Seguidores

domingo, 17 de abril de 2011

O cantor Gonzaguinha - Filho do rei do baião


            Gonzaguinha era filho do cantor e compositor Luiz Gonzaga do Nascimento e de Odaleia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil, que morreu de tuberculose aos 46 anos. Acabou sendo criado pelos padrinhos Dina e Xavier.


Odaleia Guedes dos Santos

            Compôs a primeira canção "Lembranças da Primavera" aos catorze anos, e em 1961, com 16 anos foi morar em Cocotá com o pai para estudar. Voltou para o Rio de Janeiro para estudar Economia, pela Universidade Cândido Mendes Ari Fontera. Na casa do psiquiatra Aluízio Porto Carrero, conheceu e se tornou amigo de Ivan Lins. Conheceu também a primeira mulher, Ângela, com quem teve dois filhos: Daniel e Fernanda. Teve depois uma filha com a atriz Sandra Pêra: a atriz Amora Pêra.


           Foi nessa convivência na casa do psiquiatra, que fundou o Movimento Artístico Universitário (MAU), com Aldir Blanc, Ivan Lins, Márcio Proença, Paulo Emílio e César Costa Filho. Tal movimento teve importante papel na música popular do Brasil nos anos 70 e em 1971 resultou no programa na TV Globo Som Livre Exportação.

            Característico pela postura de crítica à ditadura, submeteu-se ao DOPS, assim, das 72 canções mostradas, 54 foram censuradas, entre as quais o primeiro sucesso, Comportamento Geral. Neste início de carreira, a apresentação agressiva e pouco agradável aos olhos da mídia lhe valeram o apelido de "cantor rancor", com canções ásperas, como Piada infeliz e Erva.


           Com o começo da abertura política, na segunda metade da década de 1970, começou a modificar o discurso e a compor músicas de tom mais aprazível para o público da época, como Começaria tudo outra vez, Explode Coração e Grito de alerta, e também temas de reggae, como O que é o que é' e Nem o pobre nem o rei. As composições foram gravadas por muitos dos grandes intérpretes da MPB, como:


Maria Bethânia,

 

Simone,


Elis Regina

 

Fagner

           (Redescobrir ou Ciranda de Pedra), Fagner, e Joanna. Dentre estas, destaca-se Simone com os grandes sucessos de Sangrando, Mulher, e daí e Começaria tudo outra vez, Da maior liberdade, É, Petúnia Resedá.

           Em 1975 dispensou os empresários e se tornou um artista independente, o que fez em 1986, fundar o selo Moleque, pelo qual chegou a gravar dois trabalhos.

           Nos últimos doze anos de vida, Gonzaguinha viveu em Belo Horizonte com a segunda mulher Louise Margarete Martins—Lelete e a filha deles, a caçula Mariana.

Louise Margarete Martins

 Morte

            Após uma apresentação em Pato Branco, no Paraná, Gonzaguinha morreu aos 45 anos vítima de um acidente automobilístico às 07:30h do dia 29 de abril de 1991, entre as cidades de Renascença e Marmeleiro, enquanto dirigia o automóvel rumo a Francisco Beltrão, depois ia a Foz do Iguaçu. Este trágico acidente encerrou de forma repentina a sua brilhante carreira.

Maiores Sucessos

1973 - Comportamento Geral1976 - Chão, Pó, Poeira
1976 - Sangrando
1977 - Espere Por Mim, Morena
1979 - A Vida Do Viajante (Com Luiz Gonzaga)
1980 - Ponto De Interrogação
1980 - Começaria Tudo Outra Vez
1982 - O Que É O Que É?
1982 - Ser, Fazer, Acontecer
1983 - Feliz
1984 - Lindo Lago Do Amor
1984 - Nem O Pobre Nem O Rei
1986 - Mamão Com Mel
1988 - É
1989 - De Volta Ao Começo
1991 - Avassaladora
1994 - Grito De Alerta


Fonte: Wikipédia

Amigo leitor:

Se você deseja ir mais além sobre a vida de Gonzaguinha, leia em: Wikipédia. 


A história do cangaço é revivida hoje, em Limoeiro do Norte,

após 80 anos da passagem do bando pelo município

Reprodução
 
Bando de Lampião em Limoeiro do Norte em 1927

           Limoeiro do Norte. Poucos acontecimentos de apenas algumas horas perpetuam na história do Ceará, como a passagem de Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”, por Limoeiro do Norte, há exatamente 80 anos. O cabra foi posto para correr de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde até hoje festejam a resistência ao cangaceiro. Depois de receber a “chuva de balas” dos potiguares, aceitou os cumprimentos “tensos” dos limoeirenses, no dia 15 de junho de 1927. O rebuliço foi consolado pela “visita em paz” do rei do cangaço nas terras de seu Padim Ciço. Nunca mais Limoeiro foi o mesmo.
          “Prefeito de Limoeiro, Urgente. Lampião acaba atacar Mossoró. Depois forte resistência conseguimos rechaçá-los, ficando um morto outro prisioneiro. Saudação. Rodolfo Fernandes, Prefeito Municipal”. O recado do prefeito de Mossoró chegou em telegrama às mãos de Custódio Saraiva, Juiz de Paz em Limoeiro e responsável por defender o município, dada à ausência do prefeito. Naquela hora seu Custódio almoçava, não comeu mais. Telegrafou para a Secretaria de Polícia, em Fortaleza, que devolveu a batata quente para que “agisse como pudesse”. A cidade foi evacuada imediatamente.
 
