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quinta-feira, 4 de maio de 2017

EM NOME DO PAI E DO FILHO: UMA PEQUENA BIOGRAFIA DE PADRE SOLON

 Por Jose Tavares de Araújo Neto

Nascido em 04 de maio de 1935, na zona rural do então Distrito de Paulista, município de Pombal (PB), fruto da união conjugal do grande poeta popular Belarmino de França e de Dona Emerendina Dantas, de tradicional família paraibana.

O seminarista Solon Dantas de França foi ordenado padre, junto com outros colegas, no dia 10 de julho de 1968, em uma concorrida cerimônia realizada em Pombal, sob a benção do Bispo da Diocese de Cajazeira, Dom Zacarias Rolim de Moura.

Na época, o jovem padre, que mais chamava a atenção por ser filho de Belarmino de França do que por virtudes próprias, foi conquistando a simpatia e confiança dos seus conterrâneos. Carismático, inteligente, culto, eloqüente e cativante, Padre Solon logo mostrou que, mesmo herdando muito dos dons do seu velho pai, era possuidor de uma personalidade própria. Assim, logo se auto-afirmou ao assumir o comando da paróquia de Pombal em 1969, onde permaneceu até o ano 2004, totalizando 35 anos, quando se afastou por problemas de saúde. Na longa e contínua história da paróquia de Pombal, iniciada em 1711, com o Padre Antônio Saraiva da Silva, apenas o Monsenhor Valeriano, que conduziu a paróquia de Pombal por 48 anos (1893/1945) permaneceu mais tempo que o filho do poeta.


Enquanto pároco, Padre Solon Dantas de França fez de sua vida um sacerdócio na exata concepção da palavra. A fé e a perseverança transformaram-no em um abnegado agente transformador e realizador dos sonhos de seu rebanho. Apesar de sua peculiar discrição, a peregrinação em busca de recursos, tanto junto as pessoas mais abastadas, assim como nos órgãos governamentais, para reverter em benefícios dos mais carentes, era uma constante em sua trajetória de líder. Mais do que mero assistencialismo, as ações do religioso tiveram dimensões filantrópicas, seja na condição de diretor do Hospital e Maternidade Sinhá Carneiro ou da Escola Normal Josué Bezerra, ou ainda mais recentemente, quando da sua determinação em implantar o nível superior na terra natal e culminou com a grande conquista para toda região, oportunidade em que, além de idealizador e fundador, transformou-se no primeiro diretor das Faculdades de Agronomia e de Ciências Contábeis de Pombal.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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Clerisvaldo B. Chagas
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.669

Como uma coisa puxa outra, o programa de TV que ontem mostrou os horrores da seca do Nordeste, trouxe lembranças de violência. E foi especificamente em cenas de um cidadão cortando, queimando e triturando alastrado para alimentar seus animais, o foco da questão. O alastrado, assim como o mandacaru, o facheiro, rasga-beiço e Quipapá, são vegetais espinhentos. O alastrado é o mais encorpado de todos e também chama atenção pela sua beleza e verde bonito. Sem alternativa nas secas puxadas o sertanejo apela para as cactáceas com o procedimento acima. Até pessoas são alimentadas com o miolo desses matos em situação de fome extrema.

ALASTRADO. Foto (divulgação)
Na minha terra existe um lugar denominado “Cipó”. Fica na periferia da cidade, saída para Olho d’Água das Flores. Sua estrada de terra paralela ao asfalto, leva até às terras do governo, fazenda “Sementeira”.
Conta o saudoso escritor santanense Oscar Silva, em seu primeiro livro de crônica “Fruta de Palma”, o episódio fatídico acontecido na seca de, provavelmente, 1932.
Alguém tinha ido até à delegacia para se queixar de roubos de bodes. O perverso soldado Zé Contente e certo companheiro foram designados para investigar. Percorrendo a região do Cipó, inclusive o serrote do Gonçalinho, nas imediações, deparou-se com a família de um morador do Cipó. Aquela filharada pequena, toda de barriguinha cheia nessa época de agruras, fez engendrar na cabeça doentia do soldado que as crianças estavam sendo alimentadas com os bodes roubados.
O malévolo recebera o apelido justamente por praticar suas perversidades sempre com os risos durante os seus atos. Assim procurou e encontrou o chefe da família no serrote do Gonçalinho acusando-o de roubo. O homem se defendeu afirmando que alimentava a família com miolo de alastrado e que não era ladrão. Zé Contente, para satisfazer seus instintos inexplicáveis amarrou o cidadão e saiu furando os seus intestinos a punhal. Nada saiu das tripas da vítima torturada até à morte, apenas a confirmação sobre o vegetal de espinhos.
Oscar não diz se o soldado Zé Contente foi punido ou não. Mas, no lugar onde foi morto o sertanejo honesto uma cruz foi fincada tendo resistido até quase os dias atuais. Hoje uma pequena fileira de casas pobres ocupa o lugar da cruz rumo à fazenda Sementeira.
O autor achou por bem colocar o título da crônica de BUCHO DE ALASTRADO.


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OS PEREIRAS E A PEDRA DO REINO.

Por CICERO AGUIAR FERREIRA

O Sebastianismo surgiu em Portugal no século XVI, depois da morte de D. Sebastião Rei Português, que desapareceu durante a batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, território hoje onde fica localizado o Marrocos. Com a morte do Rei aventureiro, o povo português inconformado com desaparecimento de D. Sebastião, criaram a crença sebastianista, onde segundo eles, o rei um dia voltaria para trazer felicidade a seu povo. No século XIX, surge na localidade de Serra Formosa em São José do Belmonte-PE, um seguidor desse messianismo chamado João Antônio. João Antônio em posse de um folheto de cordel e algumas pedras preciosas, que dizia ter encontrado na Lagoa Encantada situada na região da Pedra Bonita, pregava que o reino de D. Sebastião iria desencantar naquela localidade, e aqueles que o acompanhassem seriam contemplados quando o reino desencantasse. Com essa história, conseguiu juntar muitos seguidores que se estabeleceram na localidade 


Pedra Bonita, hoje Pedra do Reino. Essa pregação deixou os proprietários de terras daquela região preocupados, e através do padre Francisco Correia de Albuquerque, conseguiram convencer o fanático João Antônio a abandonar a região. Com a saída de João Antônio, toma o seu lugar o seu cunhado João Ferreira, que radicalizou ainda mais o movimento, introduzindo alguns hábitos e normas. Os homens podiam casar com várias mulheres, proibiu à higiene pessoal, era proibido lavar as roupas, a alimentação era pouca, muita bebida, dançavam e rezavam muito, ficando conhecido como “um rei louco, cruel e sanguinário”. Foi a partir do reinado de João Ferreira que começou o sacrifício de pessoas. Entre os dias 14 e 17 de maio de 1838, 53 pessoas foram mortas, com o sangue dos sacrifícios lavarem as pedras, e assim desencantar o reino de D. Sebastião. A notícia do massacre das pessoas na localidade de Pedra Bonita chega até o Comandante Superior MANOEL PEREIRA DA SILVA, no dia 18 de junho do mesmo ano, Manoel juntou sua tropa e foi desalojar os fanáticos. Somando os que morreram sacrificados por ordem do fanático João Ferreira, e na desocupação, cerca de 90 pessoas tombaram sem vida naquela localidade. O Comandante MANOEL PEREIRA DA SILVA saiu ferido, e dois dos seus irmãos, ALEXANDRE PEREIRA DA SILVA, CIPRIANO PEREIRA DA SILVA morreram na luta. O Tenente Cel. “conhecido revolucionário” SIMPLÍCIO PEREIRA DA SILVA, tendo conhecimento da batalha que os irmãos enfrentavam contra os fanáticos, dirigiu-se a localidade, dando o desfecho final à batalha.

CICERO AGUIAR FERREIRA
Fonte: Tok de História, genealogia Pernambucana.

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VAGABUNDA

*Rangel Alves da Costa

O que é a honra para quem vive se desonrando? O que é a moral para quem vive se desmoralizando? O que é o caráter para quem acostumou a viver se afundando na lama?
O que é a preservação do nome para quem tanto fez ou tanto fez que esteja na boca do povo ou mesmo nos segredos ao pé do ouvido? Para que se compraz em viver na devassidão?
Gente há que desde cedo envereda pelos caminhos do errado. Faz a primeira vez, a segunda, a terceira e assim por diante. Então se torna costumeiro que a lama seja sua moral.
Na verdade, aspectos como honra, moral, caráter, dignidade, pudor, respeito, já não tem a valia que antes, principalmente para quem gosta de preservar o avesso de tudo.
Se vivemos num mundo de perdição, pessoas existem que colocam o mundo perante seus pés e depois se afundam por desejo próprio. E no lamaçal se compraz em lodo.
Tanto homem como mulher faz assim. A desonra e o mau-caratismo não possuem distinção de sexo. Tanto existe homem vagamundo e imprestável como mulher vagabunda e imprestável.
Um homem vagabundo é a coisa mais nojenta que existe. Não menos nojento e asqueroso que saber que uma mulher se presta ao mesmo papel. E mais ainda por ser mulher.
E não só vagabunda na mais impura expressão da palavra. Mas também mentirosa, traiçoeira, ardilosa, cobra asquerosa que mansamente se embrenha pelos labirintos escuros.
Mas o que é mesmo ser vagabunda? Costumeiramente já se conhece pelo avesso comportamento.
Mas o que é mesmo ser vagabunda? Todo mundo sabe o que seja, eis que os comentários logo permitem o reconhecimento. Mas os dicionários também esclarecem a questão.

Vagabunda: Vadia (Dicionário Michaelis)

Vagabunda: “Aquela que possui modos de vida considerados amorais, embora não viva da prostituição”. (Dicionário Online de Português)
Vagabunda: “Mulher que se comporta de modo considerado devasso ou imoral. Piranha, vadia, vagaba”. (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)
Vagabunda: “Vadia. Mulher que gosta de ter muitos homens; puta; que dá facilmente; aquela que tu acha que está te dando bem comendo ela mas no fim das contas ela vai espalhar para todo mundo que te deu e tua namorada via ficar sabendo; a diferença de uma prostituta para uma vagabunda seria o ato de receber ao fim do ato sexual; aquela que não consegue segurar seus instintos sexuais”. (Dicionário informal)
Vagabunda: Puta, piranha, mulher fácil. (Dicionário popular).
Como visto, não precisa ser prostituta por dinheiro para ser vagabunda. É igualmente prostituta a vagabunda que faz a mesma coisa da puta e ainda deseja passar uma imagem de mulher honesta.
E alguns comportamentos podem apontar bem o que seja uma vagabunda. Mulher que usa redes sociais, principalmente o Messenger e o Whatsapp, para trair o namorado ou esposo com outros homens.
Mulher que se monstra a mais honesta do mundo, mas configura o Whatsapp para que o seu esposo ou namorado não veja quando foi visto pela última vez, é declaradamente vagabunda.
Mulher que usa sua página do Facebook para se erotizar, para chamar a atenção de seu corpo, como se ali fosse um álbum de garota de programa, também não passa de sórdida e descarada vagabunda.
Mulher que aceita todo tipo de macho como amigo no Facebook, com a intenção exclusiva de conversas reservadas pelo Messenger, caracteriza-se plenamente como vagabunda.
Como visto, vagabunda não é somente aquela que vive dando a um e a outro não, ou que vive arrumando macho por onde passa, mas principalmente aquela que se diz honesta e faz isso tudo.
E eu conheço uma que cuja vida de safada daria mil páginas de vagabundagem. E quem a avista pensa que é coisa que preste. Não vale um tostão furado.

Escritor
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“PAJEÚ EM CHAMAS: O CANGAÇO E OS PEREIRAS”


Recebi hoje do Francisco Pereira Lima (Professor Pereira) lá da cidade de Cajazeiras no Estado da Paraíba uma excelente obra com o título "PAJEÚ EM CHAMAS O CANGAÇO E OS PEREIRAS - Conversando com o Sinhô Pereira" de autoria do escritor Helvécio Neves Feitosa. Obrigado grande professor Pereira, estarei sempre a sua disposição.


O livro de sua autoria “Pajeú em Chamas: o Cangaço e os Pereiras”. A solenidade de lançamento aconteceu no Auditório da Escola Estadual de Educação profissional Joaquim Filomeno Noronha e contou com a participação de centenas de pessoas que ao final do evento adquiriram a publicação autografada. Na mesma ocasião, também foi lançado o livro “Sertões do Nordeste I”, obra de autoria do cratense Heitor Feitosa Macêdo, que é familiar de Helvécio Neves e tem profundas raízes com a família Feitosa de Parambu.

PAJEÚ EM CHAMAS 

Com 608 páginas, o trabalho literário conta a saga da família Pereira, cita importantes episódios da história do cangaço nordestino, desde as suas origens mais remotas, desvendando a vida de um mito deste mesmo cangaço, Sinhô Pereira e faz a genealogia de sua família a partir do seu avô, Crispim Pereira de Araújo ou Ioiô Maroto, primo e amigo do temível Sinhô Pereira.

A partir de uma encrenca surgida entre os Pereiras com uma outra família, os Carvalhos, foi então que o Pajeú entrou em chamas. Gerações sucessivas das duas famílias foram crescendo e pegando em armas.

Pajeú em Chamas: O Cangaço e os Pereiras põe a roda da história social do Nordeste brasileiro em movimento sobre homens rudes e valentes em meio às asperezas da caatinga, impondo uma justiça a seus modos, nos séculos XIX e XX.

Helvécio Neves Feitosa, autor dessa grande obra, nascido nos Inhamuns no Ceará, é médico, professor universitário e Doutor em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal), além de poeta, escritor e folclorista. É bisneto de Antônio Cassiano Pereira da Silva, prefeito de São José do Belmonte em 1893 e dono da fazenda Baixio.

Sertões do Nordeste I

É o primeiro volume de uma série que trata dos Sertões do Nordeste. Procura analisar fatos relacionados à sociedade alocada no espaço em que se desenvolveu o ciclo econômico do gado, a partir de novas fontes, na maioria, inéditas.

