou nas suas ações políticas e pessoais e teve o cuidado de tornar bravamente conhecida toda a sua história, pois aos poucos cada vez mais relegada aos esquecimentos do tempo.
Muito normal que pessoas procurem se espelhar em outras pessoas, principalmente quando estas passam a ter grande significação em suas vidas. Fala-se, então, em ídolos e adoradores. Uma pessoa passa a ser admirada e até venerada nas suas ações e pelo que representou perante o admirador. Assim aconteceu com Alcino com relação a José Francisco de Nascimento, o Zé de Julião ou ainda Cajazeira (cangaceiro do bando de Lampião). Foi através de Alcino que a história do mito renasceu nas páginas de “Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico” e “Poço Redondo - A Saga de um Povo”. Foi através de Alcino que o cineasta Hermano Penna conheceu sua trajetória e a transformou em filme e documentário: “Aos ventos que virão” e “Zé de Julião - Muito Além do Cangaço”.


Quando Alcino nasceu em 17 de junho de 1940, Zé de Julião já contava com 21 anos, pois nascido em 1919. No episódio do roubo das urnas, Zé de Julião tinha cerca de 40 anos e Alcino 18. Quando do assassinato deste, em 19 de fevereiro de 1961, Alcino estava com 21 anos incompletos.  Ora, até sua morte em Poço Redondo não se falava noutra coisa senão em Zé de Julião. E por quê? Alcino se perguntou. As primeiras respostas vieram naquele olhar e naquela face no dia do roubo das urnas. Depois disso Alcino não parou mais de buscar todas as respostas que pudesse encontrar.
Assim, a história do homem, do ex-cangaceiro e político, não saiu mais de sua mente. Zé de Julião, o filho do rico fazendeiro Julião do Nascimento e Dona Constância, o jovem indignado com as brutalidades e as extorsões das volantes, o rapaz que logo cedo casou com Enedina e depois rumou com a esposa para o bando de Lampião, o cangaceiro que perdeu sua companheira na chacina de Angico de 38, o ex-cangaceiro perseguido pela polícia, o homem com seu sonho de se tornar prefeito de seu município, o candidato sempre vitimado pelas fraudes eleitoreiras, o cidadão indignado roubando urnas, o indivíduo sendo preso e depois brutalmente assassinado. Tudo isso era Zé de Julião. E na mente de Alcino, tudo isso era de suma importância. Era para ser valorizado e não renegado. Então o homem, o ex-cangaceiro e o político, refletiram em Alcino com feição de ídolo.
Contudo, um aspecto especial une ainda mais Alcino a Zé de Julião. Não se sabe se por imitação, mas a verdade é que Alcino, além de político, tomou emprestado de Zé de Julião a feição de demasiado mulherengo. O coração do ex-cangaceiro foi amante por natureza. Em Zé de Julião sempre a chama acesa das paixões, dos relacionamentos afetivos, dos convívios amorosos. Enedina, Nelice, Estela, Djair, Rita, Julieta, e talvez mais. Ou talvez muito mais. E muitos filhos. E em Alcino também a fama de namorador, de mulherengo, de amante inveterado. E também muitos filhos.
Nos dois, alguns aspectos que se comungam: a luta, a perseverança, a política e a desenfreada paixão. Assim Alcino, assim Zé de Julião. Um adorador perante o seu mito.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogodmendesemendes.blogspot.com

O CÉLEBRE CANGACEIRO ANDRÉ TRIPA


Por Junior Almeida
*FOTO: ruínas da casa onde no tiroteio morreram os cangaceiros André Tripa, Bala e o soldado volante José Veado.

Que Lampião foi o maior nome do banditismo rural do país, não resta dúvidas, é consenso. Mesmo após tantos anos da sua morte em Sergipe, o cangaceiro é uma celebridade. Foi em vida e como morto mais ainda. 

