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domingo, 24 de junho de 2012

São João Batista

Por Mons. Vitaliano Mattioli (*)

CRATO, 24 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Como no céu estão muitas estrelas de varios tamanhos e luminosidades, assim entre os santos estão alguns que brilham de uma luz mais intensa. Um destes é São João Batista. Jesus disse falando dele: “Em verdade eu vos digo: entre todos os nascidos das mulheres, não surgiu quem fosse maior que João Batista” (Mt., 11, 11).


Ele constitui o fim de uma época e o início duma outra, o ponto de encontro na historia do mundo: é o ultimo profeta do Antigo Testamento e o que iniciou o Novo apresentando o Cristo como o Messias esperado. O mesmo Jesus o chama de limite quando diz: “A lei e os profetas até João Batista” (Lc, 16,16).

A sua existência pode ser dividida em três etapas, que exprimem a sua semelhança com o Cristo. Por primeiro o encontro com Jesus antes de nascer. Duas mulheres se encontram; duas parentes: Maria, jovem, grávida de Jesus; Isabel, sua prima, idosa mas também ela grávida de João. Dois meninos ainda não nascidos que misteriosamente se encontram e se reconhecem. João ainda não fala, mas a sua mãe experimenta no seu corpo o relacionamento dos dois meninos: “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou em seu ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo” (Lc., I,41). A vocação de João pode-se comparar com a vocação dum outro grande profeta: Jeremias. Ele diz: “Veio a mim a palavra do Senhor: antes de formar-te no seio de tua mãe, eu já te conhecia; antes de saíres do ventre, eu te consagrei e te fiz profeta para as nações” (Jer., I, 4-5). Nesta visita a presença do menino Jesus santifica o menino João e o elege consagrando-o para monstrar ao mundo o Messias.

A segunda etapa é um outro encontro. Todos dois agora têm 30 anos. Jesus inicia a sua missão e para João chegou o momento de apresentar o Messias esperado: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo” (Jo., 1, 29). É o ponto mais alto da missão de João, mas tambem o momento da sua eclipse, da sua descida. A sua missão está para terminar. Admiramos a grande humildade junta à verdade. Não ha sedução de poder ou de interesse que tenha força de obscurecer a luz de sua consciência. Quando as pessoas perguntaram : “Quem es tu?”, ele com muita honestidade respondeu: “Eu não sou o Cristo. Eu sou a voz de quem grita no deserto” (Jo. 1, 19-23). Não era ele a luz; ele devia somente testemunhar a luz verdadeira. Diz o evangelista João: “Veio um homem, enviado por Deus, seu nome era João. Ele veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz” (João, 1, 6-7).

Ele era uma pessoa muita querida; muitos discipulos escutavam com devoção as suas palavras. Mas agora que Jesus inicia a sua missão ele convida o povo para escutar a palavra de Jesus. Ele era somente uma voz; Jesus ao contrario era a Palavra de Deus. Ele deve ir embora. A sua missão está terminada. Por isso diz: “É necessario que Ele cresça e eu diminua” (Jo. , 3,30).

A voz se faz muda. Em redor dele se faz o silêncio, que se conclue com o silêncio do cárcere.

A terceira etapa. A identificação com Cristo no testemunho e na morte. Jesus em frente a Pilatos disse: “Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade” (Jo., 18,37). Por isso foi condenado a morte. Tambem João chegou no mundo para testemunhar a verdade, que o único Messias é o Cristo. Mas tambem para testemunhar a verdade moral. Ao rei Herodes disse claramente: o teu comportamento não é conforme à moral natural. Por isso foi conduzido na prisão e matado, martire da verdade. Com a sua morte João preanuciou a morte de Jesus, que ofereceu a sua vida para testemunhar a verdade da sua divindade.

A voz de João ressoa até hoje. A sua mensagem tem uma grande atualidade.

O fim da sua vida foi de apresentar o Jesus como o Cristo, o Messias. Tambem hoje o povo deseja conhecer o Cristo. Mas precisa que alguem mostre o Cristo. Como cristãos comprometidos, São João nos convida a ser testemunhos de Cristo; mostrar o Cristo na sua totalidade, sem vergonha. Hoje o mundo precisa de Cristo, da sua pessoa, da sua doutrina, do seu carinho, do seu perdão. Esta é a nossa missão como batizados e como crismados: testemunhar Cristo e a sua doutrina na sua totalidade, sem medo.

