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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

AUTÓPSIA DE D. PEDRO I

Publicado em 05/02/2014 por Rostand Medeiros

 
Revelação inédita da autópsia de D. Pedro I aponta para a sua saúde frágil e livra seu médico particular da acusação de envenenamento.



O médico e o doente. Mas não era um médico qualquer, era daqueles que acompanham o paciente por anos, conhecendo seus hábitos, suas aflições, suas fraquezas. O doente também não era comum: um jovem que se tornou imperador aos 26 anos, boêmio, um tanto fogoso, e que enfrentou guerras, acidentes e uma série de percalços de saúde. Dr. João Fernandes Tavares e D. Pedro I se encontravam nos momentos mais vulneráveis do monarca. Dos sintomas aos diagnósticos, a relação de confiança se fortalecia e fazia o médico conhecer ainda mais o paciente. A prova está no registro de autópsia feita pelo Dr. Tavares. O médico expõe os diversos problemas de saúde que debilitaram a vida de D. Pedro.

Mas a forma como o documento é escrito extrapola as notações técnicas da função. Linha por linha, o médico narra a história de cada órgão, como personagens de um grande drama. E sofre. Quando descreve o estado dos rins, por exemplo, põe-se no lugar do enfermo: “E que transtorno e perturbação não devia causar na regularidade das funções dos demais órgãos tão aturado, e tão intenso padecimento!”.

Tanto sofrimento e intimidade também tinham um quê de defesa, já que as más línguas suspeitavam de que o médico havia envenenado D. Pedro, como conta Claudia Thomé Witte. Seu artigo nos brinda com este documento exclusivo e apresenta o complexo contexto da morte de D. Pedro, mergulhado na disputa familiar pelo trono português.

Em 2012, o corpo de D. Pedro I começou a ser estudado pela primeira vez com todos os recursos da atual medicina. Esse trabalho, conduzidopela arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel para o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP com o fim de preservar os corpos, confirmou que nosso primeiro imperador fraturou quatro costelas ainda em vida e que seu coração foi retirado do corpo logo após falecer.Um documento histórico inédito, publicado nas próximas páginas, traz a versão da morte de D. Pedro I por meio do relato de seu médico particular, Dr. João Fernandes Tavares (1795-1874), que assinou o atestado de óbito e realizou a autópsia do ex-imperador do Brasil.

Até agora se conheciam apenas as informações que D. Amélia de Leuchtenberg, viúva de D. Pedro, relatara em uma carta para sua enteada Januária. O resultado da autópsia, impresso avulso em 1834, foi localizado em uma coleção particular no Brasil e seu proprietário gentilmente concordou em divulgá-lo. Com isso, temos finalmente acesso ao relato completo da morte de D. Pedro e das semanas que a antecederam, além de um histórico de sua saúde. Nas entrelinhas, percebe-se que o médico João Fernandes Tavares foi bastante explícito e detalhista ao narrar as causas da morte. Procurava, com isso, justificar sua conduta e afastar as suspeitas que recaíam sobre ele.


Quando D. Pedro I faleceu em Portugal, em 1834, o Dr. Tavares foi acusado de tê-lo envenenado. Era natural que se buscasse um bode expiatório, afinal, a morte ocorria pouco após D. Pedro vencer uma guerra civil contra seu irmão, o absolutista D. Miguel. Todas as esperanças de reconstrução de Portugal repousavam sobre D. Pedro. Havia dúvidas de que a nova rainha, D. Maria II, com seus 15 anos, fosse capaz de assumir as grandes responsabilidades que exigia um país recém-saído de uma guerra. A morte de D. Pedro podia significar uma nova oportunidade para os miguelistas.

São artigos que provam que história se faz também – e principalmente – com sentimento. 

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros

http://tokdehistoria.wordpress.com/2014/02/05/autopsia-de-d-pedro-i/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Zabelê - O velho cangaceiro ainda se lembra: Naquele tempo, só Deus não se ajeitava.



*Texto de Claudio Bojunga para o jornal “O Estado de São Paulo"  – 31/07/73

Um velho entrevado, torto, de 73 anos, tossindo, mal vestido, deve estar muito doente. Só os olhos são ágeis como os olhos de um menino: correm em torno da mesa, encara rapidamente as pessoas para depois se fixar na janela à esquerda, na porta aberta à direita; os olhos de Zabelê, mais de 40 anos depois, conservam a vigilância dos tempos do cangaço. E como se, a qualquer momento, um macaco fosse pular à sua frente ou às suas costas para enchê-lo de bala.


