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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

LAMPIÃO E O TAMANDUÁ VERMELHO


Não podemos afirmar, com exatidão, a causa ou motivos que levaram alguns sertanejos a entrarem na trilha sangrenta do cangaço. Já para determinadas personagens que participaram do fenômeno, temos, segundo a história, seus relatos e/ou referência de outrem essa causa.

Uma das coisas que temos que fazer, ao estudarmos a História do Cangaço, e tentarmos nos transportar para época. Não só focarmos nossa atenção para determinada personagem, seus atos e suas atrocidades.

A metodologia científica do Fenômeno, nos mostra que existiram três tipos distintos de cangaço:

“(...) o defensivo, de ação esporádica na guarda de propriedades rurais, em virtude de ameaças de índios, disputa de terras e rixas de famílias; o político, expressão do poder dos grandes fazendeiros; e o independente, com características de banditismo. No primeiro caso, após realizarem sua missão de caçar índios no sertão do Cariri e em outras regiões, a soldo dos fazendeiros, os cangaceiros se dissolviam e voltavam a trabalhar como vaqueiros ou lavradores. As rixas entre famílias e as vinganças pessoais mobilizavam constantemente os bandos armados. Parentes, agregados e moradores ligados ao chefe do clã por parentesco, compadrio ou reciprocidade de serviços compunham os exércitos particulares (...).” (Copyleft 2009 © - Dantas & Libório Projects)


Sendo ‘Cangaço’, a denominação ao tipo de luta armada, ocorrida em território nordestino, do fim do século XVIII à primeira metade do século XX. Logicamente que em seus primórdios não tinha essa denominação. Ela aparece quando o homem do sertão da região passa a fazer parte do mesmo. Citam estudiosos que o motivo dessa denominação fora a mania, ou o costume, do roceiro naquele tempo, transportar alguns objetos longos, atravessado em seus ombros. 


Como exemplo, citaremos o transporte de latas no galão. Duas latas, um pequeno pedaço de corda no pau de cada lata e um pau, “pau-de-galão”, tendo, mais ou menos o tamanho do ‘carregador’, onde o mesmo era colocado nos ombros, do direito para o esquerdo, ou do esquerdo para o direito, e levado o líquido precioso do açude, da cacimba, do poço, da pia, tanque natural de pedra, para o pote, pequeno reservatório artesanal de barro, de sua residência. Também se transportava feixes de lenha seca para o fogão a lenha. Pois bem, com essa maneira, ou mania, adquirida, o roceiro, o vaqueiro, etc., em fim, o trabalhador rural sertanejo, quando passa a fazer parte das fileiras cangaceira, ao ter que fazer longas caminhadas com seu rifle, o coloca transverso por sobre os ombros. No entanto, essa imagem, cena, ao mesmo tempo lembra uma ‘canga’, pedaço de madeira trabalhado que era colocado no pescoço dos animais, dos bois, cavalo, jumentos ou burros, até mesmo em carneiros, para que os mesmo servissem de tração, força, para a carroça, carro-de-boi, arado, cultivador, e por aí vai...


Numa região que fazia parte do município da cidade de Triunfo, PE, onde hoje está à cidade de Santa Cruz da Baixa Verde, tinha uma família denominada os “Furtado”, mais tarde recebendo a alcunha dos “Quelé”, composta por seis irmãos, Clementino, Pedro, Quintino, Antônio, José e Manuel. “Todos considerados homens dispostos, valentes e que “gostavam da espingarda”.”(Rostand Medeiros).


O primeiro destaca-se por ter assumido a liderança do clã. Homem forte, valente e destemido terminando por ser subdelegado na cidade onde morava. Com essa função, muito das intrigas por limites de terras, defloramento de moças e outras questões, eram levadas a ele para serem resolvidas. Mesmo quando ele passa a morar na cidade de Prata, PB, ele continua sendo a pessoa mais consultada para resolver certas questões. Aqui mesmo, no município de são José do Egito, PE, fora, diversas vezes, solicitado para dar sua opinião em casos considerados ‘graves’. Mas, para resolver questões entre pessoas, criam-se amigos e inimigos particulares.

