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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

DA PEDRA AO PÓ (OU AS LIÇÕES DO TEMPO)

*Rangel Alves da Costa

O ciclo da vida e de tanta coisa: rochedo, pedra, grão, pó... Ou simplesmente da pedra ao pó e as lições do tempo. Assim também a subida no ponto mais alto da escada e a abrupta queda, a postura arrogante e a submissão como revide do destino, o poder e a riqueza e o posterior fraquejamento na desvalia. Nada será sempre tão rochedo que mais tarde não se transforme em pó. E quanto maior a soberba maior será a deterioração.

A História exemplifica bem a indestrutibilidade que acaba se esfacelando. Grandes e poderosos reinos, impérios e civilizações, acabaram se dobrando às próprias fraquezas que se mantinham ocultas. Castelos imponentes, fortalezas abastadas, palácios suntuosos, governantes absolutos, porém tudo afeiçoados a grãos de areia. O ferro que enferruja, a rocha que sucumbe ao vento, o indestrutível que se esfacela até em pó se transformar. 

Grandes e invencíveis conquistadores acabaram sendo dizimados por uma seta qualquer, uma doença, um surto. Sobre os escudos impenetráveis, eis que uma ponta afiada alcança a mortal passagem. Alexandre, o maior dos conquistadores, ainda jovem pereceu por uma moléstia adquirida nos campos de batalha. E talvez tenha se perguntado no leito de morte: Qual a valia de tanta conquista, de submissão a tantos povos, se não pude vencer a batalha que está em mim?

Genghis Khan, o temível e terrível conquistador mongol, submeteu quase o mundo inteiro. E depois morreu acometido por uma febre. Átila, rei dos hunos e cujas sombras amedrontavam os maiores imperadores, venceu as mais difíceis, contudo não conseguiu vencer uma hemorragia no seu próprio castelo, morrendo ensanguentado em si mesmo. Golias, o guerreiro bíblico, imenso e poderoso, sucumbiu ante o pequenino Davi. Dizem que morreu atingido por uma pedra. 

E o que dizer do poderoso império romano, desbravando e conquistando quase todos os povos de então, mas que foi esfacelado pela falsa ideia de superioridade indestrutível? Ora, na ânsia conquistadora, subjugou e tributou, feriu e escravizou, todo e qualquer povo encontrado pelos seus generais. Contudo, esvaziado na própria sede, foi sendo acossado e submetido por aqueles mesmos desconhecidos que foram submetidos ao seu poder. Então os bárbaros fizeram sucumbir o presunçoso e arrogante império romano.


São apenas exemplos de como os castelos de areia sempre estiveram presentes em toda época e por todo lugar, desde os reinados poderosos aos mais temidos conquistadores. Assim, de repente, o que parecia indestrutível tombou pela força de um vento oculto chamado tempo. E este, o tempo, soprado pelas lições de um livro em cujas páginas diz que toda arrogância se destrói por si mesma, todo mando será desobedecido, tudo que se mostra de uma forma amanhã já estará revelado na sua antítese.

O ferro, esse metal duro, imperecível, símbolo de força e durabilidade, não consegue conter o avanço do tempo. Suporta tudo, menos a força do tempo. Não só a voracidade do tempo como a acidez da maresia. Com o passar dos anos, a cor férrea vai se tingindo com um matiz diferente, entre o marrom e o afogueado, para logo surgir a face voraz da ferrugem. Como uma doença que vai destruindo as células, assim a ferrugem vai se alimentando do ferro até devorá-lo completamente.

A fortaleza vai se corroendo pelo correr dos anos e o seu fim restará em escombros. A madeira rija nunca se mostra tão impenetrável que mais tarde não se transforme em moradia e caminho de cupins. Pequenos insetos vão se assenhoreando de imensas e centenárias árvores, lentamente roendo seus troncos, até que desabem sem vida. Tudo definha com o tempo, tudo morre com os anos, tudo se mostra incapaz de vencer o destino. Ora, já dizia Eclesiastes que tudo começa e acaba, tudo nasce para morrer, num ciclo constante e inevitável.

Não se pode fugir de sua leitura: Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou. Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar. Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar. Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar. Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora. Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar. Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. Assim no Eclesiastes (3:1-8), assim na vida.

Contudo, mesmo com as lições e os exemplos do tempo, nunca há garantia que o homem se reconheça na sua fragilidade. Por mais que saiba que a vida é feita de causas e consequências, por mais que reconheça ter a existência a força de uma onde que se desmancha na areia, ainda assim prefere o ímpeto à humildade, prefere a arrogância à modéstia. Não sabendo que o vento sopra e que o seu castelo é de areia.

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
blograngel-sertao.blogspot.com

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LIVROS DO ESCRITOR GILMAR TEIXEIRA


Dia 27 de julho de 2015, na cidade de Piranhas, no Estado de Alagoas, no "CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2015", aconteceu o lançamento do mais novo livro do escritor e pesquisador do cangaço Gilmar Teixeira, com o título: "PIRANHAS NO TEMPO DO CANGAÇO". 

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LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


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CONVITE MISSA DE SÉTIMO DIA!

Por Benedito Vasconcelos Mendes

A  Missa de Sétimo Dia  da minha irmã Maria da Glória Mendes do Lago  será na próxima quinta-feira (dia 15-12-2016), na igreja Christus Filius Dei, na rua Silva Paulet 1654. (Esta Igreja é a Capela do Colégio Christus, que se localiza atrás do citado colégio)A missa será às 19:00 horas de quinta-feira, dia 15.

Enviado por Benedito Vasconcelos Mendes

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OS RESPONSÁVEIS DIRETOS PELO AMOR QUE NUTRO E SINTO PELA VELHA E SAUDOSA ESTRADA DE FERRO MOSSORÓ-SOUSA

Por José Romero de Araújo Cardoso

Meu pai e minha mãe foram os responsáveis diretos pelo amor que nutro e sinto pela velha e saudosa Estrada de Ferro Mossoró-Sousa. 


Invariavelmente, quase toda semana, vínhamos de trem, da Paraíba para o Rio Grande do Norte, esperando-o sair de madrugadinha, de Sousa/PB, mas às vezes vínhamos de Pombal/PB para Governador Dix-sept Rosado/RN com Reizinho, antigo comprador de cal de saudosa memória, natural de Pombal/PB, o qual frequentou durante muito tempo esse município potiguar, remontando ainda, sua presença na localidade, integrado que foi à geografia humana do belo lugar, quando ainda chamava-se São Sebastião, a terra do gesso, do alho, da cebola e da cal.





Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.

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A RUA DOS COITEIROS”


Naquele tempo, para sobreviver às inúmeras perseguições das volantes, Lampião arquitetou uma enorme e eficiente ‘malha’, rede, de colaboradores. Essa rede se fazia necessário para aquisição de material bélico, alimentação, vestimentas e, o mais importante, informações. Que, vira e mexe, O “Rei dos Cangaceiros” usava os ‘informantes’ para passarem a ‘desinformação’. Uma espécie de espionagem e contra espionagem na caatinga sertaneja.

