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quarta-feira, 18 de abril de 2018

LIVROS SOBRE CANGAÇO...


Você irá encontrá-los com Francisco Pereira Lima lá na cidade de Cajazeiras no Estado da Paraíba. Seu endereço é: franpelima@bol.com.br


Conheça Lampião de mocinho a cangaceiros lendo os melhores livros. 

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RESERVA TOCAIA

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de abril de 2018
 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.882

      “Defronte o lugar onde aconteceu o episódio narrado da história do município de Santana do Ipanema, nasceu à primeira RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) de Alagoas, localizada no bioma caatinga. Recebeu a denominação de Reserva Tocaia, pois ali defronte houve apenas uma tocaia, mas o povo denominou o lugar no plural: Tocaias.
AO FUNDO, RESERVA TOCAIA. FOTO: (B. CHAGAS).
A Reserva foi oferecida ao estado sob certas condições pelo, então, ex-pracinha, professor, comerciante e fazendeiro Alberto Nepomuceno Agra, hoje sob direção do seu filho Alberto Nepomuceno Agra Filho.
Ela possui uma área de 21.7 ha. Estar localizada na periferia sul da cidade, no final do Bairro Floresta em direção ao riacho João Gomes. É composta de parte alta com o serrote Pintado, um dos montes que circundam Santana. Na parte baixa, nasce o riacho Salgadinho que escorre durante as estações chuvosas, sendo pequeno afluente do rio Ipanema, após cruzar o Bairro Floresta, dividindo-o com o outro Bairro Domingos Acácio.
A Reserva Tocaia foi criada pela Portaria N0018/2008, como meta de preservação integral.
Ali se encontra aroeira, angico, juazeiro, imbuzeiro, cedro, baraúna, entre outras espécies de grande e médio porte.
Em sua fauna registram-se a presença de gato-do-mato, pequenos roedores, aves típicas, serpentes e saguins.
Os pedidos de visitas vêm das escolas, de pesquisadores e curiosos, sempre acompanhados de perto pelo seu guardião, agrônomo, Alberto Nepomuceno Agra Filho (Albertinho)”. Texto extraído de:
       CHAGAS, Clerisvaldo B. A Igrejinha das tocaias; sua história.Santana do Ipanema, Impresgraf, 2017. 20. Edição. Capa de trás.

Duas RPPNs ainda são localizadas no município, mas a Reserva Tocaia é a mais conhecida, sendo avistada de vários pontos da cidade. O santanense sofre ao observá-la ressequida nos tempos de estiagens; vibra com ela e outros montes circundantes de Santana, com o verdume ocasionado pelas chuvas de inverno, das trovoadas ou ocasionais.
A RPPN Tocaia e as outras, são motivos de orgulho para o estado de Alagoas e para a consciência ambiental do planeta.


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O SERTANEJO, SEGUNDO O LIVRO DE JÓ

*Rangel Alves da Costa

Um livro bíblico de Jó é um verdadeiro cântico do sofrimento, mas também de fé. É a demonstração da fé em meio às contínuas angústias e aflições. Jó é testado na tentativa de se afastar de seu Deus, mas ainda assim mostra-se sempre fiel. Padece, mas transforma o padecimento em superação.
Além de perder filhos, bens, riquezas e uma vida cheia de benesses, de repente Jó se vê tomado pelas próprias dores da alma, pelas doenças, pelos males do mundo. Contudo, resiste, persiste na fé, sendo sempre levado pela esperança de que os justos alcançam a salvação.
O Livro de Jó se caracteriza, pois, por ser a prova mais contundente de devoção a Deus. Os desatinos sofridos, as dores sofridas, os tormentos vividos, nada disso foi maior que a sua crença. Quanto mais padecia mais acreditava, quando mais se afligia mais sentia que seria recompensado pela dádiva sagrada.
Com as devidas compensações, o Livro de Jó muito se aproxima do livro da vida do homem sertanejo. Não que este um dia tivesse sido rico e depois de tudo perdido tivesse sido tentado na sua fé, mas pelo constante sofrimento que carrega consigo e ainda assim jamais abandona sua convicção religiosa.
Diz o Livro de Jó: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal”. Diz o Livro do Homem, do homem sertanejo: Havia um homem na terra sertão e este era íntegro, trabalhador, cuja devoção religiosa o tornava um servo de Deus sobre tudo.
Diz o Livro de Jó: “Que veio um mensageiro a Jó, e lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas pastavam junto a eles; E deram sobre eles os sabeus, e os tomaram, e aos servos feriram ao fio da espada; e só eu escapei para trazer-te a nova”. Diz o Livro do Sertanejo: Que veio a estiagem e a tudo dizimou, o rebanho secou e a planta morreu, no fundo do tanque só restou o barro endurecido e petrificado.


Diz o Livro de Jó: “Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou. E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor”. Diz o Livro do Sertanejo: O que é meu me foi dado por Deus, e se é do seu desejo que tudo se vá, então que seja feita a sua vontade.
Diz o Livro de Jó: “Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma”. Diz o Livro do Sertanejo: Que seja feita a vontade de Deus. Não sou eu quem tem o poder de mandar a chuva cair, de fazer com que a planta renasça, de trazer de volta a força nos animais. Tudo na vontade de Deus e sua justiça será feita segundo o seu tempo.
Por que o sertanejo é assim, é assim como um Jó que sofre, que lamenta, que se aflige por dentro, que sente na pele e na alma todo o tormento do mundo, mas jamais renega sua fé. O sertanejo possui tamanha crença nas forças sagradas que sempre acredita no amanhã como um dia de renascimento.
Por que o sertanejo é assim, é assim como um Jó que depois de tudo perdido continua acreditando que tudo será reconquistado. O gado que berra faminto amanhã terá pastagem farta, o tanque seco amanhã já estará transbordando, a fome do homem e do animal é apenas um instante de privação, pois logo haverá fartura.
Por que o sertanejo é assim, é assim como um Jó que nunca esmorece ante as forças do mal e nem nega sua fé e o seu Deus perante as falsas promessas. Na casa sertaneja nunca deixará de existir a imagem santa, a vela acesa, o oratório, o terço, o rosário, a Bíblia. No sertanejo nunca silencia a prece, nunca se mostra inútil o sino da capelinha que brada na hora santa.
Jó foi salvo pelo seu destemor e pela sua fé. O sertanejo é sempre salvo por sua abnegação de fé e por sua contínua esperança nos dias melhores que virão em nome do Senhor.

