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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

JAGUNÇOS, CORONÉIS E URUBUS

*Rangel Alves da Costa

Toicim - era esse o apelido do cabra - não tinha mais nada a perder na vida. Nem vida tinha, segundo ele. Ora, não era vida aquilo que levava, emboscando, tocaiando, matando e matando. Mais que os dedos das mãos e dos pés.

Por isso mesmo que já puxava o gatilho como se estivesse num trabalho qualquer. Treco, treco, treco, e pá! Tufo de mato voava por todo lado, a fumaça levantava ardente, depois mais treco, treco. O serviço tava feito.

Mais adiante, por cima da terra nua, no meio da estrada de ponta de espinho e pedra, ainda sangrando, o corpo varado de balas. Já está morto, mas é preciso matar mais. Por isso que o jagunço dá três passos adiante, já fora do tufo de mato, e treco, treco, pá!

Toicim some no mato no mesmo instante. Leva no bolso a orelha do desditado. O seu patrão precisa saber do serviço feito. A orelha ensanguentada é a prova maior que a tocaia foi bem feita. Mas não se avexa muito no meio da mataria e logo pressente o pior.

Lança mão da arma, tenta se ajeitar. Mas é tarde demais. Um balaço surgido não se sabe de onde lhe atinge bem no meio da testa, pouco acima das sobrancelhas. E com uma violência tal que o corpo é jogado por cima de macambiras. Não é um preá morto, é um jagunço.

Aquele que atirou não é diferente do atingido, do morto. É da mesma laia, do mesmo saco, do mesmo ofício de covardia. Também é um matador de aluguel, também um jagunço, um pistoleiro a mando de morte. Ou da morte.

Pois morte também seria outro nome para o potentado assassino, o coronel matador pelas mãos de outro covarde. O coronel que de sua varanda cospe e diz que antes de o cuspe secar já quer que o seu desafeto esteja crivado de balas. O mais medroso dos algozes.

Assim, quase num só instante e dois defuntos de mesmo percurso. O tocaiado por Toicim jazendo no meio do tempo, com o corpo já esfriado e à espera de um viajante qualquer. O seu matador também estrebuchado por cima de macambiras, de olhos arregalados.

Logo os urubus começam a voar mais baixo, a se juntarem em rasantes em torno dos restos mortos. E descendo vão até a primeira bicada. Mais outra e outra. A pele dilacera, as tripas ficam expostas, a fedentina já é insuportável. E como fede esse mundo de coronéis e jagunços.


Não demora muito e chegam os carcarás, gaviões e outros carnicentos sempre à espreita. Brigam entre si, querem abocanhar os restos putrefatos, as entranhas de um mundo covarde, sangrento e cruel. Já não há mais sangue, apenas o lodo nojento da violência.

Triste mundo de ser tão assim. Sem valia de homem, sem valia da vida, sem valia de nada. Enquanto os vermes passeiam em cima dos mortos, outras ordens de mortes já são dadas pelas varandas dos casarões. E o jagunço vai fazer apenas o seu serviço.

Há nas mãos desses homens os dedos da morte. São pedras que se movem para esmagar. Há nos olhos desses homens a insensibilidade do mundo. Não avistam outra coisa senão a insignificância. Tanto faz ser pessoa como bicho do mato. Os olhos apenas miram e as mãos se movem para matar.

Que mundo é este de tamanha covardia e insensatez? Que mundo é este de cuspir no outro o fogo vil? Que mundo é este de estradas e veredas tomadas de urubus e podridões, sem que nada se possa se possa fazer senão fugir dos ódios coronelistas? Um mundo que existiu, mas que não desistiu completamente.

Pelos ares e arredores campeiam as podridões desse mundo. Jagunços e urubus são rapinas do mesmo tenebroso ninho. O coronel os alimenta com a sina injusta dos outros, até de um pobre coitado cujo erro na vida foi levar estaca nas vizinhanças do latifúndio coronelista.

Não sobre ninguém. Jagunço morre por jagunço, urubu morre envenenado de podridão, coronel morre pela mão do coronel. Somente a história fica para contar os mortos, porém sentindo-se enojada pela fetidez desse tempo de tocaias e emboscadas.