O roceiro tinha que ser coiteiro, não simplesmente por ser. Havia o medo do que poderia lhe ocorrer, assim como a sua família, se se recusa ser colaborador. Tinha lá suas vantagens em ser colaborador do ‘Capitão’. A vida não era, e não é fácil para quem vive exclusivamente dos produtos retirados das pequenas propriedades. Pior ainda, quando o mesmo com sua família, era morador de uma fazenda. Às vezes o dono sabia, consentia e mandava seu ‘morador’ acolher e alimentar os grupos quando por suas terras passavam. Outra era só o colaborador quem sabia da passagem e estada deles naquelas brenhas. A partir do momento em que ele matava a sede e a fome de algum cangaceiro, leva ou trazia algum recado, passava a ser colaborador, mesmo que nunca mais se repetisse esses atos. Aí vinha a dureza imposta por aqueles que os perseguiam, por ele ter dado água aos cangaceiros, eram, quando descobertos, presos, maltratados e até assassinados. No entanto, haviam aqueles que colaboravam por recompensas em dinheiro, favores e proteção, dependendo da sua colocação na pirâmide de colaboradores, se estavam na base, no meio ou no topo da mesma.

Certa feita, uma volante comandada pelo Aspençada Sinhozinho, Manoel Gomes de Sá, rastreava os sinais deixados por dois cangaceiros, que tinham estuprado uma mulher em uma fazenda da região, no leito e margens de um riacho temporário no sertão do Pajeú. Próximo às margens dos riachos e rios, era o local preferido onde os sertanejos procuravam levantarem suas taperas para morarem. Entretidos em decifrar e seguir o que os sinais ‘diziam’, os homens da volante nem percebem que estavam bem perto de uma casa.

Na casa, os dois foragidos, cangaceiros Zé Marinheiro e Sabiá, tinham matado sua sede e estavam a prosear embaixo de uma latada, quando, de repente, o dono da casa e sua esposa avisam aos dois da aproximação de soldados. Acredito que os cangaceiros que ali estavam, pensaram serem poucos os homens em seus rastros, pois um deles, Zé Marinho, faz pontaria e abre fogo contra aquele que estava na linha de tiro.

O som do disparo, repentino àquelas horas e naquele silêncio da mata, não deixa os soldados atinarem o ponto correto de onde tinha partido o mesmo. O tiro teve endereço certo. Acertou o ouvido do militar e esse morre mesmo antes de chocar-se contra o solo seco do sertão. Demorados alguns instantes, a volante, já consciente do que ocorrera, manda bala em direção oposta de onde viera o disparo.

Embaixo da latada onde estavam os cangaceiros, havia um pilão de madeira, e após matar o soldado, é exatamente onde o cangaceiro Zé Marinheiro se protege dos disparos dos soldados, os quais retiram lascas da madeira e fazem o cabra escutar o zunido do projétil tomando outra direção, ou mesmo aquelas que penetram e se alojam no velho objeto de pilar milho e outras culturas.

Vendo o companheiro tombado, seus companheiros procuram cercar o local o mais fechado e rápido que poderiam. Aquele que matara seu companheiro não podia escapar da sua sentença. E acocham cada vez mais o círculo da morte.

Vendo que estavam cercados, os dois cabras pulam para dentro da casa do roceiro, e, de lá, dão combate à volante.


Essa casa era d’um caboclo trabalhador, conhecido como Garapu. Casado com dona Carmina, geraram oito herdeiros. Quando os cangaceiros adentram na casa, sua companheira procura proteger sete, de seus filhos, colocando-os em lugar seguro. O caboclo tinha algum dinheiro, provavelmente ganho dos cangaceiros, pega seu ‘tesouro’ e o coloca entre uma telha e outra. Essa ação não passa despercebida por sua esposa, que naquela hora, lembra-se de seu primogênito que tinha ido fazer compras na vizinhança. O filho mais velho daquele casal estava mais perto do que ela, sua mãe, imaginava. Viajando montado em uma burra, já na volta de sua viagem, escuta o tiroteio vindo das bandas de sua casa. Salta do animal e procura uma moita como esconderijo, vendo o que se passava com sua família.


Soldados atacam, cangaceiros se defendem. Num momento infeliz, o comandante da volante passa diante de uma das janelas da casa, e, nessa estava o cangaceiro Sabiá, que sem demora, faz mira e abre fogo contra ele. O tiro e certeiro, levando a mais uma baixa na volante. Após a morte do comandante, vários de seus comandados não conseguem segurar o fogo. Dentre eles, estava o soldado Zé Tinteiro, valente e destemido, segura seu fuzil e combate os inimigos com maior afinco.

Outro volante, Zé Freire, homem de um Santo Protetor fora do comum, estava tiroteando contra Zé Marinheiro. Esse, salta por sobre a porta de baixo, as portas da maioria das casas do sertão rural e mesmo nas cidades, naquela época, eram em duas partes e de madeira, e avança, ficando a centímetros de Zé Freire. Aponta a arma e aperta o gatilho. À bala impina, a espoleta não ‘quebra’, a arma não dispara. Zé Freire, quase que encosta a boca do fuzil na cabeça do cabra e faz fogo, estourando o crânio de Zé Marinheiro.

Seu companheiro, o cangaceiro Sabiá, continua a combater os soldados, virado numa fera ferida. Numa tentativa de louco, salta para fora da casa e nesse momento é atingido na barriga e em uma das pernas. Continuando a combater os soldados bolando pelo terreiro da casa. Até que os dois valentes volantes se aproximam e matam o terrível cangaceiro.

Após abater os cangaceiros, a tropa aproxima-se da casa e o soldado Zé Freire grita para que o dono saia para o terreiro... para morrer.

Velório do Aspensada Sinhozinho Gomes

“(...) o soldado Zé Freire, revoltado com a morte do Aspençada Sinhozinho Gomes e dos outros dois companheiros, gritou para Garapu, dizendo:

– Saia pra fora, Garapu. Você tá sabendo que vai morrer (...).” (“AS CRUZES DO CANGAÇO – Os fatos e personagens de Floresta-PE” – SÁ, Marcos Antônio de. e FERRAZ, Cristiano Luiz Feitosa. Floresta, PE. 2016)
O coiteiro sabia sim sua sentença. Sabia que por ajudar bandidos seria condenado a morte certa. Estando dentro de um quarto, com sua esposa e os sete filhos, Garapu despede-se deles, saca de uma faca peixeira e parte de encontro a morte. Desfere um golpe em direção ao soldado que havia lhe inquirido, errando o alvo. O soldado Zé Feire, afasta-se para um lado e mata a tiros de revólver o coiteiro.


“(...) Com a morte de Garapu, Carmina teve que lutar sozinha para criar os filhos, lavando roupas de vizinhos, costurando e cuidando da lavoura(...).” (Ob. Ct.)

Dona Carmina, na época do tiroteio em sua casa, estava grávida. Alguns meses depois, pariu uma menina a qual deu o nome de Nair Carmina da Silva. Logicamente, essa, nunca soube o que é ter um pai, seus afagos e conselhos.


Os corpos dos militares mortos são levados pelo restante da tropa para seu QG. O corpo do caboclo Garapu e dos dois cangaceiros, Zé Marinheiro e Sabiá, são enterrados em uma vala comum bem próximo a casa.

As notícias voam com o vento. E aquela história da morte do caboclo Garapu se espalhou por toda a região do vale do Pajeú. Outros coiteiros, temendo a mesma sina, arrumam suas tralhas em cima de carro de bois, no lombo de animais e dão no pé. 

Na cidade de Floresta, PE, na rua Theófhanes Ferraz Torres, os fazendeiros “Manoel Januário, Rosendo Januário e Elói Januário", colaboradores de Lampião, estabelecem residência. A partir daí, essa rua passa a ser conhecida como “A Rua dos Coiteiros”, até os dias de hoje.

Fonte (“AS CRUZES DO CANGAÇO – Os fatos e personagens de Floresta-PE” – SÁ, Marcos Antônio de. (Marcos De Carmelita Carmelita)e FERRAZ, Cristiano Luiz Feitosa(Cristiano Ferraz). Floresta, PE. 2016)
Foto Ob. Ct.