Escritor
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CHICO BENIGNO


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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A MORTE DO CORONEL LUIZ GONZAGA GOMES FERRAZ:


Por Virgulino Ferreira da Silva
Luiz Gonzaga Gomes Ferraz

Luiz gonzaga, nem era Pereira, nem era Carvalho e na cidade onde a política era polarizada entre as duas tradicionais e rivais famílias do Pajeú, isto significava ser forasteiro. As principais lideranças locais não viam com bons olhos a sua rápida ascensão política, social e econômica que, até certo ponto, deixava-as em escanteio. Com sua rápida ascensão política e social, prestigiado pela família Pessoa de Queiroz, que era sua amiga e deseja fazê-lo prefeito de Belmonte, vaidoso que era Gonzaga queria a todo custo arranjar mais proteção ainda e, comprometido com o governo, começou a ajudar a polícia na perseguição a Sebastião Pereira (Sinhô Pereira) e Luiz Padre. Sabendo disto, Sinhô Pereira não gostou e mandou dizer-lhe que podia até aceitar perseguição da polícia, pois este era o seu papel, mas de particular não aceitaria perseguição sob nenhuma hipótese e o deixasse viver em paz, se quisesse viver. Foi um ultimato enérgico, todavia Gonzaga, cioso de seu poderio emergente, não se intimidou com as ameaças de Sinhô Pereira, e sempre que podia, dava ajuda financeira às volantes policiais que perseguiam os cangaceiros. Por isto, Belmonte passou a ser visitada por volantes policiais até de outros Estados.


Estava Gonzaga um dia ausente de casa quando chegou um mensageiro, vinha da parte de um grupo de cangaceiros e trazia uma relação de pedidos a serem atendidos; sua esposa indignada negou-se a atender as exageradas solicitações, com um comentário final que o irritou: “Que fossem trabalhar como seu marido sempre o fizera”.

Em maio de 1922, Sinhô Pereira e seu grupo, nas suas correrias e incursões, interceptou um comboio do coronel Gonzaga nas cercanias de Rio Branco (atual Arcoverde), sendo uma grande parte da mercadoria arrebatada e fartamente distribuída entre os componentes do bando, e a outra parte queimada. Essa atitude de Sebastião Pereira teve de ser alterada com a intervenção de Crispim Pereira de Araújo, mais conhecido como Iôiô Maroto, primo de Sinhô Pereira, e duplamente compadre de Gonzaga, que foi requerido para isto pelos parentes e amigos, e o conseguiu mediante a promessa de alguns contos de réis.

Sebastião Pereira cumpriu o seu trato e exigiu mais tarde a contraprestação de outros. Ioiô Maroto foi obrigado a procurar pelo recebimento da quantia, mas encontrou Gonzaga pouco disposto a satisfazê-lo. Era que Gonzaga estipendiária agora gente armada. A situação se apresentava mais em condições de garantia. Algum tempo depois, dava-se pelo município de Belmonte a passagem de um tenente da Polícia do Ceará, de nome Peregrino Montenegro, conhecido por sua violência e pela indisciplina de seus comandados. Essa força volante, encarregada de perseguir o banditismo, visitou, no dia seguinte a sua passagem e estada e estada na cidade, a propriedade Cristóvão, pertencente a Ioiô Maroto, e ali cometeu toda sorte de abusos, arbitrariedades e desmandos, surrando moradores, ameaçando de morte o próprio Ioiô Maroto, a quem injuriaram e sujeitaram a humilhações, desrespeitando a família deste. Basta dizer que toda sorte de ultrajes e maus tratos foram realizados pela soldadesca.

Ao se retirar daquela fazenda, o tenente Montenegro mostrou uma carta a Ioiô Maroto, dizendo que agradecesse o que sofrera ao seu amigo e compadre Luiz Gonzaga, que fora quem lhe incumbira daquele serviço. Neste ato insensato de Peregrino Montenegro, estava o estopim da terrível chacina futura que tanto abalou Belmonte. Convencido, assim, Ioiô Maroto da responsabilidade do seu grande amigo e compadre Gonzaga nos ultrajes que sofrera, resolveu vingar-se. Ninguém podia mais dissuadi-lo dessas idéias e ele começou abertamente a declarar os seus propósitos de desagravo, que chegaram diretos a Gonzaga, com recados intimativos de que não moraria mais no Município de Belmonte. Que um dos dois havia de mudar-se.

Ciente da atitude de Ioiô maroto, apesar de todas as suas afirmativas públicas e particulares de não ter tido a menor interferência nos atos de vandalismo praticados pela força do tenente Montenegro, o coronel Gonzaga, temendo a realização das ameaças e vinditas de Ioiô Maroto, procurou acabar com seus grandes negócios em Belmonte. Tendo se retirado para a Bahia e Sergipe, buscava escolher local para se estabelecer, mas avisado pelas garantias do Governo de Pernambuco e aconselhado pelos amigos da Capital, também ligados ao governo estadual, voltou ao município de Belmonte, e continuou a frente dos seus negócios que o retinham sempre, tendo agora além da força pública, um pessoal em armas. A volta do coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz para o município de Belmonte, cercado de todas essas garantias, enraiveceu ainda mais Ioiô Maroto, que publicamente declarava mais uma vez que os dois não poderiam viver no Município, diante da afronta que ele, Maroto, sofrera e que sua vingança estava sendo preparada.

