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sexta-feira, 6 de junho de 2014

O cantor João Mossoró fará show hoje, 07 de Junho no Rio de Janeiro


O cantor João Mossoró fará show hoje, sábado, dia 07 de Junho de 2014, 
no Rio de Janeiro, no bairro Benfica no "Mercadão Cadegue".
Uma festa portuguesa,  no "Cantinho das Concertinas".



Será uma festa bastante animada, quando o artista cantará as mais lindas canções.

Você que mora no Rio de Janeiro prestigie o artista, participando do seu show.

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Tendo o Mar por Testemunha !

Por Manoel Severo
Corisco, o "Diabo Louro"

É inegável que o fenômeno do cangaço trouxe muito sofrimento para todos os atores envolvidos deste "sertão de meu Deus". Por mais de 20 anos, sete dos nove estados nordestinos se viram aflitos a partir do julgo deste que foi um dos mais famosos cangaceiros de todos os tempos: Virgulino Ferreira, Lampião. Jovens; homens e mulheres se entregaram a uma vida de dor e amargura, aventura e ilusão. Para muitos os anos não apagaram da memória a marca fincada forte no coração.

Economista Sílvio Bulhões, filho de Corisco e Dadá.

Alguns que conhecem o distinto economista, radicado em Maceió de nome Sílvio Bulhões, jamais poderia imaginar que o mesmo é um desses personagens que traz em sua alma a marca forte do cangaço nordestino. Sílvio Bulhões é filho do "segundo casal" do cangaço: Corisco e Dadá. Para aqueles que estudam o cangaço e acompanharam de perto toda a história de vida daquela pequena criança que desde nascido foi entregue ao padre Bulhões para ter uma chance de vida, reconhece no Doutor Sílvio Bulhões um homem de bem, uma figura ímpar e que sem nenhuma força agrada a todos os que privam de sua companhia e proximidade.
  
 Sílvio Bulhões tendo o Mar de Pajuçara como testemunho do último tributo a seu pai: Corisco.

Nesta última semana tive o privilégio de conversar longamente com doutor Sílvio Bulhões, por telefone foi possível sentir do estimado amigo toda lucidez e sentimento sincero sobre o papel histórico de seus pais e aí a emoção tomou conta da conversa quando Dr. Sílvio Bulhões comentou sobre a última homenagem a Cristino Gomes da Silva Cleto: Corisco.

No dia 26 de maio do ano passado, 2013;  Silvio Bulhões,  fez tributo à memoria de seu pai, Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco, lançando suas cinzas ao mar de Pajuçara - AL, que registramos e postamos em fotografias a partir da gentileza do confrade Geziel Moura.

Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço

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Postado por Adryanna Karlla Paiva Pereira Freitas

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CANGACEIROS QUE SE ENTREGARAM EM JEREMOABO-BA , EM out/1938


APÓS CRUZAR INFORMAÇÕES E FOTOS, SOBRETUDO A FORNECIDA PELO DR. RUBENS, TEMOS A SEGUINTE IDENTIFICAÇÃO (sujeita ás correções):

1- CUIDADO (?); 
2- JURITY; 
3 - CANDEEIRO;
 4 - Padre capuchinho AGOSTINHO; 
5 - Cap. ANÍBAL FERREIRA (comandante do destacamento do Nordeste); 
6 - Ten. ALÍPIO FERNANDES DA SILVA; 
7 - Frei capuchinho FRANCISCO; 
8 - ZÉ SERENO; 
9 - CRIANÇA; 
10 - BALÃO; 
11 - AZULÃO; 
12 - CUIDADO; 
13- QUINA-QUINA; 
14 - NOVO TEMPO; 
15 - PADRE JOSÉ MAGALHÃES (Pároco de Jeremoabo-BA); 
16 - BORBOLETA (?); 
17 - MANÉ PERNAMBUCO; 
18 - LARANJEIRA (Mulher); 
19 - MARINHEIRO...

Adendo: - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nesta lista aparecem dois cangaceiros com o nome de Cuidado: São eles: o número (1) e o número (12).

