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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

LAMPIÃO NO MUNICÍPIO DE AURORA

Amarílio Gonçalves Tavares (*)

Em virtude da amizade com o Coronel Isaias Arruda, na verdade um dos grandes coiteiros de Lampião no Ceará, o rei do cangaço, como era chamado, esteve, mais de uma vez, no município de Aurora. Em suas incursões pelo município sul-cearense, o bandoleiro se acoitava na fazenda Ipueiras, de José Cardoso, cunhado de Isaias.

Uma dessas vezes foi nos primeiros dias de junho de 1927. Na fazenda Ipueiras, onde já se encontrava Massilon Leite, que chefiava pequeno grupo de cangaceiros, Lampião foi incentivado a atacar a cidade norte-riograndense de Mossoró – Um plano que o bandoleiro poria em prática no dia 13 do citado mês. Em razão do incentivo, Lampião adquiriu do coronel um alentado lote de munição de fuzil que, de mão-beijada, Isaias havia recebido do governo Federal (Artur Bernardes), quando este promoveu farta distribuição de armas a coronéis para alimentar o combate dos batalhões patrióticos ‘a coluna prestes'.(54)

Presente àquela negociação, que rendeu ao coronel Isaias a considerável quantia de trinta e cinco contos de réis, esteve o cangaceiro Massilon, que teve valiosa influência junto a lampião, no sentido de atacar Mossoró, cujos preparativos tiveram lugar na fazenda Ipueiras. Consta que Massilon Leite – associado a Lampião no sinistro empreendimento – tinha em mente assaltar a agência local do Banco do Brasil e sequestrar uma filha do coronel Rodolfo Fernandes. O Bando de Lampião que chegou a Aurora era composto de uns cinqüenta cangaceiros, dentre os quais Rouxinol, Jararaca e Severiano, os quais já se encontravam, há dias, na aludida fazenda acoitados por José Cardoso. De Aurora, Lampião levou José de Lúcio, José de Roque e José Cocô ( José dos Santos Chumbim), todos naturais da região de Antas, tendo sido incluídos no subgrupo de Massilon.

No dia 13 de junho de 1927, Lampião ataca a cidade de Mossoró, a mais importante do interior do Estado potiguar. Após quarenta minutos de fogo, já tendo tomado duas ruas, Lampião ordena a retirada. Fracassara o seu maior plano. (55)

Após o frustrado ataque à cidade norte–riograndense, Lampião bate em retirada, entrando no Ceará pela cidade de Limoeiro, onde não é importunado. Ali fez dois reféns a resgate – pessoas idosas e de destaque social- e teve a petulância de, com seu grupo, posar para uma foto, no dia 16 daquele mês. Ante a ameaça de invasão das cidades da zona Juaguaribana e já havendo um plano de combate ao famigerado bando, juntaram-se contingentes policiais de três estados – Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba – numa quixotesca campanha contra Lampião, tendo sido nomeado "comandante geral das forças em operações" o oficial cearense, Moisés Leite de Figueiredo (Major).

No dia 16 de junho, a força paraibana havia seguido para Limoeiro, mas ao chegar ali, Lampião já tinha levantado acampamento. Prosseguindo em sua retirada pelo território cearense, com um grupo reduzido a trinta e poucos homens, em virtude da morte de dois dos mais temíveis cangaceiros – Jararaca e Colchete – e das deserções que se seguiram ao malogrado ataque, inclusive a de Massilon Leite e seu sub-grupo, Lampião é perseguido por volantes, com as quais tava combates. Dentre estes, o mais intenso foi o travado no dia 25 de junho, na Serra da Macambira, município de Riacho do Sangue, no qual Lampião, mais um vez, provou a sua invencibilidade. Enfrentando uma força de mais de trezentos praças, sob o comando exclusivo do tenente Manoel Firmo, este sendo auxiliado por nove tenentes – José Bezerra, Ozimo de Alencar, Luiz David, Veríssimo Alves, Antonio Pereira, Germano Sólon, Gomes de Matos, João Costa e Joaquim Moura, Lampião pôs-se em fuga incólume, deixando quatro soldados mortos. Seguiram-se combates menores em cacimbas (Icó), Ribeiro, no vale do Bordão de Velho, e Ipueiras, os dois últimos no município de Aurora, com o rei do cangaço levando a melhor.

No dia 28 de junho, Lampião contorna a serra do Pereiro, passando pelas serras vermelhas, Michaela e Bastiões. O grupo marchava a pé, por veredas e nunca por estradas – tendo a tropa em seu encalço. É ai que Lampião resolve derivar para o lado do Cariri e continuar a retirada em direção ao município de Aurora, onde esperava encontrar refúgio no valhacouto do seu “amigo” Isaias Arruda.