Ora, certo dia Gonzaga é procurado por um irmão do próprio Ioiô, conhecido como Antônio Maroto, com quem entrou em negócios de algodão. Diante disto, o coronel Gonzaga se convenceu de que tudo estava terminado, dispensando o seu pessoal e recolhendo na sua casa as armas e as munições que estavam em poder do mesmo pessoal. A visita de Antônio Maroto à casa de Gonzaga indignou os habitantes das cidades, que achavam que o mesmo não deveria dar crédito nenhum de confiança ao pessoal de Ioiô Maroto. Preocupado também com este fato, José Alencar de Carvalho Pires (Sinhozinho Alencar), na época 2º sargento comandante do destacamento de Belmonte, casado com uma sobrinha de Gonzaga, pediu que o mesmo não se confiasse e que retornasse o seu pessoal em armas para garanti-lo. Era sabido por todos que a fazenda Cristóvão regurgitava de cangaceiros e que Ioiô havia declarado abertamente: “Se eu morrer sem desforra, minha alma voltará a Belmonte para fazer o que eu não fiz”. Respondeu Gonzaga a Sinhozinho: “Vá cuidar de sua saúde e não tenha receio dos cangaceiros que estão em casa do compadre Ioiô, que eles não virão a Belmonte”. Retrucou então o sargento: “Não há tempo, Coronel, para poder confiar-me em cangaceiros. Enquanto o senhor desarma seus homens eu armo os meus soldados até os dentes.” É de imaginar a boataria que tomou conta de Belmonte na época. Ioiô Maroto, na sombra, começou a por em prática o seu plano de vingança. Em suas maquinações e idéias sinistras, começou a aliciar parentes e moradores seus, cangaceiros, formando um numeroso bando capitaneado por ele próprio, a gente de Tiburtino Inácio, bem conhecido também nos fastos do banditismo e a malta do célebre bandoleiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e resolveu atacar Belmonte e assassinar o seu compadre Luiz Gonzaga. Familiarizado por longos anos de convivência com os mais terríveis bandoleiros de então, primo e amigo do célebre cangaceiro Sinhô Pereira, que assentava principalmente seus arraiais no Município de Belmonte, Ioiô Maroto reuniu com facilidade a gente necessária e preparou com uma tática seguríssima o fato criminoso que levou a efeito.

Ele sabia dos fracos recursos do destacamento de polícia comandado pelo sargento Alencar. Oito ou nove praças tão somente. Quase todas as testemunhas ouvidas durante o inquérito procedido pela justiça, falam que logo tomaram conhecimento do inesperado ataque do grupo de Ioiô Maroto, os soldados entraram em ação. Sabia que o coronel Gonzaga dispensara ultimamente alguns defensores que trazia em armas para sua guarda; sabia assim que em casa daquele só se encontrava este, sua mulher e filhos menores.

Assim concebido e resolvido o seu plano de vingança, que se aproveitava da realização do casamento de um filho do fazendeiro Franco Lopes de Carvalho, de nome Jacinto Gomes de Carvalho com Gertrudes Maria de Carvalho (filha do coronel Moraes), que na manhã de 20 de outubro de 1922 deveria ter lugar na fazenda Santa Cruz, distante da cidade umas duas léguas, e que para este casamento haviam sido convidadas as pessoas gradas da cidade, entre as quais o sargento Alencar de Carvalho, que ao mesmo casamento deveria comparecer, ficando assim o destacamento sem o seu chefe e comandante. A festa de outubro, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, e realizada anualmente na cidade de Belmonte, era das mais concorridas. Como ordenava a tradição, as comemorações se iniciavam com a tradicional alvorada, os sinos repicavam, fogos explodiam no ar, banda de música e pífanos alegravam as ruas…Aquela animada noite de 19 de outubro de 1922 teve como patrono o coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz. Este senhor ao deixar a Matriz de São José juntamente com o padre José Kherlle, seguiu para a Casa Paroquial. Lá o reverendo então o interpelou sobre a sua situação com Ioiô Maroto. Respondeu o mesmo que a malquerença entre ambos havia terminado, pois um irmão de Ioiô entrara com ele em negociações, tendo emprestado ao mesmo a quantia de três contos de réis e cedido o vapor para serviço de Maroto, e que também havia dispensado o seu pessoal que, por prevenção, trazia armado.

Recusando, então, o convite do padre para pernoitar na Casa Paroquial em virtude da chuva, às onze horas o coronel Gonzaga deixava aquela casa e retornava ao seu lar. Lá chegando, deu de cara com o seu vaqueiro Manoel Pilé, que espantado relatou que ficara sabendo que Ioiô Maroto estava juntando um considerável número de gente em armas na sua fazenda Cristóvão. Não dando crédito às desconfianças de seu vaqueiro, Gonzaga tranquilizou-o dizendo que não havia mais questão entre ele e seu compadre Ioiô.

O certo é que pelas nove horas dessa mesma noite, Ioiô Maroto havia saído de sua fazenda com os seus companheiros e cangaceiros, parentes e moradores, em número superior a 45 homens, com rumo certo para a cidade de Belmonte, onde realizaria a empreitada na forma pretendida. De 4 para 5 horas da madrugada, do dia 20 de outubro de 1922, a cidade de Belmonte era despertada ao ruído de tiros que se disparavam de mais de um ponto da rua e das suas imediações. O tiroteio ia crescendo de intensidade e duração, dando a entender, dentro em pouco, tratar-se não de bombas que vinham sendo frequentes, por motivos dos festejos religiosos do Coração de Jesus, mas de detonações de armas de fogo num verdadeiro assalto.

