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sexta-feira, 12 de abril de 2013

LAMPIÃO O FILME - EM MOSSORÓ


Por: Kydelmir Dantas (*)

Desde que saiu a notícia sobre as filmagens d’uma ficção baseada em fatos reais, cujo tema é o Cangaço e a personagem principal é Lampião e que as primeiras cenas serão filmadas em Mossoró, sobre a invasão de 1927, que somos questionados nas ruas e no trabalho: “Você está por trás disto?” “E aí, já conheces o roteiro?” “Fostes contactado pela produção?” A resposta é sempre, não!

Sei que as perguntas são devido ao nosso conhecimento do tema – modéstia a parte - principalmente sobre a resistência, e a nossa participação, como consultor histórico no espetáculo ‘Chuva de bala no País de Mossoró’.

Neste domingo (07/10/2012) encontro nas páginas do ‘Universo’, caderno cultural d’O Mossoroense, uma matéria sobre o filme... Que começa assim: “Vem aí mais uma produção sobre o cangaceiro Lampião”. 


E logo no segundo parágrafo me aparece o que denominam de ‘licença poética’, o que sempre é de praxe, principalmente em se tratando de cangaço, para muitos não passa da falta de compromisso com a História. Nas palavras do diretor Bruno Azevedo isto fica claro: “A intenção não é glorificar a imagem de Lampião, mas mostrar um lado pouco conhecido dele.”

Qual será? Porque, ultimamente, até sobre o rei do cangaço ter sido gay um juiz de Sergipe escreveu ter ‘encontrado evidências’– não comprovadas – e publicou num livro, que ora está sub-júdice em ação impetrada pela família Ferreira.


Depois de tantos livros sobre a personalidade, a figura, o homem, o cangaceiro... Ainda teremos novidades? Pra se ver o quanto o mito Lampião é forte!

Noutro parágrafo, o diretor disse: “Vamos registrar a retirada dos cangaceiros da cidade de Mossoró, não como derrotados, mas como estratégia de guerra, em que eles perceberam a desvantagem e decidiram sair.”

Pronto! Eis uma novidade! A derrota como estratégia de guerra.

Que não é tão nova, pois ainda é lembrada a ‘fuga como forma heróica de resistir’, defendida por um neo-historiador nos 80 anos da Resistência, quando criou uma trincheira de 


Jerônimo Rosado, composta por alguns que não estavam em Mossoró naquela tarde do dia 13 de junho de 1927.

Depois vem uma série de ‘novidades’ no parágrafo ‘protagonista real’... Dentre elas, que Lampião trabalhava como artesão até os 21 anos e usava óculos para a leitura. Outra, que começou aos 21 anos no cangaço, devido a morte do pai em confronto com a polícia e que seu bando ‘nunca’ ultrapassou de 50 homens.

Vamos a estas últimas novidades: O motivo da entrada de Virgolino no cangaço não foi a morte do pai, ocorrida em 1921, já que ele estava envolvido em pequenos grupos de cangaceiros desde 1917; a morte do pai foi apenas um escudo ético usado por Lampião para justificar-se, diante da opinião pública, como um homem que fez do cangaço o seu meio de vida durante 20 anos. (Ler a entrevista dada por Lampião em Juazeiro do Norte – CE, a 6 de março de 1926).

O uso dos óculos veio após ferimento no olho, durante um combate. (O Espinho do Quipá – Antonio Amaury & Vera Ferreira).


Se no ataque a Mossoró o grupo de bandoleiros tinha mais de 50 homens, como é que ‘seu grupo NUNCA ultrapassou este número’? Ora, é sabido que Lampião chegou a comandar diretamente mais de 100 cangaceiros e indiretamente mais de 200! Não foi à toa que ele dividiu seu bando em subgrupos, que a ele rendiam obediência e prestavam-lhe contas; por exemplo, temos depoimentos dos cangaceiros, ainda vivos, 

Candeeiro

Candeeiro (PE) e Vinte e Cinco (AL), corroborando nossas pesquisas.

João de Sousa Lima e o cangaceiro Vinte e Cinco

Agora, uma novidade bem ‘novidadesinha’. O ator que interpretará Lampião será do sudeste... Imaginem o ‘sotaque nordestino’ que o cabra vem trazendo, heim!

Portanto, continuamos na mesma, com relação ao cinema cangaço... A maioria não passa de licença poética que não respeita a História como ela aconteceu. É só esperar pra ver.

(*) Pesquisador e escritor pertencente ao quadro de sócios do ICOP; de Nova Floresta – PB, radicado em Mossoró - RN.