Como João na realização desta sua missão encontrou a alegria e a felicidade, assim nós podemos chegar à verdadeira paz do coração somente vivendo integralmente a nossa realidade cristã.
João evitou qualquer compromisso com a verdade, com as exigências morais. Até a morte. Hoje se diz que a mensagem de Cristo, apresentada pela Igreja, é dura, que não é possivel escutá-la e pratica-la. Não devemos cair nesta tentação. Como João, tambem nós devemos ser coerentes e apresentar com a nossa vida a beleza da moral cristã, que não é uma moral de opressão mas de libertação. É a palavra de Cristo que nos liberta. A pertença ao Senhor requer o sentido profundo de referência e reconhecimento. Precisa coragem de fazer rupturas. Devemos recuperar a nossa personalidade e ter a força de monstrar a verdadeira autonomia, isto é viver um cristianismo integral. Sem medo. São João nos ofereceu o exemplo; nós devemos imitar-lo.

São João parece perder enfrente à violência do tirano Herodes. Ele pensava que matando o profeta tinha a capacidade de parar a sua voz. Mas na verdade tambem o tirano faleceu e permanece mudo. Ao contrario a voz e a mensagem de João ressoa tambem hoje e continua para sempre. A violência e a maldade nunca podem vencer. No final a verdade vence sempre. Os cristãos hoje são perseguidos; a Igreja parece morrer. Mas isso não é possivel. São João nos exorta: Não tenhais medo. Cristo é o vencedor. Ficais juntos com Ele e tambem vós como eu, sereis os vencedores.

(*) Monsenhor Vitaliano Mattioli, nasceu em Roma em 1938, realizou estudos clássicos, filosóficos e jurídicos. Foi professor na Universidade Urbaniana e no Pontificio Instituto São Apollinare de Roma e Redator da revista "Palestra del Clero". Depois de sua aposentadoria na Itália, fixou residência na cidade de Crato, Brasil onde é missionário Fidei Donum na Diocese de Crato.

Obs- A ZENIT, com sede em New York (EUA) é uma agência de notícias internacional sem fins lucrativos integrada por uma equipe de profissionais e voluntários convencidos da extraordinária riqueza da mensagem da Igreja Católica, em particular de sua Doutrina Social, como luz para compreender a atualidade.

Leitura, Escritores e Amigos

Por: M@rcos Cost@
Marcos Costa

Por que não gostamos de ler?


Sabemos que ler é importante, porém achamos algo difícil. Não vamos nos prender nas razões, que já sabemos se olharmos para trás. Vamos refletir... O que nos falta?

Entendimento - Ler nos faz entender assuntos diversos. Compreender, perceber... Como poder falar de algo que não conhecemos?

Cultura - É viajar sem passaporte e avião. Temos contato com várias culturas diferentes. Daí compreender que entendemos o outro quando descobrimos a história que o cerca. É um remédio contra a diferença entre as pessoas.

Reflexão - Ler nos faz refletir. É inevitável. Formamos uma opinião, uma ideia nossa, individual e madura dos fatos e chegamos ao crescimento pessoal.

Conhecimento - Lemos e passamos a escrever melhor. Dá-nos confiança, assim, de nossa historia e de o conhecimento de um mundo novo.

Leitura dinâmica - O poder de refletir muito mais rápido. Agilidade na leitura, entender o assunto de um texto e avaliar a opinião do escritor e chegar a uma conclusão aprimorada.

Vocabulário - Ah! Tesouro garantido. No mercado de 
trabalho é um diferencial.

Escrita - Reflexão e conhecimento junto com vocabulário rico. Que acontece? É claro que é garantido o desenvolvimento de um texto fica mais fácil. Quem lê, se expressa melhor.

Diversão - Um bônus. Concorda? Ler por si só já garante diversão. Novamente é a viagem sem avião e passaporte. Conhecer esse mundo, o planeta, e novos mundos imaginários.

Informação - Mais aplicada em notícias, a leitura nos atualiza de fatos do mundo e até sobre nossa cidade. Mas deve ser criteriosa. Existem muitos meios da mídia que se especializaram em DESINFORMAÇÃO. Cuidado galera.
Quero fazer um elogio a três amigos que tenho. Seguem as charges de cada um logo abaixo.

São escritores e além de admirá-los como pessoa, me identifico com a mensagem de cada um:

Júlio Rocha

Com seu estilo de ficção e romance policial, tem sido meu orientador (Técnicas para Escrever Ficção) em criar meu primeiro livro.


Teia Negra é um romance policial que acontece no Rio de Janeiro. Acanãs é a primeira parte de uma série. Muito bom.