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira

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ANTONIO SILVINO NO RIO GRANDE DO NORTE

Por Raimundo Soares de Brito (Raibrito)

Na sua visita a Augusto Severo-Rn – por sinal bem sucedida – Antônio Silvino deixou um recado para o povo de Caraúbas, dizendo que em breve iria até ali, com o mesmo propósito.

O recado foi transmitido pelo Padre Pinto então vigário de Augusto Severo, ao Bel. Alfredo Celso de Oliveira Fagundes, que ali se encontrava em trânsito.

O Dr. Alfredo, recém-investido no cargo de Juiz Distrital de Caraúbas, cioso dos seus deveres de guardião da lei, não viu com bons olhos a descabida e pretensiosa atitude do bandoleiro e ao chegar a sua terra, onde também já havia chegado o “ultimatum” de Antonio Silvino, encontrou o chefe local e demais autoridades sobressaltados e desalentados ante a perspectiva da indesejável visita.

Foi quando o juiz tomou a arrojada decisão: assumiu a responsabilidade da defesa do lugar, e mandou dizer ao bandoleiro que, “podia vir, mas que seria recebido à bala” – aquela mesma resposta que Rodolfo Fernandes daria mais tarde a Lampião.

Cangaceiro Antonio Silvino

É claro que Antônio Silvino não gostou da resposta e mandou-lhe o troco com esta terrível ameaça:

“Pois diga a esse dotôzinho, que breve irei lá. Vô rasgá a sua carta de dotô, queimar a sua casa, esquartejá-lo e depois dinpindurá os seus restos nos postes dos lampiões da luz...”.

Imediatamente a população foi mobilizada. Alberto Maranhão no Governo do Estado, cientificado, mandou “um cunhete de balas (1.000 cartuchos)”.

As lideranças locais e fazendeiros convocados atenderam ao chamamento do juiz e de repente 40 rifles estavam a sua disposição.

Vários dias a então vila de Caraúbas esteve em pé de guerra na expectativa do ataque iminente, mas Antônio Silvino não apareceu para “rasgá a carta do dotô...”.

De tudo ficou o fato e a foto documentando para a História um acontecimento, fruto de uma época de atraso que já se vai encobrindo na curva do tempo...

http://lentescangaceiras.blogspot.com.br/2008/07/antonio-silvino-no-rio-grande-do-norte.html

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JACKSON DO PANDEIRO


Jackson do Pandeiro nome artístico de José Silva Gomes Filho nasceu em Alagoa Grande, no Estado da Paraíba, em 31 de agosto de 1919, e faleceu em Brasília, no dia 10 de julho de 1982). Foi um cantor e compositor de forró e samba, assim como de seus diversos subgêneros, a citar: baiãoxotexaxadococoarrastapéquadrilhamarchafrevo, dentre outros. Também conhecido como O Rei do Ritmo.[1]


Paraibano de Alagoa Grande, Jackson nasceu em 31 de agosto de 1919, com o nome de José Gomes Filho. Ele era filho de uma cantadora de coco, Flora Mourão, que lhe deu o seu primeiro instrumento: o pandeiro.
Seu nome artístico nasceu de um apelido que ele mesmo se dava: Jack, inspirado em um mocinho de filmes de faroeste, Jack Perry.[2] A transformação para Jackson foi uma sugestão de um diretor de programa de rádio. Dizia que ficaria mais sonoro e causaria mais efeito quando fosse ser anunciado.

https://www.youtube.com/watch?v=qjyYJ6BniS0

Somente em 1953, com trinta e cinco anos, Jackson gravou o seu primeiro grande sucesso: "Sebastiana", de Rosil Cavalcanti. Logo depois, emplacou outro grande hit: "Forró em Limoeiro", rojão composto por Edgar Ferreira.

Foi na rádio pernambucana que ele conheceu Almira Castilho de Albuquerque,[1] com quem se casou em 1956, vivendo com ela até 1967. Depois de doze anos de convivência, Jackson e Almira se separaram e ele se casou com a baiana Neuza Flores dos Anjos, de quem também se separou pouco antes de falecer.

No Rio de Janeiro, já trabalhando na Rádio Nacional, Jackson alcançou grande sucesso com "O Canto da Ema", "Chiclete com Banana" e "Um a Um". Os críticos ficavam abismados com a facilidade de Jackson em cantar os mais diversos gêneros musicais: baiãococosamba-coco, rojão, além de marchinhas de carnaval.

O fato de ter tocado tanto tempo nos cabarés aprimorou sua capacidade jazzística. Também é famosa a sua maneira de dividir a música, e diz-se que o próprio João Gilberto aprendeu a dividir com ele. [3] Muitos o consideram o maior ritmista da história da Música Popular Brasileira e, ao lado de Luiz Gonzaga, foi um dos principais responsáveis pela nacionalização de canções nascidas entre o povo nordestino. Sua discografia compreende mais de 30 álbuns lançados no formato LP. Desde sua primeira gravação, "Forró em Limoeiro", em 1953, até o último álbum, "Isso é que é Forró!", de 1981, foram 29 anos de carreira artística, tendo passado por inúmeras gravadoras.


Durante excursão empreendida pelo país, Jackson do Pandeiro que era diabético desde os anos 60, morreu aos 62 anos, em 10 de julho de 1982, na cidade de Brasília, em decorrência de complicações de embolia pulmonar e cerebral. Ele tinha participado de um show na cidade uma semana antes e no dia seguinte passou mal no aeroporto antes de embarcar para o Rio de Janeiro. Ele ficou internado na Casa de Saúde Santa Lúcia. Foi enterrado em 11 de julho de 1982 no Cemitério do Cajú, na cidade do Rio de Janeiro, com a presença de músicos e compositores populares, sem a presença de nenhum medalhão da MPB

Hoje seus restos mortais se encontram na sua terra natal (Alagoa Grande) localizado não no cemitério local, mas sim em um memorial preparado em sua homenagem pelo povo alagoagrandense.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jackson_do_Pandeiro

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DELMIRO GOUVEIA: A TRAJETÓRIA DE UM INDUSTRIAL NO INÍCIO DO SÉCULO XX - PARTE I

Telma de Barros Correia - (Profa. Dra, SAP-EESC-USP)

 A Ascensão no Mundo dos Negócios

O comerciante e industrial Delmiro Gouveia foi um personagem ímpar no cenário brasileiro em fins do século XIX e início do XX. Protagonizou uma conturbada trajetória no mundo dos negócios e da política em Pernambuco e Alagoas, realizando empreendimentos inovadores, colecionando inimigos poderosos e construindo uma reputação individual insólita, onde atributos como destemor, ousadia e autoritarismo articulam-se delineando o perfil deste singular homem de negócios.
              
No início do século XX, Delmiro já era uma lenda viva entre os recifenses. O empresário jovem, elegante e charmoso que despontava no mundo dos negócios - recém enriquecido no florescente comércio de couros - causava furor tanto pelo sucesso do moderno centro de comércio e lazer que criara - o Derby -, quanto pela corajosa oposição que fazia ao poderoso grupo político situacionista liderado por Rosa e Silva. Sua tumultuada vida amorosa - alvo de mexericos, escândalos e denúncias na imprensa - não deixava de contribuir para mantê-lo em constante evidência. A retirada para o Sertão de Alagoas longe de ter implicado numa redução do interesse em torno de Delmiro, só veio a reforçar os mitos que já vinham se construindo em torno dele. A construção da usina elétrica no rio São Francisco, da fábrica de linhas de costura - a primeira do Brasil - e do núcleo fabril da Pedra, colocaram-se para seus admiradores como novos indícios dos dotes exemplares que reunia como empresário. Sua morte violenta, assassinado em 1917, aumentaria o interesse pelo personagem, que desde então tem sido tema de numerosos estudos, obras de ficção e homenagens.
              