Com aproximadamente vinte anos de atuação no cangaço, o pernambucano de Vila Bela, hoje Serra Talhada, levou o terror às cidades nordestinas pelas quais passou com seus cabras. Virgulino é ícone maior do cangaço. O mais estudado, o brasileiro mais biografado de todos os tempos, o mais admirado e com toda certeza o mais temido em sua época. Só que o cangaço no Nordeste brasileiro não se resume a Lampião. Muito pelo contrário. Sanguinários cangaceiros como Gato, Corisco, Moreno, Moderno, Zé Baiano, Jararaca e tantos outros ajudaram a escrever essa sangrenta página da História do Brasil.

Lampião em seu tempo promoveu uma espécie de terceirização do seu “negócio” através de subgrupos chefiados por cangaceiros de sua confiança. Poderíamos até dizer que o “Rei Vesgo” era um franqueador, pois abriu franquias da atividade cangaceira para vários bandidos. Também o Sertão, sem dúvidas, foi o palco maior dessas atividades criminosas, mas nem só dessa região e nem só de Virgulino viveu o violento fenômeno chamado cangaço. Muito antes de Lampião, já eram conhecidos Cabeleira, Lucas da Feira, Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino e também o chefe de Lampião, Sinhô Pereira.

Esses bandoleiros que agiram antes de Lampião, e também fora da zona sertaneja têm suas histórias bem conhecidas através da literatura especializada, mas existiu um sicário chefe de grupo que aterrorizou o Agreste de Pernambuco e Alagoas no final do século IXX, início do XX, que tem sua biografia pouco conhecida por pesquisadores: ANDRÉ TRIPA, cangaceiro alagoano de “Mundauh Merim”, atualmente Santana do Mundaú. O bandido era filho de Joana Fateira, assim chamada por vender fatos (vísceras) de animais nas feiras de sua cidade e também em Correntes, Pernambuco. 

André Tipa é citado por Frederico Pernambucano em seu “Guerreiros do Sol”, que ao falar sobre a "glamourização" do cangaço diz que:

(...) Também a literatura de cordel se encarregava dessa celebrização, capaz de atingir, com um João Calangro, um Jesuíno Brilhante, um Viriato, um Guarabira, um Rio Preto, um Cassimiro Honório, um ANDRÉ TRIPA, um Vicente do Areal, um Antônio Silvino, um Sinhô Pereira ou um Lampião, abrangência espacial e intensidade difíceis de avaliar, tal o volume. A importância do registro ressalta (...).

Outro que escreveu sobre o cangaceiro alagoano foi o escritor garanhuense Luiz Jardim. No romance “Maria Perigosa”, de 1938. Jardim incluiu o célebre cangaceiro no conto “O Castigo”, em que narra os medos de uma criança de sete pra oito anos de idade, após ouvir várias histórias de “mau assombro”. O romancista conta que o menino com muito medo, pensava em Jesus descendo do céu e abraçando sua família e perdoando seus pecados, assim como “todos da terra, mortos, vivos e até ANDRÉ TRIPA, o célebre cangaceiro que tinha setenta e tantas mortes”.

A MORTE DE ANDRÉ TRIPA

Em de 5 de agosto 1904 duas forças volantes, de Pedra de Buíque e de Garanhuns, ambas em Pernambuco, se dirigiram até Capoeiras, então distrito de São Bento do Una, no mesmo Estado, para darem combate ao bando de André Tripa. O grupo de sicários vinha de ferrenha perseguição por parte das volantes, desde que no início de junho daquele ano haviam participado do episódio que ficou conhecido como a “Hecatombe de Correntes”, onde foram assassinadas cinco pessoas: major Francisco (Chico) Missano, chefe político de Correntes, capitão e delegado local, Antônio da Costa Monteiro, o advogado Victor de Albuquerque e Melo, Pedro Alexandrino de Albuquerque e Melo e Agostinho Ferreira da Costa, sendo esse último, afilhado de Chico Missano.