 
Prefeito de Mossoró -Rodolfo Fernandes
 
             Como era de seu feitio, Lampião entrou no Ceará guiando os fios do telégrafo. O “cabra” cavalgou com seus quarenta e tantos homens (o número é incerto) pela Estrada da Solidão, na Chapada do Apodi. Anísio Batista, morador da Lagoa do Rocha, teria sido o primeiro a ver Lampião e, inclusive, anunciado sua chegada. “Então disse Lampião/ vá até Limoeiro/ pergunte às autoridades/ se recebe um forasteiro/ desprovido de maldades/ como um nobre cavalheiro”, poetizou Irajá Pinheiro, memorialista local e também membro da Academia Limoeirense de Letras, sobre o encontro inusitado.

 
Lampião
 
             Lampião fugiu de Mossoró carregando dois reféns: Dona Maria José do Catolé do Rocha e o Coronel Gurgel, sogro do gerente do Banco do Brasil potiguar.

 
Coronel Antonio Gurgel do Amaral

            O cangaceiro queria, telegrafando de Limoeiro, cobrar de Mossoró 80 contos de réis como pagamento do resgate dos reféns. “Passei o telegrama para Mossoró, em caráter de urgência, e dentro de poucas horas obtive a resposta: ‘prefeito de Limoeiro, urgente. Seguiu portador, montado a cavalo, conduzindo numerário resgate prisioneiros’”. A informação é do próprio Custódio Saraiva, juiz de Paz, em entrevista ao boletim “Campus”, da Universidade Estadual de Londrina, em 1979, 52 anos depois da visita “ilustre”.

 Melquíades Júnior
 
Yolanda Castro, geógrafa de Limoeiro, fala com entusiasmo sobre a passagem de Virgulino Melquíades Júnior

            O bando de cangaceiros famintos foi “presenteado” com jantar no Hotel Lucas, no Largo da Igreja Matriz. A Prefeitura mandou matar um boi e sinhá Arcanja, escrava de Custódio, ficou de servir a tropa. Lampião, que não era besta nem nada, mandou gente da cidade provar da comida, pois poderia estar envenenada.  
 
 
Napoleão Bonaparte
 
            Até pensaram em colocar algum negócio no “vinho”, mas desistiram, que bandido é cabra esperto. Lampião, então, admirador que era de Napoleão Bonaparte, era “gato escaldado”. 
 
Lenços vermelhos

            Dizendo estar em paz, já que em terra de Padre Cícero mal algum ele faria, Lampião passeou pela pequena cidade, e, na bodega de Getúlio Chaves, até comprou lenços vermelhos, à época adornavam a indumentária cangaceira. O bandido também levou uma ruma de perfume Quinta-Feira – tinha esse nome por fazer parte da tradição casamenteira e os matrimônios aconteciam nesse dia especial da semana.
 
Melquíades Júnior
 
Angirlene Lima, do curso de História da Fafidam, faz monografia sobre Lampião e seu bando - Melquíades Júnior
 
               Conta dona Lirete Saraiva, filha viva de seu Custódio, que seu pai “foi um homem forte, de encarar Lampião sem arma nem nada, defendendo a cidade”. De outro modo, o jornal “O Ceará”, de Fortaleza, reclamava “humilhação” porque passou Limoeiro por não enfrentar Lampião, enquanto Mossoró havia botado o homem pra correr sob balas.
 
Soar das Cornetas
           
             Lampião era destemido e temido, mas o certo é que estava cercado pelos cearenses. Do telefone do Telégrafo, do qual se “apossou” para mandar seus avisos, ouviu o soar da corneta em Russas. Era a Polícia que já estava pronta para ir para Limoeiro. Não podendo mais esperar a chegada dos 80 contos de réis de resgate dos reféns, os cangaceiros fugiram pela banda dos Morros, onde havia umas pedras identificadas como “Gruta de Lampião”.
 
 Vídeo da "Gruta de Lampião"

 
 Vídeo extraído do Blog Limoeiro do Norte
 
             No município de Palhano, abandonaram os dois reféns, quando do embate contra os volantes da Paraíba e Rio Grande do Norte. Em seguida, Lampião deixava a região jaguaribana rumo ao Cariri de seu Padim Ciço, dado como o “salvador” do povo de Limoeiro. 

Melquíades Júnior
Colecionador
 
Blog: Regional - Diário do Nordeste e Blog Limoeiro do Norte 


Literatura de Cordel: De Portugal para o Nordeste

 
             Oriunda de Portugal, a literatura de cordel chegou no balaio e no coração dos nossos colonizadores, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali se irradiou para os demais estados do Nordeste.