ALLAN PITZ

Além de ser meu amigo pessoal, Allan Pitz é o rock em forma de escrita. A Arte da Invisibilidade é minha recomendação. 


O Peixe de Calças Jeans, histórias para crianças, está sendo lançado nos Estados Unidos e aqui é material de escolas.


SÍLVIA PRATA

Por orientação de um amigo, o jornalista Ronaldo Rosas, criei um Facebook voltado para meu projeto. Conheci vários autores e me surpreendi com Silvia que está lançando seu livro Amor e Outros Equívocos.

O lançamento do livro será no dia 11 de julho às 19hs no Colégio Educare Pitágoras - SP. Boa sorte para ela e que venham muitos outros livros. 
 
Para mim, como tantos outros, eles fazem parte do "o novo"  na literatura de nosso Brasil carente de conhecimento.

 

Mês que vem... mais sobre eles.

Enviado pelo artista plástico: M@rcos Cost@

ADEUS TIO JOÃO, O ÚLTIMO DOS IRMÃOS DE RITA BARBOSA!

Tio João Justino Barbosa com sua esposa Tereza (in memoriam)

Hoje, véspera de São João, 23 de junho de 2012, acordo tarde, cansada dos preparativos para viajar com a minha família para a minha terra natal, para os festejos juninos. 

Saudosamente relembro os tempos dos meus pais. Naquela casa, onde nasci, eles nos aguardavam ansiosos. Minha mãe já amanhecia com as pamonhas no fogo, mexendo a canjica e contando as camas para acomodar todos os filhos e netos. Meu pai encerrava os trabalhos na fábrica, mais cedo do que o habitual. Mandava trazer um caminhão de lenha -  tirava da lenha que servia à caldeira a qual  mantinha o sistema de vapor criado para movimentar o maquinário - para acender a fogueira em homenagem a São João.

A casa grande se enchia de filhos, netos, parentes e amigos. De Arcoverde, chegavam os irmãos de minha saudosa mãe, meus tios: João e Biu, com toda família.

Tio Biu, meu pai, minha mãe (saudosa memória)

Por Tio Biu, o mais velho dos seus irmãos, ela nutria um sentimento filial, dado que foi criada por ele em decorrência da sua condição de órfã. 

Houve um ano em que o São João da minha casa paterna ficou marcado para sempre. Foi o ano em que aconteceu o acidente com o caminhão da fábrica, quando transporte da lenha para a fogueira. Meu irmão, que também se chama João, vinha no caminhão e, já próximo a nossa casa, chocou-se com um caminhão dirigido por um motorista de nome Manoel Tida.

Choque dos caminhões em véspera de São João.

Em agradecimento, por meu irmão ter saído ileso, meu pai jurou jamais deixar de acender a fogueira em homenagem a São João.

Em meio a tantas lembranças, recebi a notícia de que o único dos cinco irmãos da minha mãe havia se submetido a uma cirurgia e, em decorrência de complicações, havia falecido na Cidade de Arcoverde-PE. Dos nossos antepassados ele era o único que ainda estava entre nós.

Com o falecimento de Tio João encerra-se hoje, definitivamente, a presença de todos eles na velha casa dos meus pais. Todas as lembranças de antigas comemorações ficarão guardadas no coração de cada um de nós.

Resta-nos a esperança de que os vivos não esperem a morte para reunir a família, sintam sempre em seus corações a alegria do reencontro com os que ainda estão por aqui.

Que nossos próximos festejos juninos, na casa dos nossos saudosos pais, sejam sempre intitulados "Raízes", em homenagem aos que nos fizeram nascer no sertão do nordeste brasileiro, cuja linguagem que nos deixaram como legado é a poesia, que é a mais sublime linguagem da alma. 

Que ainda sejamos capazes de homenagear a todos, que nunca cheguemos a triste conclusão de que: "Só os mortos são os nossos únicos bem profundo, que nos fazem esquecer o horror dos vivos."

Para meu Tio João, o último dos membros da nossa família Barbosa, que acaba de descer do "Trem da Vida", minha saudade e minha homenagem, neste dia em que, no céu, se reúne toda a geração passada da qual somos originários:
 

OS MORTOS

Ao menos junto aos mortos pode a gente
Crer e esperar n'alguma suavidade:
Crer no doce consolo da saudade
E esperar do descanso eternamente.