Naqueles tempos de cangaceirismo, em que ninguém tinha a propriedade e a vida seguras, as povoações, as cidades, não se eximiam desses terrores e era um ataque em regra que se fazia a Belmonte. 

Numeroso grupo invadira por um dos lados, o do norte, o quadro da cidade e sustentava dali nutrido fogo, dominando inteiramente à frente da casa do coronel Gonzaga. Uma parte desse grupo, 12 ou 15 homens, atacava, por sua vez, pelos fundos a casa do referido negociante. Para penetrar na dita casa, dois bandidos, Varêda e José Dedé – este conhecido por Baliza – escalaram o muro e, uma vez dentro, sustentaram fogo para que o restante dos atacantes arrombasse o portão de entrada para o quintal da residência do dito coronel. Nesse ínterim, João Gomes, parente e vizinho de Gonzaga, ouvindo o barulho que fazia os assaltantes junto ao referido portão, saiu para o quintal, que era comum às duas casas dele e Gonzaga, e conseguiu ainda dar uns tiros, indo se refugiar depois em sua casa, pois nesse momento, ultrapassando todos os obstáculos, o grupo particularmente incumbido de dar a morte ao infeliz negociante, penetrava em sua residência, colhendo-o então inerme e indefeso. 

Senhores da casa, cujas portas abriam a machadadas, foi esta invadida, e o coronel Gonzaga, desorientado, correu para se refugiar no sótão. Todavia, uma tábua do assoalho cedeu e ele caiu na sala de visitas, quebrando os dois braços. Porém, fugindo da fúria de seus perseguidores, tentou galgar uma janela de um quarto junto a sala de visitas, dá para o oitão da casa, mas é abatido sobre o peitoril, sendo varado pelas balas assassinas.

A casa, o quintal, tudo estava ocupado e os bandidos fizeram mão baixa no que puderam levar, quebrando, arrebentando móveis, baús, na embriagues do saque e da pilhagem.

A família de Gonzaga, sua mulher e filhos, assim como o jovem José Demétrio, que na época, era encarregado da estação telegráfica de Belmonte e também noivo de Bida, filha de Gonzaga, nada sofreram fisicamente. Um dos bandidos, o de nome Cajueiro, recebeu de seu chefe, Ioiô Maroto, a incumbência de poupá-los, e assim foram segregados num quarto que dá para a sala de jantar. Ante o tiroteio realizado pelo grupo chefiado por Ioiô Maroto, o sargento Alencar, que não fora ao casamento do filho do fazendeiro Franco Lopes de Carvalho, na Santa Cruz, reagiu, com o seu destacamento e alguns paisanos, contra os atacantes.

Desde as 4 horas da manhã daquele dia, o mesmo acordara alarmado por forte tiroteio. Pernoitara em casa de João Lopes, seu sogro, pois ali se encontrava doente uma filha. Levantou-se aos primeiros tiros e seguiu para a sua casa, situada na mesma rua. Ali chegando, armou-se. Abrindo o depósito de munição, verificou que existiam cerca de 4.000 mil balas, e carregando o seu fuzil correu a cidade. Observou que toda a Rua do Açougue estava tomada pelos cangaceiros, e das casas do velho Quintino Guimarães e seu genro, Pedro Vítor, especialmente do Açougue, partia forte fuzilaria. Deitando-se, então, atrás de uma antiga cajazeira que havia no meio da rua que, por sinal, servia de casa-de-feira, detonou cerca de 50 tiros, visando especialmente às casas de Quintino Guimarães e Pedro Vítor. Todavia, não chegando, portanto, nenhum soldado para auxiliá-lo, o destemido Sinhozinho Alencar foi procurá-los no quartel e em suas próprias residências, somente encontrando dois, Severino Eleutério da Silva e José Francisco da Silva. Com essas praças resistiu até às 5 horas e meia, quando se apresentaram mais três soldados: Manoel Rodrigues de Carvalho, José Antônio de Oliveira e Luiz Mariano da Cruz; o primeiro, do destacamento local, e os dois últimos, do de Vila Bela, os quais haviam chegado no dia anterior com licença daquele destacamento. Às 6 horas apareceu o soldado José Miguel dos Anjos. Contando, no entanto seis praças, o imbatível comandante fez a seguinte distribuição: Luiz Mariano da Cruz, na esquina da casa de Neco Medeiros; José Miguel dos Anjos, em casa de seu sogro, João Lopes Gomes Ferraz, e os demais lutando com ele, ora no meio da rua, ora entrincheirados em sua casa ou no portão do muro da mesma, fazendo cessar forte fuzilaria que partia do cemitério, onde se entrincheirara grande número de bandidos. Às 8 da manhã, mais ou menos, o sargento Alencar, temendo o fracasso por falta de munição, pois dos quatro cunhetes existentes, apenas um restava, e os soldados Severino Eleutério e José Francisco da Silva estavam já com armas curtas, pois seus fuzis haviam deflagrado pela culatra, consequência da intensidade do fogo, retirou-se então com os soldados José Antonio de Oliveira e Manoel Rodrigues de Carvalho. O dito sargento deixou os demais resistindo, e com dois companheiros assaltou o cemitério, pondo em debandada o grupo que ali estacionara. depois, pela retaguarda, atacou o Açougue Público e suas adjacências, causando verdadeiro pânico no meio dos bandidos que julgaram estar sendo atacados por grande número de soldados, e colocou em fuga os bandidos a quem seguira em perseguição até um quilômetro fora da cidade. Ao retornar pelo beco do Açougue, gritou ao coronel Gonzaga que estava tudo salvo, pois que os bandidos haviam fugido. Porém, nesse momento, para surpresa sua, ouviu de Quintino Guimarães que, nessa ocasião, apareceu à porta de sua residência, as seguintes palavras: “Gonzaga está morto desde muito cedo, os cangaceiros entraram em sua casa antes de haver tiros; os primeiros foram dados nele”. Angustiado com tal notícia, Sinhozinho Alencar entrou sozinho na casa do coronel Gonzaga, encontrando-o morto, banhado em sangue, em um quarto próximo à sala de visitas, e a sua família presa em outro quarto.