Em seu livro "Lampião no Ceará", narra o major Moisés Leite Figueiredo que, no dia 1º de julho de 1927, Lampião com seu grupo estacionava no alto da serra de Várzea Grande no lugar Olho D’Água das Éguas, e que ali perto, no lugar Ribeiro, já se encontravam as forças dos tenentes Agripino Lima, José Guedes e Manoel Arruda – o primeiro, da polícia do Rio Grande do Norte e os dois últimos, da polícia paraibana -, valendo salientar que tais contingentes totalizavam cerca de duzentos homens, bem aparelhados, no dizer do major Moisés. A tropa que teve encontro com os bandoleiros foi a do tenente Arruda, empiquetada no sítio Ribeiro, onde aconteceu um fato tão misterioso, quanto engraçado. Não obstante o lugar se achar "bem guarnecido", ao clarear a barra, o grupo de bandoleiros, sem sofrer o menor revés, passou entre as trincheiras, nas quais os soldados dormiam, para só despertarem depois, com cerrada fuzilaria, quando os bandidos não estavam mais ao alcance da pontaria da polícia. O grupo ocultou-se no vale do Bordão de Velho. Do local onde estava Lampião enviou dois cabras à casa de João Cabral, morador ali perto, convidando-o a vir a sua presença. João Cabral atendeu e Lampião disse-lhe estar com fome e sede, pedindo alimento e água para o grupo, no qual foi atendido.

Marchando pelo pé da Serra da Várzea Grande, Lampião chega a fazenda Malhada Funda, onde faz alto, sendo recebido por Gregório Gonçalves, que, após saber com quem estava falando, perguntou a Lampião em que podia servi-lo. Este respondeu "só quero comida para minha rapaziada". Gregório Mandou matar o boi que estava no curral, e duas ou três ovelhas. Os cangaceiros estavam com tanta fome que não esperaram. Comendo as carnes sapecadas. Os quartos de ovelha, eles colocaram nos bornais sobressalentes, junto com farinha e rapadura.

Ao retirar-se, Lampião levou João Teófilo como guia. Este saiu montado num burro que o bandoleiro havia tomado de um cidadão que estava comprando rapaduras. O bando saiu na direção sudeste do município. Lá muito adiante, o guia foi substituído por outro de nome David Silva, tendo Lampião recomendado a João Teófilo pra só voltar quando escurecesse, e que não fosse pelo mesmo caminho.

Continuamos a narrativa, baseada no livro do major:

"Em sua marcha, Lampião procurou a Serra do Coxá, na divisa do município de Aurora com o de Milagres, burlando a vigilância dos policiais, de tal modo que estes se afastavam do ponto em que estavam os bandidos, tomando o rumo de Boa Esperança, Serrote do Cachimbo, Riacho dos Cavalos, Ingazeiras e Milagres." Como se vê, Lampião era um perito em estratégia militar. Uma de suas táticas consistia em ludibriar a polícia que andava no seu encalço, como fez, quando procurou a Serra do Coxá. Deste modo, tornou-se inócua a providência do Major Moisés, designando o tenente Caminha para colocar piquetes nas estradas, uma vez que, por estas, não passaria o grupo de bandidos. Enquanto Lampião ficava escondido na Serra do Coxá, o tenente Manoel Firmo seguia para o lado oposto, isto é com a sua tropa, passava de trem por Aurora, em demanda ao Cariri, sem dar satisfações ao seu chefe, major Moisés, que naqueles dias se encontrava em nossa cidade, em tratamento de saúde. Com o tenente Manoel Firmo, viajavam os tenentes Luis Leite, Laurentino, Moura Germano, em passeio a Juazeiro e Crato, totalmente despreocupados com os bandidos.

Para piorar a situação do "comandante das tropas em operações", chegava em Aurora o contingente comandado pelo tenente Agripino de Lima, que conduzia trinta e quatro animais de montaria, tomados a fazendeiros de icó, Pereiro e Jaguaribe. Quando o Major pensava que o oficial vinha em seu auxilio, o tenente Agripino comunicava-lhe que resolvera abandonar a campanha e voltar para o Rio Grande do Norte. Diante disso, o Major Moisés apreendeu os referidos animais, entregando ao sr. Vicente Leite de Macedo, com a recomendação de devolvê-los aos respectivos donos. Além dos animais tomados a sertanejos, o Major Moisés constatou irregularidades na tropa do tenente Agripino, como a venda de munição feita por praças e muitos destes se entregando à embriaguez.

A atitude do tenente Manoel Firmo, viajando para Juazeiro e Crato, arrastando o grosso da tropa e quatro tenentes, deixou o comandante Moisés "num mato sem cachorro" . O Major viu-se na contingência de pedir ajuda – imagine o leitor a quem? - o coronel Isaias Arruda, o mesmo que, tempos atrás, havia acoitado lampião, mas que, agora, dava uma de perseguidor do bandoleiro, pondo oitenta e sete cabras à disposição do major Moises. Se no combate travado com os bandidos, na serra da macambira, havia cerca de 400 praças, como se explica ter o major Moisés levado para Ipueiras apenas 15 soldados.

Descoberto o paradeiro de Lampião no alto da Serra do Coxá, destacaram-se elementos de confiança para, aproximando-se do grupo, conhecerem melhor a sua posição, dentre eles Miguel Saraiva, tio de um dos bandoleiros e morador nas proximidades. Foi então que o Major Moisés e Isaias Arruda conceberam um estratagema, que consistia em preparar um almoço para Lampião e seus cabras na casa de José Cardoso, em Ipueiras, e juntos, abaterem o bandido nas hora conveniente.

Miguel Saraiva se faz acompanhar de oito homens que se apresentam a Lampião, fingem que são perseguidos pela polícia, e para melhor comover o chefe do bandoleiros, lamentam e choram a sua desgraça, tentando com isso, infiltrar-se no bando. