Seguidores

segunda-feira, 6 de julho de 2015

AS FACES E OS RELATOS DAS VÍTIMAS DE LAMPIÃO NA BAHIA

Autor – Rostand Medeiros

Nos velhos tempos do sertão nordestino, na época do cangaço, onde quase sempre a justiça estava junto aos mais fortes e destemidos, uma família seviciada poderia ter os seus membros (principalmente mulheres) marcados pelo resto da sua existência.

A centro vemos Dona Maria Martins, a sua direita a filha que escapou da sanha dos cangaceiros e a sua esquerda está Romana, que segundo reportagem do jornal A Noite, foi estuprada por Lampião. 

Dependendo das ações hediondas praticadas e diante dos rígidos códigos morais do sertão na época, se não houvesse algum membro do grupo familiar com disposição de buscar a reparação, buscar a vingança, a chaga desta família poderia ser muito pior. Consequentemente a cortina de silêncio era ainda mais forte.

Lampião

Para as vítimas e seus parentes continuarem tocando a vida em meio a muita dor e sangue derramado, um remédio muito comum era total negativa em comentar fatos e tentar buscar o esquecimento.

Existiram exceções. Foram os crimes mais sanguinários e bárbaros, praticados principalmente contra famílias inteiras, ou casos onde as sevícias foram tão brutais, tão hediondas, que chamaram a atenção de toda uma comunidade e agora estão registrados em muitos materiais produzidos sobre o tema.

Outras exceções foram os raros relatos produzidos por jornalistas durante o período dos conflitos, mostrando a dor daquela gente que vivia nos rincões esquecidos e distantes do Brasil.

Aqui trago um destes.

Correspondente misterioso

Nos primeiros seis meses de 1931 o Brasil ainda sofria as consequências do golpe que havia implantado um novo regime político em outubro do ano anterior. Administrativamente muitas mudanças ocorreram na estrutura e composição aparatos de segurança pública pelo país, tornando-os limitados por certo período de tempo em suas ações repressoras aos cangaceiros. Isso facilitou muito a vida dos bandos de bandoleiros errantes pelo sertão nordestino, principalmente o do chefe Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.


Neste período este bando atuava principalmente nos sertões baianos, onde praticavam suas rotineiras rapinagens e as atrocidades não eram incomuns. Aparentemente tantos foram os acontecimentos negativos naqueles primeiros meses de 1931, que o jornal A Noite, do Rio de Janeiro enviou um correspondente e um fotógrafo para o cenário dos acontecimentos[1].

O interessante é que, mesmo lendo várias páginas deste periódico, estranhamente não foi divulgado o nome do jornalista que realizou este trabalho. É dito apenas o apelido do fotógrafo – João Batatinha. Provavelmente por questões de segurança o nome do correspondente não foi divulgado.

“Iriam assistir uma coisa bonita…”

Os dois enviados do periódico carioca seguiram no dia 20 de abril de 1931 pela estrada carroçável que ligava as cidades baianas de Uauá e Senhor do Bonfim, passando em vários locais onde anteriormente foram atacados pelo bando de cangaceiros[2].

Um dos primeiros relatos foi no lugar São Paulo, a cerca de 40 quilômetros de Uauá. Ali Lampião buscou acertar contas com Manoel José Cardoso, conhecido como “José Pequeno”[3].

A esquerda vemos o fotógrafo João Batatinha, ao centro um guia sertanejo e a direita o correspondente de A Noite, o qual não descobrimos sua identidade.

Testemunhas comentaram que primeiramente escutaram o tropel de cavalos, seguido do som de chocalhos batendo e vozes gritando palavrões. Lampião, que estava na ocasião com óculos redondos e escuros, chegou com seus homens em galope largo, cercaram sem demora o sertanejo José Pequeno e lhe indagaram se fora ele quem de outra ocasião avisou aos policiais, ou “macacos”, a localização do bando naquele setor. Independente dos rogos de inocência do homem e de Ana Cardoso, sua mulher, em meia hora eles foram despidos, amarrados e colocados no lombo de um animal sem sela.