Juntos aos mortos, por certo, a fé ardente
Não perde sua viva claridade;
Cantam as aves do céu na intimidade
Do Coração mais indiferente

Os mortos dão-nos paz imensa à vida,
Dão a lembrança vaga, indefinida
Dos seus feitos gentis, nobres, altivos.

Nas lutas vãs do tenebroso mundo
Os mortos são ainda o bem profundo
Que nos faz esquecer o horror dos vivos.

Trilha Sonora: Melancolia - Heitor Villa-Lobos

Lusa Vilar, autora desta crônica, é prima do escritor
João de Sousa Lima


Astúcia de Lampião


Não tenho a fonte deste artigo, vez que o encontrei em um recorte. Se o autor se sentir prejudicado, envie-me e-mail para: josemendesp58@hotmail.com, que eu colocarei o seu nome no artigo.

Diz que como ainda não era famoso, e não tinha dinheiro para sustentar o seu respeitado bando de cangaceiros, Lampião descaradamente, mandou pedir uma quantia em dinheiro à dona Joana Vieira de Siqueira Torres, a baronesa de Água Branca (município que pertencia a Vila de Piranhas), para poder equipar os seus homens, já que não dispunha de recursos.

Ainda mandou lhe dizer, que se ela não negasse a sua solicitação, jamais seria incomodada outra vez, nem por ele, e nem por qualquer outro do cangaço. Se ela o atendesse, e se ele posteriormente tomasse conhecimento de qualquer exploração a ela, o sujeito que havia solicitado a quantia, mesmo que fosse homem do seu bando, com certeza, estaria marcado para morrer, na mira do seu mosquetão.
              
Infelizmente a baronesa não satisfeita com o seu pedido, não o atendeu. E mandou-lhe um recado desaforado pelo mesmo portador: “-Diga ao seu chefe, que o dinheiro que tenho, é para compra de munição, com a qual pretendo arrancar-lhe a cabeça”.

 
Foto da baroneza Joana Sandes Torres - cedida gentilmente pelo escritor João de Sousa Lima
             
Mas a baronesa, talvez, não sei, arrependeu-se do que disse.  Com medo de Lampião tomar-lhe algo na força e na raça, pediu ao governo do Estado que mandasse reforçar a guarda de seu território, com uma força policial mais equipada de homens e armas. (Lampião ainda não tinha feito o assalto).   
               
Assim que o mensageiro deu o recado desaforado da baronesa, Lampião virou-se numa fera humana, com vontade de sangrá-la. E pensou de imediato dar-lhe o troco. Mandou comprar algumas redes e as preparou, segundo os costumes locais de carregar mortos (onde um pedaço de madeira é colocado de um punho a outro, sendo carregado nos ombros por dois homens robustos). Preparou tudo com muito cuidado.         
              
Depois de pronto, mandou que seus homens se vestissem como pessoas comuns do lugar: com roupas simples e chapéus de palha, descalços, ou com sandálias. Fuzis, punhais e cartucheiras foram escondidos nas redes, no lugar onde deveriam estar os supostos mortos, enrolados em panos úmidos com groselha para dar aparência de sangue.       
              
Prontos, dirigiram-se à porta da delegacia. E aos gritos assustadores, um dos asseclas, disfarçado, gritou para o soldado de plantão: “-Acuda, meu sinhô praça! Mande gente lá pás bandas do puvuado da Vage, que a caboêra de Lampião istá acabando cum tudo lá. Já matarum estes daqui, e ainda há muito morto im montes. Ande dipreça, ôme de Deus! Num se demore! Se não vai morrê mais gente no puvuado da Vage” 


O inexperiente militar chamou imediatamente o corneteiro, que às pressas, tocou a corneta para reunir os policiais. Foi o momento propício para a execução do plano de Lampião. Os cangaceiros retiraram as armas das redes e empunhadas contra o pelotão policial, que já estava pronto para sair à procura dos ditos bandidos de Lampião. E enquanto a polícia era rendida, outra parte do grupo já agia no saque à casa da baronesa, em companhia de Lampião.

               
Depois de saquear as riquezas da baronesa, ele foi até ela e, fitando-a, esbravejou: “-E o que istá pensano agora, sinora baronesa? Ainda pensa im arrancá a mina cabeça? Vêna cumigo! Vamu dá uma vortinha pela cidade, pá qui vosmicê e todos daqui saibum qui cum Virgulino num si brinca, e nêim se manda recado disaforado”.  
             
E fez a baronesa de grande prestígio público, segurar seu braço e andar com ele, desfilando pela cidade, como se ela fosse a sua esposa.  Este foi o primeiro de vários grandes assaltos cometidos pelo bando de Lampião. 
             