Não se trata da monumentalização da história de matutos e sertanejos, mas da utilização de uma ótica sustentada em elementos esclarecedores capaz de descontrair algumas das versões oficiais acerca de determinados episódios perpassados nos rincões nordestinos.
Tentando se afastar do maniqueísmo e do preconceito para com o regional, o autor inicia seus estudos a partir de dois desses sertões, os Inhmauns e os Cariris Novos, no estado do Ceará, sendo que, ao longo de nove artigos, reunidos à feição de uma miscelânea, desenvolve importantes temas, tentando esclarecer alguns pontos intrincados da história dessa gente interiorana.

É ressaltado a importância da visão do sertão pelo sertanejo, sem a superficialidade e generalidade com que esta parte do território vem sendo freqüentemente interpretada pelos olhares alheios, tanto de suas próprias capitais quanto dos grandes centros econômicos do País.

Após a apresentação das obras literárias, a palavra foi facultada aos presentes, em seguida, houve a sessão de autógrafos dos autores.

Quem interessar adquirir esta obra é só entrar em contato com o professor Pereira através deste e-mail: franpelima@bol.com.br
Tudo é muito rápido, e ele entregará em qualquer parte do Brasil.

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A VAIDADE DA MULHER CANGACEIRA

Por Noádia Costa


A vida perigosa e nômade do Cangaço, não fez com que as mulheres que participavam dos bandos descuidassem da beleza. As cangaceiras usavam o chamado vestido de batalha, que identificava a mulher cangaceira.

Esse vestido possuía mangas longas para proteger do sol e dos espinhos. O vestido era enfeitado com galões coloridos na altura do peito, os desenhos variavam de acordo com o gosto da dona. A região abaixo da cintura também possuía dois galões padronizados. Esses vestidos possuíam cinco bolsos. As cangaceiras ainda utilizavam luvas bordadas e decoradas. E que em alguns casos possuíam as iniciais da dona.


O outro vestido utilizado pelas cangaceiras foi chamado pela cangaceira Dadá de vestido civil. Esses vestidos eram utilizados nos bailes promovidos pelos cangaceiros e em ocasiões especiais. Se baseavam nos vestidos da moda das cidades do interior do sertão. Cabelos sempre alinhados e presos com presilhas que muitas vezes eram de ouro . Raramente as cangaceiras usavam cabelo solto. E não usavam cabelo curto.

As cangaceiras também utilizavam grande quantidade de colares e anéis que davam um caráter de luxo e imponência as mesmas. Os homens faziam questão de conseguir joias para enfeitar suas companheiras. Fora isso os lenços de seda que recebiam o nome de jabirica completavam o look das cangaceiras.


As cangaceiras não abriam mão de perfumes de qualidade para que o cheiro não desaparecesse rapidamente. A cangaceira Adília no documentário A Mulher no Cangaço, relata o seu gosto pela maquiagem se mostrando bastante vaidosa. A própria rainha do Cangaço Maria Bonita foi fotografada por Benjamin Abrahão muito bem arrumada, sem deixar a desejar para nenhuma dama da alta sociedade.

As fotos de Benjamin Abrahão mostram como as cangaceiras queriam ser lembradas, mulheres elegantes, alinhadas e que não descuidavam da beleza.

Foto 1: Inácia em vestido de batalha.
Desconheço autor da foto.
Foto 2: Maria Bonita em vestido de batalha.
Foto: Benjamin Abrahão.
Foto 3: Maria Bonita e Cristina usando vestido civil.
Foto: Benjamin Abrahão.

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"BELCHIOR - UM PENSADOR ENTRE OS ASTROS".

Por Stélio Torquato Lima

A Cordelaria Flor da Serra, coloca à disposição dos seus leitores, "Belchior - um pensador entre os astros". Esse é o mais recente Cordel de Stélio Torquato e a capa é de Cayman Moreira. 


O Cordel, escrito em sextilhas, narra a vida e a importância do cantor e compositor cearense recentemente falecido, para a Música Popular Brasileira. Adquira seu exemplar pelo e-mail cordelariaflordaserra@gmail.com ou pelo WhatsApp (085) 999569091.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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PEIXOTO, UM HERÓI SANGRADO POR LAMPIÃO


Naquele tempo, Lampião por onde passava deixava suas lembranças como amigo, ou como um inimigo feroz, sanguinário sem alma e sem consideração. Seus amigos eram amigos, seus inimigos eram para serem mortos sem respeito algum.


Em muitos sítios onde as casas eram próximas uma da outra, os moradores tratavam de se protegerem conjuntamente. Ou seja, eles viviam sempre alerta, com armas e munições ao alcance das mãos, prontos para enfrentarem o “Rei dos Cangaceiros” e seu bando, alguns vindo em socorro dos outros. Exemplo disso, citamos as pessoas que viviam, ou conviviam, nos sítios, fazendas, Bom Sucesso, Arado e Santana.

