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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Lugares Esquecidos !!! Caminhos da Reportagem ...

 Por Bianca Vasconcellos

Bianca Vasconcellos é jornalista há 30 anos. Trabalhou como repórter de TV, cobrindo os principais casos de polícia, corrupção e crimes financeiros no Brasil. Desde 2011 dirige documentários jornalísticos para o programa Caminhos da Reportagem na TV Brasil, a emissora pública da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Pós-graduada em textos de ficção literária pelo Instituto de Educação Superior (ISE) escreveu o livro “Peças Íntimas”, a ser publicado.

Com “A Mão de Obra Escrava Urbana” e “Carandiru, as marcas da intolerância” ganhou Menção Honrosa no Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos – 2012 e 2013 respectivamente. “A Mão de Obra Escrava Urbana” foi finalista do Prêmio Esso de Jornalismo.

O programa “O Vale do Paraíba” venceu o Prêmio IEV de Mídia Cultural de 2012. Em 2013 o documentário “Medicina do Futuro, realidade ou ficção?” venceu o Prêmio SINDHRio e “A Vida por um Fio” foi um dos três finalistas no Prêmio Roche  de Jornalismo em Saúde 2013/Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Iberoamericano.

Imperdível !
Tv Brasil apresenta: Lugares Esquecidos em,
Caminhos da Reportagem

Em Breve...

Fonte: Youtube

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2015/02/lugares-esquecidos-caminhos-da.html

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OS TABARÉUS do Sítio Saracura

Por José Bezerra Lima Irmão

Acabo de ler o delicioso livro “Os Tabaréus do Sítio Saracura”, de Antônio Francisco de Jesus. Esse livro, apesar de romancear a infância do autor nas malhadas de mandioca de sua família nas terras de Itabaiana, termina retratando a infância de todo garoto que nasceu e se criou no sertão antes das estradas asfaltadas, antes da energia elétrica, antes do rádio e da televisão. Naquele tempo, não havia trator nem máquinas agrícolas. Nem mesmo o rudimentar arado era conhecido naquelas paragens. Os casais tinham muitos filhos, de preferência “filhos homens”, porque precisavam de braços para a lavoura. As crianças, desde cedo, aos seis ou sete anos, tinham de ajudar os pais na roça.

Tal como o celebrado José Lins do Rego encantou o mundo das letras com o seu “Menino de Engenho”, a mesma pujança é revelada por Antônio Francisco com “Os Tabaréus do Sítio Saracura”, que bem poderia ter por título “Menino de Casa de Farinha” – mas é claro que um título como esse não empolga ninguém, porque casa de farinha é coisa de pobre, nem de longe se compara a um engenho de banguê. Só mesmo na minha cabeça, querer comparar a vida num sítio de mandioca, cebola e inhame de um tabaréu desimportante com a vida nos canaviais dominados pela figura patriarcal de um senhor de engenho!

Mas ninguém se iluda. Antônio Francisco de Jesus, como um ourives da palavra, transforma em jóias preciosas coisas corriqueiras do dia a dia. Conforme ele próprio pondera, “Os Tabaréus do Sítio Saracura” é um livro que vem provar que gente comum também merece ter sua história contada. Desde a primeira página, o leitor é seduzido a compartilhar as aventurosas experiências de Tonho, um garoto cujo universo se resume praticamente no sítio onde nasceu e se criou. Seu avô materno era um tabaréu ilustrado – até sabia ler! Tinha uma porção de livros de cordel, com histórias de João Grilo, Pedro Malazarte, Lampião... Aos domingos, filhos, netos e vizinhos sentavam-se ao seu redor, no chão do telheiro, para ouvir o velho Totonho Bernardino lendo um de seus romances. Totonho criava um clima para cada história antes de começar a ler. Por exemplo, se o folheto escolhido era o do pavão misterioso, ficava-se sabendo que a história se passara na Grécia, um lugar que ficava muito longe, bem depois de Itabaiana, nas imediações de São Paulo...

O pai de Tonho, Zé de Pepedo, não perdia tempo com essas bobagens. Para ele, esse povo que lê muito acaba ficando com o miolo mole. Receava que Tonho não tinha futuro, era mais um demente na família: até a irmã mais nova já era melhor que ele no manejo da enxada. – Acorda, Tonho! Mas que menino preguiçoso é este, meu Deus?!

A diversão de Zé de Pepedo era o trabalho, tocando roça, fazendo farinha, tangendo burro, negociando na feira ou no mercado – trabalhava até quando estava doente. Era um homem calado. Não gostava de brincar. Só cantava nas farinhadas.


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CRIANÇAS FILHOS DE CANGACEIROS QUE FORAM ENTREGUES PARA SEREM CRIADOS LONGE DO CANGAÇO.