Fonte: facebook

Postado por Adryanna Karlla Paiva Pereira Freitas
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Lampião e suas alpargatas


Lampião: 
alpercatas, punhal e platina de capitão.

Acervo: 
Instituto Histórico de Maceió no Estado de Alagoas.

Fonte: facebook

Postado por Adryanna Karlla Paiva Pereira Freitas
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Aberto o XVI Forum do Cangaço em Mossoró com eleição da SBEC

 Mesa de Abertura do XVI Forum do Cangaço da SBEC

Aconteceu na noite desta segunda-feira, dia 02 de junho de 2014 , no Auditório da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais – Fafic, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN a abertura do oficial do  XVI Fórum do Cangaço, uma promoção da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. 

Com o Tema: "Cangaço e turismo numa perspectiva pedagógica e empreendedora" a noite teve seu início com a diplomação de novos sócios da SBEC. Presidindo a Mesa, o presidente da SBEC, professor Lemuel Rodrigues, o Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo além de Diretores e coordenadores dos cursos de história da UERN.

 Paulo Gastão, Benedito Vasconcelos Mendes, Lemuel Rodrigues e Manoel Severo

João Sabino, Paulo Gastão e Geraldo Maia

Em seguida tivemos a conferência de abertura com o tema: O roteiro do cangaço e a pedagogia das atividades de campo na cidade de Mossoró/RN com Cinara Filgueira Maciel e Maria Gorete Serra Sousa. A noite foi encerrada com Programação cultural e apresentação de Genildo Costa.

O XVI Fórum prosseguiu nos dias 03 e 04 com o prosseguimento de palestras, debates e lançamento de obras; tendo o ponto alto a eleição da nova diretoria da SBEC, em reunião extraordinária presidida por Lemuel Rodrigues, foi eleito para a nova presidência o sócio Benedito Mendes Vasconcelos tendo na vice, um dos fundadores da SBEC, Paulo Medeiros Gastão.

Gorete Sousa e Cinara Maciel, com Benedito Vasconcelos na primeira noite de conferências.
Geraldo Maia e Manoel Severo, empossados na nova diretoria da SBEC

 "O Presidente Benedito Vasconcelos levará a SBEC a iniciar sua maior idade - 21 anos de existência em prol da cultura brasileira."

Paulo Gastão.

 Ex-presidente Lemuel Rodrigues e atual, Benedito Vasconcelos
Benedito Vasconcelos fala logo após sua posse

Para Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, que assumiu junto com a nova diretoria da SBEC; " sem dúvidas nossa querida SBEC inicia um novo ciclo e temos o privilégio de ter uma personalidade ímpar como o professor Banedito Vasconcelos à frente da sociedade a partir de hoje e que terá um grande desafio, o de suceder Lemuel Rodrigues, que fez um trabalho espetacular. A diretoria que hoje toma posse; homens e mulheres identificados com as causas da SBEC; como Paulo Gastão, Geraldo Maia, Ângelo Osmiro, Leandro Cardoso e Honório de Medeiros, dentre muitos outros talentosos sócios, sem dúvidas estarão dedicados ao trabalho de continuidade e engrandecimento desta SBEC que é pertence não só ao nordeste, mas ao Brasil."

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Postado por Adryanna Karlla Paiva Pereira Freitas

Pra não dizer que não falei das flores

Por Ana Lúcia Granja
Ana Lúcia entre Wescley Rodrigues e Antônio Tomaz

O título desta música identifica muito bem um dos períodos mais cruéis da nossa História brasileira que foi a ditadura, os “Anos de Chumbo” que neste ano de 2014 fez 50 anos. Esta música de Geraldo Vandré foi considerada o Hino da Resistência num tempo em que a liberdade de expressão foi cerceada, tolhida, oprimida...