Defronte a capelinha do lugar Lampião mandou seus homens trazerem todos que ali moravam, debaixo de cacete se fosse necessário, para verem o que ele fazia com traidores. Logo homens, mulheres e crianças estavam reunidas diante do casal despido e montado em um pangaré. Lampião foi logo anunciando que eles “iriam assistir uma coisa bonita…”.


Ali, diante de todos, sem nenhuma cerimônia ele sangrou Manoel José Cardoso, enfiando com força seu grande punhal, até o cabo, na parte do corpo que fica entre o ombro e pescoço. Os gritos provocaram risos dos cangaceiros e choro entre os membros da pequena comuna. Segundo o correspondente a mulher Ana Cardoso ficou louca.

Além deste espetáculo atroz, os cangaceiros mataram a tiros de pistola José Felix, que, a pedido do sangrado José Pequeno, foi a Uauá informar a polícia sobre o paradeiro de Lampião. O assassinato de Felix deixou ao desamparo mulher e larga prole de filhos. Outro que foi atacado, sendo submetido a uma série de torturas, foi o coronel João Antônio Cardoso, o mais abastardo do lugarejo[4].


Na fazenda Tapuia, por volta da meia noite do dia 8 de abril, Lampião e seus homens atacam a casa de Tibério Lucas Correa. Além de trabalhar na roça para manter mulher e uma extensa família, Tibério mantinha um pequeno estabelecimento comercial para atender os viajantes, onde não faltava uma cachaça “januariazinha” (cachaça produzida em Januária-MG) e cigarros. Foi tido pelo correspondente como “Um preto muito querido de todos que trafegavam pela estrada Uauá – Senhor do Bonfim”[5].

Lampião e seus cangaceiros foram logo mandando aquele sertanejo pobre abrir seu negócio e colocar uma garrafa de cachaça, que logo foi esvaziada pelos sicários. Pediram ouro e dinheiro, mas Tibério disse que nada tinha. Nesse momento a cabroeira começou a descer dos animais e o assustado negociante empreendeu uma desabalada carreira para o meio dos matos, enquanto os cangaceiros gritavam “O desgraçado está fugindo! Mata! Mata!”. Por sorte ninguém atirou!


Quem teve de aguentar a fúria de Lampião e seus homens foi Dona Lúcia, a mulher de Tibério, que foi surrada a bofetadas, chicoteada e ameaçada. Lampião prometeu que na próxima vez que ali retornasse matava seu marido. Depois mandou seus comandados colocarem fogo na casa e só deixou a mulher e os outros familiares saírem a pedido de um dos seus homens, que possuía um espírito mais humanitário naquele momento de fúria gratuita.

Na ocasião da visita do correspondente e do fotógrafo João Batatinha, o desolado Tibério e seus familiares passavam o dia na casa calcinada e as noites vinham dormir no meio da caatinga, onde o pobre homem havia sido picado no rosto por uma lacraia e trazia a marca de mais este infortúnio[6].

“Montada, dinheiro e ouro”

Para o correspondente de A Noite, informações transmitidas por Martinho Malta, da fazenda Mucambo, assaltada no dia 9 de abril de 1931, informava que o grupo de Lampião tinha 15 componentes, sendo seu braço direito o cangaceiro Corisco e a maioria destes utilizavam principalmente roupas de mescla. Estavam todos armados de fuzis Mauser, vários portavam pistolas Parabellum, trazendo sempre duas ou três cartucheiras largas e cheias de munições. Além destes aparatos bélicos, estavam presentes os característicos chapéus de couro ornamentados e os punhais, com alguns cangaceiros levando duas destas peças de cutelaria, algumas com até 65 centímetros no tamanho da lâmina.

Foi comentado ao correspondente de A Noite que os cangaceiros “Vivem sempre satisfeitos”. Em alguns momentos trafegam nas estradas fazendo algazarras, em outros seguem no mais completo silêncio. Fazem brincadeiras uns com os outros, descompõem-se, normalmente se excedem, mas mantém muito respeito pela figura do chefe Lampião[7].

Mas, apesar das brincadeiras entre os membros do grupo, o que o correspondente não deixou de ouvir naqueles ermos sertões foram informações de atrocidades praticadas pelos cangaceiros.

Fazenda Pereiro, onde estão os irmãos Francisco, João e Antônio Ferreira Barbosa e seus familiares. Surras e casas saqueadas.

Na fazenda Pereiro (ou Pereiros) o jornalista e o fotógrafo encontram Francisco Ferreira Barbosa, conhecido como Chiquinho, também proprietário de uma bodega a beira da estrada. Este se mostrava desembaraçado e comentou abertamente os problemas e assombros causados perla presença de Lampião na região.

Narrou que eram duas da manhã do mesmo 9 de abril quando Lampião chegou. Este lhe deu boa noite secamente e foi exigindo “montada, dinheiro e ouro”. Chiquinho disse nada ter, mas Lampião falou a seus homens “Traga uma luz. Vamos ver o ouro e o dinheiro que ele está escondendo”. A mulher Alzira entregou aos celerados algumas pequenas peças de ouro, mesmo assim Lampião retirou seu punhal e passou a rasgar tudo que era de pano para encontrara algo mais.

Com o resultado negativo nas buscas os cangaceiros foram para a bodega de Chiquinho, que ficava defronte a sua casa, onde beberam muita cachaça, cerveja, quebraram louças e obrigaram o dono a tomar três xícaras de bebida.

Ainda na fazenda Pereiro atacaram as casas de João e Antônio Ferreira Barbosa, irmãos de Chiquinho, onde não deixaram de se exceder nas barbaridades. Antônio foi chicoteado no rosto impiedosamente e João foi surrado, teve a casa impiedosamente revistada e muita coisa foi quebrada.

Depois Chiquinho foi obrigado a servir de guia para os celerados. No caminho Lampião perguntou quem tinha dinheiro na região e onde ele podia encontrar uma “viúva apatacada”, uma viúva endinheirada. Logo chegam a fazenda Chumbado, onde pernoitaram e o guia improvisado volta para junto de seus familiares transidos de terror[8].

A pequena Judite de nove anos, fotografada em Senhor do Bonfim.

Segundo a narrativa do correspondente, outra das propriedades atacadas na região naqueles primeiros dias de abril de 1931 foi a Olho D’água, do viúvo Francisco da Costa, que estava fora e na casa onde estavam apenas duas crianças, a pequena Judite de nove anos e seu irmão de cinco. Esta contou que os cangaceiros mal-encarados chegaram comandados por Lampião e exigiram o que ali existisse de valor. O irmão menor tentou fugir e foi detido por um cangaceiro com seu fuzil. Os cangaceiros levaram um relógio, algum ouro e uma pequena quantia em dinheiro. O correspondente encontrou as crianças aos cuidados de uma tia na cidade de Senhor do Bonfim e esta informou que Judite e o irmão estavam em “um estado nervoso de fazer dó”, o que hoje modernamente denominamos de “traumatizados”[9].

“Eu diria que ele era pai do céu, quanto mais meu!”

No dia 21 de abril vamos encontrar os dois homens do jornal A Noite seguindo pela estrada que ligava Senhor do Bonfim a fazenda Riacho Seco[10]. Quando alcançaram o lugar Caldeirão, seguiram em demanda do sítio Vargem Seca, onde deixaram o veículo. Percorreram a pé, por quatro quilômetros, até o sítio Junco, onde o proprietário Manoel do Quinto acompanhou os visitantes por mais outros quatro quilômetros, até finalmente chegaram à fazenda Passagem.

Joaquim Gomes Cardoso, sua esposa e filho diante de sua casa no lugar Passagem.

Ali souberam que os cangaceiros chegaram por volta das nove da manhã e foram direto para a casa de Joaquim Gomes Cardoso, que possuía problemas físicos desde o nascimento, que o deixaram com diferença no tamanho de suas pernas.

Pediram ouro e dinheiro, mas Joaquim respondeu que nada tinha “por ser um pobre aleijado”. Isso nada impediu que Lampião lhe roubasse uma sela, no que Joaquim tentou demover o chefe cangaceiro do seu intento, pois não podia andar e precisava daquele material para seus deslocamentos na região em um magro jumento. O resultado foi uma terrível saraivada de chicotadas dada por um dos cangaceiros presentes.