André Tripa chegou com seus cabras ao Sítio Barra, em Capoeiras, e mandou que a dona da casa fazer comida e pisar um pinto, pois estava ferido. Os sicários vinham fugindo das forças com as quais já haviam dado um fogo na localidade Bom Destino. Enquanto a comida estava sendo preparada, os cabras disseram que queria beber cachaça, produto que não existia na casa. O dono da casa mandou então que o seu filho, um garoto com aproximadamente 12 anos, fosse numa bodega buscar a bebida. Já distante da casa, quando voltava com a cachaça, o menino se topou com as volantes.

A força de Garanhuns era comandada pelo alferes Cavalcanti, e a de Pedra de Buíque, do sargento Joaquim Felix Cavalcante, o Chiquito Vaz. Os homens das volantes perguntaram ao garoto pra onde ele ia, e esse respondeu que estava indo pra casa levar bebida que tinha comprado para seu pai. Desconfiados, os militares perguntaram se em sua casa não tinha chegado uns homens estranhos. O assustado garoto a princípio negou, mas depois de ser “apertado” pela volante,confessou que em sua casa havia oito homens e todos muito bem armados. Pronto. A volante tinha reencontrado o bando de André Tripa.

O FOGO

O alferes Cavalcanti disse ao garoto que ele desse um jeito de avisar aos seus pais que saíssem da casa, pois eles iriam atacar. O menino fez o que lhe foi mandado. Dentro da casa os moradores ficaram tensos com a situação, mas não tinham o que fazer. Foi questão de tempo começar a fuzilaria, pois alguns cangaceiros estavam fora da casa e começaram a atirar assim que avistaram a volante. André Tripa estava dentro da casa sentado à mesa comendo, e quando ouviu os tiros correu para um dos quartos onde ficou atirando pela janela. Em meio ao fogo cruzado, os moradores da casa ficaram atordoados sem saber pra onde correr. Uma mocinha filha do dono da casa usava uma trança, e ao correr foi atingida no chicote do cabelo por um tiro disparado pelo cangaceiro de nome Bala, que atirou para trás enquanto fugia em meio à caatinga.

Dentro da casa, cercado e debaixo de intenso tiroteio, André Tripa pulou a janela e tentou fugir pelos fundos da casa onde existia um aprisco cercado de pau a pique. O sicário tentou pular a cerca quando foi atingido na nuca, voando o tampo da cabeça, tendo morte imediata. Foi a vitória da força, pois os outros bandidos já tinham fugido adentrando na caatinga. Em meio às comemorações os militares notaram um companheiro caído. Era o soldado da volante de Garanhuns José Pereira da Costa, conhecido por José Veado que estava baleado. O militar não resistiu aos ferimentos morrendo no local. O sargento Felix Cavalcante também foi baleado, mas sem muita gravidade.

Ao final da refrega se contava dois mortos, sendo um deles o célebre André Tripa. Os militares trataram de recolher os pertences, armas e dinheiro, que segundo testemunhas era uma considerável quantia. Com a euforia da vitória e com o dinheiro do cangaceiro morto mais os objetos deixados pelos que fugiram, a volante foi embora do sítio Barra, nas barrancas do Rio Una, levando os dois corpos com destino à Garanhuns sem se dar ao trabalho de procurar os outros bandidos pela redondeza. Já depois de tudo calmo na localidade, moradores encontraram no meio do mato, cerca de um quilômetro do local do fogo, o corpo do cangaceiro Bala, que tinha sido atingido durante o tiroteio e fugiu pela caatinga, vindo a falecer depois. Os moradores da localidade trataram de enterrar o sicário em um local mais afastado.