Como cidadã e docente da disciplina de História, pude fazer uma reflexão desse fato histórico e percebi que poucos sabemos ou poucos sabem do passado do nosso país e dos que ajudaram a fazer e formar sua História, a exemplo de um personagem que marcou uma época de repressão chamado Padre Antonio Henrique Pereira da Silva Neto, o Padre Henrique, assassinado no dia 27 de Maio de 1969 acusado de ser traidor do regime vigente, na cidade do Recife. Seu crime? Era fazer parte da Pastoral da Juventude onde exercia um trabalho nobre de orientar os jovens tirando-os do mundo das drogas, dos conflitos gerados que os afastavam de suas famílias, tudo isso, Padre Henrique fazia por meio do DIÁLOGO, da conscientização de que todos devem exercer o seu papel de cidadão.

 
Padre Henrique

Diante deste fato, eu me reportei a outro período histórico que tanto nos leva a pesquisar, a estudar, a admirar e de forma periódica a nos reunirmos para aprendermos mais que é a temática do Cangaço.Bem antes de trabalharmos e fazermos a culminância do Projeto didático “Ditadura nunca mais” nas nossas escolas, eu fiz uma visita ao túmulo do Padre Henrique na Igreja da Sé em Olinda, como também o túmulo que fica ao seu lado de um grande homem que foi um símbolo da paz, Dom Helder. Minha emoção foi tão imensa que simplesmente chorei copiosamente de alegria por está diante de personagens que só vimos nos livros (ainda que mortos), que participaram ativamente pelo bem social e de tristeza por saber que ambos tiveram uma trajetória de vida bastante conturbada, ameaçada, principalmente ao jovem padre Henrique que teve uma morte trágica marcada por tiros e tortura. Ao visitar o túmulo do Padre Henrique também pude me reportar à emoção que é ao pisar no solo de Angico, Poço Redondo, onde a impressão que sinto é que a qualquer momento as volantes e os cangaceiros irão se enfrentar e reviver aquele momento histórico. 

Pode até ser tola essa minha impressão, mas como amante e Vaqueira da História e principalmente das histórias do nosso sertão e da nossa caatinga, me sinto muito feliz em participar dessas excursões em locais tão reais, de acontecimentos tão reais que muito me engrandecem.Afinal, quem é o historiador que não se sente realizado, feliz em participar da história adentrando lugares inóspitos, complexos, ouvindo pessoas e produzindo conhecimentos mediante cansativas buscas?

Padre Henrique e a cena do crime

Lampião e Padre Henrique, claro, viveram Histórias em épocas e lugares diferentes, mas cada um teve o seu propósito, cada um teve sua breve trajetória. Lampião é considerado um mito. Padre Henrique foi considerado um mártir. Lampião fez 75 anos de morte. Padre Henrique fez 45 anos. Como mencionei no início desta minha reflexão, pouco sabemos ou poucos sabem do passado, de personagens que fizeram história no nosso país. Sendo assim, certos fatos, certos acontecimentos passam despercebidos e muitas vezes pela falta de conhecimento, as pessoas não são incentivadas a buscar, a aprender a conhecer. Nós, como cidadãos e amantes da História, não devemos deixar que isso aconteça. É preciso acender sempre o lampião para continuarmos sempre investigadores e divulgadores e que a luz do conhecimento continue sempre acesa em nossas mentes e nas mentes coletivas.

Ana Lucia Granja
Pesquisadora, Historiadora e Conselheira Cariri Cangaço


Fotos:
http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Padre+Henrique&ltr=p&id_perso=406

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Postado por Adryanna Karlla Paiva Pereira Freitas.

Dr. Maltez Fernandes

Por José Mendes Pereira
Dr. Maltez Fernandes - Foto do acervo do Allan Erick - neto do Dr. Maltez 

Interessante!

Já fazia mais de três anos que eu tentava encontrar na Internet fotos de Sebastião Maltez Fernandes ou simplesmente (Dr. Maltez), um médico que dedicou parte da sua vida cuidando de partos em Mossoró, e que era o meu desejo organizar um trabalho sobre ele, mas colocando fotos caso eu as encontrasse. E finalmente, pesquisando, encontrei no site do Allan Erick, http://allanerick.blogspot.com.br/2012/03/dr-maltez-fernandes.html, neto do Dr. Maltez Fernandes, e que me autorizou através de e-mail o uso das fotos do seu avô em meu trabalho.