Em princípios de maio de 1926, Lampião cisma de passar uma noitada farreando em São Serafim, hoje Calumbi, PE. São mortos vários animais, as paneladas de comidas são providenciadas, os braseiros são acesos, as bebidas são encomendadas e o sanfoneiro, Antônio Rodrigues, famoso na localidade, ‘contratado’. Virgolino era, além de um ‘pé de forró’, um bom tocador de fole, sanfona, e durante a festança ele mesmo tocava várias músicas para a cabroeira ‘arrastar o pé’. Quando Antônio Rodrigues estava tocando, Lampião se divertia dançando, e assim entraram por noite a dentro.

“(...) A noite foi de festa. Uma hora Antônio Rodrigues tocava outra hora o próprio Lampião pegava na ‘pé de bode’(Sanfona de oito baixos). Neste dia os cangaceiros dançaram, comeram carne assada na brasa e tomaram cachaça até abusar! Lampião ensinou a menina Leontina Gomes de Melo, ou dona Leontina como era conhecida, a dançar xaxado e todos ficaram admirados em São Serafim como Lampião tocava e dançava xaxado tão bem! E ele ainda dançou marzuca! Dona Joaquina de Agripino dizia que na marzuca Lampião era mestre, dançava divinamente (...).” (“A Maior Batalha de lampião” – LIMA, Lourinaldo Teles Pereira. 1ª Edição. Paulo Afonso, BA, 2017)

Mesmo nessa festa toda promovida e curtida por Virgolino, e pelos amigos que tinha no povoado, ele não descuidou da proteção costumeira. Envia vários ‘cabras’ em diversas direções pra protegerem as estradas, veredas que davam acesso ao povoado. Já depois do cantar do galo, ele ordena que seus homens parem de farrear e procurem dormir, que depois do quebrar da barra teriam ‘trabalho’ a fazerem. Sabedor do acordo entre os homens dos sítios referidos, ele determina que cinco de seus homens de confiança fiquem a espreita e tocaiem aqueles que poderiam vir das outras fazendas se ocorresse um choque, luta, entre ‘ele’ e alguns de um dos três sítios.

Pois bem, Lampião contava com cerca de cinquenta cangaceiros em seu bando, naquele momento, e era muita gente que sabia usar a espingarda para simples roceiros enfrentarem. Mesmo correndo risco de ser morto, um amigo no povoado, dos homens que estavam nos sítios, envia um mensageiro para que não colocassem tocaia, emboscada, em Lampião daquela vez, pois o mesmo tinha um grande contingente a seu comando. E o risco seria enorme.

Sabedores da quantidade da caterva, os homens dos sítios, que eram em torno de trinta, resolvem não ‘provocar o diabo com vara curta’. Correriam um risco enorme de serem mortos. Porém, como em todo lugar existe um maluco, mais doido do que os outros, um cidadão, Manoel Peixoto, quando avisado da quantidade de cangaceiros, estando a trabalhar no roçado com seus filhos, chama-os para irem topar o ‘cego’. Notando que os outros não iriam emboscar Lampião e seu bando, pega suas armas, seu bornal de munição e, depois de xingá-los, resolveu ir sozinho emboscar a fera das caatingas sertanejas. No caminho, passa a imaginar onde seria mais adequado o lugar para uma emboscada. Passando pela fazenda de um compadre, seu afilhado lhe ver e pergunta: para onde iria armado? Ele responde que iria colocar uma tocaia em Lampião e seus ‘cabras’. Seu afilhado então resolve ir junto. Pega, também, suas armas e munição e segue seu padrinho naquela ideia louca.

“(...) Ele estava trabalhando com os filhos e os chamou para irem com ele, no entanto eles disseram que não iriam, pois era suicídio e tentaram de todas as formas fazer o pai desistir, mas, Mané (Manoel Peixoto), disse que eles eram umas mulheres barbadas e se não tivesse um homem para ir com ele, ele iria só (...).” (Ob. Ct.)

Os ‘cabras’ que Virgolino tinha mando ficarem de tocaia para ver se alguém dos sítios vizinhos viria ao encontro de sua cabroeira, pegam e prendem, sequestram um cidadão que morava na fazenda Santana. Esse cidadão era cego e caminhava sob a ajuda de um ‘guia’. Após fazerem-no prisioneiro, mandam o guia de volta a sede da fazenda com o recado de que se alguém descesse para atacar seus amigos, o cidadão cego morreria. Mesmo essa pessoa não podendo enxergar, foi vítima de maus-tratos, pancadas, humilhações e serviu de montaria para alguns dos cangaceiros.