Diz que isto aconteceu em Água Branca, no dia 26 de junho de 1922, poucos dias depois que Lampião tinha assumido o comando do grupo de Sinhô Pereira. Jovem ainda, aos 24 anos de idade. (Como a polícia não conhecia todos os bandidos de Lampião, foi enganada pelos asseclas. Os cangaceiros fizeram o assalto com grande sucesso, levando as riquezas da baronesa).

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MIRELA SOANE ESCREVE SOBRE MARIA BONITA: A marca de uma sertaneja


Ícone feminino do Cangaço, Maria Bonita completa centenário de nascimento em 8 de março, data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. A jovem ousada, que rompeu preconceitos e tradições para ingressar no bando de Cangaceiros como companheira do líder Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), hoje é sinônimo de sofisticação. Maria Bonita empresta seu nome para grifes famosas, hoteis, SPA’s, clínicas de estética e salões de beleza. Maria Bonita virou marca.

“Isso se deve ao fato dela ter sido uma sertaneja de porte fino, elegante e a ideia que se tinha de um sertanejo era de uma figura relaxada com a aparência. Os cangaceiros gostavam de se embelezar e isso desperta a atenção das pessoas já há algum tempo. Zuzu Angel, por exemplo, abordou a temática Cangaço no seu desfile de 1969, em Nova York”, relata Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita.

Na moda, talvez, Maria Bonita tem sua mais conceituada representante desde 1975, quando Maria Cândida Sarmento e Malba Pimentel de Paiva criaram a grife que leva o nome da cangaceira. O objetivo da dupla era atender às mulheres modernas que desejavam uma marca forte, à frente de seu tempo; vesti-las com estilo e elegância, sem condicioná-las a padrões de mercado.

Em 1990, as empresárias criaram a Maria Bonita Extra com a proposta de apresentar peças jovens e girlie. Hoje, as marcas são sinônimo de bom acabamento, despojamento e refinamento, além de serem consideradas “escolas da moda” devido a quantidade de renomados profissionais que passaram pela grife como Isabela Capeto, Antonia Bernardes, Maria Fernanda Lucena e Naná Paranaguá.

A Maria Bonita tornou-se referência no mundo fashionista e participa ativamente dos principais desfiles de moda do país. Recife conta com uma unidade da versão jovem da marca, que, assim como a pioneira, também pode ser encontrada em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Porto Alegre.

Segundo a jornalista e pesquisadora sobre Cangaço há 15 anos, Wanessa Campos, a companheira de Lampião era um exemplo de beleza para a época. “Baixinha, de pernas grossas roliças, seios pequenos, cabelos finos e olhos claros”, afirma Campos, baseada nos estudos e entrevistas realizadas para a produção de um livro que será dedicado a história da rainha do Cangaço.

“Certamente será algo inédito, já que muitas obras retratam Maria Bonita apenas como coadjuvante. No meu livro, ela será a personagem principal. O trabalho é difícil, mas prazeroso. Tenho viajado muito por cidades de Sergipe e da Bahia conversando com historiadores, ex-volantes e familiares dos Reis do Cangaço, como Expedita (filha) e Vera (neta)”, revela.

Maria Bonita foi a primeira mulher a entrar para o Cangaço. A partir daí, outros integrantes passaram a agregar as companheiras ao bando. Para o historiador e pesquisador, Frederico Pernambucano de Mello, outras duas situações propiciaram a entrada das mulheres no Cangaço: a proximidade do grupo do Baixo São Francisco, possibilitando uma melhor higiene pessoal devido a abundância de água; e o fato de Lampião ter se deparado com a Coluna Prestes e percebido que a presença de mulheres entre eles não influenciava no desempenho dos combatentes.

Maria possibilitou a entrada de mais 40 mulheres no Cangaço, agregando melhores hábitos de higiene e mudanças nas vestimentas. “Dadá, companheira de Corisco, era a responsável pelos desenhos das roupas. Nas cidades que percorriam, os cangaceiros já tinham suas costureiras e periodicamente levavam os desenhos e os tecidos para que as roupas fossem feitas”, afirma Campos.

Por outro lado, Mello garante que as roupas encomendadas eram exceção à rotina dos cangaceiros. Ele afirma que todas as vestimentas, tanto em tecido como em couro, eram feitas no leito do próprio grupo. “A maioria dos cangaceiros sabia costurar e bordar. Apenas quando não tinham tempo disponível, as encomendas eram feitas. Inclusive, Dadá não tinha liderança nenhuma para ditar moda”, garante.