Delmiro nasceu em 1863, em Ipú, no Ceará. Em 1868, após a morte de seu pai, transferiu-se com a família para Goiana, em Pernambuco, e em 1872, para o Recife, onde começou a trabalhar em 1878, após a morte de sua mãe. Nesse ano, empregou-se como cobrador na Brazilian Street Railways Company, onde exerceu, em seguida, a função de Chefe da Estação de Caxangá, no Recife. Em 1881, era despachante em armazém de algodão. Dois anos depois, exercia a função de intermediário entre comerciantes do interior e firmas exportadoras de peles e algodão - Herman Lundgren e Rossbach Brothers. De empregado da filial no Recife do curtume americano Keen Sutterly & Co., em 1892, passou a gerente no ano seguinte. Simultaneamente, desde 1891, estabeleceu - inicialmente em sociedade com o inglês Clément Levy - um armazém de compra e exportação de courinhos (peles de cabra e bode). Nos últimos anos dessa década, detinha o monopólio deste comércio no Recife e partia para outros empreendimentos paralelos. Em 1899, assumiu a direção da Usina Beltrão - uma fábrica de refino de açúcar - e inaugurou o Derby - um centro de comércio, serviços e lazer que incluía mercado, hotel, velódromo e pavilhão de diversões. Em 1900, conflitos políticos entre Delmiro e governantes pernambucanos resultaram no incêndio do Mercado do Derby pela polícia e na inviabilização da Usina Beltrão e da própria permanência de Delmiro no estado. Em 1903, Delmiro tornou-se proprietário de uma fazenda em Pedra, no Sertão de Alagoas, na qual centralizou seu comércio de peles. Em 1913, construiu uma usina hidrelétrica junto à Cachoeira de Paulo Afonso, para fornecer energia à fábrica de linhas de costura que inaugurou no ano seguinte, em Pedra. Com a fábrica, criou no interior da fazenda um núcleo fabril dotado de habitações, comércio, hotel, escolas e equipamentos de lazer. Em 1917, foi assassinado em Pedra.
              Coerente com a postura adotada por muitos industriais adeptos e difusores da ética do trabalho, Delmiro procurou incorporar à sua imagem empresarial a figura de um trabalhador infatigável. O trabalho era enaltecido por Delmiro que, através dele, procurava explicar seu sucesso nos negócios e a origem de sua rápida fortuna. Em artigo de 1898, Delmiro lançou mão da idéia de trabalho para responder às críticas de seus adversários políticos no Recife, que lançavam dúvidas quanto à probidade de seus negócios:

"Enquanto elles viviam pelas ruas, cafés, casas de pensão, restaurants, trens e mesmo em seus escriptórios, onde à falta de trabalho passam o tempo a se occupar da vida alheia, eu estava no labor do meu negócio, externuando-me na verdadeira lucta pela vida, afim de conseguir o que tanto hoje os incommoda" (GOUVEIA, 1 jan. 1898, 2).

Procurando rebater insinuações acerca do mistério que cercou seu breve trajeto de vendedor de bilhetes de trem até próspero comerciante, Delmiro argumentava: "O que medeia entre essa humillissima posição e a de um industrial util á minha patria, que sou hoje, é apenas uma pagina de trabalho" (GOUVEIA, 7 jul. 1899, 4). Delmiro contrapunha o trabalho ao ócio e a formas de obtenção de recursos que tratava com desprezo, tais como o jogo, a usura e a bajulação:

"Fiquem certos esses calumniadores de officio que não ganho nem estrago dinheiro em jogatinas; não empresto a juros de vinagre; não sirvo de capacho, de limpa botas de quem está acima de mim em posição ou vantagens (...)" (GOUVEIA, 5 jan. 1900, 2).

Coerente com a glorificação do trabalho que ganha adeptos nas classes dominantes - percorrendo o pensamento burguês, o ideário positivista, o catolicismo social, doutrinas puritanas e evangélicas -, Delmiro elege o trabalho como o principal atributo moral dos indivíduos. Vê no trabalho um sinal de personalidade bem formada do ponto de vista moral, um indício de honra, perseverança e energia. Ao trabalho, por outro lado, atribui a capacidade de engrandecimento do indivíduo, pelo enobrecimento moral e pelo acesso a bens materiais. O elogio do mérito individual e a noção de igualdade de oportunidades, outros dos princípios do pensamento liberal, são também mobilizados por Delmiro para explicar sua trajetória no mundo dos negócios, revidando críticas quanto à lisura de seus negócios feitas por adversários:

"Si elles tivessem no sangue, nos nervos, nas faces, vergonha, e no organismo alguma coisa de energia e sentimento, deviam orgulhar-se de haver um homem do povo, pobre porém trabalhador, capaz de mostrar-lhes com exemplos que quem lucta pela vida com honradez, actividade e perseverança, póde conseguir uma posição na sociedade e, em vez de andarem pelas ruas, cafés, trens e esquinas empregando-se na maledicência, podiam dedicar-se ao trabalho proveitoso, que nobilita o homem e dá-lhe sempre o direito de confundir seus inimigos gratuitos" (GOUVEIA, 1898, 2).
             
Ao lado do trabalhador, outro atributo que costuma ser associado à imagem empresarial de Delmiro é o de nacionalista. As bases para a construção desta noção foram lançadas pelo próprio industrial na década de 1910. Mobilizando uma argumentação em que procurava associar os interesses da indústria aos da Nação e sentimentos nativistas e cívicos que se propagavam no País na década de 1910, Delmiro apelou para idéias nacionalistas na promoção da fábrica de Pedra e no pleito de concessões e incentivos públicos. Obteve junto ao Governo de Alagoas amplas concessões que incluíram o direito de posse de terras devolutas, a isenção de impostos para a fábrica, a permissão para captar energia elétrica da Cachoeira de Paulo Afonso e recursos para financiar a construção de cerca de 520 quilômetros de estradas, ligando Pedra a outras localidades. Mobilizou ainda argumentos de cunho nacionalismo no intuito de sensibilizar os consumidores a darem preferência à linha "Estrela" fabricada em Pedra, em detrimento das fabricadas por empresas estrangeiras. A geração de empregos para brasileiros, a utilização de matéria-prima nacional e a quebra de monopólios eram os argumentos usados em anúncio veiculado na imprensa:

"Nossa Fábrica ocupa 2.000 operários brasileiros e nossa linha é fabricada com matéria prima exclusivamente nacional. Esperamos que o público não deixará de comprar a nossa linha, de superior qualidade, para dar preferência a mercadoria estrangeira ou com rótulo aparente de nacional. Se não fôsse a linha "Estrêla" o preço de um carretel estaria por 500 réis ou mais; o público deve o benefício do barateamento dêste artigo de primeira necessidade, à nossa indústria" (MENEZES, 1963, 134-135).

A intensa disputa de mercado entre Delmiro e a Machine Cotton, fabricante da linha "Corrente" contribuiu para convertê-lo em um dos símbolos mais fortes da causa nacionalista em todo o País. Matéria do Jornal do Commércio do Recife, de 1922 - reproduzida pelo Correio da Pedra - mostrava a fábrica da Pedra como elemento de soberania nacional:

"A importante fabrica de linhas, que era o inicio daquelle faustoso emporio industrial ahi está produzindo em franca e vantajosa competencia com suas similares, pondo-nos á salvo da tutella pesada do estrangeiro" (Correio da Pedra, 22 out. 1922, 1).