Sei que muitos mossoroenses ainda se lembram do Dr. Maltez Fernandes, que apesar da posição social que ocupava em Mossoró, era um homem que mantinha a simplicidade no meio do seu povo, dos seus pacientes, sem demonstrar orgulho pela sua posição. Sobre o saudoso médico Dr. Maltez Fernandes ninguém falará melhor do que seu neto Allan Erick e  o seu genro Francisco Rodrigues da Costa. 

Agora entrego o Doutor Maltez Fernandes aos ilustres Allan Erick e  ao memorialista Francisco Rodrigues da Costa.

 Allan Erick neto do Dr. Maltez escreveu o seguinte:

 Allan Erick neto do Dr. Maltez

Não tive o privilégio de conviver muito tempo com o meu avô, Dr. Sebastião Maltez Fernandes. As lembranças turvas me levam a um passeio em seus braços, em uma manhã ensolarada no jardim do casarão de Mossoró. Me transportam também para um outro passeio, dessa vez na fazenda da família, a "Guanabara". Com uma das mãos buscava apoio na mão do meu avô, com a outra puxava um brinquedo artesanal, um "carrinho de lata" que teimava em virar, pacientemente ele me acompanhava e me ajudava a desvirar o carrinho. Por último me lembro de entrar em um avião para me despedir do meu avô, ele estava prestes a embarcar para o Rio de Janeiro, onde faria um tratamento de saúde. Percorri o corredor do avião e o encontrei sentado (era o único passageiro), e essa foi a última vez que vi o meu avô com vida. Outros detalhes da vida de Dr. Maltez, me foram passados pelos meus tios, tias e minha mãe.

Final de 1973: "Vovô Maltez" brincando comigo - foto do acervo do Allan Erick

Felizmente o memorialista Francisco Rodrigues (Tio Chico), genro de Dr. Maltez cuja memória é prodigiosa, traçou uma breve biografia do meu avô. O texto foi publicado em setembro de 2011, na 14ª edição da revista "Oeste", editada pelo Instituto Cultural do Oeste Potiguar - ICOP. Reproduzo então a referida biografia escrita por "Tio Chico", na intenção de disponibilizá-la para todo o mundo, bem como imortalizar a figura de Dr. Maltez, o cidadão íntegro, o empresário, o político e acima de tudo o médico, para quem o juramento de Hipócrates não era uma mera formalidade acadêmica, mas um código de ética a ser seguido e respeitado. Certamente um dos homens mais importantes da história de Mossoró e do Rio Grande do Norte.

Francisco Rodrigues da Costa escreveu sobre o Dr. Maltez Fernandes dizendo:

O da frente é o Dr. Maltez Fernandes - Foto do acervo do Allan Erick 

Sebastião Maltez Fernandes, este seu nome completo. Filho dos agricultores Leonel Fernandes Carneiro de Oliveira e Maria José Fernandes de Oliveira. Nasceu aos 7 de abril de 1904 no sítio Crisolândia, na zona rural de Caraúbas, de propriedade dos seus genitores.

Concluiu o primário no Grupo Escolar Antônio Carlos da cidade de Caraúbas. Como prêmio, pelas boas notas alcançadas, foi convidado para continuar seus estudos no Rio de Janeiro, então Capital do Brasil, onde morava um tio, que lhe ofereceu a grande oportunidade de sua vida. Graduou-se em medicina pela então Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, como médico obstetra.

De volta à terra natal, no início dos anos 30, começou a clinicar. Casou-se em 1938 com Maria de Lourdes Gurgel e tiveram os seguintes filhos: Maria José Gurgel Fernandes, formada pela Escola Doméstica de Natal, (in memoriam), Antônio Maltez Gurgel Fernandes, engenheiro agrônomo, formado pela Universidade Federal do Ceará, (in memoriam), Jaci Gurgel Fernandes, professora formada pela UERN, Gláucio Gurgel Fernandes, médico, formado pela Universidade Federal de Pernambuco, Maria da Conceição Gurgel Fernandes, médica, formada pela Universidade Federal da Paraíba e Maria do Socorro Gurgel Fernandes, médica formada pela Universidade Federal de Pernambuco.

Família: Da esquerda para a direita - Dr. Maltez, Maria José Gurgel, Antônio Maltez (meu pai), Jacy Gurgel, Maria De Lourdes (Vovó), Maria do Socorro e Gláucio Gurgel. - acervo do Allan Erick
  
Com o falecimento dos seus genitores, Dr. Maltez adquiriu, por compra, as partes do terreno que cabiam aos seus irmãos, registrando a nova propriedade com o nome de  fazenda “Guanabara”.

Dr. Maltez – O médico 

Assistir às suas pacientes, quer no período ou não da gravidez, foi seu maior sacerdócio. Não temos o número exato das crianças que vieram ao mundo pelas suas mãos. Queremos crer que, em Mossoró, mais de quinze mil sentiram a clássica palmadinha no bumbum, aplicada pelo caridoso médico. 

Contam coisas interessantes a respeito de doutor Maltez. Ele mesmo me contou dois casos que passo a narrá-los: uma vez olhando um relógio de parede, que marcava 12 horas, viu no mostrador o rosto de um dos seus irmãos. Logo depois recebeu a notícia da morte do ente querido que falecera justo naquela hora.

Numa noite chuvosa, estrada enlameada, orlada de “pereiros” e xiquexiques, o carro dirigido por Luizinho, que também fazia parte da banda musical de Caraúbas, seguia vagarosamente. De repente Dr. Maltez diz para o motorista: “Passe naquela casa iluminada pela luz de lamparina”. No seu interior uma mulherzinha se contorcia em dores. O marido, aflito, saíra em busca de ajuda. Sem se identificar, Dr. Maltez pede para ver a paciente e, em seguida, diz para alguém ferver água. Em poucos instantes, o choro forte de uma criança aliviava as dores da mãe feliz.

D’outra feita, em visita a uma enfermaria repleta de candidatas a mamãe, Dr. Maltez pergunta por que uma delas permanecia ali. Ouviu: “Está esperando para ser cirurgiada”. Era uma vida em jogo. “Se não a levarem logo para a sala de parto, a criança nascerá aqui mesmo” – disse  Dr . Maltez. A paciente livrou-se de ter o ventre cortado pelo bisturi. O médico que a operaria teve um problema no seu automóvel, daí o atraso. Somente em último caso, Dr. Maltez apelava para a cesariana, Zezinha, sua filha, em partos normais, deu ao pai orgulhoso suas primeiras netas, Daniela e Giovanna. Foi  Dr . Maltez quem assistiu a filha por ocasião dos seus dois partos. 

Soube, por Geraldo meu irmão, amigo dos filhos do saudoso casal Evilásio/Francisquinha Dias, que ela fez o seguinte  comentário: “Dr. Maltez quando prognosticava a data do nascimento de uma criança era tiro e queda”. E arrematou: “Foi assim com os meus cinco filhos: Enilce, Célio. Nilma, Clélia e Marcos”. Os dois últimos são médicos e clinicam em Natal.

Adelaide de Jesus Costa, enfermeira e viúva do médico areia-branquense Francisco Fernandes da Costa, não regateou elogios: “Foi uma tranquilidade dar a luz aos meus  filhos: Luiz Henrique, Roberto e Costa Neto. Contei, abaixo de Deus, com as mãos milagrosas do Dr. Maltez”.

De uma mãe preocupada: “Dr. Maltez, minha filha está com um mioma, e, cada vez mais, eu vejo que ele aumenta”. Depois de examinar a mocinha, o experiente médico  disse para a mãe aflita: “Tenha calma, vou cuidar do 'mioma' com carinho”.  Após alguns meses, a mocinha, em vez do mioma, tinha um robusto bebê para amamentar.