Mané Peixoto e seu afilhado, Ducarmo, fizerem buscas nas redondezas e não notaram sinais algum dos cangaceiros. Procuraram pontos elevados para terem uma total visão da região e, nada, nem sombra da horda sanguinária. Pensam então que eles tomaram outra direção e foram embora. Atravessando as armas nos ombros, retornam por outro caminho. Na medida em que seguiam, botam para conversar sobre o que poderiam terem feito e como seria importante para todos darem cabo de Lampião.

Virgolino, em certo trecho da caminhada, leva seu bando para onde tinha água. Os cangaceiros fazem uma ‘festa’ na beira do reservatório do líquido tão precioso para os sertanejos. Uns lavam suas roupas, outros vão tomar banho e todos, antes de tudo, procuraram encherem seus reservatórios individuais, as cabeças, que serviam como cantis.

Ducarmo e seu padrinho vão soltando conversas ao vento quando, de repente, um cavalo relincha dentro do mato. De imediato os dois olham para o mesmo lugar de onde partira o som e veem um cavalo branco. 



Peixoto sabia, e tinha dito ao afilhado que na notícia que enviaram, dizia que Lampião estaria montando um cavalo branco. Nem deu tempo para mais nada. Espirra cangaceiro de tudo quanto é moita na beira da estrada.

Sem tempo para pegarem as armas longas, padrinho e afilhados se valem das curtas. Sacam seus revólveres e começam a atirarem nos cangaceiros. Depois, conseguem atirar com as outras... e o tempo fechou nas margem da Lagoa Grande.


Luiz Pedro, tendo saltado para o caminho, reconhece, de imediato, quem é um dos dois homens que seguiam de estrada afora. Nesse momento dar o alarma ao chefe e, colocando sua arma em posição, a qual já estava manobrada, com bala na agulha, atira na direção de Peixoto. O tiro do cangaceiro da fazenda Cordeiro é certeiro. Atingindo a perna de Mané, essa se quebra e ele cai por terra. Mesmo assim, deu tempo de Peixoto acertar o frontal de um dos cabras, que cai instantaneamente, morto, junto a ele. O tiroteio é ferrenho. O “Rei dos Cangaceiros” não tendo tempo, também para proteger-se, fica por trás de uma pequena pedra e isso lhe salva a vida.

Os dois, padrinho e afilhados, conseguem abrigos por trás de duas árvores frondosas e de caule grosso, robusto. Uma maneira de brigar dos cangaceiros era gritando e soltando inúmeros impropérios para com isso ver se seu inimigo frontal tremia e esmorecia, porém, isso estava longe de ocorrer com aqueles dois homens do sertão. No entanto, os inimigos dos dois eram numerosos. Passando o primeiro instante, o “Rei Vesgo” começa a coordenar o cerco, já que estava ciente da quantidade de adversários e suas posições. A coisa engrossa para os dois valentes. 

O mais velho, com os ossos da perna despedaçados, sinaliza para que seu afilhado se aproxime. Arrastando-se ele faz o que o padrinho ordena. Chegando perto, escuta ele dizer-lhe que sabe que não tem mais saída devido o ferimento que tinha. Que ele procura-se seus filhos e lhe contasse como tinha morrido, sendo um homem.

“(...) Mané Peixoto viu que o cerco estava se fechando, o tiro de fuzil tinha esbagaçado o osso de sua perna e ele estava brigando na valentia, mas sabia que sua vida estava perdida, porque mesmo que chegasse ajuda os cangaceiros já estavam muito perto e o cerco estava se fechando, logo iriam lhe acertar. Deu um sinal para Ducarmo para que se aproximasse, rastejando ele chegou perto do padrinho e ouviu:

- Olhe meu filho, para mim a luta tá perdida, sei que não saio com vida daqui, vai e diga a meus filhos que morri, mas morri brigando como homem!

- Não padim, se for pra morrer vamos morrer os dois. Eu num lhe deixo só não!

- Olhe meu filho, me atenda, eu sou seu padim e eu tô morto de todo jeito. Sei que desse tiro não escapo, se eu tivesse chance ia pedir a você pra ficar comigo, mas eu não escapo, vou só é lhe sacrificar em vão. Vá, você é um homem, foi uma honra brigar junto com você, diga no Bom Sucesso que dois homens brigaram contra Lampião e 50 cangaceiros, e não levaram desvantagem, diga também que Mané Peixoto morreu, mas levou um com ele. Vá, me obedeça, eu sou seu padim. Saia logo, se não eles fecham o cerco e não tem mais como sair. Vá que eu vou segurá o fogo! (...).” (Ob. Ct.)