Mas por que a preocupação em mandar tocaiar e matar Toicim, o jagunço? Certamente que coronel não vai perder tempo em mandar um dos seus pistoleiros nos passos de outro pistoleiro, pois sua preocupação maior é dar cabo daqueles que ameacem o seu poder.

Mas Toicim tinha que morrer. Bem assim como morreu o pistoleiro que o matou, Tocim tinha que morrer. Também morreu pelas mãos de outro jagunço aquele que varou de balas o matador de Toicim. Mortes após mortes, por isso que Toicim tinha que morrer.

Toicim era testemunho vivo de tantas maldades. O seu assassino igualmente conhecedor de todas as perversidades. O matador deste também. E o coronel? Muitas mortes num só. Pela bala de seu jagunço, pelo seu poderoso inimigo, pelo seu próprio veneno.

Um mundo de cascavéis, de jararacas, de cobras peçonhentas. Um mundo que existiu. Um mundo que ainda persistir em existir.

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
blograngel-sertao.blogspot.com

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QUERO SER ENTERRADO EM GARANHUNS

Por Antonio Vilela de Souza

Temos vários documentos onde Dominguinhos evoca a sua terra natal e expressou o grande desejo de ser sepultado em Garanhuns. O último pedido do mestre Dominguinhos foi feito em 2011, no Program do grande ícone da comunicação pernambucana, Geraldo Freire, na Rádio Jornal do Commércio do Recife. 

"Foi lá que aprendi, juntos com os meus irmão, tocando na vida para ganhar o pão
"site da foto blue bus

Pelas necessidades da vida migra, em 1954, para o Rio de Janeiro em busca do apoio de Luiz Gonzaga que há 24 anos atrás teria feito o mesmo,e sabia o que era enfrentar tempestades e procelas.

Luiz Gonzaga e Dominguinhos - site O Nordeste.com

No início de sua brilhante trajetória artística, ainda muito jovem compôs a música "Saudades da Minha Terra", que não chegou a gravar.

No seu primeiro disco -Fim de Festa - gravado pela Cantagalo em 1964, gravou a linda música " Garanhuns".

https://www.youtube.com/watch?v=P5WgiAPJ6PA

No auge de sua carreira artística em 1992, gravou o disco Garanhuns, mais uma vez homenageando sua terra natal.

Então, Dominguinhos nutria um grande amor por seu torrão natal e seu último desejo era ser sepultado em Garanhuns.

Site da foto: Wikipédia

Graças a Deus e a compreensão humana, para felicidade da terra que ele tanto amou, dois meses após sua morte, seus restos mortais foram transladados para a sua terra natal, e o seu sonho fora realizado. As expectativas e os preparos foram grandes para receber o corpo do seu filho amado.


Adquira este livro através deste e-mail: 
incrivelmundo@hotmail.com

Fonte: "Dominguinhos o Neném de Garanhus"
Autor: Antonio Vilela de Souza
Ano de publicação: 2014
Páginas: 80-81
Ilustrado e digitado por José Mendes Pereira

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NOTA DE FALECIMENTO!

Por Arievaldo Viana

É com surpresa e profundo pesar que recebo a notícia do falecimento do escritor Pedro Nunes Filho, um sertanejo apaixonado pela nossa cultura, autor de livros belíssimos como CARIRIS VELHOS - PASSANDO DE PASSAGEM, A SAGA DO GUERREIRO TOGADO, CAATINGA BRANCA, dentre outros. 


Em 2015 tive o prazer de passar uma tarde em sua companhia, num sítio que possuía na Zona da Mata, próximo ao Recife. Na oportunidade entabulamos uma animada conversa sobre o nosso trabalho e influências, passando por José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Leonardo Mota, Gustavo Barroso, Guimarães Rosas e os nossos poetas populares, em especial Leandro Gomes de Barros, de quem Pedro Nunes ainda era parente. Aliás, foi ele quem fez o texto de apresentação da biografia do poeta, que lancei naquele ano. 

VÁ EM PAZ, meu amigo. Que Deus o acolha na sua infinita misericórdia. 