Fonte principal: Noite Ilustrada de agosto de 1938
Fonte: facebook

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O fim de Virgulino Lampião " O que disseram os Jornais Sergipanos

Por Archimedes Marques

A obra em comentário, de autoria do pesquisador e escritor Antônio Correa Sobrinho, ilustre e nobre sergipano de Aracaju, Auditor-Fiscal do Trabalho, Bacharel em Direito formado pela UFS no ano 1985, busca mostrar em texto simples, mas de boa qualidade e de rápido entendimento, o exaustivo trabalho da sua pesquisa junto ao Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e a Biblioteca Pública Epifânio Dória na nossa capital, Aracaju, para trazer a público tudo que fora dito nos Jornais escritos de Sergipe sobre a carnificina de Angicos ocorrida em 28 de julho de 1938, prosseguindo em matérias e artigos, pós-morte de Lampião junto com a sua amada Maria Bonita e nove dos seus seguidores cangaceiros, até o real fim do ciclo do cangaço, com a atroz vingança a inocentes e posterior morte do temível Corisco, culminando com a entrega espontânea às autoridades constituídas contemporânea, dos tantos remanescentes egressos dos diversos grupos de Lampião.


O autor do livro mostrou toda a sua perspicácia e perseverança ao romper meses de trabalho de pesquisa debruçado nos velhos arquivos público da capital sergipana e além fronteira, em trabalho exaustivo que reúne num só instrumento as notícias publicada no calor dos fatos, no clamor e na efervescente alegria de muitos, na loucura popular por onde passava os tristes e deprimentes troféus, as 11 cabeças dos vencidos, o torpor das autoridades em se ver livre daquele que por certo foi o maior dos bandoleiros que o Brasil já viu, odiado e temido por muitos, amado e adorado por tantos outros.

Importa dizer que o conjunto da presente obra, no seu âmago prova que o autor é também um amante desse tão intrigante e fascinante tema que nunca se esgota, jamais morre, ao contrário, nasce e renasce e afeta boa parte da sociedade brasileira sempre com novas descobertas, apesar dos 71 anos em que se comemoram o final da era dos bandoleiros dos sertões, os famosos cangaceiros, atrozes bandidos sanguinários para muitos e aplaudidos justiceiros para tantos outros.

Antônio Correa Sobrinho

É de fácil entendimento ao leitor, até mesmo ao mais leigo dos leigos, notar pelas primeiras notícias veiculadas nos Jornais sergipanos, que pela lógica, também foram estas equivalentes às matérias diversas pelo Brasil afora, que a polícia volante detentora do massacre ao bando de Lampião, comandada pelo tenente João Bezerra, logo tratou de enaltecer ainda mais os seus próprios méritos, ao alardear em ampla divulgação que o bando de cangaceiros que resistiu ao ataque era composto por um número superior a 55 componentes e que houve naquele momento um bom tempo em troca de tiros, quando na verdade, o grupo era bem menor e praticamente não houve troca de tiros, apenas alguns tiros de revide à surpresa absoluta arquitetada pela polícia, e além de tudo, o chefe maior do cangaço logo fora atingido mortalmente, fazendo assim, com que os seus comandados arrefecessem os animus e desesperados fugissem para salvarem as suas próprias vidas.

Afora os exageros de estilo policial, as sensacionais informações germinadas na efervescência dos fatos, noticiadas nos já extintos Jornais sergipanos: Correio de Aracaju, O Nordeste, A Folha da Manhã, Sergipe Jornal e O Clarim (os primeiros editados em Aracaju e o último na cidade ribeirinha de Propriá), fizeram sucesso, entretanto, não há como deixar de se destacar os excelentes textos literários, desprovidos de emoções populares, dos jornalistas ou escritores Costa Rego, Mario Cabral, Namyro, L. Campos Sobrinho, Graciliano Ramos, Freire Ribeiro, Ângelo Sibela, E. Maia e Alvarus de Oliveira, destarte para o emocionante e brilhante artigo sobre a gangaceira Maria Bonita, escrito pelo Ângelo Sibela, publicado no Correio de Aracaju, em 27/10/38.



O livro é fechado com chave de ouro, ao ser publicada a sensacional e importante reportagem intitulada LAMPIÃO EM CAPELA, assinada pelo jornalista e escritor, Zózimo Lima, então correspondente do Correio de Aracaju, presente naquela memorável data do dia 25 de novembro de 1929, em que Lampião chegou até a assistir um filme no cinema daquela cidade.

Para mim, não resta dúvidas, que a presente obra literária informativa e histórica, disso tudo compilado, por certo servirá de parâmetro e ajuda para surgimento de novos livros, escritos por novos ou velhos autores, sobre a continuidade desse tema que canta e encanta e que é sem sombras de dúvidas, de inesgotáveis fontes, jamais saturado, sempre em busca da verdade absoluta dos fatos que marcaram para sempre a história dos sofridos, mas fortes e valentes, nordestinos.

Em assim sendo, não só recomendo a leitura do livro, como entendo ser necessário colecionar a referida obra em toda boa biblioteca, como sendo de excelente fonte de pesquisa e aprendizado, para tanto, sugiro a sua aquisição através contato via endereço de e-mail com o autor Antonio Corrêa Sobrinho: tonisobrinho@uol.com.br

Archimedes Marques (Delegado de Polícia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe)
Pesquisador, Escritor - Conselheiro Cariri Cangaço
archimedes-marques@bol.com.br

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ABAFILM DO ADHEMAR BEZERRA DE ALBUQUERQUE


Em dezembro de 1937, após o Benjamin entregar todo o material fotográfico e cinematográfico ao meu avô Adhemar Bezerra de Albuquerque (ABA) foi anunciado a primeira exibição da película editada no cine Moderno para o público. Por ordem de Lourival Fontes, diretor do DNP, futuro DIP, a exibição foi proibida ao público, tornando-se uma sessão de censura.