De Capoeiras os corpos do célebre bandoleiro André Tripa e do soldado José Veado foram levados a cavalo para Garanhuns, e muitas pessoas se ajuntaram nas ruas da então vila pertencente a São Bento do Una, para ver passar os volantes com o aquele que aterrorizara toda uma região naquele final de século XIX, início do XX.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1428899407221894&set=gm.973605576136892&type=3&theater&ifg=1

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CARTA ABERTA DOS PROFESSORES DO CURSO DE DIREITO DO CAMPUS DE NATAL DA UERN ÀS CATEGORIAS, À REITORIA, À ADUERN, AO COMANDO DE GREVE, AOS DISCENTES E À SOCIEDADE


Os Professores do curso de Direito do Campus de Natal listados a seguir vêm, respeitosamente, apresentar algumas considerações sobre a greve atualmente em curso.

Apesar de o curso de Direito não representar a categoria docente, a qual é legalmente representada pela ADUERN, e mesmo sendo esta carta aberta um ato político e não jurídico, os Professores que a subscrevem resolveram se manifestar a respeito da greve, apresentando contribuições para que ela seja corretamente analisada.

Em primeiro lugar, sabe-se que a greve, historicamente, sempre teve uma grande motivação: a luta por direitos. As greves causam prejuízos, e isso não se pode negar, mas quando seu principal motivo é o puro e simples recebimento em dia de salários, não há argumento contrário que permita seu afastamento. Não existe maior prejuízo do que o econômico, social e moral consistente em se impor a servidores que estão há dois anos recebendo seus salários com atraso, sendo que tal atraso somente se intensificou nos últimos meses. Em um tal contexto, não se pode pretender que os Professores se dirijam aos seus locais de trabalho e trabalhem com todo o afinco e a dedicação de sempre, como se nada estivesse acontecendo. Exigir isso seria injusto e absurdo.

É importante destacar que a greve atual deflagrada pelos Professores da UERN não tem por finalidade exigir o reajuste de suas remunerações, o que já seria inteiramente legítimo, considerando os índices de inflação verificados nos últimos anos. A presente greve tem por fundamento apenas o recebimento em dia dos salários, para que os docentes possam manter suas famílias e honrar suas obrigações.

A notória crise política e econômica vivenciada recentemente não ocorreu apenas no Rio Grande do Norte. Ela foi de âmbito nacional. Mesmo assim, outros Estados do Nordeste que apresentam características semelhantes às do Rio Grande do Norte não atrasaram as remunerações de seus Professores. Além disso, o governo do Rio Grande do Norte encontrou soluções para outras categorias, violando a isonomia, não tendo apresentado nas reuniões um compromisso com redução de gastos e estabelecimento de prioridades nem compromissos com os Professores da educação superior.

Como consequência dos vários atos praticados durante a greve, a categoria obteve diversas demonstrações de apoio ao movimento, diversamente do que propagado em alguns setores da mídia, talvez por desconhecimento. A UERN tem sim respeito e consideração por parte da sociedade e isso lhe foi demonstrado em várias oportunidades, o que dá força ao movimento grevista.

O compromisso acadêmico e social da UERN já é cumprido em razão da qualidade dos serviços que prestamos à sociedade brasileira, com ensino, pesquisa e extensão de excelente qualidade e amplo reconhecimento. Para os prejuízos que possam advir relativamente ao calendário acadêmico em decorrência da greve, a UERN sempre teve o compromisso institucional de tratar o tema com a importância estratégica que tem e a seriedade merecida.

Tendo em vista esse contexto, os Professores do curso de Direito do campus de Natal da UERN com carga horária que permitem outros vínculos, manifestam sua integral solidariedade aos Professores que se dedicam exclusivamente à docência na UERN e que somente dela auferem seus rendimentos, os quais são os mais atingidos pela ausência de pagamento correto dos salários.

Reforce-se: ao tempo em que esta carta é escrita (segunda quinzena de fevereiro), vários docentes da UERN ainda não receberam as remunerações referentes a janeiro e nenhum deles recebeu o 13º salário.

Assim, por justiça e por solidariedade, apoiamos a greve das categorias, manifestando-nos por sua continuidade até que os pagamentos estejam concretamente em dia.