Vaqueiro Manoel Cândido, que teve a casa invadida e a mulher igualmente estuprada pelos cangaceiros no lugar Passagem.

Para parar a tortura naquele indefeso deficiente físico o cangaceiro que batia disse “Se quiser que eu pare tem de chamar Lampião de papai”. O corresponde de A Noite perguntou se Joaquim disse aquilo e sua resposta foi até engraçada – “Ora, seu moço, e quem é que não chamava? Eu diria que ele era pai do céu, quanto mais meu!”[11].

Na reportagem outras quatro casas foram visitadas na propriedade Passagem, com a mesma repetição de saques e surras.

Os dois enviados do jornal refizeram todos os oito quilômetros na volta até o veículo e seguiram para Senhor do Bomfim e de lá para a propriedade Cachoeirinha, onde uma família estava ali refugiada.

Romana, estuprada por Lampião na fazenda Passagem.

Era a família de Bertoldo Cândido dos Santos, que apresentou relatos ainda mais chocantes sobre o momento que os cangaceiros estiveram na fazenda Passagem.

A mulher de Bertoldo, Dona Maria Martins, contou que no dia do ataque só estava em casa a sua filha Romana, conhecida como Bizunga. Ela reparava uma roupa e ao ver a chegada dos cangaceiros tentou correr, mas foi impedida por Lampião que lhe apontou o fuzil e intimou-a a parar.

Na mesma hora o chefe disse a dois dos seus homens “Venham ver que coisa bonitinha tem aqui”. Mandou seus comandados tomarem conta de Romana enquanto foi averiguar o que acontecia nas outras casas da fazenda Passagem. Um dos homens ainda pensou em avançar na moça, que possuía feições bastante generosas na opinião do correspondente, mas foi impedido pelo companheiro por medo da reação do chefe.

Casa da fazenda Pontilhão do Campo do Maio, também atacada pelos cangaceiros.

O enviado de A Noite afirma que no retorno de Lampião a casa da jovem sertaneja, aparentemente sem maiores delongas, partiu para cima de Romana e a estuprou. Ela ainda foi ferida a punhal por tentar se defender. Não foi informado se outros cangaceiros se aproveitaram sexualmente da jovem indefesa.

O correspondente informou que a irmã de Romana havia escapado por se encontrar fora de casa, mas em sua opinião o ataque sexual a garota havia desestruturado de tal maneira sua família, que seu pai Bertoldo estava com características de quem estava “variando”. Ou seja, ficando louco[12].

Mas este flagelo não ficou restrito apenas a Romana. Manoel Cândido, ainda aparentado de Bertoldo, teve a casa invadida e a mulher igualmente estuprada pelos cangaceiros.

O material iconográfico existente nas reportagens aponta que a atuação do bando de Lampião nos sertões baianos, naqueles primeiros dias de 1931, era o ataque a pequenas e simples propriedades e lugarejos. Talvez o número reduzido de cangaceiros não trouxesse a Lampião a devida segurança para atacar locais maiores naquele período[13].

Fogueira de ódios e de vinganças

Nesta época o jornal A Noite sempre trazia notícias relacionadas aos cangaceiros e, segundo foi publicado posteriormente, a reportagem sobre aqueles três ou quatro dias da passagem do bando de Lampião nas caatingas entre as cidades baianas de Uauá e Senhor do Bonfim obteve extrema repercussão no Rio de Janeiro. Tanto que a reportagem foi bastante ampliada na revista Noite Ilustrada, com a publicação de uma grande quantidade de fotografias[14].

O idoso que aparece na foto era conhecido na região de Senhor do Bonfim como “Velho Motta”. Acreditavam que tinha entre 90 e 100 anos de idade em 1931 e que havia servido junto a Antônio Conselheiro na Guerra de Canudos. Morava na fazenda Pontilhão do Campo do Maio e nem ele escapou dos cangaceiros.

