Não tenho a fonte deste artigo, vez que o encontrei em um recorte. Se o autor se sentir prejudicado, envie-me e-mail para: josemendesp58@hotmail.com, que eu colocarei o seu nome no artigo.
Diz que como ainda não era famoso, e não tinha dinheiro para sustentar o seu respeitado bando de cangaceiros, Lampião descaradamente, mandou pedir uma quantia em dinheiro à dona Joana Vieira de Siqueira Torres, a baronesa de Água Branca (município que pertencia a Vila de Piranhas), para poder equipar os seus homens, já que não dispunha de recursos.
Ainda mandou lhe dizer, que se ela não negasse a sua solicitação, jamais seria incomodada outra vez, nem por ele, e nem por qualquer outro do cangaço. Se ela o atendesse, e se ele posteriormente tomasse conhecimento de qualquer exploração a ela, o sujeito que havia solicitado a quantia, mesmo que fosse homem do seu bando, com certeza, estaria marcado para morrer, na mira do seu mosquetão.
Infelizmente a baronesa não satisfeita com o seu pedido, não o atendeu. E mandou-lhe um recado desaforado pelo mesmo portador: “-Diga ao seu chefe, que o dinheiro que tenho, é para compra de munição, com a qual pretendo arrancar-lhe a cabeça”.
Foto da baroneza Joana Sandes Torres - cedida gentilmente pelo escritor João de Sousa Lima
Mas a baronesa, talvez, não sei, arrependeu-se do que disse. Com medo de Lampião tomar-lhe algo na força e na raça, pediu ao governo do Estado que mandasse reforçar a guarda de seu território, com uma força policial mais equipada de homens e armas. (Lampião ainda não tinha feito o assalto).
Assim que o mensageiro deu o recado desaforado da baronesa, Lampião virou-se numa fera humana, com vontade de sangrá-la. E pensou de imediato dar-lhe o troco. Mandou comprar algumas redes e as preparou, segundo os costumes locais de carregar mortos (onde um pedaço de madeira é colocado de um punho a outro, sendo carregado nos ombros por dois homens robustos). Preparou tudo com muito cuidado.
Depois de pronto, mandou que seus homens se vestissem como pessoas comuns do lugar: com roupas simples e chapéus de palha, descalços, ou com sandálias. Fuzis, punhais e cartucheiras foram escondidos nas redes, no lugar onde deveriam estar os supostos mortos, enrolados em panos úmidos com groselha para dar aparência de sangue.
Prontos, dirigiram-se à porta da delegacia. E aos gritos assustadores, um dos asseclas, disfarçado, gritou para o soldado de plantão: “-Acuda, meu sinhô praça! Mande gente lá pás bandas do puvuado da Vage, que a caboêra de Lampião istá acabando cum tudo lá. Já matarum estes daqui, e ainda há muito morto im montes. Ande dipreça, ôme de Deus! Num se demore! Se não vai morrê mais gente no puvuado da Vage”
O inexperiente militar chamou imediatamente o corneteiro, que às pressas, tocou a corneta para reunir os policiais. Foi o momento propício para a execução do plano de Lampião. Os cangaceiros retiraram as armas das redes e empunhadas contra o pelotão policial, que já estava pronto para sair à procura dos ditos bandidos de Lampião. E enquanto a polícia era rendida, outra parte do grupo já agia no saque à casa da baronesa, em companhia de Lampião.
Depois de saquear as riquezas da baronesa, ele foi até ela e, fitando-a, esbravejou: “-E o que istá pensano agora, sinora baronesa? Ainda pensa im arrancá a mina cabeça? Vêna cumigo! Vamu dá uma vortinha pela cidade, pá qui vosmicê e todos daqui saibum qui cum Virgulino num si brinca, e nêim se manda recado disaforado”.
E fez a baronesa de grande prestígio público, segurar seu braço e andar com ele, desfilando pela cidade, como se ela fosse a sua esposa. Este foi o primeiro de vários grandes assaltos cometidos pelo bando de Lampião.
Diz que isto aconteceu em Água Branca, no dia 26 de junho de 1922, poucos dias depois que Lampião tinha assumido o comando do grupo de Sinhô Pereira. Jovem ainda, aos 24 anos de idade. (Como a polícia não conhecia todos os bandidos de Lampião, foi enganada pelos asseclas. Os cangaceiros fizeram o assalto com grande sucesso, levando as riquezas da baronesa).
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