Além disso, em respeito à democracia e aos valores republicanos, registre-se que o que a categoria decidir em Assembleia será acatado pelos Professores do curso de Direito do campus de Natal da UERN.

Natal-RN, 22 de fevereiro de 2018.

DOCENTES (CURSO DE DIREITO DO CAMPUS DE NATAL DA UERN)

Agassiz de Almeida Filho – 40 h
Aurélia Carla Queiroga da Silva - DE
Bruno José Souza de Azevedo – 20 h
Carla Maria Fernandes Brito – 20 h
Carlos Sérgio Gurgel da Silva – 40 h
Claudomiro Batista de Oliveira Junior - DE
Déborah Leite da Silva – DE
Dijosete Veríssimo da Costa Júnior – 20 h
Flavianne Fagundes da Costa Pontes – 20 h
Glauber de Lucena Cordeiro – 40 h
José Armando Ponte Dias Junior – 20 h
José Hindemburgo de Castro Nogueira Filho - DE
Luiz Ricardo Ramalho de Almeida - DE
Mariana Vannucci Vasconcelos - DE
Marcelo Roberto Silva dos Santos – 40 h
Maria Audenôra das Neves Silva Martins - DE
Patrícia Moreira de Menezes - DE
Paulo Eduardo de Figueiredo Chacon – 20 h
Paulo Sérgio Duarte da Rocha Júnior – 20 h
Rogério Emiliano Guedes Alcoforado - DE
Sérgio Alexandre de Moraes Braga Junior – 40 h



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogodmendesemendes.blogspot.com

C. O. N. V. I. T. E


Convidamos todos os açuenses, para nesta sexta-feira , 23 de fevereiro , às 19h 30, em frente à Casa de Cultura Popular Sobrado da Baronesa, assistirem ao lançamento - TRAILER do filme: A BARONESA DE SERRA BRANCA, uma POESIA CINEMATOGRÁFICA de Paulo Sérgio de Sá Leitão. 


Na oportunidade, teremos uma conversa sobre "O FAZER CINEMA NA TERRA DA POESIA", produzir filmes, fotografia cinematográfica, com os cinegrafistas Rodolfo Allen Bruno Andrade Fotógrafo Roberto Meira, com o ator Alysson Santos, a atriz Josyanne Talita. As crianças Pietra Louise e Fábio Filho (Baronesa e Barão na infância) e com os participantes do filme: Fofinho Teclas Ceiça Costa Patrício de Medeiros Jr. Renato Wanderley

E neste dia, anunciaremos a data - lançamento do FILME no CINE TEATRO PEDRO AMORIM.

#AçuTambémFazCinema Gicardson De Sá Leitão Amanhã, às 19:30, a CASA DE CULTURAL POPULAR SOBRADO DA BARONESA, será o cenário da exibição de uma POESIA CINEMATOGRÁFICA , vívida por ARTISTAS AÇUENSES, feita por ARTISTAS DO VALE, com muito esmero e AMOR SEMPRE... À ARTE E À CULTURA DA NOSSA GENTE. 


A casa onde morou o casal, Barão de Serra Branca - Barão Felipe Neri de Carvalho e Silva e Baronesa de Serra Branca - Baronesa Belisária Lins Wanderley de Carvalho e Silva será um cinema ao ar livre para todos os açuenses e admiradores da 7a Arte. 

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso


http://blogodmendesemendes.blogspot.com

GREVE NA UERN CONTINUA. DOCENTES EXIGEM QUE GOVERNO APRESENTE UMA SAÍDA PARA A CRISE


Em assembleia realizada na manhã de hoje (23) na sede da ADUERN e que contou com participação de mais de 200 professores e professoras, foi deliberada a continuidade do movimento grevista iniciado no dia 10 de novembro de 2017. A categoria avaliou que não há como encerrar a greve sem uma proposta para os atrasos salariais e a falta de um calendário de pagamento.