               A pergunta que mais inquieta e intriga os nossos pesquisadores é "Por que exatamente no nordeste?". A resposta não está distante do raciocínio livre nem dos domínios da razão. Como é sabido, a primeira capital da nação foi Salvador, ponto de convergência natural de todas as culturas, permanecendo assim até 1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro.
              Na indagação dos pesquisadores no entanto há lógica, porque os poetas de bancada ou de gabinete, como ficaram conhecidos os autores da literatura de cordel, demoraram a emergir do seio bom da terra natal. Mais tarde, por volta de 1750 é que apareceram os primeiros vates da literatura de cordel oral. Engatinhando e sem nome, depois de relativo longo período, a literatura de cordel recebeu o batismo de poesia popular.
Foram esses bardos do improviso os precursores da literatura de cordel escrita. Os registros são muito vagos, sem consistência confiável, de repentistas ou violeiros antes de Manoel Riachão ou Mergulhão, mas Leandro Gomes de Barros, nascido no dia 19 de Novembro de 1865, teria escrito a peleja de Manoel Riachão com o Diabo, em fins do século passado.
             Sua afirmação, na última estrofe desta peleja (ver em detalhe) é um rico documento, pois evidencia a não contemporaneidade do Riachão com o rei dos autores da literatura de cordel. Ele nos dá um amplo sentido de longa distância ao afirmar: "Um velho daquela época a tem ainda gravada".


Palavras-chave: Cordel, Literatura de Cordel, Nordeste

LUCIANO CARNEIRO
  

Luciano Carneiro

            Poeta, carroceiro, violeiro, autor de vários cordéis, Luciano Carneiro, 63 anos, tornou-se tipógrafo. Abraçado com uma velha impressora da marca Consani, importada da Itália, Luciano passa o dia imprimindo cordéis na sede da Academia dos Cordelistas, localizada ao lado do Cemitério do Crato. O sonho do poeta é colocar em funcionamento uma Intertype, ou linotipo, compositora mecânica que grava as palavras em chumbo, substituindo a composição manual letra por letra. Esse trabalho é feito pelo chapista Vicente Nascimento Silva, 49 anos, remanescente da Empresa Gráfica Ltda., que editava o jornal "A Ação", órgão da Diocese de Crato.


Luciano Carneiro

            Por enquanto, a Academia dos Cordelistas está editando, no máximo, três cordéis por semana. O custo fica em torno de R$ 0,30, cada um. "Não temos condições de competir com os cordéis feitos em computadores", lamenta. Mas o bom cordelista prefere o método tradicional. "É mais romântico, mais fiel às sua origens", diz.

           Luciano explica que há vários tipos de cordéis. O encomendado é aquele que trata de um determinado assunto social ou político. "O interessado diz o assunto e a gente transforma em versos. Recentemente, foi feito um sobre a dengue", lembra. O bom cordel é aquele que nasce da inspiração. Ao fazer essa diferença, Luciano diz que costuma produzir seus cordéis durante a madrugada, das 4 às 6 horas. São geralmente histórias da infância, ou lendas medievais, evolvendo reis e rainhas.

Em um dos seus cordéis, Luciano diz:

Zefa acende o candieiro
Bota logo a janta minha
Um arrozim cum galinha
Quela cria no chiqueiro
E assim qui eu acabo
Acendo um cigarro brabo
E vou pofá no terreiro
Chamo Joaquim ou Mané
E mando lê um cordé
Qui fala de cangaceiro
História de Lampião
Ou então de Pade Ciço
Qui o povo aqui gosta é disso
De pade e de valentão
Qui ajunta a viziança
E nós cunversa lambança
Até a lua pendê
Adispois nós vai dromi
Qui a gente qui mora aqui
Temo muito o qui fazê.
Tem seica pra remontá
Vaca pra curá bicheira
Conserto de cambiteira
E roçado pá limpá
Um vai arrancá mandioca
E outro vai quimá broca
Outro tem mi pra cuiê
Ninguém faz é inricar
Mais se agente trabaiá
Nunca farta o qui comê.


            Antônio Vicelmo
           "Diário do Nordeste", 25-5-2005
           Luciano Carneiro Lima
           Atividade:  Cordelista e Tipógrafo
           Endereço: Travessa Potengi,496/Crato-CE
           Nascimento: 07 de janeiro de 1942

           "Seu Luciano Carneiro:

           Parabenizo-lhe por ter escolhido esta profissão fantástica, juntar-se letra por letra e depois ver a grande arte que a gente fez, com estética.
          Fui tipógrafo durante 12 anos, iniciando "chapista", mãos ao velho componidor e bolandeira. Posteriormente assumir a função de "linotipista", só tendo uma diferença do senhor, não sou poeta. 
           Sobre a velha e quase extinta tipografia,  conheço tudo, e apesar de tantos anos não mais exercer esta atividade, ainda faço algumas chapas com rapidez, na tipografia pé duro do meu irmão Antonio Mendes Sobrinho. 
            Mais uma vez parabenizo-lhe!

            José Mendes Pereira"