(Foto da plateia nesta sessão, com a presença de Adhemar e Lourival). 

Após a exibição o filme não só foi proibido, como apreendido. A cópia apreendida ficou por anos nos porões do DIP, e muitas versões se espalharam sobre o seu destino. 

Adhemar Bezerra de Albuquerque (ABA)

Meu avô que havia feito uma cópia, esperou até a morte de Getúlio, para então enviá-la ao seu distribuidor no Rio de Janeiro, Alexandre Wolf, que solicitou uma nova edição à Al Giu. Esta versão, com enfoque jornalístico, com duração de 6 minutos, foi exibida em 1955 em cinemas do Rio de Janeiro. Assumi todo o acervo fotográfico e cinematográfico em 2003 da ABA Film e com o apoio de Thomas Farkas e da Cinemateca Brasileira consegui editar uma versão de 14 minutos.

Fonte: facebook

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VÍDEO SOBRE CANGAÇO




Youtube

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ABC DE LUCAS

Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho

“Passado mais de um século e meio da execução desse salteador baiano, resta dela os 104 versos das 26 estrofes com o título de “ABC de Lucas da Feira”, composição atribuída ao oficial de justiça da mesma Feira de Santana, Souza Velho, que escreveu este trabalho, em 1849, por ocasião do enforcamento do dito celerado:

ABC DE LUCAS

Adeus, Saco do Limão,
Lugar aonde eu nasci,
Eu vou preso para baixo,
Levo saudades de ti.

Bem me diziam meus sócios
Que eu mudasse de condição,
Que Cazumbá por dinheiro,
Fazia a pintura do cão.

Cuidava que esta vida
Nunca havia de ter fim;
Porque contava na Feira
Muitos amigos por mim.

Desenganado fiquei
Quando me vi prisioneiro,
Só com a minha prisão
Ganharam tanto dinheiro.

Entusiasmado carreguei,
Muitas pompas e grandeza,
Pois em meu rancho eu tinha
Botes de rapé Princesa.

Fui preso para a Bahia,
Fizeram grande função,
Mas eu desci a cavalo
E os guardas de pés no chão.

Gostaram de eu estar preso
Com tanta rigorosidade,
Eu vou para a Bahia
Dos sócios levo saudade.

Homens pobres não roubei,
Que não tinham o que roubar,
Mas os ricos de carteiras
Nenhum deixei escapar.

Integra-te, negro Lucas,
Que hoje chegou teu dia,
Assegura tuas armas,
Que [que é] de tua valentia?

Já estou entregue, gente,
Me mostrem o delegado,
Na mão direita a cravina,
Na esquerda o meu terçado.

Kalumbi e Sobradinho,
Tapera e São João
Aonde eu tinha meu rancho
Lá me fizeram a traição.

Lá na Oliveira tinha
Manoel Nunes confiado [atrevido],
Um dia preguei-lhe o berço
Em um pau bem apregado.

Mulata de bom cabelo,
Cabrinhas de boa cor,
Crioulinhas por debique,
Brancas não me escapou.

Não digo quem são meus sócios,
Não me convém dizer,
Que eu por me ver perdido
Não deito os mais a perder.

“O” é letra redonda
Toda aquela redondeza
Me chamava capitão,
Sou capitão com grandeza.

Perdão, perdão, minha gente,
A todos por caridade,
A injustiça que fiz
Nesta pequena cidade.

Queriam saber com certeza
Quem era meu grande amigo;
Se almoçava, jantava e ceava
Era somente comigo.

Roubava também muita gente,
À fiúza do Luquinha,
Quem não rouba dinheiro,
Rouba carne e farinha.

Saltando eu, na Bahia
Vi muita gente faceira,
Brancos e pretos chamavam:
Venham ver Lucas da Feira.

Tapera e Santo Amaro,
Muritiba e Cachoeira,
Corriam todos pra ver
O grande Lucas da Feira.

Unicamente o presidente e chefe
Vieram com muita alegria;
Vieram me apertar a mão,
Quando cheguei na Bahia.

Vigário José Tavares,
Com o qual me confessei,
Só o pecado que eu disse
Foi o da moça que eu matei.

Choro hoje arrependido
Por conselho não tomar,
Já me cortaram o braço
Inda querem me enforcar.

Pisilon é letra do fim,
Comecei e vou findar,
A forca é pena última
Queiram, gente, perdoar.

Zombem velhos, zombem moços
Zombem também os meninos
Que hoje chegou o meu dia
Vou cumprir meu destino.

Letras vogais são cinco,
Que são a, e, i, o, u,
Adeus, Caldeirão de Lucas,
Adeus, Tanque do Urubu.”

Fonte: “A Pena de Morte em Sergipe”, do historiador Pedrinho dos Santos


Fonte: facebook

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