Não podemos de deixar de comentar que, por mais interessante que sejam estas reportagens produzidas em 1931, nada sabemos se os locais e as histórias transmitidas pelas pessoas entrevistadas relatavam a realidade dos fatos. Nem sabemos o que ficou da tradição oral sobre estes episódios. Seria necessária uma pesquisa de campo. Mas não foi apenas o periódico carioca que tratou do tema. O autor e pesquisador baiano Oleone Coelho Fontes, no seu ótimo livro Lampião na Bahia, traz um capítulo inteiro dedicado a estes ataques em abril de 1931, inclusive fazendo referência a atuação da reportagem de A Noite entre Uauá e Senhor do Bonfim e ampliando os detalhes dos ataques[15].

Outro ponto a ressaltar, é se existiu um possível direcionamento político com esta reportagem?

Pessoalmente eu não tenho uma resposta para este questionamento. Entretanto faziam apenas seis meses que uma nova ordem política emanava do Palácio do Catete e o revolucionário cearense Juarez Távora tinha tanto poder nos estados nordestinos, que era conhecido como “Vice-Rei do Norte”. Consta que ele desejava muitas mudanças nas relações de poder na região e menos de dez anos os cangaceiros seriam retirados de circulação. Mas isso não acabou com a violência do campo!

A cidade baiana de Monte Santo, outro local visitado pelo correspondente de A Noite.

Vale ressaltar que as reportagens produzidas pelo periódico carioca praticamente nada comentavam sobre a violência praticada pelas autoridades policiais, que existia e era tão feroz quanto à praticada pelos cangaceiros. No que ajudava a sempre manter acesa a fogueira de ódios e de vinganças que notabilizou o sangrento período do cangaço no Nordeste do Brasil.

Mesmo que os artigos publicados nas edições do jornal A Noite do mês de abril de 1931 não sejam plenamente corretos, sejam imparciais e mesmo sem saber o seu direcionamento político, ao ler este trabalho produzido há 84 anos à única certeza que fica sobre as violências deste período é que os perdedores eram sempre os mais fracos.

REFERÊNCIAS

[1] A Noite foi um jornal vespertino criado pelo jornalista niteroiense Irineu Marinho e lançado em 18 de julho de 1911 no Rio de Janeiro. Empreendedor, Irineu Marinho vislumbrou já naquela época a ideia do conglomerado de mídia, com uma ação dinâmica no jornalismo. Em 1922, sendo seu jornal acusado de cooperar com o levante dos tenentes do Forte de Copacabana (18 do Forte), passou quatro meses preso na Ilha das Cobras (baía de Guanabara), de onde saiu com a saúde abalada. Partiu para a Europa com a família em 1924, de onde voltou para fundar, em 29 de julho de 1925, O Globo – herdado por seu primogênito, Roberto Marinho, com sua morte, em 21 de agosto, aos 49 anos. Sobre o envio do correspondente e do fotógrafo, as razões do envio destes profissionais não são comentadas.Ver –http://observatoriodaimprensa.com.br/armazem-literario/_ed723_irineu_e_o_jornalismo_no_seculo_20/
[2] Mesmo aparentemente o trajeto realizado pelos enviados do jornal em 1931 ser diferente das modernas estradas asfaltadas que ligam os dois municípios baianos, segundo o jornalista, sem maiores paradas, o trajeto por eles realizado levaria cerca de doze horas. Hoje é realizado, com tranquilidade, em duas horas e meia.
[3] Ver Jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de segunda-feira, 20 de abril de 1931, 2ª página.
[4] Ver Jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de segunda-feira, 11 de maio de 1931, 3ª página.
[5] A cidade mineira de Januária foi um importante entreposto comercial em uma época que o Rio São Francisco permitia a navegação de grandes barcos a vapor. A aguardente de Januária passou a abastecer todo o país, sendo apreciada e elogiada pelos maiores conhecedores, tornando a cidade um sinônimo de cachaça de qualidade produzida no Brasil. O primeiro engarrafador de aguardente em Januária, segundo informações locais, foi o Sr. Abílio Magalhães em 1926 com a marca “Januária Crystal”. Em 1928 o Sr. Claudionor Carneiro lançou a marca “Januária”, que posteriormente teria seu nome alterado para “Claudionor”. Outras marcas surgiram na cidade, muitas das quais já não existem mais. Verhttp://cachaca.januaria.zip.net/
[6] Ver Jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de segunda-feira, 11 de maio de 1931, 3ª página.
[7] Ver Jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de segunda-feira, 11 de maio de 1931, 3ª página.
[8] Ver Jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de terça-feira, 12 de maio de 1931, 3ª página.
[9] Ver Jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de quinta-feira, 14 de maio de 1931, 1ª página.
[10] Segundo uma das notas do jornal, a cidade de Senhor do Bomfim tinha no início da década cerca de 12.000 habitantes e apenas 23 policiais para protegê-la, sendo raras as localidades que tinham mais de 12 policiais. Ver Jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de segunda-feira, 1 de fevereiro de 1931, 1ª página.
[11] Ver Jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de quinta-feira, 14 de maio de 1931, 1ª página.
[12] Ver Jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de quinta-feira, 15 de maio de 1931, 1ª página.
[13] Vale lembrar que antes destes ataques no início do abril, Lampião evitou pela segunda vez um confronto contra os defensores da cidade baiana de Itiúba. Verhttp://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2010/05/itiuba-repeliu-lampiao-2-por-rubens.html
[14] Ver Jornal “A Noite”, Rio de Janeiro, edição de segunda-feira, 18 de maio de 1931, 1ª página.
[15] FONTES, Oleone Coelho. Lampião na Bahia. 4a. ed. Petrópolis : Vozes, 2001. Páginas 214 a 217.