Da reação oposta pela polícia, ajudada por alguns civis, tiveram os atacantes alguns mortos. Foi essa reação que, certamente, conseguiu impedir que as consequências do assalto se estendessem para o estabelecimento comercial de Gonzaga, a Rosa do Monte, que ficava no mesmo correr de sua residência, porém com certa distância, pois havia de permeio outros prédios. A não ser pela frente e por uma porta do único oitão que deitava para um beco, o estabelecimento comercial se acabava, por sua vez, no campo de mira de alguns defensores do coronel Gonzaga, como o civil Manoel Gomes de Sá Ferraz, junto aos seus filhos João e Antônio, que devotados a ele, atiravam em posição fronteira. Além do coronel Gonzaga, cujo assassínio era o fito principal do ataque, a ação dos criminosos vitimou ainda o soldado Heleno Tavares de Freitas, que caiu em poder dos bandidos quando acudia o chamado para a defesa; o velho Joaquim Gomes de Lira; e João Gomes de Sá, que foi saqueado, roubado e ferido. Da parte dos atacantes, morreram o famoso Baliza e Antonio da Cachoeira (este, após o tiroteio, faleceu de parada cardíaca), e entre os inúmeros feridos estavam Zé Bizarria, Cícero Costa e o próprio Ioiô Maroto, que ficara aquartelado na casa do velho Quintino Guimarães.

Entre as jóias roubadas durante o saque, estava um anel de brilhante pertencente e usado pelo coronel Luiz Gonzaga, que dizem ter sido visto depois em um dos dedos do bandoleiro Lampião. Daí aquela famosa quadra de larga divulgação no sertão:

“A aliança de Gonzaga
Custou um conto de réis
Lampião botou no dedo
Sem custar nenhum derréis.”

Em 1928, foi aberto inquérito para apurar os acontecimentos que tiveram lugar em 20 de outubro de 1922, no Município de Belmonte. Em 7 de outubro de 1929 era publicada no Diário Oficial do Estado de Pernambuco a sentença de pronúncia proferida nos autos do Processo criminal daquele trágico acontecimento que resultou entre outros, na morte do coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, diante da denúncia do Promotor Público de Olinda, em comissão no Município de Belmonte: Crispim Pereira de Araújo (Ioiô Maroto), Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), José Terto (Cajueiro), Antonio Cornélio, José Bizarria, José Teotôneo da Silva (José Preto), João Porfírio, Feliciano de Barros, Antônio Padre(irmão de Luiz Padre), Pedro José Clemente(Pedro Caboclo), Francisco José (Varêda), Tiburtino Inácio (filho do Major José Inácio do Barro-CE), Antônio Moxotó, José Dedé (Baliza). Meia Noite, José Ovídio, Papagaio, José de Tal (Caneco), Miguel Cosmo, Raimundo Soares do “Barro”, Antonio Ferreira da Silva, Livino Ferreira da Silva, José de Tal (Caboré), Cícero Costa, Terto Barbosa, José Benedito, Manoel Barbosa, Olímpio Benedito (Olimpio Severino Rodrigues do Nascimento), Francisco Barbosa, Dé Araújo, José Flor (Manjarra), Antonio Caboclo (Pente Fino), Laurindo Soares (Fiapo), Manoel Benedito, Antonio pereira da Silva (Tonho da Cachoeira), João Cesário (Coqueiro), Sebastião de Tal (Sebasto), Manoel Saturnino, Beija Flor, Pilão, Lino José da Rocha. Quanto aos outros indivíduos que tomaram parte do ataque, ignora-se ao certo o nome ou sinais característicos de cada um:

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VITOR DO ESPÍRITO SANTO E O CANGAÇO (PARTE FINAL)


Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho


A CAÇA A LAMPIÃO

Uma página inédita sobre a campanha sistemática contra o banditismo no nordeste brasileiro.

Durante a minha permanência no hinterland baiano, convivendo diariamente com numerosos sertanejos, auscultando-lhes os sentimentos, ouvindo-lhes sobre cada comandante de forças, só ouvi elogios aos oficiais que se acham empenhados na repressão ao banditismo. Muitos infelizes moradores daquelas zonas miseráveis remontaram a tempos idos, a fim de ressaltar a diferença formidável entre o tratamento que lhes dispensavam as forças em operações noutras épocas e aquelas que atualmente se acham ali destacadas. Elogiavam sem reservas o coronel João Felix, os tenentes Liberato, Macedo, Pinto, Manuel Neto, Luiz Mariano, Costinha, Campos de Meneses Ladislau e outros, enumerando as ações boas que cada um praticara, os gestos de caridade e benevolência de que todos eram autores.

Uma exceção, no entanto, todos faziam. Era quanto ao tenente Douradinho, diminutivo porque é conhecido em todo o sertão o tenente Dourado.