Ducarmo ainda relutou um pouco, porém, percebeu que seu padrinho estava com a razão. Ficou a matutar como sairia daquela arapuca, e traria ajuda para socorrer seu padrinho. A coisa não estava moleza. De um lado a água, por onde, se ele entrasse estaria perdido. Por trás estavam Luiz Pedro com seus homens a apertarem, cada vez mais o cerco. Na frente, estava Lampião entocado e mandando chumbo com um fuzil. De repente, estala uma ideia. Percebe um pequeno intervalo nos disparos de Virgolino, entre atirar e manobrar o fuzil, que seria, uma chance em um milhão, mas, era a única que tinha. Assim que Lampião atira, ele levanta-se de um salto e avança pra cima dele atirando. Lampião não teve tempo de manobrar sua arma, pois tinha que livrar-se das que Ducarmo atirava em sua direção. A única maneira de livrar-se de uma bala daquele homem seria se movendo rapidamente. Virgolino começa a mexer-se, rolando por cima de macambira, urtiga, coroa de frade e a ‘febe tive’ que estive no solo, pois tinha que salvar sua vida.

Ducarmo com seu 44 consegue disparar nove tiros, e por pouco não conseguiu matar Virgolino. Sem poder parar, seguiu na toda em direção a uma cerca de aveloz que existia logo a frente, que levava a fazenda Bom Sucesso. Um dos cangaceiros nota a ação de Ducarmo, que é rápida e precisa. Pensando não ter mais munição na arma, o cabra parte para pegá-lo de mão, quando já está para alcançá-lo, Ducarmo vira-se e atira no meio do peito do cangaceiro que solta um urro e cai prontinho no chão.

“(...) Na saída, Ducarmo deu 09 tiros, seu rifle era um papo amarelo 44 de dez tiros, um cangaceiro ainda partiu atrás dele pensando que ele tinha ficado desarmado, sem munição, queria lhe pegar a mão, porém Ducarmo correu em direção ao Bom Sucesso. Na cerca de aveloz o cangaceiro já ia triscando a ponta dos dedos nas costas de Ducarmo quando ele se virou e atirou, dizia que atirou em cima do peito, o cabra só deu um gemido e caiu como um bode. Ducarmo vendo que mais um cangaceiro caía sem vida, gritou:

- Nós ganhamos padim, mais um já se foi! (...).” ( Ob. Ct.)

Manoel Peixoto estava às voltas com os cangaceiros sedentos de sangue. Atirou até seu último cartucho. Acabando a munição, o valente da fazenda Bom Sucesso saca da lambedeira e grita desafiando Lampião para enfrentá-lo peito a peito. Os cangaceiros o pegam e o desarmam daquela arma inútil naquele momento. O terceiro filho de José Ferreira diz que seu oponente não era para morrer daquele jeito, que se ele pedisse a benção, ele procuraria cuidar da perna dele. Peixoto respondeu não querer, pois era homem. Lampião ordena a cabroeira a matá-lo. Eles começam cortando as orelhas, depois, retiram suas calças e o castram, por fim, Lampião saca de seu punhal medindo mais ou menos uns sessenta centímetros e ele mesmo sangra Manoel Peixoto, na altura da ‘saboneteira’. Deixando o corpo todo desfigurado, pois além das atrocidades feitas com armas brancas, os cangaceiros disparam vários tiros no corpo dele, além de colocarem em cima do mesmo seus órgãos genitais. Como lembrança, o “Rei dos Cangaceiros” leva as orelhas e suas armas. Isso ocorreu na Lagoa Grande no dia 3 de maio de 1926, há exatos, 91 anos atrás.

Fonte “A Maior Batalha de Lampião” – LIMA, Laurindo Teles Pereira (Louro Teles)1ª Edição. Paulo Afonso, BA, 2017.
Foto Ob. Ct.


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ENTENDENDO A HISTÓRIA DA MINHA FAMÍLIA

Jerdivan Nóbrega de Araújo

Entendendo a história da minha família /Capuxu / Nóbrega /Oliveira.

 (Foto dos pais de Joaquina (João Capuxu e Isabel), de Joaquina ainda jovem e seu filho João Oliveira meu avô) 

Minha bisavó materna, Joaquina Jesus de Oliveira Capuxu, filha do casal João José de Oliveira Capuxu e Izabel Maria De Jesus, nasceu no dia 20 de setembro de 1887, e foi batizada no dia 02 outubro de 1887 na Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, Souza. 


O batismos se deu com 27 dias de nascida, o que abre nas minhas pesquisas uma dúvida: ela nasceu em Pombal ou em Sousa? Se ela nasceu em Sousa e seu pai era um próspero comerciante na cidade de Pombal, o que levou a esse parto a ser realizado na cidade vizinha? 

Se ela nasceu em Pombal, como eu acreditava até então, por que foi levada com 27 dias de nascida, em uma longa, arriscada e exaustiva viagem, para ser batizada naquela paróquia, quando Pombal era a sede da paróquia desde 1840?

Joaquina Jesus Capuxu casou com José Alves da Nóbrega com menos de 22 anos de idade, e sempre morou em Pombal, onde morreu e foi sepultada.