Segundo o historiador e autor do livro “Estrelas de Couro – A Estética do Cangaço”, Lampião bordava de maneira exímia e tinha habilidade na costura do couro e do tecido. “O bordado de Lampião era melhor do que o de Maria Bonita. O bando possuía uma máquina de costura portátil, inclusive registrada em várias fotos, sendo utilizada tanto por Lampião como por outros cangaceiros”, afirma.

Mello relata que em conversa com o cangaceiro conhecido por Candieiro, ele garantiu que Lampião tinha desenvoltura com a costura. “Candieiro contou-me que Lampião fez um jogo de bornais para ele. O rei do Cangaço teria colocado um papel sobre a coxa, desenhado flores e posteriormente bordado a peça na máquina para presentear o colega”.

Já Ferreira afirma que o avô não tinha apreço por costurar. “Falam que Lampião gostava muito de costurar. Ele realmente era muito habilidoso com o couro, mas esta é uma habilidade característica dos vaqueiros, dos sertanejos de maneira geral. Por vezes eles precisavam fazer reparos nas roupas rasgadas pela vegetação seca do sertão”, explica Ferreira.

Embora existam discordâncias quanto aos “responsáveis” pela moda do Cangaço, não se pode negar o curioso. Homens e mulheres vistos como salteadores sanguinários usavam bornais bordados com flores coloridas ou desenhos simétricos, cantis decorados, perneiras de couro com ilhoses e fivelas, chapeus com bordados de estrelas, lenços de seda e tafetá envoltos no pescoço. “Talvez isso tudo venha da alma colorida do brasileiro”, comenta Mello.

De Maria Bonita, hoje, restam dois vestidos que retratam bem a maneira das cangaceiras se vestirem. O chamado vestido de batalha (não no sentido de luta, mas de cotidiano; dia a dia) que faz parte do acervo de Mello é feito em brim grosso, cor de goiaba, enfeitado com galões e com os punhos revestidos em vermelho. O segundo está no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. O modelo cinza, com riscas de giz e enfeitado com sinhaninha vermelha era mais utilizado aos domingos ou em comemorações especiais.

No bando, as mulheres desempenhavam o papel de companheiras e não tinham, por exemplo, a obrigação de cozinhar. Esta tarefa ficava mais com os homens. A presença do feminino também passava segurança para as pessoas que se deparavam com os cangaceiros. Por vezes Maria Bonita evitou a morte de crianças e idosos. “Além disso, os crimes contra os costumes, como o estupro, também diminuíram”, afirma Mello.

Outro mito é a participação feminina nos combates. As mulheres eram treinadas e aprendiam a atirar apenas para uma possível necessidade de defesa. Elas não participavam ativamente dos tiroteios, exceto Dadá quando substituiu o marido que teve os braços feridos em batalha.

Para Ferreira, o imaginário popular acerca da personalidade de Maria Bonita se confunde com a realidade. “Pouca gente sabe que de brava ela não tinha nada. Minha avó era uma moleca, bem humorada e fazia brincadeira com todo mundo. Ela era amiga, agradável, carinhosa, generosa e cuidava bem das pessoas”, revela. Campos reforça o argumento sobre as lendas que permeiam o universo do Cangaço: “Lampião não inventou o Cangaço, mas foi o cangaceiro mais conhecido. Nem tampouco inventou o Xaxado, mas foi seu grande divulgador”.

O desejo de ser mãe – inerente à maioria das mulheres – também estava presente entre as cangaceiras, embora o estilo de vida do bando não lhes dessem condições de permanecer com os filhos. “Diziam que as mulheres eram muito crueis porque abandonavam seus filhos. Mas, na verdade, elas faziam isso porque não tinham escolha. Se ficassem com a criança, o choro entregaria a localização do grupo; e se retornassem para seus lares certamente seriam entregues e mortas pelas autoridades”, argumenta Campos.

A companheira de Lampião teve quatro gestações, mas apenas a última delas vingou. O bebê recebeu o nome de Expedita e passou somente 21 dias na companhia da mãe até ser entregue para ser criada por um casal que já dispunha de 11 filhos. A criança sabia sua verdadeira origem e poucas vezes encontrou com os pais que a visitavam sempre que podiam. “Os bebês das mulheres do Cangaço eram entregues a pessoas de confiança, padres, fazendeiros, vaqueiros, autoridades e até mesmo policiais”, conta Ferreira.