Quando se referiam a esse oficial da polícia baiana, os sertanejos o faziam com terror, dizendo-o extremamente perverso. Eu não quis acreditar no que a respeito desse oficial se afirmava. Não era possível que assim fosse, pois, certamente, a ser verdade tudo aquilo, não mais faria ele parte da briosa oficialidade daquela força. Era, sem dúvida, a comprovação do velho brocardo que diz “faze a fama e deita-te na cama”.

Mas na minha volta a Bahia vi renovadas todas aquelas acusações. Já não eram apenas os sertanejos que acusavam aquele oficial. Alguns dos seus próprios colegas, bem como (...) dos prisioneiros que encontrei na Casa de Detenção.

Um dos detidos é o sertanejo Nascimento, que, ao ser transportado para a capital baiana, o tenente Dourado autor de sua prisão, fez trombetear que levara a efeito a captura do perigoso bandoleiro, apanhado na posse de um rifle e copiosa munição. E a notícia desse feito veiculou em quase todos os jornais do país, transportada que foi para os diversos pontos do território nacional pelas linhas telegráficas.

Na Detenção baiana eu fui encontrar o desgraçado Nascimento. Está abatido, aspecto doentio, acabrunhado. Pouco fala, quase não come e vive sempre retirado para um canto da prisão a que foi recolhido. Dentre todos, os que se achavam presos, não vi um só que o acusasse, quer como coiteiro, quanto mais como bandido. Volta Seca defende mesmo com certo ardor, ao mesmo tempo que mostra quais os seus companheiros de presídio que são coiteiros ou bandoleiros.

Tive natural curiosidade de conhecer alguma coisa da vida do desgraçado sertanejo. A muito custo, ele falou-me:

- Eu sempre vivi na minha roça, com cujo produto me mantinha. Há tempos, um irmão meu caiu morto pelas balas dos bandidos. Depois vi irmãs minhas serem roubadas pela gente de Lampião. Jurei vingar-me. Eu tenho um conhecido que vive no bando de Lampião. É o “Português”. Sabendo que eu estava disposto a vingar o mal que os bandidos haviam feito à minha família, “Português procurou-me para revelar-me quem fora o autor da desgraça que me atingira. Aquilo era obra de Corisco que o fizera para humilhar-me. E “Português” contou-me como os fatos se passaram de forma a não ter eu mais qualquer dúvida de que fora mesmo Corisco quem matara meu irmão e roubara minhas irmãs. Como eu não possuísse arma, “Português” ofereceu-me ainda o seu rifle e a munição de que dispunha, a fim de que eu pudesse realizar a minha vingança. Desde então vive na esperança de encontrar Corisco e matá-lo. Na minha roça, em casa, em toda parte, não me fugia da lembrança o mal que me havia atingido e o desejo de vingança. Armei diversas emboscadas que nunca deram resultado. E estava entregue aos meus afazeres quando fui preso e mandado para cá com a acusação de ser também bandido. E deixei em casa sem recursos uma pobre moça de quem sou o único arrimo. Estou doente e sinto que vou morrer.

O administrador do presídio deu-me informações sobre Nascimento, dizendo-o sempre muito retraído, calado, sem querer alimentar-se. Os seus companheiros procuram consolá-lo, sem o conseguir. O coronel João Costa, que me acompanhou na visita, mostrou-se também penalizado com a situação do infeliz, dizendo estar certo da injustiça que se praticava com aquela detenção. Mas o caso estava afeto à Justiça e nada podia ser feito. E o pobre, os lábios inchados pela febre, tiritando, lá se foi para o seu canto, desconsolado, vencido pelos infortúnios, que o vem atingindo.

Volta Seca à nossa saída, depois de levar-nos o “niquisinho pro cigarro”, pediu ao coronel Costa que soltasse o Nascimento. Prendesse só os bandidos e coiteiros.

A DESDITA DE UM COITEIRO

O tenente Liberato de Carvalho é, em Jeremoabo, o oficial mais estimado de todos os habitantes daquele município longínquo. Espírito bom, caridoso conhecedor de todos os sofrimentos dos sertanejos, sertanejo que também é, o jovem oficial do Exército está sempre disposto a mitigar a miséria alheia percorrendo diariamente as casas dos mais necessitados para socorrê-los.

Esse seu modo de proceder tem-lhe proporcionado a cooperação valiosa de muitos sertanejos, embora não raro seja também causa de logro que lhe infligem moradores daquelas paragens.

Residia em Jeremoabo um sertanejo, Faustino Pereira, que era conhecido coiteiro de Lampião e possuía até uma filha entre os bandidos, com o seu consentimento. A polícia fê-lo abandonar a caatinga e fixar residência na cidade, onde o tenente Liberato lhe dava conselhos procurando fazê-lo seguir o caminho do bem, auxiliando as forças na sua missão. Tal o procedimento de Faustino que o bravo oficial do Exército acreditou piamente na sua conversão, passando então a auxiliá-lo constantemente.

Passaram-se assim alguns meses, até que o tenente Liberato veio a apurar que o seu protegido continuava a corresponder-se com os bandidos, com os quais tinha repetidos encontros. Era um espião que Lampião mantinha na cidade, ao lado das forças.

Foi por isso preso o coiteiro para ser recambiado para a capital. Antes deveria permanecer alguns dias na cadeia da cidade aguardando condução.

Ao ser conduzido para a cadeia é que Faustino foi vítima de sua própria atitude. Sentindo-se culpado e temendo que o tenente Liberato o castigasse pela sua traição, o coiteiro, ao se aproximar da cadeia, tratou de fugir. Desprendendo-se das mãos dos seus condutores, saiu a correr desesperadamente, não atendendo às intimações que lhe foram dirigidas nem aos tiros que foram disparados para o ar.