A disputa entre a Machine Cotton e a fábrica da Pedra se estendeu por longos anos, tendo-se acirrado na década de vinte. Esta concorrência acirrada levou a Fábrica da Pedra a sucessivos prejuízos no tocante à fabricação de linhas de coser, apenas parcialmente compensados pelos lucros decorrentes da produção de fios industriais. Em 1926, o Presidente Artur Bernades assinou o Decreto N. 17.383, elevando a taxa de importação sobre as linhas de coser. O Decreto, no entanto, foi revogado dois anos depois pelo Presidente Washington Luís, motivado, inclusive, por pressões do Embaixador e de banqueiros ingleses, que qualificavam o Decreto de ato de hostilidade comercial. Após haver tentado, sem sucesso, comprar Pedra a Delmiro, a Machine Cotton, em 1929 - 12 anos após a morte deste -, realizou seu intento de tirar a fábrica da Pedra da produção de linhas. Para tanto, a Machine Cotton adquiriu dos então proprietários de Pedra (os irmãos Menezes, também donos da Fábrica Têxtil de Camaragibe, em Pernambuco) as marcas registradas das linhas e os maquinismos específicos para sua fabricação. Pelo acordo, Pedra permaneceria fabricando apenas fios industriais; seus proprietários não poderiam por dez anos participar direta ou indiretamente de negócios relativos à fabricação de linhas ou venda de fios para a fabricação por terceiros. À aquisição, seguiu-se a destruição das máquinas, aniquiladas a golpes de picareta e atiradas ao Rio São Francisco. A violência deste gesto e a agressividade da disputa de mercado por parte da fábrica escocesa deram subsídios para que Pedra fosse convertida em marco da luta contra o imperialismo. No mesmo sentido, procurou-se converter Delmiro Gouveia em mártir da causa nacionalista. Embora fosse então amplamente aceito que seu assassinato houvesse sido conseqüência de disputas com coronéis de cidades vizinhas, progressivamente dúvidas foram sendo lançadas sobre suas causas. A Machine Cotton foi incorporada ao rol dos suspeitos por uns, por outros acusada de haver promovido o assassinato. 

CONTINUA AMANHÃ.

www.usp.br/pioneiros/n/arqs/tCorreia_dGouveia.doc

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COQUETEL NATALINO ADUERN


Informamos que a ADUERN realiza na próxima sexta-feira (16) seu Coquetel Natalino. As senhas já estão disponíveis e podem ser retiradas na secretaria do sindicato até as 18h da sexta (à exceção da terça-feira (13), feriado municipal em Mossoró).

As demais informações podem ser conferidas no cartaz abaixo.

Jornalista
Cláudio Palheta Jr. 
Telefones Pessoais:
(84) 88703982 (preferencial)

Telefones da ADUERN:

ADUERN
Av. Prof. Antonio Campos, 06 - Costa e Silva
Fone: (84) 3312 2324 / Fax: (84) 3312 2324
E-mail: aduern@uol.com.br / aduern@gmail.com
Site: http://www.aduern.org.br
Cep: 59.625-620
Mossoró / RN
Seção Sindical do Andes-SN
Presidente da ADUERN
Lemuel Rodrigues

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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TRÁGICO ACIDENTE AÉREO MATOU O GOVERNADOR E COMOVEU A POPULAÇÃO: NARRATIVAS SOBRE A MORTE DE DIX SEPT ROSADO

Por Raimundo Nonato Araújo da Rocha∗ 

O anúncio: 

No dia 12 de julho de 1951, uma quinta feira, por volta das 11h e 30min, o comandante da Base Área de Natal entregou ao vice-governador e governador em exercício do Estado do Rio Grande do Norte, Sylvio Pedroza, um telegrama proveniente do comandante da Base área de Aracajú. O teor da comunicação era o seguinte: Informo que o avião PP-LPG após sobrevoar as 8h e 30min este campo caiu no rio do sal em sobrado distante do aeroporto três quilômetros tendo perecido todos os tripulantes e passageiros ignorando-se os números vistos que os mortos se encontram presos aos destroços. Avião completamente danificado. – (a) Comte. Miranda. (TELEGRAMA. 12/7/1951. Arquivo Digitalizado de Dix-Sept Rosado. Imagem 22) Minutos após o recebimento desse telegrama, o governador Sylvio Pedroza recebeu outro telegrama do Governador de Sergipe comunicando que havia caido, nas imediações de Aracajú, um avião da empresa Linhas Áreas Paulistas (LAP) e que todos os passageiros estavam mortos. No mesmo telegrama perguntava se o Governador DixSept Rosado estava no avião. No momento em que o governador recebia os telegramas, na cidade de Natal já podia ser confirmada a notícia captada por rádio-amadores desde as primeiras horas da manhã: o avião que conduzia o governador do Rio Grande do Norte não encontrou condições de pouso em Aracajú e terminou caindo no Rio do Sal, situado a três quilômetros da capital de Sergipe. O Governador Dix-Sept Rosado e sua comitiva haviam decolado, às 4h15min da manhã, do dia 12 de julho de 1951, do aeroporto de Parnamirim, a bordo do avião Douglas, de prefixo PL - 3 PPLG da LAP, com destino ao Rio de Janeiro. A viagem do governador potiguar tinha como destino a Capital Federal, onde iria tratar de assuntos políticos e buscar recursos para minimizar os efeitos da seca. A morte de Dix-Sept Rosado acontecia três meses após a morte de Mário Negócio de Almeida e Silva, que havia sido um dos seus principais auxiliares, ocupando a função de Secretário Geral do Governo. Além disso, Dix-Sept e Mário nutriam amizade desde os bancos escolares. Mário Negócio morreu em acidente automobilístico, ocorrido em 30 de março de 1951, próximo a cidade de Tacima, no interior da Paraíba. Mário Negócio nasceu em 1911, na cidade de Fortaleza, mas aos quatro anos foi morar em Mossoró. Advogado de destaque na região em torno de Mossoró, foi eleito deputado estadual (1946-1950). A notícia foi divulgada em jornais locais e nacionais. O jornal carioca “A Noite”, por exemplo, dedicou duas páginas inteiras, publicadas no dia 17 de julho, para comentar o ocorrido. A notícia, intitulada “Impressionante catástrofe do PPL-P6! 32 mortos no desastre do avião das Linhas áreas Paulistas.” A seguir mostra uma grande foto dos destroços do avião no Rio do Sal e outra grande foto de três cadáveres (adultos e crianças) já enrolados em sacos plásticos, antes de serem removidos para Aracajú. Na reportagem o jornal descreve que embora o acidente tivesse ocorrido a uma distância de três quilômetros de Aracajú, as equipes de busca só conseguiram chegar ao local 11 horas depois, em razão do terreno pantanoso e das péssimas condições de acesso (A noite, 17 de julho de 1951: 8-9). A ida do Governador ao Rio de Janeiro tinha sido anunciada, por meio de telegrama, ao presidente Vargas nos seguintes termos: […] Tenho hora comunicar Vossa Excelência próximo dia 12 viajarei até essa Capital avião LAP, fim tratar assuntos interesses administração pública. Sirvome esse ensejo para expressar Vossa Excelência a minha confiança de que, como de outras vezes Governo meu estado receberá preclara atenção eminente Presidente República, dispensando amparo justos reclamos populações castigadas pela estiagem, de que o Rio Grande do Norte vem suportando. […] .  