PARA SABER MAIS: 

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?fref=ts

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AINDA É TEMPO DE ADQUIRIR ESTA OBRA - A OUTRA FACE DO CANGAÇO - VIDA E MORTE DE UM PRAÇA

Por Ivanildo Alves da Silveira

Depois da merecida homenagem em Angico  o escritor pernambucano Antonio Vilela de Souza autor de "O Incrível mundo do cangaço", volumes I e II apresenta o resultado de sua mais recente pesquisa. 


A presente obra custa R$____ (___ reais) + frete a consultar. Tem 102 páginas, fotos inéditas e está sendo comercializado exclusivamente pelo autor via email:  incrivelmundo@hotmail.com ou telefones: (87) 3763 - 5947 / 8811 - 1499 / 9944 - 8888 (Tim)

Soldado Adrião - O herói esquecido

Resenha de Ivanildo Silveira

Por muitos anos, em que pese a vasta produção literária sobre a morte de Lampião e seu cangaço, pouco se falou sobre o soldado Pedro Adrião de Souza, o único do lado da força a morrer no combate de Angicos, ocorrido em 28 de julho de 1938. Ainda hoje,  há polêmica sobre esse assunto...

E, as perguntas não querem calar: Vejamos :

1º) Teria o soldado Adrião sido morto  por balas disparadas pelos cangaceiros ?

2º) Teria ele sido vítima do chamado "fogo amigo"?

3º) Ou, teria sido eliminado, de propósito, por algum colega no calor da refrega ?

O novo livro, recentemente lançado, " A outra face do cangaço : Vida e morte de um praça ", de autoria  do professor pernambucano, Antonio Vilela de Souza, procura jogar mais lenha na fogueira, e tenta, na sua ótica, esclarecer as indagações, acima citadas....

Vamos aguardar, o que os estudiosos do tema nos trarão de conclusão, sobre essa obra, e, sobre esse mistério que, ainda, paira sobre o combate de Angicos...


Ivanildo Silveira 
Colecionador do Cangaço
Membro da SBEC e conselheiro consultivo do Cariri Cangaço
Natal, RN

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"DEIXE DE ACELERO, MADRINHA! JA VI QUE NUM É SEU FILHO, PORQUE ELE NUM BRIGA, CORRE!”

Por Virgolino Ferreira da Silva (Pesquisador)

"DEIXE DE ACELERO, MADRINHA! JÁ VI QUE NUM É SEU FILHO, PORQUE ELE NUM BRIGA, CORRE!”

Zé Saturnino inimigo número 1 de Lampião

Lampião disse essa frase à dona Xanda mãe de Zé Saturnino quando Lampião e seus cabras cercaram a Fazenda Pedreira do seu futuro inimigo o Zé Saturnino.

Escombros da casa do Zé Saturnino

Dona Xanda sua mãe saiu da casa aos gritos, dizendo que seu filho Zé Saturnino não estava em casa, e pedia que Lampião não botasse fogo na casa, que a casa não tinha nada a ver com a questão de Zé Saturnino e ele.

Quem segurou o tiroteio foi o cunhado de Zé Saturnino o Moreirinha.

Este tiroteio aconteceu no dia 23 de agosto de 1923.

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LAMPIÃO EM SERGIPE

Fotografia: Lampião, Moderno, Zé Baiano e Arvoredo sentados; Mariano, Ponto Fino, Calais, Fortaleza, Mourão e Volta Seca, na fase do namoro do bando com o estado de Sergipe, posam para o capitão-médico do exército e político atuante Eronildes Ferreira de Carvalho em sua Fazenda Jaramataia, município de Gararu - no dia 27 de novembro de 1929.

Lampião penetra em paz na cidade de Capela a 25 de novembro de 1929. Ainda não abrira guerra com Sergipe e por isso se dá ao luxo de chegar de automóvel em companhia de pessoas de destaque da cidade de Dores, donde provinha. Ao passar nas ruas, entusiasmado, dirigia ao povo essa advertência de sabor regional, em que cabia a pabulagem da tradição cangaceira:

"— É Lampião que vai entrando; amando, gozando e querendo bem. Bom como arroz doce, estando calmo; zangado é salamanta!"