Os policiais, vendo cada vez mais o coiteiro ganhar distância, resolveram alvejá-lo e, baleado no braço direito, o desgraçado caiu ao solo a sangrar abundantemente. Socorrido, o infeliz teve de submeter-se à amputação do braço ferido e se encontra atualmente preso na Casa de Detenção, onde aguarda destino conveniente.

É hoje um precioso informante de que a polícia dispõe.

Quando Volta Seca se põe a mentir cinicamente para fazer-se inocente, é Faustino quem corajosamente protesta, dizendo-lhe à face os crimes que o pequeno bandido já praticou perversamente, que só deseja ser útil para resgatar a sua grande falta.

“Diário de Pernambuco” - 28.07.1932

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RILVAN SANTANA É O MAIS RECENTE ENTREVISTADO DIVULGA ESCRITOR


Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Natural de Lagarto (SE), Rilvan Santana foi levado para Itabuna (BA) ainda criança de colo. Santana gosta de Itabuna como se fosse sua terra de nascimento. Licenciado em Filosofia e Matemática pela UESC, Rilvan é pós-graduado em Psicopedagogia, professor aposentado do Estado da Bahia e do município de Itabuna.

Orientou Matemática no curso fundamental e médio durante 32 anos. Foi diretor e vice-diretor do Colégio Estadual de Itabuna (CEI) por 4 anos. É membro-fundador da Academia de Letras de Itabuna (ALITA) desde 19 de abril de 2011.

“...o objetivo desta obra foi fazê-la moderna, com poucas páginas, retratando os dramas humanos do dia a dia e que o texto fosse lido em qualquer lugar, conforme o ritmo de vida apressado do homem moderno.”

Boa leitura!


Escritor Rilvan Santana, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos, como surgiu inspiração para o enredo que compõe “Maria Madalena”?

Rilvan Santana - Desde cedo que escrevo e leio, aliás, leio mais do que escrevo. A minha preocupação foi construir um texto em que pudesse enfocar os sentimentos de ódio, paixão e amor, comuns em todas as classes sociais. Da primeira à última página, desejo levar ao conhecimento do leitor o drama da vida humana. O homem não deseja outra coisa, senão ser feliz. A natureza humana não gosta de viver o amor, pois o amor traz paz, é sublime, é lógico e racional. O homem gosta de viver uma grande paixão, que é um sentimento arrebatador, irracional e instintivo e faz jus ao fogo que queima suas entranhas. Portanto, foi nestes sentimentos últimos que me inspirei para escrever o livro “Maria Madalena”.

O enredo apresenta situações que acredito serem comuns, como é o caso da história envolvendo Madá, o marido e Ruth, no entanto, com um desfecho inusitado. O enredo que compõe a obra, pelo pouco que li, não tem relação com a Maria Madalena, personagem bíblico. Como se deu a escolha do título do livro?

Rilvan Santana - Em tese, o enredo não tem nenhuma relação com a história de Maria Madalena, a personagem bíblica. Porém, é um nome sugestivo, que atrai o leitor para conhecer a história da minha personagem Maria Madalena dissoluta e infiel. O leitor não encontrará no meu livro uma Maria Madalena perdoada por Jesus Cristo, mas uma mulher que usou e abusou do sexo, e se não fosse um câncer que lhe levasse ainda  moça, teria praticado todos os prazeres da carne, em variadas paixões e amores. Porém, ela e o maridoeram devassos e modernos, e um dos acordos não escritos foi que ela nunca engravidasse fora do casamento e quando isso ocorreu, ela abortou. O romance é narrado na primeira pessoa, e a maioria das personagens tem nome bíblico.

Quais os principais objetivos a serem alcançados com a leitura desta obra literária?

Rilvan Santana - É uma presunção o que vou dizer, mas perdoem-me os leitores, não sou vaidoso, nem egocêntrico; o objetivo desta obra foi fazê-la moderna, com poucas páginas, retratando os dramas humanos do dia a dia e que o texto fosse lido em qualquer lugar, conforme o ritmo de vida apressado do homem moderno. Adultério, paixão e amorsão ingredientes que existem desde o homem de Neandertal. Porém, contar esses sentimentos de maneira açucarada, romântica e suavizada foi o meu objetivo maior.

Além de “Maria Madalena”, você tem outro livro publicado “O Empresário”; apresente-nos a obra.

Rilvan Santana - Escrevi “O Empresário” em 2007, no mesmo ano de “Maria Madalena”. Ambos foram publicados em 2008 pela Editora T mais Oito – Rio de Janeiro (RJ). A história é de um grande empresário casado com uma lésbica eque tem uma relação de incesto com a irmã. Bruno e Henriette são adúlteros e devassos. Os filhos seguem os passos sociais e sexuais dos pais: mundanos, heterossexuais, homossexuais e bissexuais. Estes temas são desenvolvidos numa linguagem escorreita sem cair no chulo, na vulgaridade e no preconceito. Bruno, no fim da vida, refugiou-se (exílio voluntário) numa de suas fazendas no Triângulo Mineiro com sua irmã Clara edeixa seus negócios sob o comando dos filhos.

Qual o momento que o marcou enquanto escrevia “O Empresário”?

Rilvan Santana - Não gostei de lidar com a ideia de incesto, todavia, a obra de ficção toma rumos a contragosto do escritor. Há uma coisa, uma força estranha que puxa o autor para onde ele não quer ir. Os personagens vão adquirindo suas individualidades, independentemente da nossa vontade.

Além das obras apresentadas, você tem outros livros no formato e-book. Apresente-nos os títulos.