Na tarde do dia 11 de julho, em razão da viagem prevista para o dia 12, houve a transmissão do poder para o vice-governador Sylvio Pedroza. Na transmissão do cargo, o governador anunciou que na viagem ao Rio de Janeiro assinaria contrato com o Banco do Brasil para ampliar o saneamento de Natal e iniciar o saneamento de Mossoró. O governador levou em sua comitiva de viagem alguns auxiliares de governo: o dr. José Gonçalves de Medeiros, Diretor do Departamento de Imprensa; o agrônomo Felipe Pegado Cortez, Diretor do Departamento de agricultura e o dr. José Borges de Oliveira, Diretor do Departamento de Assistência aos Municípios.  

As repercussões: 

A repercussão da morte de Dix-Sept permanece forte nos dias atuais. Um blog local assim se refere ao ex-governador: Dix-sept Rosado, como era conhecido, hoje é nome de cidade, bairro de Natal, de praça em Mossoró – sua terra – e nome de ruas em dezenas de municípios do Rio Grande do Norte. Alto, forte, óculos “ray-ban” marrom, quase sempre vestido de mescla, era um homem popular, sem ser populista. Tinha o carisma de líder, vivia no meio do povo e conversava política 24 horas por dia. Tinha paciência de ouvir e ponderação ao falar. Nasceu para a vida pública, mas o destino ceifou uma das maiores lideranças do Estado no desastre aéreo de Sergipe.  Na mesma lógica laudatória, a deputada federal Sandra Rosado, sobrinha de Dix-Sept, ao abrir o seminário “Os rosado em tese”, realizado em 2011, relembrou uma música da campanha de Vingt Rosado1 para prefeito de Mossoró. Entre os versos da música lida pela deputada estavam os seguintes trechos: Dix-sept Rosado foi bravo De alma pura, varonil; Tombou no campo da honra Lutando pelo Brasil. Choram rios, choram montes, Chora o céu e o mar; Cobriu-se de dor e pranto Todo povo potiguar. (ROSADO, 2001b: 9) Este mesmo sentimento se fez presente no calor dos acontecimentos. A partir da confirmação da notícia as mobilizações no Rio Grande do Norte ganharam as ruas e os jornais. A população foi estimulada ao luto; o bispo – Dom Marcolino Dantas – fez missas na Catedral com a participação do coro do Colégio Salesiano e da Banda da Polícia; poetas fizeram poesias; as fotos da família inconsolável e das multidões que visitavam o corpo foram amplamente divulgadas. Também as superstições se fizeram presentes no imaginário da morte de Dix- sept. Após a morte de Dix-Sept, os seus irmãos foram eleitos para cargos no executivo e legislativo. Vingt, por exemplo, foi eleito prefeito de Mossoró várias vezes. A citação se refere, especificamente, a campanha de 1952. Nessa campanha, Vingt saiu-se vitorioso e Dix-Sept foi usado como exemplo de luta, como modelo a ser seguido. Segundo relato de Laíre Rosado para o jornal “O Mossoroense”, na época do acidente algumas pessoas diziam que o fato de Dix-sept usar constantemente um paletó da cor marrom pode ter favorecido para o acontecido. Um amigo seu chegou a dizer que não havia gostado do paletó marrom que Dix-Sept havia usado durante a posse no cargo de governador, pois esta dava azar. Coincidentemente, seis meses após, Dix-sept Rosado, trajando o mesmo paletó marrom, morreu num desastre aviatório e em pleno exercício do poder. (Relato feito por Laíre Rosado). O colunista Nizário Gurgel, por exemplo, assim escreveu para o jornal A República: Vôo fatal À memória do popular e digno governador Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia […] DIX-SEPT ROSADO Chegaste cedo ao termino da vida, Em plena mocidade, audaz e forte! Enfrentaste a batalha mais renhida. Sentiste aurir no peio a própria sorte. Após tanta vitória,veio-te a morte! Quanta gloria te foi interrompida Na beleza de teu augusto porte. Inflamado pela honra merecida! Voaste para o céu num vôo fatal! Levaste o coração do povo todo, De tua gente do torrão natal! Bemdito sejas tu na eternidade! Tiveste um a existência sem apôdo E tinhas por dilema a caridade!.  As homenagens de todo o Brasil eram amplamente divulgadas na imprensa local e os jornalistas locais passaram a exaltar a figura do governante morto tragicamente. Perceba-se nos próprios versos de Nizário observasse a construção de uma imagem: um jovem lutador, vitorioso, caridoso e destinado à glória, deixava seu povo com o coração sofrido.  Texto com sentido idêntico pode ser encontrado no panfleto distribuído em Mossoró para a celebração da missa de 7º dia. O amor recíproco entre o ex-prefeito e o seu povo é exaltado com Folheto distribuído pela Prefeitura de Mossoró anunciando a missa de 7º dia. A comoção era imensa. No dia 13 de julho de 1951, o jornal carioca “A noite” apresentou a seguinte uma notícia iniciada com a seguinte manchete: “ “Exemplo para as novas gerações brasileiras”: como do Dr. Raul de Góes, presidente do Instituto Nacional do Sal, se referiu à personalidade de do Governador Dix-Sept Rosado.” O senhor Ivo Aquino, líder da maioria no senado, enviou telegrama ao senador Georgino Avelino (PSD/RN): “peço ao caro amigo representar-me nas exéquias do Governado Dix-Sept Rosado e de seus dignos auxiliares às suas famílias e ao governo [sic] do Estado, as minhas condolências pela grande perda do doloroso golpe que sofreram com o desaparecimento de filhos tão dedicados e ilustres do Estado do Rio Grande do Norte”. O jornal Diário de Natal assim noticiou o sepultamento: “Sepultadas as vítimas da maior tragedia [sic] que já enlutou a vida política e administrativa do Rio Grande do Norte: os corpos do Governador do Rio Grande do Norte e dos seus companheiros de infortúnio José Borges de Oliveira, José Gonçalves, Felipe Pegado Cortez, Jacob Wolfson [médico], Agenor Coelho, Sandoval de Oliveira e Pedro dos Santos, foram acompanhados até o cemitério do Alecrim por” . A senhora Darcy Sarmanho Vargas, esposa do presidente Vargas e presidente da LBA, encaminhou telegrama à primeira dama Adalgiza Rosado lamentando o episódio. Outros telegramas com o mesmo teor, endereçados a própria Adalgisa ou ao Governador Sylvio Pedrosa, foram enviados por ministros, governadores, senadores, deputados, prefeitos. As sessões do Senado e da Câmara foram suspensas logo que as notícias da tragédia foram confirmadas. Os jornais de todo o país anunciam o fato. Essa repercussão nacional foi amplamente divulgada na imprensa local, que passou a exaltar a o ex-governador com características extremamente positivas, com características de um homem sem defeitos. Nesse clima de exaltação, em 19 de agosto de 1952, pouco mais de um mês após  o acontecimento, formou-se um movimento popular para a doação de uma estátua de bronze do ex-governador à cidade de Mossoró. Um dos panfletos distribuídos em Mossoró conclama a população a exaltar o ex-governador. Um cronista descreve os acontecimentos durante o sepultamento da seguinte forma: Dix-Sep (Sepultamento) 1.-)Na cidade do Natal no Cemitério do Alecrim, 13 de julho, arrebol de um dia sem sol e duma esperança frustrada (para não dizer furtada). [...] 4.-) A família do extinto e as autoridades de todas as ordens abeiravam-se da campa cercada pela gente que transbordava do cemitério pelas ruas adjacentes na ânsia se não de ver e ouvir, ao menos de participar daquela homenagem ao seu supremo magistrado. 5.-) Ocorreu-nos então esta alocução inédita: Autoridades, homens do povo: eis que um do povo chegou a ser, entre nós a suprema autoridade. Milagre da educação doméstica excelência do regime democrático que o Brasil defende... Edifique-nos, ainda, o comportamento exemplar dessa esposa e mãe integrada nessa paisagem de tristezas, compungida e estóica, – entre a saudade do companheiro que se foi e está a vista e a dos filhinhos queridos e distantes... Pelo exposto, pode-se perceber claramente a comoção popular diante da morte do governador. 