Fonte: Guerreiros do Sol - Frederico Pernambucano de Mello -

Pedro Ralph Silva Melo (administrador)

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CONTROVÉRSIAS CANGACEIRAS

Por Junior Almeida
Manoel Severo e Júnior Almeida

O tema cangaço a todos apaixona e vicia também. Parece uma droga, no bom sentido, é claro, pois enquanto mais se toma conhecimento de determinado fato, mais se vai em busca de mais e mais. Assim como um dependente químico vai atrás das porcarias que lhe matam, os viciados (se assim podemos dizer) em cangaço vão em busca de conhecimento através de depoimentos de pessoas mais velhas, de visitas a locais que ocorreram fatos históricos e principalmente de livros confiáveis que possam ajudar no seu entender. Não é raro um aficionado pelo tema desembolsar quantias consideráveis em livros raros.

A história cangaceira é ampla, e parece ser inesgotável em fatos, que mesmo depois de tanto tempo, insistem em aparecer, como há pouco tempo atrás quando o pesquisador João de Sousa Lima descobriu e revelou para o público, Moreno e Durvinha, cangaceiros do bando do capitão Virgulino, desaparecidos desde os tempos do cangaço, e “achados” em Minas Gerais. Existem muitas controvérsias de fatos ocorridos, de datas de batalhas, de nascimentos e também de nomes. A data de nascimento de Maria Bonita, por exemplo, a maioria dos estudiosos sabe ou aceita, que foi dia 8 de março de 1911, mas desde 2011, ano do suposto centenário de Maria de Déia, que o pesquisador Voldi de Moura Ribeiro, alega ter provas que a data correta do nascimento da rainha do cangaço é 17 de janeiro de 1910.


Com Lampião não é diferente, muito pelo contrário, a sua história é repleta de datas e nomes que não se batem, deixando confusos pesquisadores experientes e mais ainda quem está apenas engatinhando nos estudos do cangaço. Numa rápida pesquisa na internet a enciclopédia livre da rede, Wikipedia, mostra que Virgulino nasceu em 4 de junho de 1898, data essa que consta do batistério de Virgulino, fornecido pela Diocese de Floresta. Procurando um pouco mais, logo encontramos a data de 7 de julho de 1897, essa segundo o Cartório de Registro Civil do 3° Distrito de Tauapiranga (antigo Barro Vermelho), município de Serra Talhada.

A família de Lampião pela parte do pai, essa sim é uma verdadeira festa de nomes e datas divergentes, que levam a crer que foram atos intencionais para despistar seus inimigos. Perdedores da guerra contra os Montes, no Sertão dos Inhamuns no Ceará, os Alves Feitosas fugiram para vários lugares do Nordeste, então não seria seguro se manterem com seus nomes verdadeiros. Até o velho Zé Ferreira, pai de Lampião, considerado como agregador e manso da família também é encontrado na história com alguns nomes diferentes. José Ferreira da Silva, José Ferreira de Lima, José Ferreira de Barros e até José Ferreira de Magalhães.

A mãe de Lampião, que se sabe, era quem armava os filhos, pois dizia não criar moças, essa é encontrada na história com vários nomes diferentes grafados em diversos documentos de Virgulino como também dos seus irmãos. São “todas Maria, mas, com sobrenomes diferentes. Maria Sulena da Purificação, Maria Vieira da Soledade, Maria Vieira do Nascimento, Maria Lopes da Conceição, Maria Santina da Purificação, Maria Ursulina da Purificação, Maria Lopes, Maria Ferreira Lopes, Maria José Lopes, Maria Jacosa e Maria Selena da Purificação.

Quem se deu ao trabalho de se esconder tanto em nomes diferente, com certeza teve o que esconder.

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PROFESSORES ELISEU VIANA E CELINA GUIMARÃES VIANA

Fonte da foto: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1100837410042063&set=gm.1178433758906719&type=3&theater

Biografia de Eliseu Viana:

Eliseu de Oliveira Viana, nascido em PirpiritubaParaíba, no dia 19 de abril de 1890, foi um professor em Mossoró.

Diplomado pela Escola Normal de Natal em 1915, foi Diretor do Grupo Escolar Tomás de Araújo em Acari e do Grupo Escolar 30 de Setembro em Mossoró. Bacharelou-se em Direito pela Faculdade do Ceará em 1921.

Participou da resistência ao ataque de Lampião a Mossoró, atuando na trincheira montada na estação telegráfica da cidade.

Foi casado com Celina Guimarães Viana, primeira eleitora do Brasil[1].