Em 20 de setembro de 2017 completam 130 anos do seu nascimento.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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FOTO DO QUE SOBROU DO CALDEIRÃO DO BEATO JOSÉ LOURENÇO, SE VÊ VELHOS CRIANÇAS MULHERES EM ESTADO DE MISÉRIA...!!!

Material do acervo do pesquisador Guilherme Machado

Os políticos e donos de terras não viam com bons olhos a concentração de trabalhadores em Caldeirão, que além de não pagarem renda, dificultavam a mão de obra barata nas fazendas. Lembravam da experiência de Canudos e tinham medo que o povo na posse da terra livre, criasse uma organização forte como a de Canudos.

Padre Cícero morreu em 1934, Caldeirão perdeu seu defensor. Suas terras foram procuradas pelos Salesiano, que se consideravam herdeiros do Padre.

A autoridade do Beato Zé Lourenço ia aumentando sempre mais e Caldeirão estava se transformando num grande centro de romaria. O Bispo e os padres estavam bastantes preocupados.

Políticos da região, grandes proprietários de terra, a justiça e a Igreja juntam-se aos poderosos da capital e montam um plano de destruição contra o Caldeirão. A primeira expedição foi realizada em 11/09/1936 e foi comandada pelo capitão Cordeiro Neto, que mais tarde foi prefeito de Fortaleza.

Inicialmente queriam oferecer passagens de trem para as famílias transportarem as bagagens e se retirar do local. O povo não aceitou. Os soldados cumpriram as ordens chegadas de Fortaleza. Queimaram 400 casas, as moagens e as roças. Nenhuma arma foi apreendida, ninguém tinha arma entre os dois mil habitantes do Caldeirão. Os soldados roubaram tudo que podiam levar do Caldeirão.

A segunda expedição para destruir Caldeirão, ocorreu em 11/05/1937, e encontrou resistência de um grupo, liderado por Severino Tavares que passou a agir contrariando as orientações do Beato Zé Lourenço que pregava continuar firmes na luta, mas nunca tocar armas. Nesse confronto morreram um capitão, seu filho, um sargento e um soldado. Outros soldados ficaram feridos. Três camponeses morreram também.

O governo do Estado telegrafou pedindo reforço Federal que enviou uma esquadrilha de aviões. Bombardearam as casas e as roças dos trabalhadores. Foi uma coisa horrível. Cerca de mil trabalhadores foram mortos.

Zé Lourenço e seu povo voltaram para Caldeirão, começaram tudo de novo. Quando já estavam situados, chegou uma carta dos salesianos, dizendo que ele se retirasse com todo o seu povo. Zé Lourenço saiu direto para Pernambuco, foi para a fazenda união, em Exu. Lá morreu de peste bubônica, no dia 12 de dezembro. Seu corpo foi sepultado em Juazeiro do Norte.

Caldeirão foi destruído, mas até hoje milhões de posseiros, trabalhadores sem terra, continuam na mesma busca de uma nova terra. Na busca de Terra Livre, onde possam trabalhar como irmãos...!!!

Foto: fonte Cangaceiros e Jagunços, Rui Facó.

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CADEIA PARA PRENDER LAMPIÃO.

Material do acervo do pesquisador José João Souza

O Governo do Estado de Pernambuco resolveu construir uma cadeia nova em Vila Bela, mais segura, com estrutura moderna, dentro de um programa de combate ao cangaceirismo no Sertão. Administrava Vila Bela, na época, o prefeito João Alves de Barros, conhecido por João Lucas, um dos principais chefes político da família Carvalho. João Lucas administrou o município no período de 1925 a 1928. 

O principal argumento para construir nesta cidade uma nova cadeia era o fato de ser aquele rincão o berço do mais perigoso cangaceiro e, ser esta região povoada por bandos de salteadores.

No entanto, o que mais se comentava era que a finalidade primordial desta obra, sendo considerada, na época, uma espécie de segurança máxima, seria para prender Lampião.

O prefeito aplicava na construção cada centavo que recebia do governo estadual. Um certo dia, não se sabe a data com precisão, mas era nos dias de novena da padroeira Nossa Senhora da Penha, Lampião estava com um pequeno grupo arranchado em uma fazenda próximo da cidade, quando conversa vai, conversa vem, disseram-lhe estarem levantando uma cadeia para prendê-lo.

Quando anoiteceu, após a celebração da novena, uns vultos entraram no canteiro da obra e subiram nos tijolos amontoados, na areia, na meia parede, como se estivessem fazendo uma minuciosa fiscalização. Quando o dia amanheceu, os primeiros pedreiros que chegaram ao local, encontraram um bilhete entre as grades de uma das celas já prontas: " Prezado prefeito João Lucas: A cadeia está ficando muito bonita pra prender gente safada e ladrão de bode. Assina Lampião".

Do livro: Lampião, nem herói nem bandido, a história.
De: Anildomá Willans de Souza

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