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O Padre Cícero fez a nascente República tremer de medo!

Por: Napoleão Tavares Neves

Em 1897, quando, pressionado pela Congregação do Santo Ofício, o Padre Cícero teve de deixar Juazeiro dentro de 10 dias, viajando a cavalo para Salgueiro, a nascente República tremeu de medo do nosso humilde e obediente “Patriarca de Batina”, temendo que ele fosse para Canudos auxiliar Antônio Conselheiro. 

Padre Cícero

Como prova do que acima afirmei, basta que se leia o apressado telegrama do Governador de Pernambuco, Correia de Araújo, aos juízes e delegados de Polícia de Salgueiro, Leopoldina, Granito, Ouricuri e Cabrobó: “Constando Padre Cícero deixou Juazeiro do Crato procurando Canudos para auxiliar Antônio Conselheiro, vindo por Água Branca, peço informeis máxima urgência que há de verdade, bem como qual a distância entre Crato e o rio São Francisco”.

Portanto, o medo da capacidade de mobilização popular do Padre Cícero fez tremer os alicerces do Governo naquela conturbada ocasião, quando se misturavam no cadinho da História, os sonhos republicanos, os boatos sobre Canudos e os intrincados meandros da complicada “Questão Religiosa” do Juazeiro. Instalou-se, realmente, o pânico nos arraiais do Governo com medo de um padre humilde, modesto, pacífico e desarmado que tinha somente o povo a seu favor.Quando o Padre Cícero estava homiziado em Salgueiro, Pernambuco, o Bispo de Olinda passou o seguinte telegrama ao Vigário de Salgueiro, Padre João Carlos Augusto, certamente pressionado pelo Governo que se sentia inseguro com os trôpegos passos da nascente República: “Padre Cícero está aí? Não posso aprovar sua responsabilidade qualquer ato mesmo aí. Não tolero pretensão agitar povo. Responda.” Nas entrelinhas do telegrama em epígrafe, nota-se o medo de todos de um humilde sacerdote que, desarmado, discriminado e abandonado pela própria Igreja, só tinha a seu favor a des-comunal força do povo que o seguiria a um simples estalar de dedo. A capacidade de mobilização popular do Padre Cícero abalava as bases do próprio Governo. Incrível!

Delmiro Gouveia

O empresário cearense, então radicado no Recife, Delmiro Gouveia, tinha interesses comerciais em Salgueiro e estava intranqüilo com a boataria que cercava a permanência temporária do Padre Cícero naquela cidade pernambucana. Diante disto, contatou com o seu representante comercial em Salgueiro e dele recebeu o seguinte telegrama dizendo da ação conciliadora e até pastoral do Padre Cícero na terra de Veremundo Soares: “Questões daqui vão tomando caráter pacífico. Padre Cícero do Juazeiro tem sido incansável. Havia adjacências essa Vila cerca de trezentos homensem armas. Ele tem conseguido desarmar grande parte e retrair o resto. É possível em breve tempo entrarmos inteira calma.”.

   Efetivamente, durante a sua curta permanência em Salgueiro, o Padre Cícero conseguiu pacificar as famílias Farias e Maurícios que estavam em pé de guerra. Entre ambas o choque armado era iminente, mas a salvadora autoridade moral do Padre Cícero conseguiu desarmar os espíritos. Assim, enquanto o Padre Cícero pacificava Salgueiro, os boatos diziam que ele arregimentava homens armados para ajudar Antônio Conselheiro em Canudos. Todos o temiam, apesar da sua humildade e pacifismo. A imprensa, erradamente, encarregava-se de distorcer a sua benfazeja ação conciliadora por onde passava. Todos o temiam inclusive a nascente República que apenas engatinhava. O pânico tomava conta dos bastidores do Governo, em quase histeria coletiva e o Padre Cícero era o centro das preocupações. Certamente, foi o Padre Cícero o homem mais perseguido, caluniado e injustiçado do Brasil! Nem a sua Igreja o poupou!