A ADUERN participa, na próxima segunda-feira (26) às 11h, de nova audiência com o Governo do Estado onde irá exigir uma proposta para os servidores da UERN. Até o momento, a universidade é o único segmento que ainda não iniciou um processo de negociação junto ao Governo, que já apresentou propostas para outras categorias.

A presidenta da ADUERN, Rivânia Moura, destacou que o Governo precisa apresentar uma proposta que resolva o impasse com a UERN. De acordo com  ela, não basta apresentar soluções momentâneas ou parciais para um problema que é de extrema gravidade e que vem precarizando severamente as condições de vida dos trabalhadores da universidade.

“Não é qualquer proposta vinda do Governo que vamos aceitar. Queremos que o Governo se manifeste e resolva estes atrasos que vem minando as condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras da UERN. Hoje tivemos uma unanimidade: a greve não pode acabar enquanto não tivermos ao menos a certeza de quando iremos receber salários. Temos disposição para resistir e lutar, pelos nossos direitos e nossa dignidade”, destacou Rivânia.

A diretoria da ADUERN também avaliou  que é fundamental que sejam realizadas novas mobilizações na Assembleia Legislativa para garantir a permanência dos aposentados  na folha de pagamento da UERN, uma vez que o Governador vetou a emenda que previa a manutenção dos inativos na folha. “Consideramos a importância de nossos aposentados e da história de vida dedicadas a UERN que eles têm. Somos uma só categoria e, portanto, essa situação afeta todos os professores e professoras”  afirmou a presidenta da ADUERN.

Os servidores da universidade, assim como boa parte do funcionalismo público estadual, vêm amargurando atrasos salariais desde Janeiro de 2016. Desde então as categorias convivem com a insegurança e a falta de um calendário de pagamento que respeite os trabalhadores do estado. Hoje a grande maioria dos docentes da UERN aguarda pelos salários referentes aos meses de Janeiro, fevereiro e o 13º salário de 2017. 


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogodmendesemendes.blogspot.com

A MISTERIOSA VIDA DE LAMPIÃO



Virgulino Ferreira, o Lampião, teve uma vida – e uma morte – cheias de mistérios. Por que entrou no cangaço ? Como conseguiu resistir a mais de vinte anos de perseguições policiais ? Como estabelecia a sua rede de colaboradores ? Como a polícia conseguiu chegar ao seu esconderijo ? São indagações que tornam cada vez mais apaixonante tudo o que se refere à Lampião e ao mundo dos cangaceiros. No livro “A Misteriosa Vida de Lampião”, a trajetória do rei dos cangaceiros é acompanhada com detalhes, ano a ano, desde a sua entrada no cangaço até o massacre de Angico. Episódios são apresentados em versões diferentes, informando e estimulando o leitor à análise do que realmente pode ter ocorrido. O livro pode ser adquirido no dia 23/02/2018 na Feira do Livro de Limoeiro, a partir das 19 horas.

obs: Taí, um livro que indico de olhos fechados. Excelente (adendo por Volta Seca).


https://www.facebook.com/photo.php?fbid=600154820336120&set=a.151971595154447.1073741827.100010248227588&type=3&theater&ifg=1

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

NOMES DE RUAS DE POMBAL: UM BREVE RELATO HISTÓRICO


Por José Tavares de Araújo Neto

No início do Período Colonial os logradouros públicos (Ruas, Avenidas, Praças, Parques, Bairros, etc) das cidades do Brasil eram denominados em sua grande maioria por referências geográficas, religiosas e comerciais.

Ainda no Período Colonial, além de referências religiosas trazidas pelos portugueses e jesuítas, tem-se o início de homenagens a personalidades político-administrativas (Tomé de Sousa, Mem de Sá), heróis de conflitos indígenas (João Ramalho, na Confederação dos Tamoios), de resistência (Felipe Camarão e Henrique Dias, contra os holandeses em Pernambuco), e figurões exploradores como Domingos Jorge Velho, Raposo Tavares e Fernão Dias.