Em sua homenagem foi denominado o Centro de Formação Integrada Professor Eliseu Viana (CEIPEV).

https://pt.wikipedia.org/wiki/Eliseu_Viana

Biografia de Celina Guimarães Viana:

Celina Guimarães Viana (Natal15 de novembro de 1890 — Belo Horizonte11 de julho de 1972)[1][2] foi uma professora brasileira,[3] primeira eleitora do Brasil,[nota 1][4][5][6][7] ao votar em 5 de abril de 1928 na cidade de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte.[8][9]

Era filha de José Eustáquio de Amorim Guimarães e Eliza de Amorim Guimarães. Estudou na Escola Normal de Natal, onde concluiu o curso de formação de professores. E foi nessa mesma escola que conheceu Elyseu de Oliveira Viana, um jovem estudante vindo de Pirpirituba, com quem se casou em dezembro de 1911 e seria seu companheiro para toda a vida. Em 1912 foi para Acari e em 13 de janeiro de 1914 mudou-se para Mossoró.[10]

Com o advento da Lei nº 660, de 25 de outubro de 1927, o Rio Grande do Norte foi o primeiro Estado que, ao regular o "Serviço Eleitoral no Estado", estabeleceu que não haveria mais "distinção de sexo" para o exercício do sufrágio. Segundo pesquisa do escritor João Batista Cascudo Rodrigues, o histórico despacho foi vazado nestes termos:
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Tendo a requerente satisfeito as exigências da lei para ser eleitora, mando que inclua-se nas listas de eleitores. Mossoró, 25 de novembro de 1927.
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. Vale ressaltar, contudo, que a[11]inda no Império, D. Izabel Mattos Dillon, formada em Odontologia na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, solicitou sua inscrição na lista de eleitores do Rio Grande do Sul, em 1880. O juiz municipal indeferiu a petição, mas o juiz de direito, Dr. José Lomelino de Drummond, baseando-se no art. 4º da Lei Saraiva(“Serão eleitores todos os diplomados por qualquer faculdade do Império”), concedeu o título de eleitor à D. Izabel. Consta que ela exerceu seu direito e votou.

Aprovada a Lei, várias mulheres requereram suas inscrições e a 25 de novembro de 1927. As eleitoras compareceram às eleições de 5 de abril de 1928, mas seus votos foram anulados pela Comissão de Poderes do Senado. Somente com o Código Eleitoral de 1932, é que "o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo…" poderia votar efetivamente.

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ÚLTIMA EXPEDIÇÃO A CANUDOS

Por Joab Aragão

Prezado Romero,

Estou mandando para você o livro ÚLTIMA EXPEDIÇÃO A CANUDOS, edição 1898, do coronel Dantas Barreto. 

Trata-se de um testemunho de quem comandou uma brigada em Canudos. 

O arquivo encontra-se no link abaixo.

Um abraço 

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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LAMPEÃO É BALEADO NA FAZENDA TIGRE


É sabido por todos que estudam o tema cangaço, fase lampiônica, que o mesmo sempre procurava andar a pé e próximo a alguma elevação natural para, se preciso fosse subir e ficar em posição que lhe desse vantagem sobre seus inimigos, assim como ser mais fácil apagar os vestígios de sua passada, pois os mesmos andavam em fila indiana.

Porém, em certos planos idealizados por ele, quando tinha, por algum motivo, se locomover com maior rapidez, usava animais como montaria. Temos que lembrar de como era o sertão nordestino naqueles tempos, sem quase estradas de rodagem, e quando havia, era ligando uma cidade a outra, nunca um sítio ou uma fazenda a outra, e, em muito lugares, só havia mesmo uma vereda, trilha por onde muitos da região passavam para fazerem a viagem mais rápida.

Grupo de Lampião

Lampião, na segunda metade do ano de 1926, com mais de uma centena de homens, todos montados em cavalos, burros e jumentos, entram na região do Pajeú das Flores com uma meta planejada. Antes da execução das suas missões, após vários estudos sobre como ocorreram, notamos que ele assim procedia, o chefe mor dos cangaceiros, além de seu principal ‘alvo’, conhecedor como era do terreno, sempre tentou fazer uma espécie de ‘arrastão’, para melhor se sair financeiramente, já que tinha que esconder-se e deixar a poeira baixar antes de praticar nova incursão.