A chegada ao poder 

Toda a exaltação ao Governo Dix-Sept precisa ser dimensionada com exatidão. Na verdade o governador só ficou no cargo entre 31 de janeiro de 1951 – dia de sua posse - e 12 de julho de 1951 – dia de sua morte. Não é possível falar de uma gestão, pois ele ficou no poder por apenas 5 (cinco) meses e 12 (doze) dias. A historiografia norte-rio-grandense tem analisado Dix-Sept Rosado como um político construído a partir da imagem do pai. Nesse sentido, necessário se faz que entendamos esses vínculos familiares e o grau de autonomia de Dix Sept em relação aos negócios e compromisso do pai. Dix-Sept Rosado nasceu no dia 25 de março de 1911, na cidade de Mossoró. Seu pai, o farmacêutico Jerônimo Rosado, chegou a Mossoró em 1890 e lá fincou as raízes familiares e profissionais. Em entrevista concedida, em 1998, Vingt-un Rosado, irmão de Dix-Sept, narra a história do seu pai e explica como foi estabelecido seu vínculo com Mossoró: Meu avô paterno, Jerônimo Ribeiro Rosado, era português. Ele casou-se com uma moça – Maria Vicencia do Nascimento Costa – que pertencia a uma família de recursos, a família Costa, aqui de Pombal na Paraíba. Com a seca de 1877, muita gente daquela região ficou na miséria, inclusive meu avô. Meu pai tinha o mesmo nome do avô. Ele nasceu no dia 8 de dezembro de 1861. Quando meu pai tinha dez anos meu avô morreu. Ele ainda era rapazinho quando se mudou para Catolé do Rocha, também na Paraíba, para trabalhar. Seu primeiro emprego foi na loja do português Amorim, como caixeiro [...] Nesse tempo [...] ele fez amizade com o juiz Venâncio Neiva, [...] [que] foi chefe político e presidente da Paraíba. [...] Aos poucos o juiz foi vendo que o menino tinha vontade de crescer. [...] Primeiro colaborou para que meu pai concluísse os estudos no Liceu Paraibano, na capital da Paraíba. Concluídos os esses estudos [...] doutor Neiva fez uma carta aos dois irmãos dele que moravam no Rio de Janeiro pedindo para que eles auxiliassem meu pai a trabalhar e a estudar. [...] [...] Estudando e trabalhando [...] meu pai concluiu o curso de Farmácia. Com o título de farmacêutico, ele voltou para a Paraíba e se estabeleceu com uma farmácia em Catolé do Rocha. Em 1890, doutor Almeida Castro que era médico e chefe político aqui em Mossoró, o convidou para vir estabelecer-se aqui na cidade. (ROCHA, 2001: 106-7) . Jerônimo Rosado ao chegar a Mossoró, em 1890, instalou-se com uma farmácia, onde produzia e vendia fórmulas farmacêuticas. Em 1911, foi nomeado, pelo governador Alberto Maranhão, 2º Juiz Distrital para o triênio 1911 e 1913. Paralelamente as atividades da farmácia e de Juiz, ensinava Física e Química em colégios da cidade. Em 19152 , começou a explorar jazidas de gipsitas3 , em suas terras, no povoado de São Sebastião4 . Foi presidente da Intendência do município entre 19175 e 1919. Além disso, exerceu o cargo de Coletor Federal entre 1922 e 25 de novembro de 1930, quando faleceu (BRITO, 1985: 62-3). Do ponto de vista familiar, o patriarca teve 21 filhos, frutos de dois casamentos – três do primeiro e 18 do segundo. A primeira mulher, Maria Amélia Henriques Maia, faleceu e Jerônimo casou com Isaura Henriques Maia, ambas filhas do paraibano Laurentino Ferreira Maia. A partir do sexto filho, Jerônimo começou a numerá-los sistematicamente. Do sexto ao décimo filho a numeração era em língua portuguesa. Do décimo primeiro ao vigésimo primeiro filho, Jerônimo passou a nomeá-los com algarismos em francês. Assim da 11ª filha – Laurentina Onzième – até o caçula,  Há divergências quanto a data do início de exploração da gipsita por Jerônimo. Alguns autores se referem a 1912.   A gipsita é um minério que pode ser usado como matéria-prima para diversas indústrias, tais como: fabricação de cimento e gesso para a construção civil; fabricação de moldes cerâmicos; nas indústrias de jóias e automotiva; na medicina; na odontologia. Os Rosados extraíam o minério, industrializavam o gesso e comercializavam a produção.  O povoado de São Sebastião, posteriormente chamado Sebastianopólis, pertencia ao município de Mossoró. Em 1951, em homenagem ao governador falecido, o povoado passou a ser denominado Governador Dix Sept Rosado. Em 1963, o município foi emancipado.  Para dimensionar o tamanho de Mossoró em 1917, pode-se citar: o município possuía uma população em torno de 16.000 habitantes, dos quais 13.000 vivia na zona urbana; existia na cidade apenas três automóveis de passeio, dois carros de luxo, duas diligências. Jerônimo Rosado não estava entre os proprietários desses bens. Um dos carros de luxo pertencia ao médico Almeida Castro, responsável por trazer Jerônimo para Mossoró. 6 Com a primeira mulher – Maria Amélia Henriques Maia – teve os três primeiros filhos, os demais foram frutos do segundo casamento com Isaura Henriques Maia, irmã da primeira esposa. Os filhos de Jerônimo Rosado foram os seguintes: 1. Jerônimo Rosado Filho (1890-1920); 2. Laurentino Rosado Maia (1891- 1891, morreu pouco dias após o parto); 3. Tércio Rosado Maia (1892-1960); 4. Isaura Rosado (1894- 1894, morreu dois dias após o parto); 5. Laurentino Rosado Maia (1896-1897); 6. Isaura Sexta Rosado de Sá (1897); 7. Jerônima Sétima Rosado Fernandes (1898); 8. Maria Oitava Rosado Cantídio (1899); 9. Isauro Nono Rosado Maia (1891-1915); 10. Vicência Décima Rosado Maia (1902); 11. Laurentina Onzième Rosado Fernandes (1903-1922); 12. Laurentino Duodécimo Rosado Maia (1905-1954); 13. Isaura Trezième Rosado Maia (1906), casada com o médico Lavoisier Maia; 14. Isaura Quatorzième Rosado de Magalhães (1907); 15. Jerônimo Quinzième Rosado Maia (1908-1908, morreu antes de completar um ano de vida); 16. Isaura Seize Rosado Coelho (1910); 17. Jerônimo Dix-sept Rosado Maia (1911-1951); 18. Jerônimo Dix-huit Rosado Maia (1912-1996); 19. Jerônimo Dix-neuf Rosado Maia (1913; 20). Jerônimo Vingt Rosado Maia (1918-1995); Jerônimo Vingt-un Rosado Maia. (1920-2005). 