A partir do Período imperial, iniciado em 07 de setembro de 1822, os logradouros públicos começam a ganhar nomes das realezas portuguesas e de heróis da independência e, mais tarde, de locais das batalhas e de heróis da Guerra do Paraguai.

Foto do Acervo de Verneck Abrantes de Sousa

O recrudescimento de homenagens a políticos acontece a partir do Período Republicano, iniciado em 15 de novembro de 1889, tendo seu auge após o advento do Golpe de Estado denominado Estado Novo, instituído por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937.

Na cidade de Pombal, a denominação de logradouros públicos homenageando pessoas chegou após o advento do Estado Novo, quando o município se encontrava sob o comando do Prefeito Sá Cavalcante (1936-1940), ligado ao grupo do líder Político Dr. Queiroga, também conhecido por Coronel José Queiroga, adversários dos getulistas, representados na cidade pelos irmãos Janduhy e Rui Carneiro.

Por recomendação do seu líder maior, o Dr. Queiroga, em 1940, o prefeito Sá Cavalcante encomendou uma estátua do então Governador da Paraíba Argemiro de Figueiredo e a colocou em pedestal na hoje denominada Praça do Centenário.

O dia 16 de agosto de 1940 foi um data marcante na história política da Paraíba. Os primeiros sinais vieram da cidade de Pombal, quando logo cedo da madrugada, correligionários de Rui Carneiro quebraram e deram sumiço aos restos da estátua do então governador Argemiro de Figueredo. Por coincidência ou não, poucas horas depois a Paraíba é surpreendida com a notícia de que o Presidente Getúlio Vargas destituiu o governador Argemiro de Figueiredo e nomeado o pombalense Rui Carneiro como interventor do Estado da Paraíba.

Só com o advento da Lei 6.454, de 10 de outubro de 1977, a legislação brasileira proibiu dar nome de pessoas vivas a logradouros públicos.

A Praça do Centenário, antes denominada Parque Barão do Rio Branco, também conhecida por Praça do Coreto, hoje tem o nome oficial de Praça José Ferreira de Queiroga, uma homenagem a Dr. Queiroga, aquele mesmo que teve a ideia de homenagear Argemiro de Figueiredo. Dr. José Queiroga foi um dos integrantes da histórica Chapa dos Três Jotas, juntamente com Júlio Lyra e o Cel. José Pereira de Princesa, articulada por João Suassuna em sua sucessão no Governo do Estado da Paraíba e que foi vetada pelo ex-presidente Epitácio Pessoa, o estopim do movimento armado que ficou conhecido como a Guerra de Princesa.

FOTO RARA: Esta estátua de Argemiro Figueredo, governador da Paraíba, que foi feita por encomenda do prefeito de Pombal Sá Cavalcante para ser colocada na hoje denominada Praça do Centenário, na madrugada do dia 16 de agosto de 1940, correligionários de Ruy e Janduhy Carneiro, adversários do prefeito e do homenageado, roubaram, quebraram e jogaram seus restos no leito do Rio Piancó. 


O hábito de nomear logradouros públicos com referências geográficas e detalhes marcantes, advindo desde o período colonial, perdurou em Pombal até o advento do Estado Novo, ou seja até 1940, para ser mais preciso. Antes as nossas ruas tinha os seguintes nomes: Rua do Comércio, Rua Nova, Rua de Baixo, Rua do Cachimbo Eterno, Rua do Giro (também conhecida por Rua Estreita), Rua da Aurora, Rua do Sol, Rua do Rio, Rua Preta, Rua dos Roques, Rua do Rosário, Rua do Rói, Rua do Matadouro, Rua da Bolandeira, Rua dos Pereiros, Rua do Guindaste, Rua da Cruz da Menina, Rua do Cruzeiro, Rua da Cruz, Rua Nova Vida, Rua do Fogo. 

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com