O romance de Maria Bonita e Lampião durou nove anos. No dia 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, na margem sergipana do Rio São Francisco, o bando de Lampião foi atacado de surpresa por soldados da polícia alagoana. No combate, entre os onze mortos estavam os reis do Cangaço. 

Do site da Revista Algo Mais:

Lampião sendo entrevistado no ano de 1926, no Estado do Ceará


Perguntado sobre ter numeroso grupo. Lampião respondeu:

- Desejava andar sempre acompanhado de numeroso grupo. Se não o organizo conforme o meu desejo é porque me faltam recursos materiais para a compra de armamentos e para a manutenção do grupo - roupa, alimentação, etc. Estes que me acompanham é de quarenta e nove homens, todos bem armados e municiados, e muito me custa sustentá-los como sustento. O meu grupo nunca foi muito reduzido, tem variado sempre de quinze a cinquenta homens. 
Adendo

Dr. Octacílio Macedo - médico de Crato - CE.

Quando Lampião cedeu esta entrevista ao médico de Crato, Dr. Octacílio Macedo, no Juazeiro do Norte, o ano era 1926. Ainda não existiam mulheres no grupo de cangaceiros. 

A cangaceira Maria Bonita

Somente em 1930 foi que Lampião levou Maria Bonita para participar do seu movimento. Ela viveu com Lampião até 28 de Julho de 1938, quando ambos foram assassinados na madrugada deste dia, na Grota de Angico, no Estado de Sergipe. Para as volantes dos governos do Nordeste Brasileiro exterminarem este casal de cangaceiros, levaram mais de duas décadas. Lampião foi considerado o cangaceiro mais famoso e importante do Nordeste. Geralmente nos combates, o vencedor era Lampião. 

José Mendes Pereira

http://www.sertaoinformado.com.br/conteudo.php?id=20451&sec=2&cat=Marcelino%20Mariz

MENINEU (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

Menineu: eu menino, menino eu. Contração de vida, passado traquina e cheio de estripulias. Sei não, sei não, pois diziam que eu era sério demais, fechado demais, metido a besta, bem diferente da meninada lá nas distâncias de Nossa Senhora da Conceição do Poço Redondo.

Talvez fosse mesmo metido a besta. Não devia ter feito aquilo não, mas um dia desmontei do meu cavalo de pau e fui ler aquele livrão bonito de Margaret Mitchell, grosso, com o desenho na capa de Rett Butler diante da face de Scarlett O’Hara, quase num beijo, tendo ao fundo uma Tara avermelhada de fim de tarde. Tempo que o vento levou...


Nunca fui de ler livros com histórias infantis, contos fantasiosos e tramas de castelos encantados. Gostava de ouvir estórias, seja do que fosse, mas todas saídas da boca da minha avó. Enredos simples, humanos, muitas vezes envolvendo um bicho que vivia à espreita de menino malino demais e desobediente. Tinha endereço certo, eu sabia.

Mas um dia interrompi minha velhinha para contar uma coisa diferente, uma história criada por mim, mas sem que ela soubesse que eu era o próprio autor. Fui criando o enredo naquele mesmo instante, fazendo de tudo para encaixar uma situação com a outra e chegar a um desfecho compreensível.

E contei a história do menino que nunca chegou. Um homem e uma mulher se casaram e se prepararam para a chegada do filho, porém o menino nunca chegou. Os dois iam envelhecendo e nada do menino chegar. Ficaram bem velhinhos e o menino nunca chegou. E terminei perguntando se aquele menino que nunca chegou não seria aquele que sempre falta na nossa amizade.

Minha avó achou a história bonita e comovente, porém muito intrincada e séria demais pra sair da boca de um menino. Perguntou-me aonde eu tinha lido ou ouvido aquilo e tive de responder que havia sido num livro velho que havia encontrado em casa. Percebi que acabou aceitando um tanto desconfiada.

Naqueles tempos eu já queria ser escritor. Gostava de ler e depois ficar imaginando como o autor encontrou tanta coisa para formar uma história. Lia livros famosos como Pássaros Feridos, A Boa Terra e O Fio da Navalha. Também tinha na minha estante O Pequeno Príncipe, A História de Fernão Capelo Gaivota, Polyanna e O Apanhador no Campo de Centeio.