Meados de 1946, veio residir em Mossoró. Foi o primeiro diretor da Casa de Saúde e Maternidade Dix-sept Rosado com o Dr. João Marcelino.

Dr. Maltez – O Político

Morava em Caraúbas quando se candidatou pela primeira vez a deputado estadual. Foi por ocasião da redemocratização do País, com a deposição de Getúlio. Conseguiu a eleição pela legenda do Partido Social Progressista, dirigido no Rio Grande do Norte pelo deputado federal Café Filho.

Na campanha eleitoral de 1947, para escolha de um terceiro senador, como aconteceu em todos os estados da federação, recebeu do senador Georgino Avelino (PSD) a seguinte proposta: “Dr. Maltez, deixe o seu dedo correr sobre o mapa do RN. Na cidade indicada, o senhor terá consultório e emprego compensador”. Era uma proposta tentadora. Mas o deputado caraubense teria que apoiar a candidatura do industrial João Câmara ao Senado.  Dr. Maltez, com aquele seu semblante humilde, mas decisivo, agradeceu dizendo: “Senador: prefiro, sem retribuição, acompanhar meu correligionário Café Filho”.

Por falar na sua humildade, abro um parêntese e dou a palavra a um colega seu, o  Dr. Milton Marques de Medeiros, que assim se expressou no prefácio do nosso livro Caminhos de Recordações: “Dr. Maltez Fernandes era uma figura ímpar. Sua humildade até hoje me emociona. Não havia nele soberba nem exibicionismo. Nem tão pouco nos falava em tom professoral. Pelo contrário, tudo nos era transmitido pelo forte exemplo pessoal e através de sábias e sensatas conversas. Amenas, antes de tudo. Somente com o passar do tempo é que fui aquilatando melhor cada ensinamento”.

Em 1950, foi reeleito pela mesma legenda do PSP, obtendo expressiva votação somente em Mossoró. Também foram candidatos a deputado estadual, e tiveram esta cidade como reduto, Carlos Borges de Medeiros e Raimundo Soares de Souza (UDN), Antônio Rodrigues de Carvalho e José Nicodemos da Silveira Martins (PTB) e Francisco Solon Sobrinho (PSP), dentre outros. Dr. Maltez presidiu o Legislativo Estadual de 1953 a 1956.

Em 1954, Café Filho, já presidente da República, traçou um esquema para o seu PSP aqui no Rio Grande do Norte apoiar os candidatos ao Senado: Dinarte Mariz (UDN) e Georgino Avelino (PSD). Em contrapartida, o PSP daria os dois suplentes de senador. E o interessante é que ambos se tornariam titulares. Um, Reginaldo Fernandes, com a eleição de Dinarte para o Governo do Estado em 1955; e o outro, Sérgio Bezerra Marinho, com a morte de Georgino, 1959. Dr. Maltez, seguiu a orientação partidária e apoiou Eider Varela para deputado federal, que foi eleito
.
Em 1958, Café Filho já estava descartado da política. Dr. Maltez, aliou-se a Djalma Maranhão e tentou, sem êxito, voltar à Assembléia Legislativa. Episódio que levou o ex-deputado e ex-presidente da Assembléia Legislativa a encerrar sua carreira, como político.

Dr. Maltez – Sociável

Foi um dos fundadores do Lions Clube de Mossoró; sócio-proprietário do Clube Ipiranga; maçom da Loja 24 de junho.

Juntamente com o seu colega e conterrâneo Dr.Gentil Fernandes, foi um apaixonado pela língua, ESPERANTO, criada pelo médico polonês Ludwig Zamenhof. 

Dr. Maltez - Espirituoso. 

Sempre dizia seus gracejos oportunos, sem constranger a ninguém. Padre Huberto gostava de visitar algumas pessoas. Boquinha da noite ele chega à casa de  Dr. Maltez. e dá-se o seguinte diálogo:

- Vamos sentar Padre Huberto.

- Estou bem, Dr. Maltez. – Respondeu o religioso do alto dos seus quase dois metros.