 
Napoleão Tavares Neves

Com medo do Padre Cícero, medo infundado e inconsequente  o Presidente de Pernambuco, Correia de Araújo, instalou um Pelotão da Polícia Militar em Salgueiro, como estratégia para barrar a passagem dos romeiros do Juazeiro para auxiliar Canudos, coisa que nunca passou pela cabeça do nosso “Patriarca de Batina”. Era o pânico que tomou conta dos bastidores do Governo a partir de 1892. A situação era confusa: no cadinho das aspirações populares três fatos importantes dominavam o Nordeste: A República nascente, A Guerra de Canudos, A Questão Religiosa do Juazeiro com o Padre Cícero no ápice dos boatos. O sertão ardia em apreensões de toda ordem. E o Padre Cícero via tudo aquilo espantado, sem saber o que fazer. Anonimamente, usava Salgueiro apenas como plataforma de espera para a sua viagem a Roma. De Salgueiro mesmo ele telegrafara ao Papa Leão XIII e arrumava as malas para a grande viagem que equivaleria, nos dias de hoje, quase que, como uma viagem a lua.  Coitado do Padre Cícero que nada fizera para merecer tanto! Dizia-se que o Padre Cícero era muito rico, mas ele sequer teve dinheiro para a sua grande viagem, sendo necessário a ajuda de amigos. Pois bem, tempos depois, o Presidente Correia de Araújo viu que estava totalmente errado em relação aos seus infundados temores contra o Padre Cícero e procurou ajudar nas despesas da sua longa viagem a Roma. Antes tarde do que nunca. 

Enquanto isto, outros erraram contra o Padre Cícero e teimam no seu erro. Neste particular o radicalismo agrava os erros, enquanto o remédio do tempo mostra que o Padre Cícero foi o mais injustiçado e o mais perseguido dos brasileiros. Só isto e nada mais! Somente o tempo poderá sarar tais feridas e o vem fazendo à luz da História. Este modesto texto se insere neste contexto. O Presidente de Pernambuco, Correia de Araújo, assombrado com os boatos de que o Padre Cícero deixara Juazeiro abruptamente para auxiliar Antônio Conselheiro em Canudos, telegrafou aos juízes Manoel Lima Borges, Olímpio Ronald, Honorato Marinho e Praxedes Brederodes, de Salgueiro, Leopoldina, Ouricuri e Cabrobó, respectivamente, com indagações sobre a ação do Padre do Juazeiro nestes municípios. Era “uma indagação repassada de temor não disfarçado”, segundo afirma o pesquisador, Dr. Frederico Pernambucano de Melo. Os citados juízes, por unanimidade, responderam ao Presidente do Estado que nada havia de concreto na boataria reinante. E assegura ainda Frederico Pernambucano de Melo: “Poucas vezes a história terá engendrado um mal entendido tão hábil em seu potencial deletério”.
    

O Padre Cícero, sim, deixara Juazeiro contra a sua vontade, humildemente, para cumprir a ordem da Congregação do Santo Ofício, sob pena de excomunhão. Saiu do Juazeiro anonimamente e assim permanecia em Salgueiro, somente enquanto delineava os seus planos para a sofrida viagem a Roma, apenado que fora pelo Bispo do Ceará, em 1892 e 1896, tudo por conta do chamado “Milagre da Hóstia", de 1889. Ora, se ainda hoje não se explicou convenientemente o fenômeno da hóstia, como poderia o velho sacerdote explicá-lo naquela recuada época, como queria o Bispo do Ceará?   Faz-se mister que o presente corrija as distorções do passado e lute pela esperada reabilitação do carismático sacerdote tão estigmatizado injustamente. Será a JUSTIÇA DE DEUS NA VOZ DA HISTÓRIA. 

Napoleão Tavares Neves
Memorialista, pesquisador, escritor
Conselheiro Cariri Cangaço


http://cariricangaco.blogspot.com

Caminho Certo Por:Juliana Ischiara


Por:Juliana Ischiara

"Todas as vezes que recebo uma notícia do Cariri Cangaço, meu coração se enche de alegria, principalmente por este merecido crescimento, como é bom acompanhar esse reconhecimento, significa que estamos no
caminho certo."

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A formidável produção poética da Professora Marinalva Freire da Silva


Por: José Romero Araújo Cardoso

A Professora Dra. Marinalva Freire da Silva é uma mulher de coragem, que não tem receios de bradar contra injustiças e não se acomoda diante de aflições que acometam seus semelhantes. Ela possui o dom divino de enxugar lágrimas e distribuir esperanças.
             
Deus é Amor! Frase Sagrada proferida com insistência pela Professora Marinalva, a qual sintetiza sua fé inquebrantável na Sagrada Providência. Marinalva tem me ensinado a amar, a perdoar e a acreditar sempre que Deus age no tempo certo.  
          
A nobreza e a fidalguia da magistral Professora Dra. Marinalva Freire da Silva são referendadas através de gestos, atos, pensamentos e ações que acompanham esta sensacional mulher em cada passo, em cada palavra proferida e em sua luta ímpar em prol da elevação do gênero humano.
          