Mas o que achava impressionante mesmo eram aqueles livrinhos de faroeste, de bang-bang, relatando aventuras de xerifes, de mocinhos e mocinhas, cowboys, índios, saloons e duelos sangrentos ao por do sol. Tudo acontecia em Chayenne, Novo México, Arizona, Colorado ou num lugarejo qualquer durante a marcha americana para o oeste. E todos os livros escritos por um só autor: Marcial Lafuente Estefania. Isso era o que mais me impressionava.

Brincava de ler, mas também deixava momentos para brincar de brincadeira mesmo. Quando digo brincar de ler o faço no sentido da viagem maravilhosa que é ladear universos acompanhando personagens, torcendo por isso ou aquilo, tentando mudar a história segundo nossa concepção de realidade. E tantas vezes conversei com personagens que ainda hoje tenho um montão de amigos espalhados pela casa.


Naquela infância primeira - pois até hoje sou menino na vida – recebi um presente que até hoje conservo com devoção, coisa de paixão sempre alimentada. Eis que me chega uma coleção novinha de Jorge Amado. Livros de capa dura, vermelhos com letras douradas, em todos estampados as relíquias amadianas.

Fui menino grapiúna também, bebi no mesmo copo do velho Quincas, o Berro D’água; apaixonei-me por Gabriela, Tereza Batista e tantas outras morenas de nordeste e de cais, de engenhos e morros. Ainda hoje vejo aqueles senhores coronéis tramando a sorte do mundo, chamando jagunços para as tocaias lá pelo São Jorge dos Ilhéus. E que tocaia, uma Tocaia Grande!

Daí a certeza que minha infância não teve percurso, mas pulos. E pulo em brinquedo de parque, daqueles que a gente vai pra frente e pra trás. Por isso mesmo nunca saio de lá, da minha infância que traçou destino. Sina do homem que ainda é menino. Menineu: menino em mim, menino eu.

(*)Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Despedida (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
]Rangel Alves da Costa

Despedida


Coragem irmão
não vou acenar
já não tenho lágrima
também um abraço
seria um tormento
siga adiante
não olhe atrás
não me veja
desse jeito triste
que eu vou ficar
tanto desalento
não sei suportar

antes de partir
só tenho um pedido
pegue o alforje
encha de lembrança
seu retrato antigo
ainda criança
quadro na parede
os pais como herança
leve também
um pouco de barro
um pedaço de chão
pra matar saudade
se der aflição

e também leve
pode levar meu irmão
um pedaço de mim
metade do coração
leve um raio de lua
um tico de sol
desse seu sertão
não esqueça a fé
tanta devoção
vai precisar demais
precisar de tudo
e de coragem irmão...


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Corisco

Por: Juarez Conrado

"O penúltimo facínora a deixar o cangaço foi Moreno, que abandonou no dia 2 de fevereiro de 1940, juntamente com a sua companheira, a Durvalina. Durvalina faleceu em 2008 e  Moreno em 2010. 

Moreno e Durvalina

O último foi Corisco, quando foi assassinado pelo policial José Rufino, no dia 25 de Maio de 1940".

Este foi o último cangaceiro do Nordeste

Parece-me desnecessário descrever a atuação de Cristino Gomes da Silva durante o período em que o cangaço infernizava a zona sertaneja.

Louro, olhos azuis, bela compleição físico e muito bonito. Corisco, ou ainda Diabo Loiro, como também se tornou conhecido e famoso muito jovem praticou dois crimes em sua cidade, vendo-se obrigado a fugir para Sergipe.

Ninguém será capaz de afirmar com precisão o número de mortes feitas pelo bandido, que tinha como uma maneira toda especial e horrível de punir suas vítimas: castrá-las. 

Em termos de crueldade bastará rememorar a chacina de 3 de Agosto de 1938, na cidade de Piranhas, quando a título de vingança contra o traidor - que não foi, realmente -responsável pela morte de Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros na gruta do Angico, fez justiça a seu modo.

Demonstrando impressionante frieza e aparentemente se qualquer objetivo violento em sua chegada à fazenda Patos, sangrou nada menos de 6 pessoas da família que o acolhera amistosamente, sem imaginar o diabólico plano por ele arquitetado.

O cangaceiro Zé Baiano assassinou a companheira Lídia  com pauladas - Motivo: Traição dela

Juntamente com Zé Baiano era apontado como um dos mais crueis cangaceiros do bando, entre os quais, como sua figura maior, destacou-se o impetuoso Gato.

Fonte:
"Lampião Assaltos e Mortes em Sergipe"
Autor: Juarez Conrado
Páginas: 42 e 43
Aracaju - Sergipe

http://blogdomendesemendes.blogspot.com