Sempre de olho, mesmo tendo um só, via mais que os dois dos outros, ele calculava tudo que pudesse dar errado. Estudava as vias de escape assim como as vias por onde poderiam surgir inimigos. Sempre mantinha alguns mais informados do que os restantes, e esses, escolhidos a dedos, tinham que o defender até mesmo se alguém dentre eles quisesse eliminá-lo, o que poderia acontecer.

Alexandre Gomes de Sá - Xandinho - amigo que leva Lampião para a fazenda Caríbas

Como sempre, Virgolino usa seus colaboradores para suas ações. Dessa vez ele chega com seu bando completo na fazenda Monte Sombrio. Propriedade do seu amigo Xandinho, Alexandre Gomes de Sá. Tem uma pequena prosa com ele e parte em direção ao destino escolhido. Antes, porém, chama um dos cangaceiros de confiança, dessa feita foi o cangaceiro Moita Braba, passa algumas ordens e deixa com ele, alguns cabras da cabroeira, afim de, se ocorresse algum imprevisto, o mesmo deveria levar os homens e atacar o inimigo pela retaguarda.

Lampião seguia em direção à fazenda Tigre, sendo alto sustentável, de propriedade da viúva Santinha Gomes de Sá, conhecida em toda a região por “Santinha do Tigre”. Mulher forte, que ao perde o marido, não esmoreceu e tomou as rédeas da administração da grande fazenda.


Mesmo tomando todas as precações possíveis, Lampião e sua horda não passam despercebidos. Um dos moradores da fazenda, estava cuidando da lida em algum recanto da propriedade e avista aquele ‘exército’ de cangaceiros rumando na direção da sede da fazenda. Sabendo onde se encontrava, ele encurta o caminho, pega um atalho e chega muito antes, e dá à notícia a patroa. Essa fica preocupada, está apenas com um de seus filhos em casa, e, é mesmo pensando nele, que a preocupação aumenta. 


Ela então ordena que Miguel, seu filho, vá para a casa, fazenda, dos vizinhos e deixa-se que ela toparia o “Rei dos Cangaceiros”. Pois bem, em vez de seguir as ordens da mãe, ele faz que vai, da uma volta e escolhe um local alto e com mato, esconde-se e fica a observar o que aconteceria.

Antonio Ferreira irmão de Lampião

O tempo passa, mas para aquela senhora, parece estar parado. Muitos pensamentos vinham e iam, iam e vinham tornando angustiante aquela situação. Por fim, já quando o sol inclemente não deixa que plantas e objetos façam sombra, surge no terreiro da sua casa um bando de terríveis cangaceiros. A nata dos mais falados cangaceiros estavam diante dela, tais como Esperança, Sabino Gomes, Corisco, Sabiá, Jararaca, Luiz Pedro, chá Preto, Pai Véio e mais uma ruma deles, além, é claro, do mais temido, Virgolino Ferreira, o Lampião.

O cangaceiro Sabino Gomes

Um cavaleiro cutuca as esporas na barriga da montaria, se adianta dos outros e se apresenta. Era Lampião. Após se apresentar, o cangaceiro diz:

“ “- Dona Santinha, quero uma coisa da senhora.”

“- Diga, pois não, o que é que o senhor quer?” (respondeu perguntando a viúva)

“- Eu quero um arrancho aqui, quero descansar meu pessoal, botar abaixo aqui, demorar, fazer almoço e passar o resto do dia.” (esclarece o chefe cangaceiro)

“- Tudo bem, não tem problema nenhum. A casa tá às ordens, passe o tempo que você quiser. O cercado taí, bote os cavalos na roça, tem legumes nos vasos pra fazer almoço, tudo bem, mas eu quero garantia pra minha casa e pra meu povo.” (diz corajosamente a dona da fazenda)

“- Num se preocupe, Dona Santinha, que aqui num se bole com ninguém. Tá garantido, aqui ninguém mexe com a senhora, pode ficar despreocupada.” " (termina por dizer o “Rei Vesgo”) (“AS CRUZES DO CANGAÇO – Os fatos e personagens de Floresta – PE” – SÁ, Marcos Antônio de ( Marcos De Carmelita Carmelita) e FERRAZ, Cristiano Luiz Feitosa (Cristiano Ferraz). 1ª Edição. Floresta, 2016)