Passados uns dois minutos, o mesmo convite por parte do médico, com pouco mais de um metro e cinquenta.

- Já disse que estou bem, repetiu o padre.

E dr. Maltez, calmamente: “Eu sei que o senhor está bem. Quem não está sou eu”. Com o pescoço empinado a olhar para o céu.

Certa vez, Zezinha chega para o pai e diz:

- Papai, já estou cansada de embalar Daniela. E ela não dorme de jeito nenhum. Que devo fazer?

E doutor Maltez, sem pestanejar:

- DANI-ELA no berço.

Dr. Maltez – O versejador em família. 

Em Junho de 1934, começou a namorar sua futura esposa, dona Lourdinha. O Apaixonado ofereceu sua foto com uns versinhos: 

"Para lembrar o São João
De trinta e quatro passado
Em que foi meu coração
Para sempre conquistado
À Lourdinha encantadora
Já dele possuidora
Dou essa fotografia
Lembrança daquele dia" 

De férias na fazenda Guanabara, todos juntos ao redor da mesa de refeições, não raro, recitávamos essas oito linhas. Era uma alegria geral.

Para Socorro, a filha caçula, quando lhe rasgou a gengiva o primeiro dentinho, o pai coruja não perdeu tempo, compondo esta quadrinha: 

"Tenho um dentinho
Que é danado pra morder
Se você não acredita
Bote o dedo só pra ver."

Aos domingos, a Rádio difusora de Mossoró, levava ao ar o programa “Manhã Festiva”, animado pelo saudoso Genildo Miranda. A meninada, de seis a oito anos, comparecia para recitar seus versinhos. Conceição, filha de  Dr. Maltez, ganhou um prêmio, ao declamar uma quadrinha de autoria do pai.

"Sou forte e sou bonita
Já sou quase uma mocinha
Me chamam de senhorita
Mas eu sou Miss Arrozina."

Com Gláucio, não foi diferente. Queria ser Tarzan e vivia exibindo sua musculatura. Foi ao palco da Difusora e faturou o prêmio, recitando a quadrinha:

"Essa marra meus senhores
Que tanto agrada as meninas
Devo somente aos fatores
Da saborosa Arrozina”.

Dr. Maltez - o Empreendedor

Em 1966, com os médicos Leodécio Fernandes Néo, César Augusto de Alencar, Eilson Gurgel do Amaral, construiu a Casa de Saúde e Maternidade Santa Luzia. Depois outros médicos se associaram ao empreendimento: Clóvis Augusto de Miranda, José Mario Gurgel e José Anchieta Fernandes.

Dr. Maltez também atendia pela  Carteira de Acidente do Trabalho, do INPS. Muitos acidentados tiveram nele o médico caridoso e justo. Prazos marcados para o pronto restabelecimento da saúde de cada um doente. Alguns pacientes, às vezes, queriam enganar a boa índole do médico. Nos ferimentos botavam leite de mamão ou usavam de outro artifício para prolongar o benefício. Dr. Maltez os advertia e, muitas vezes, suspendia o tratamento, dando “alta”, para coibir o condenável abuso.

Dr. Maltez deixou saudades... 

No final da vida contraiu uma enfermidade que o pôs de cama por algum tempo. Certa tarde,vai visitá-lo o  Dr. Tarcísio Maia, então governador do estado, que foi oferece seus préstimos ao colega e amigo de muitos anos.

Levado para o Rio de Janeiro,  Dr. Maltez ficou internado no Hospital da Lagoa. Não saiu de lá com vida. Faleceu aos 12 de julho de 1978. Foi sepultado em Mossoró, no cemitério São Sebastião.

Anos depois de sua morte, eu soube que uma ex-paciente dele guardava uma receita médica. Confessou que muitas vezes usou, com sucesso, o mesmo medicamento prescrito por Dr. Maltez.

Em rápidas linhas, o perfil biográfico do médico íntegro, do cidadão honrado e do sogro amigo. O inesquecível Dr. Sebastião Maltez Fernandes. 

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