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros

http://tokdehistoria.com.br/2015/07/06/as-faces-e-os-relatos-das-vitimas-de-lampiao-na-bahia/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

CORONELISMO

 Por Zózimo Lima em 1935

Depois mesmo de extinta a Guarda Nacional, corporação que merecia e merece ainda todo o meu respeito, não desapareceu o coronelato que constituía a máxima aspiração dos poderosos latifundiários e negociantes. Ainda nos fins do governo do Marechal Hermes, que foi, se não me engano, quem acabou com essa mavórtica agremiação, eu vi na minha terra um abastado senhor de dois engenhos de açúcar e três fazendas de gado no sertão romper com o chefe local porque este lhe não conseguira a promoção de tenente a capitão do 428º corpo de infantaria classificado empiricamente em Uruburetama, no Ceará.

Desaparecida a temível milícia de quadro ilimitado – pois tanto as promoções como as nomeações eram feitas ao sabor dos candidatos, contanto que estes remetessem as importâncias das patentes aos cofres do Ministério do Interior, e não ao da Guerra, como devia ser –, ficou, entretanto, embora para figurar no noticiário dos jornais, tacitamente estabelecido que qualquer cidadão, principalmente proprietário ou fazendeiro, seria oficial da briosa corporação que já não mais existe.

O coronel da finada Guarda Nacional quando político, é, como se costuma dizer agora, um caso muito sério. Julga-se ele uma entidade onipotente. Olha para os doutores com a fanfarrice e a empáfia de galo único no terreiro povoado exclusivamente de galinhas.


E vejam que existem por aí afora doutores com a mentalidade de “coronéis”, e vice-versa. O doutor que se afunda no “engenho” adquire para sempre a visão, a compreensão, o raciocínio estreito do autêntico oficial dessa denodada milícia que teve o seu período áureo.

Dizia-me o doutor Guilherme Marbak, inteligência aguda e observador percuciente, que foi oficial de gabinete do saudoso democrata Dr. Vital Soares, que nada lhe distraía mais do que a pose de certos coronéis-chefes-políticos, senhores de vastas terras, plantações, arregimentadores de crescido eleitorado, quando vinham do interior se entender com o chefe do executivo estadual.

Quase sempre julgam eles – dizia-me o Marbak –, porque graduados cabos eleitorais -, que os salões de despacho governamentais são um prolongamento dos seus rurais domínios. 

 
Zózimo Lima

Bradam “quero porque quero”, ameaçam retirar a solidariedade aos representantes federais, romper com a situação estadual se não foi retirado o cabo comandante do destacamento, exonerado o escrivão da coletoria, transferido o telegrafista e chamado à capital o juiz ou promotor para, assim, satisfeito, mostrarem aos munícipes basbaques que o seu valor vai além do de Moisés fazendo brotar água do rochedo.