Rilvan Santana -1.A face obscurado homem (romance); 2. O DNA de Emanuel (romance); 3.O Enviado (romance); 4. Lágrimas rolando (autobiográfico); 5. Atir (contos, crônicas etc.); 6. Carta Para Paula (idem ao anterior); 7. Cartas (um livro só de cartas); 8. Casas mal-assombradas (contos do além); 9. Cristais Quebrados (contos); 10. Guriatã, o intérprete (contos); 11. Hanna (contos); 12. O Juiz (contos); 13. O menino dos olhos verdes (contos); 14. Retalhos da vida (contos); 15. Rosas com espinhos (contos); 16. Suor, cacau e sangue; e 17. O homem nasce pra ser feliz?... (ensaio).

Onde podemos adquirir os seus livros?

Rilvan Santana - Não me considero um escritor profissional, não tenho editora, não tenho patrocínio e não tenho recursos para edições independentes. Enviei meus rascunhos para algumas editoras; educadamente, elas me devolveram. Editei por conta própria: “O empresário” e “Maria Madalena” por uma editora do Rio de Janeiro (RJ), em 2008, mas editar livro é muito caro, sem apoio, é impossível. Hoje, participo de antologias quando as editoras promovem; compro alguns livros e estamos conversados. Por isso, após licenciar meus livros, crônicas e contos avulsos pela Creative Commons, publico em forma de e-book, sem nenhum ônus para o leitor. Quando alguém lê meus trabalhos de ficção e faz algum comentário positivos ou negativo, fico feliz; é a moeda do pagamento, sinto-me como um Machado de Assis, um Graciliano Ramos, um Paulo Coelho, um Jorge Amado, um Gabriel García Márquez, um Saramago... Porém, se o leitor quiser me dar a honra de sua leitura, procure-me num desses sites:

Recanto das Letras
com
Domínio Público - MEC

Quais os seus principais objetivos como escritor?

Rilvan Santana - As minhas letras não são panaceias para curar os males das pessoas que não leem, elas não resolvem problemas culturais; portanto, meu principal objetivo, agora, é estimular a leitura e a escrita de jovens e adultos e fazê-los pensar.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Rilvan Santana. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Rilvan Santana - Quero lhe agradecer, penhoradamente, Sra. Shirley Cavalcante, por esta entrevista. Nunca recebi tamanha honraria. Deus lhe ajude e permita que a nossa editora/coordenadora da revista eletrônica “Divulga Escritor” realize muitas outras entrevistas com escritores e poetas desse imenso país, que vivem no anonimato e nunca tiveram espaço na mídia escrita, falada e televisada para divulgar seus feitos literários. O escritor de ofício não deseja dinheiro, mas que sua obra seja lida, discutida e reconhecida aqui, ali, acolá e alhures. Muito obrigado.

Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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LIVRO MOSTRA ATUAÇÃO DE CANGACEIROS NO AGRESTE

Por Roberto Almeida

Lampião e outros cangaceiros conhecidos de sua época, assim como militares que lutaram contra os fora da lei sertanejos, marcaram presença também em diversos municípios do Agreste Meridional, a exemplo de Garanhuns, Águas Belas, São Bento do Una,  Angelim, Capoeiras,  Caetés, Paranatama e Canhotinho.

Vários fatos que ocorreram nesses municípios, envolvendo personagens famosos da história nordestina, vão ser contados em livro pelo escritor e pesquisador Junior Almeida, que deve lançar sua obra, toda ela baseada em depoimentos, documentos e extensa bibliografia, ainda neste ano de 2018.

“Lampião, o Cangaço e Outros Fatos do Agreste de Pernambuco” traz por exemplo detalhes da vida do PM José Caetano, que lutou contra Lampião e seu bando e quando passou para a reserva veio morar em Angelim, onde viveu seus últimos dias de vida e está sepultado.

Uma das narrativas mais interessantes do livro de Júnior Almeida se refere ao ataque frustrado de Virgulino Ferreira a Paranatama, que na época se chamava Serrinha. O perigoso bandido teve de fugir às pressas com seu bando, porque sua mulher, Maria Bonita, levou um tiro na bunda e precisou ser socorrida para não acontecer o pior.

Júnior estreou em livro com “A Volta do Rei do Cangaço”, em que faz ficção com a vida de Lampião, que não teria morrido na Grota de Angicos, em 1938, e sobreviveu até pouco tempo atrás,  por conta de uma espécie de maldição.

Agora é história mesmo, é a realidade, com muitas revelações inéditas que vão interessar tanto aos estudiosos do cangaço quanto ao leitor comum, principalmente moradores da região, muitos deles sem informação de como o bando de Virgulino e outros atuaram de alguma maneira em Garanhuns ou cidades vizinhas.

*Foto: Lampião e Maria Bonita, arquivo do jornal O Globo.

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QUEM NÃO GOSTA DE VER AS BELEZAS DA NATUREZA?

Por Assis Nascimento
Assis e esposa

As imagens são de hoje de manhã, na barragem das Barrocas, conhecida por barragem de Baixo.

São três as barragens, que perenizam as águas do rio Apodi, na área urbana de Mossoró; a de Genésio na parte sul da cidade, a do centro, e a de Baixo no extremo norte.

No caminho a ser percorrido até o mar, ainda existe a barragem de Passagem de Pedras, a última a ser transposta, até as águas pluviais chegarem ao mar.

Faço um adendo, com relação a Barragem de Passagem de Pedras, que foi construída dentre outros fins, para impedir o avanço das águas salgadas até bem próximo a nossa urbe, o que tornava, parte dessas terras, impróprias para o criar e plantar.





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TESOURO COM MAIS DE MIL ANOS É ENCONTRADO COM UM DETECTOR DE METAIS NA ALEMANHA DIRETO DO TOKDEHISTORIA.COM

Por Rostand Medeiros



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