Clementino José Furtado, o Clementino Quelé. (tokdehistoria.com)

Clementino José Furtado, o “Clementino Quelé”, quando exercia a função de subdelegado sai no rastro de ladrões de cavalo. Deparando com eles, ocorre um tiroteio e dois ladrões terminam mortos pelas armas de “Quelé”. Então, abre-se um inquérito sobre o caso, destituem Quelé do cargo e o processam. Como a família era toda de homens valentes e dispostos, seu irmão, Pedro José Furtado, “Pedro Quelé”, assume o cargo de subdelegado.

Como já referimos em vários textos, os ‘maiorais’, chefes políticos e ‘coronéis’ da região, e em toda região sertaneja, eram quem determinavam quem seria preso, condenado e até mesmo assassinado, dependendo do caso, ou, simplesmente, sairia livre e solto.

O “major” Aprígio Higino D’Assunção, que por três ocasiões foi prefeito em Triunfo e dono de cartório. Foto reproduzida a partir do livro “Triumpho, a corte do sertão”, de Duana Rodrigues Lopes, pág. 234. (tokdehistoria.com)

Naquela localidade, tinha um chefe político chamado Aprígio Higino D’Assunção, que vendo a oportunidade, fala para Clementino que se nas eleições de Triunfo, PE, ele, Clementino, e os irmão votassem nele ele, Aprígio, mandaria ‘rasgar’ o processo contra ele e ele voltaria a assumir o cargo que fora destituído. Clementino Quelé, achando que nada fizera de errado, e que ‘coronel’ nenhum lhe colocava cabresto, pois aceitando ficaria nas mãos dele, não aceita a proposta. Isso irrita o mandachuva.

Aprígio Higino e parentes. Para o pesquisador Frederico Pernambucano de Mello ele foi o pivô que levou Clementino Quelé a entrar no cangaço. Foto reproduzida a partir do livro “Triumpho, a corte do sertão”, de Diana Rodrigues Lopes, pág. 373.(tokdehistoria.com)

“(...) Diante da recusa de Quelé em apoiá-lo, Aprígio ordena que uma força policial com um oficial e quatorze praças saíssem à caça do valente (...).” (Tokdehistória, com)

Bem, pesquisadores referem que a ordem que a volante tinha, não era de prender Clementino, e sim, mata-lo. É tanto que, em certa ocasião, estando Quelé e amigos tomando umas cachaças em uma bodega, um deles, Cícero Fonseca, sai para alguma coisa, e naquele momento é alvo de inúmeros disparos.

“(...) Cícero Fonseca era um companheiro de Quelé, onde os dois bebiam na bodega de Sebastião Pedreiro, quando a polícia cercou o lugar e deu voz de prisão. Na versão do respeitado pesquisador (Frederico Pernambucano de Mello), que conseguiu suas informações através do relato de Miguel Feitosa, o antigo cangaceiro Medalha, o pobre Cícero ao colocar o pé para fora da bodega foi crivado de balas (...).” (Blog Ct.)

Naquela volante, não só tinha militares. Alguns ‘paisana’ passaram a fazer parte da mesma. Estes, curiosamente, antigos inimigos de Clementino. Destemido, mas, inteligente, Quelé nota logo as intenções daqueles que o perseguia. Vendo que a coisa estava ‘preta’, pede ajuda aos amigos e, esses pegam nas armas e dão combate a Força Policial. Não tendo previsto tamanha defesa, o comandante da coluna dá ordem de retirada.

A partir daquele momento, os “Furtados”, passam a aumentarem as fileiras dos cangaceiros. Passam a fazerem parte do grupo de Virgolino Ferreira da Silva, o “Lampeão”.

A vida de Clementino José Furtado, o “Clementino Quelé”, o qual o chefe mor dos cangaceiros passa a chama-lo de “Tamanduá Vermelho”, “Clementino é descrito como um homem forte, de tez acentuadamente branca, que realmente ficava com a pele vermelha quando tinha raiva e esta teria sido a razão de Lampião apelidá-lo pejorativamente como “Tamanduá Vermelho”;” como cangaceiro, sua desavença com o cangaceiro Meia Noite, a saída do bando, como ‘cabra’ do coronel Zé Pereira, a adesão a Força Pública da Paraíba, a intriga e perseguição a Lampião, juntamente com suas inúmeras brigadas, contaremos em outras oportunidades.

Fonte Tokdehistoria.com
Copyleft 2009 © - Dantas & Libório Projects®
Foto Blog Ct.
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EFECADE
G1 - Globo.com

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