Possuidora de uma linguagem sublime, simples e acessível, seja em prosa ou em versos, Marinalva Freire da Silva vem se destacando como um dos maiores valores intelectuais nacionais em razão da luta desmedida em prol da educação e da ênfase cultural.
          
A sensibilidade poética da autora é denotada através do profundo humanismo que embasa o que vem sendo ditadas pelas mais profundas emoções e pelos mais fortes sentimentos meigos para com seu próximo, emanados do fundo da alma e do coração.
          
Impressiona na poética da Professora Marinalva Freire da Silva é não se prender à estéril métrica que em muitos casos enodoa a inspiração que flui sem se preocupar com a fixação dos versos a normas “irrevogáveis”.
          
Cursando Doutorado na Espanha, Marinalva desabafava a saudade do Brasil em versos antológicos que ressaltaram a presença permanente do amor à terra natal, enfatizando ainda a importância que pessoas gratas e marcantes tem em sua vida através de conselhos oportunos que revelam preocupações que assinalam a grandeza da espiritualidade que marca significativamente essa grande mulher sempre voltada, em todos os aspectos, para a contribuição extraordinária à elevação do gênero humano.   
          
A mais simples observação é transformada em pérola poética pela sublime educadora, a exemplo de quando versa sobre a importância da abelha, considerando-a modelo de virtude cristã, poesia esta dedicada ao nutricionista Sebastião Freire da Silva.
          
Amizade, felicidade, ansiedade, distância, saudade, solidão, companheiras inseparáveis de muitos momentos, são destacadas no estilo poético da professora Marinalva Freire da Silva, as quais interagem em sequência lógica e bem concatenadas com versos que fomentam as impressões da autora sobre poetas como Augusto dos Anjos, considerado maldito por muitos que não compreenderam a mensagem contida no legado lítero-cultural do insigne autor de “Eu e outras poesias”.
          
Reflexões e conselhos extremamente valiosos integram ainda a produção poética dessa notável poetisa de raros dotes. Segui-los, absorvendo-os e pondo-os em prática no dia-a-dia, significará mudanças necessárias na vida de quem ainda não se encontrou, pois as virtudes expressas na inspiração que singulariza cada poesia estão em consonância com a defesa intransigente de que um mundo melhor pode ser construído a cada nascer do sol, dependendo do grau de consciência que norteie os seres humanos no que tange ao necessário empenho em fazer valer prerrogativas saudáveis que modifiquem atitudes, gestos e ações que não sejam compatíveis com a vida em sociedade.
           
Marinalva Freire da Silva contesta com veemência a predominância de falsos valores humanos e enfatiza a necessidade de superá-los a fim de que horizontes belos sejam descortinados pelo gênero humano.
            
A dor de partidas inesperadas mexeu bastante com as emoções da virtuosa poetisa, pois muitos versos que integram a coletânea poética da professora Marinalva destacam sentimentos profundos relativos a entes queridos que não mais se encontram entre nós.
            
Das condições pós-modernas à espiritualidade marcante na vida da autora, passando por homenagens e brados de saudades e outros temas bastante pertinentes e louváveis, a produção poética da professora Marinalva Freire da Silva revela caráter firme e digno de uma mulher nordestina em sua performance mais expressiva acerca de coisas, fatos e pessoas que a rodeiam e marcam de forma indelével sua existência neste pequeno pedaço do universo ao qual chamamos de planeta terra.

José Romero Araújo Cardoso
Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte 

Enviado pelo o autor      

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Nota de falecimento - Hilda Gomes, irmã da cangaceira Durvinha faleceu ontem dia 11 de março de 2013

Por: João de Sousa Lima

Hilda Gomes de Sá, última irmã da cangaceira Durvinha, morreu ontem (11/04;2013), as 9:00 hs, de insuficiência respiratória. Hilda estava internada na clínica Santa Mônica.

A cangaceira Durvinha e sua irmã  Hilda Gomes,

O sepultamento será hoje, dia 12, às 10; 00 hs, no cemitério do povoado Malhada Grande.


Hilda foi uma das grandes mulheres que conheci na vida. Era de uma gentileza e educação que encantava a todos. Era um dos anjos na terra. Seu sorriso permanecerá em minhas lembranças por toda vida.


Hilda criança. Essa fotografia estava no bornal de Durvinha quando ela fugiu do cangaço em 1940.

João de Sousa Lima é escritor, pesquisador, autor de 09 livros. Membro da Academia de Letras de Paulo Afonso e da SBEC- Sociedade Brasileira de estudos do Cangaço. telefones para contato: 75-8807-4138 9101-2501 email: joaoarquivo44@bol.com.br joao.sousalima@bol.com.br

http://www.joaodesousalima.com/