Zabelê, ou Isaias Vieira, um homem totalmente apavorado. É um exemplo dos cangaceiros que, depois da luta, ficaram por aqui mesmo, no Nordeste. Há muitos em todo o sertão, de Alagoas ao Ceará, todos escondidos sob nomes falsos. E eles sabem que não temem fantasmas. A vingança, no sertão, é elaborada com paciência chinesa. É possível, perfeitamente possível que, a qualquer momento, amanhã talvez, um outro velho entrevado descarregue seu revólver sobre o velho Zabelê. Afinal, Zabelê nem sabe quantos matou em um ano de cangaço. Era coiteiro de Lampião desde 1923, na região do Pajeú, até que o coito se tornou evidente demais, e perigoso. Olhando de um lado para outro enquanto fala, o velho conta:

- Lampião: tá descoberto que eu compro coisinha procê. Tô enroscado. Se não sentá praça vou acabar entre as pernas do tenente.

Lampião pensou um pouco. Não era qualquer coiteiro que podia “sentar praça” no cangaço. Zabelê insistiu:

- Tô desmantelado. Sou pai de família, tó desmantelado.

-Desmantelado você já nasceu.

E dito isso, Lampião aceitava um novo “soldado”. Porque era preciso estar mesmo muito “desmantelado” na vida para topar a parada. Zabelê tinha mulher, quatro filhos e muito azar.

Começou a brigar em 1926 e um ano depois estava preso. Participou de um combate importante, o de Serra Grande, naquele mesmo sertão. Como todo ex-cangaceiro, diz que, naquela batalha, morreram uns 30 macacos. Cangaceiro, nenhum. O mesmo truque usado pelos policiais da época. Vários dizem que em Serra Grande morreram um ou dois soldados. O coronel Higino José Belarmino, famoso entre outras coisas por não mentir, nem que a verdade possa “prejudicar” a imagem da Volante, diz que morreram dez soldados em Serra Grande. Cangaceiros, ele não sabe, ninguém sabe.


Isaias Vieira, o primeiro  “Zabelê”  cumpriu longa pena na penitenciária do Recife. Esta foto é de 29 de dezembro de 1928, quando ainda se encontrava preso. Foto do Acervo Lampião Aceso, não compõe a matéria original.  

Os cangaceiros sempre carregavam os seus mortos e feridos e os eternizavam, batizando um cabra novo com o nome do preso ou do morto: assim, este que apavorado conversa com a gente, é o primeiro Zabelê de uma série. Um toque de misticismo, nem tanto para confundir a polícia, mas o povo. O cangaceiro não morre. Zabelê está preso? Como, olha ele aqui.

Apesar do pavor, Zabelê I ainda ousa revelar, com seu raciocínio lógico de sertanejo, que tudo não se resume a troca de tiros entre grupos ou requintes de crueldade. Até Zabelê, personagem de mínima importância dentro daquela fase da História do Brasil, sabe o que significa corrupção. 

-Todo mundo ajeitava. O senhor pode ser naquela época o presidente da nação, ajeitava também. Naquela época só quem não ajeitava era Deus que não aparecia.  

Ele quer dizer que grande parte das armas do cangaço foi vendida pela própria polícia que importantes políticos da época, hoje venerandos e com estátua (algumas equestres) no meio das praças, estiveram envolvidos gravemente, pairando sua honra sobre os tiroteios que eles próprios manipulavam.

Zabelê: apavorado, velho, doente, pobre e atualizadíssimo.

*Créditos para Antônio Corrêa Sobrinho

 http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2014/02/zabele.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Mentiras e Mistérios de Angico

Por Aderbal Nogueira


Meus amigos, esses depoimentos servem para elucidar ou complicar mais ainda a vida de quem pesquisa o cangaço.

Lampião, armas, João Bezerra, traição, veneno, etc. Não quero aqui fazer inimizades por registrar o pensamento dos colegas pesquisadores, pois acho que cada um tem o direito de pensar como quiser.

Se todos pensássemos igual o que iríamos discutir? Que sentido teria a história?

A história é feita das controvérsias. Respeito todos os pensamentos e não perco amizade nenhuma por conta disso.

Fiquem a vontade para publicar.

Abraço.
Aderbal Nogueira

Leve este link ao google para assistir a reportagem

http://www.youtube.com/watch?v=NTXy2ynWFHE&feature=youtu.be 

http://youtu.be/NTXy2ynWFHE 

Enviado pelo cineasta e pesquisador do cangaço Aderbal Nogueira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com