Um dos autores do livro "As Cruzes do Cangaço, Cristiano Ferraz, junto aos escombros da casa sede da fazenda Sombrio de Xandinho

A situação nos faz dizer e fazer determinadas coisas, que nós mesmos, depois que passa o momento, não acreditamos. Creio que foi o que passou pela mente daquela senhora. Em seguida ela passa a dar ordens para as mulheres da ‘casa’ cuidarem em aprontar comida para todo o bando. Satisfeito com aquela receptividade, Lampião e seu ‘Estado Maior’, na ocasião, Antônio seu irmão, Sabino Gomes, Luiz Pedro e outros, ficam arranchados na própria sede, os demais vão se acomodando aonde achavam melhor.

O cangaceiro Luiz Pedro

Por coincidência, ou ironia do destino, uma volante sob o comando do cabo Domingos Cururu, Domingos de Souza, estava dando uma batida próximo àquela região por ordens do Capitão Antônio Muniz de Farias, e a mesma encontrava-se nas terras da fazenda Laje, propriedade de um dos filhos de Dona Santinha, conhecido por Yoyô do Tigre, Sérgio Corrêa, não distando mais que 1/5 de quilômetro da sede onde se encontravam os cangaceiros. Como a fazenda Tigre era muito extensa, definiu-se, acreditamos que pela Matriarca, que uma faixa de terra passava a ‘pertencer’ ao filho. A volante era formada pelo comandante, dois Aspeçadas e trinta soldados. A tropa estando acampada no riacho que leva o mesmo nome da fazenda de Yoyô, e estando tão próxima a sede da fazenda Tigre, dois homens da volante são incumbidos de irem até a casa e se abastecerem com água e, ao mesmo tempo, tentar saber de alguma informação sobre cangaceiros. Era de praxe, todo volante andar com cuidado aos sinais deixados no solo árido da caatinga. Assim, os dois homens seguem, mas em silencio e em busca de algum vestígio quando de repente notam a movimentação dos bandidos pra lá e pra cá no terreiro da casa sede. Abaixam-se, e retornam para junto do restante da tropa, relatando em seguida o que notaram ao comandante, o qual traça um plano e ordena que avancem cautelosamente formando um semicírculo em direção a casa grande.

Yoyô do Tigre, dona da fazenda Laje, filho de dona Santinha

Lampião parece se sentir em casa. Tranquilo, abre um dos bornais, retira alguns papéis, senta-se numa cadeira da mesa e começa a rabiscar alguma coisa nos ditos papéis. Tudo isso é meticulosamente observado pela dona da fazenda. Com certeza o que escrevia o chefe cangaceiro seria cartas, ou bilhetes, de extorsões endereçadas (os) aos homens que tinham dinheiro na região. De repente, ele estanca com o que está fazendo, levanta-se e vai em direção a porta da sala. Retorna e, de repente, solta a goela no mundo dando o alarma aos seus homens que estavam cercados pelos ‘macacos’.

Parte da volante que atacou o bando de Lampião na fazenda Tigre

A partir desse momento, tendo perdido o fator surpresa, pois não estavam totalmente posicionados, os soldados procuram responder os tiros que vinham de várias direções onde se encontravam os cabras de Lampião. Lampião, dentro da casa, escolhe uma janela e começa a manda bala dali. O interessante é que não dando tempo de cercar totalmente a casa sede, a coluna do cabo Domingos Cururu, fica exclusivamente diante da frente, com isso, a parte de trás, fica totalmente sem ter ataque, no entanto, alguns cangaceiros que lá estavam, danam bala para o alto com a nítida intenção de afugentarem a tropa.

Janela da casa da fazenda Tigre em que Lampião estava quando foi baleado

O tempo se fecha e o tiroteio se acirra a cada minuto. Dona Santinha e as outras mulheres procuram a todo custo um local para se protegerem. Notando a agonia delas, Lampião grita vendo que elas adentravam em um dos quartos da casa:

“- Dona Santinha, fique aí, e num se preocupe que aqui ninguém bole cum a senhora.” (Ob. Ct.)