Jerônimo Vingt-un Rosado Maia todos foram numerados em francês. As primeiras versões historiográficas sobre o velho Jerônimo, construídas pela história local, o apresentam como um homem de muitas habilidades: farmacêutico, professor, industrial, comerciante, intendente capaz. Contudo, estudos produzidos, sobretudo, na academia a partir dos anos 1990 nos mostram outras faces do patriarca. O trabalho de Ana Lucas, por exemplo, demonstra que Jerônimo Rosado construiu uma fortuna contando com os lucros da mina de gipsita e das rendas da botica. Entretanto, a autora nos mostra que as atividades na botica não se limitavam a venda de produtos, mas se prestava também a ser consultório para os médicos da cidade atenderem seus pacientes. Jerônimo Rosado fornecia gratuitamente o espaço da farmácia para os médicos. Todavia, essa generosidade tinha um importante elemento de troca. Isso porque, esses médicos eram também políticos e “não é difícil de imaginar, por um lado, a relação entre médico-político e paciente-carente no interior do nordeste” na Primeira República (LUCAS, 2001: 75) e, por outro, os benefícios adquiridos por quem emprestava o espaço para as consultas. Pode-se afirmar que Jerônimo Rosado construiu, ao longo das primeiras décadas da República, um poder baseado no comércio, na indústria e nas relações clientelistas. Ele não era tratado como um coronel, mas estava a serviço de uma elite política. Nessa perspectiva, como afirma o professor Lemuel Rodrigues, Jerônimo Rosado não era um líder político, mas um prestador de serviços a uma elite política, sobretudo, ao médico Almeida Castro (RODRIGUES, 2001: 211). Após a morte de Jerônimo, em 1930, as atividades econômicas da família tiveram continuidade com seus filhos Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia e Dix-Neuf Rosado Maia. Dix-Sept, sobretudo, concentrou a administração dos negócios do pai, ampliando os trabalhos nas jazidas de gesso. Foi na condição de empresário, que gerenciava com eficiência os recursos familiares, que Dix-Sept avançou na atividade pública. Dessa forma, em 1948, foi eleito prefeito de Mossoró e, em 1950, foi eleito Governador do Estado do Rio Grande do Norte. Nascido em Mossoró em 1911, Dix-Sept tinha 19 anos de idade quando o pai faleceu. Desde muito jovem costumava observar o pai gerenciando os negócios, acompanhando desde o concerto dos carros da mineradora a administração financeira. Assim, a morte do pai não trouxe uma vida nova, mas uma continuidade do que já fazia. Entre 1930 (ano da morte de Jerônimo Rosado) e 1948 (ano em que Dix-Sept foi eleito prefeito de Mossoró) 18 anos se passaram. Isso demonstra que a ascensão política de Dix-Sept não tem uma relação direta a política exercida pelo pai. Obviamente a estrutura familiar ajudou, mas a hipótese que construímos neste trabalho é que foi o próprio Dix-Sept quem inaugurou a ascensão política da família. Essa ascensão foi fortalecida pela sua morte. A eleição de Dix-Sept Rosado Dix-Sept foi eleito prefeito de Mossoró, pela UDN (União Democrática Nacional), em 21 de março de 1948, tendo como companheiro de chapa Jorge de Albuquerque Pinto. Seus adversários foram Sebastião Fernandes Gurgel e Antônio Mota, ambos do PSD (Partido Social Democrático). Tomou posse no cargo no dia 31 de março de 1948 (BRITO, 1985: 110-112). Em razão de sua candidatura ao governo do Rio Grande do Norte, pediu, inicialmente, no dia 6 de junho de 1950, licença para se candidatar. Em seu lugar assumiu o vice-prefeito Jorge de Albuquerque Pinto. Posteriormente, renunciou em definitivo ao cargo de Prefeito, no dia 1 de julho de 1950, para assumir a candidatura ao governo pela Aliança Democrática, que reunia 3 partidos: PSD/PR/PSP.7 A candidatura de Dix-Sept ao Governo do Estado esteve vinculada a um complexo quadro político, pois incialmente o nome dele não era ao menos citado no processo sucessório. João Câmara, senador do PSD, iria ser candidato ao governo do Estado e contaria com apoios da UDN e do PSD. Todavia, a morte de João Câmara mudou o quadro político. O governador José Varela (PSD) resolveu indicar o primo e deputado estadual Augusto Varela (UDN) como candidato. Dix-Sept (UDN) passou um integrar uma frente contra o candidato do governador. Essa frente foi vencedora das eleições. Concluindo Este trabalho faz parte de uma pesquisa maior que ainda está em andamento. Assim, os resultados aqui apresentados dizem respeito a uma parte do trabalho. Maiores informações podem ser obtidas em BRITO, 1985. Informações mais genéricas sobre o tema estão disponíveis no site:  <http://oestepotiguarsite.blogspot.com/2009/11/prefeitos-constitucionais-de-mossoro.html>. Todavia, já é possível perceber que as imagens construídas sobre Dix-Sept transmitem a ideia do que poderia ter sido. Foi em torno dessas imagens que o poder da família Rosado se fortaleceu ao longo desses anos. Sucessivos mandatos de diferentes membros da família sempre evocam a imagem de Dix-Sept.

∗ Professor doutor do Departamento de História da UFRN. 

Referências Bibliográficas 

A NOITE. Rio de Janeiro. 1952 – diversos números. Arquivo particular e administrativo do Governador Sylvio Pedroza. Fundação José Augusto. Natal. (Arquivo e, organização) Arquivo particular e administrativo do Governador Dix-Sept Rosado. Fundação José Augusto. Natal. (Arquivo e, organização) 

BRITO, Raimundo Soares de. Legislativo e executivo de Mossoró numa viagem mais que centenária: 1853-1985. Fortaleza: Imprensa universitária da UFC, 1985. 

FELIPE, José Lacerda Alves. A reinvenção do Lugar: os Rosado e o “País de Mossoró”. In: ROSADO, Carlos Alberto de Souza; ROSADO, Isaura Amélia Rosado Maia. (Orgs.). Os Rosado em tese. Anais do Seminário 5 meses de governo 50 anos de história (Mossoró, 2001). Natal: Normalize / SerGraf, 2001. 

JORNAL A REPÚBLICA. Natal. 1952 – diversos números. 

LUCAS, Ana Maria Bezerra. O mandonismo rosadista em Mossoró. In: ROSADO, Carlos Alberto de Souza; ROSADO, Isaura Amélia Rosado Maia. (Orgs). Os Rosado em tese. Anais do Seminário 5 meses de governo 50 anos de história (Mossoró, 2001). Natal: Normalize / SerGraf, 2001. 
NASCIMENTO, Larisson C. Profissionalização do jornalismo em Mossoró: profissionalismo e poder local. São Carlos: UFSC. 2008. (Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais) 
ROCHA, Raimundo Nonato Araújo da. Identidades e ensino de História. São Paulo: USP. 2001. (Tese de Doutorado) 
ROSADO, Carlos Alberto de Souza; ROSADO, Isaura Amélia Rosado Maia. (Orgs). In: Os Rosado em tese. Anais do Seminário 5 meses de governo 50 anos de história (Mossoró, 2001). Natal: Normalize / SerGraf, 2001a. 
ROSADO, Sandra. Mensagem de abertura. FELIPE, José Lacerda Alves. A reinvenção do Lugar: os Rosado e o “País de Mossoró”. In: ROSADO, Carlos Alberto de Souza; ROSADO, Isaura Amélia Rosado Maia. (Orgs). Os Rosado em tese. Anais do Seminário 5 meses de governo 50 anos de história (Mossoró, 2001). Natal: Normalize / SerGráf, 2001b. 
SILVA, Lemuel Rodrigues da. Estratégia de poder no Rio Grande do Norte: o caso da família Rosado em Mossoró. In: ROSADO, Carlos Alberto de Souza; ROSADO, Isaura Amélia Rosado Maia. (Orgs). Os Rosado em tese. Anais do Seminário 5 meses de governo 50 anos de história (Mossoró, 2001). Natal: Normalize/SerGraf, 2001. 

Sites Consultados:




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