Se o Governador, por conveniência da cousa pública, atendendo às circunstâncias do momento, aos imperativos da justiça, lhe nega satisfazer os caprichos de potentado regional, o compenetrado coronel perde as estribeiras, vocifera e ameaça romper definitivamente com o partido aliando-se desde já à oposição.

Afinal de contas, para acalmar os ímpetos belicosos do potentado correligionário, depois de esgotados os recursos diplomáticos e pacifistas, o governo, que sempre é poderoso em qualquer circunstância, arrasa-lhe a importância com a interferência de um sargento de polícia destacado no seu efêmero feudo.

Há, porém, como colaborador dos governos, o coronel sisudo, prestigioso pela sua influência moral, pela circunspecção nas suas atitudes, apaziguador, pugnador pela estabilidade da ordem, da harmonia dos partidos, jungido aos postulados legítimos da polícia coordenadora, ao contrário daquele que, possuidor de mentalidade aldeã, obcecado pela egolatria, não passa de um elemento dissolvente, desagregador, individualista, quase sempre, por essas qualidades, cavador da própria ruína. É uma entidade que se encontra em todos os quadrantes da política nacional. Não é como se observa, uma individualidade regional.

Zózimo Lima - “Correio de Aracaju” – 21.06.1935
Gentileza da divulgação: Facebook - Antonio Correa Sobrinho 

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2015/07/coronelismo-porzozimo-lima-em-1935.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

EUNICE (NICINHA FILHA DA CANGACEIRA ADÍLIA

Por Rangel Alves da Costa
Eunice
Esta é Eunice (Nicinha), filha de Adília, a ex-cangaceira. Minha conterrânea de Poço Redondo, num breve encontro neste domingo.

Casal de cangaceiros Adília e Canário

O pesquisador do cançaço Voltaseca Volta fez o seu comentário, além de uma pergunta que todos nós faríamos no intuito de recebermos a resposta: 

"Valeu Rangel Alves da Costa, pela contribuição nesse Grupo de Estudos - LCN... Uma pergunta: Essa senhora da foto inicial era filha de ADÍLIA com o cangaceiro CANÁRIO, ou foi de outro relacionamento de Adília, após a morte de Canário? m caso negativo, ela chegou a ter algum filho com esse cangaceiro, e, hoje, ele ainda está vivo? Obrigado!"

Vídeo do acervo do cineasta e pesquisador do cangaço Aderbal Nogueira - https://www.youtube.com/watch?v=o6Oqh5QRRIw

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

VIRGOLINO FERREIRA DA SILVA - O LENDÁRIO LAMPIÃO


Fonte: facebook
Página: Virgulino Ferreira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO O CANGAÇO E SEUS SEGREDOS

 Por Sabino Bassetti

"Lampião - O Cangaço e seus Segredos"

O mais novo lançamento do espetacular pesquisador e escritor SABINO BASSETTI

IMPERDÍVEL !!!

Faça seu pedido diretamente com o autor, através do e-mail:
sabinobassetti@hotmail.com

R$ 40,00 (Quarenta reais)

com frete já incluído, e será enviado devidamente autografado pelo autor, para qualquer lugar do país.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO EM ITIÚBA


"Isso não é uma cidade, é uma arapuca! O diabo é que vai entrar aí. Desta vez Itiúba, tu me escapas, mas eu volto ainda".


 "Lampião teria dito quando avistou ao longe a cidade de Itiúba, no Estado da Bahia, que estava em armas esperando Lampião, no dia 24 de agosto de 1932.

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO MANDA RECADO PARA O FAZENDEIRO ELIAS MARQUES


"Apois diga a Elias que se eu o pegar, eu vou tirar as tripas dele pelas costas". 

Tenente Liberato de Carvalho

Lampião mandou esse recado para o fazendeiro Elias Marques, porque Elias Marques acompanhou a volante de Liberato de Carvalho, com um filho e um sobrinho na perseguição a ele, Lampião. Na foto, o lendário Lampião, em seguida o tenente Liberato de Carvalho.

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com