Escutando o barulho dos disparos, Moita Braba grita para seus homens e, junto ao dono da fazenda, Xandinho, seguem para tentarem pegar a volante pela retaguarda como previra seu chefe.

Um dos soldados no meio ao tiroteio, nota que um dos cangaceiros não muda de posição. Atira e depois se abaixa. Tornando a atirar e repetindo aquele movimento. Espera um instante e faz fogo. Nota quando o cabra tomba e desaparece.

Lampião não muda de lugar e, atirando feito um alucinado, dá, de quando em vez ordens aos seus cabras incentivando-os a briga. Só saindo da linha de tiro na janela, quando se faz necessário recarregar seu fuzil. De repente, ao recarregar sua arma, ergue-se e sente uma dor horrível na altura do peito, do lado direto do tórax. A força do projétil é imensa e o atira no chão da casa.

A bala vinda do fuzil do soldado acerta o ‘batente’ da janela, perde um pouco sua velocidade, desvia e atingi o “Rei dos Cangaceiros”.

Lampião está estendido no chão da casa sede da fazenda Tigre e seu irmão corre para tentar socorrê-lo. O ferimento parece ser grave e Virgolino começa a perder bastante sangue. Nesse momento, aqueles que estavam dentro da casa se apavoram um pouco pensando seu chefe estar morrendo. O “Rei Vesgo”, devido a grande perda de sangue, começa a ficar pálido e perde os sentidos deixando mais apavorados ainda seu Estado Maior.

“(...) Se por acaso Lampião morresse ali, Antônio sabia que tudo acabaria. Sem o comando, a astúcia e a genialidade de Virgulino, além do seu conhecimento com os poderosos Chefes Políticos e Coronéis do Sertão, seria o começo do fim (...).” (Ob. Ct.)

Os homens apressam-se a pegarem bastante panos e envolveram o corpo do chefe para que, além de aquecê-lo, não permitisse que o sangue caísse no piso da casa deixando a prova que alguém teria sido alvejado dentro dela.

Moita Braba chega já atirando e o amigo de Lampião, Xandinho, mostra-se um combate arrojado, conseguindo chegar a casa e entrar nela. Vai direto para onde encontra-se seu amigo desmaiado e se agacha junto dele. Lampião vai recobrando os sentidos e, já com seu cérebro em pleno funcionamento, pede ao amigo para retirá-lo daquela arapuca, principalmente por ele conhecer bem a região. Em seguida, diz a seu irmão para tomar as rédeas do grupo, saltar para fora da casa e apertasse o tiroteio até colocar a tropa em fuga. Para que ele pudesse ser levado dali.

Desse momento em diante a cangaceirama parece ter ingerido alguma droga, pois ficaram como que alucinados e o fogo aumentou consideravelmente. Xandinho salta para fora de casa e se mostra um dos mais valentes homens que esse sertão já pisou. Parecia que ele iria topar sozinho toda tropa atacante. Por fim, sentido o desesperado ataque dos homens de Lampião, os militares resolvem recuar. Lascam os pés no meio da mata e somem na caatinga.

Lampião chama a dona da fazenda e lhe faz um pedido. Que ela não comentasse com ninguém o ferimento que sofrera, pois se assim procedesse, ele voltaria e mataria todos que pudesse. Xandinho chega perto do amigo e pergunta para onde ele que ser levado. Lampião diz querer ir para a fazenda Caraíbas, onde pretendia restabelecer-se. 

Fazenda para onde Lampião pediu a Xandinho que o levasse, para se recuperar do ferimento

Formando duas filas com os animais, os homens de Lampião o colocam-no no meio. Assim ele estaria protegido se algum ataque ocorresse e ninguém o veria naquelas condições. Xandinho leva o chefe mor do cangaço, o cangaceiro Lampião por entre os tabuleiros, serras e baixios do Pajeú das Flores... Até chegarem aos limites da fazenda pretendida.

Fonte “AS CRUZES DO CANGAÇO – Os fatos e personagens de Floresta – PE” – SÁ, Marcos Antônio de Marcos De Carmelita Carmelita) e FERRAZ, Cristiano Luiz Feitosa (Cristiano Ferraz). 1ª Edição. Floresta, 2016

Foto Ob. Ct.
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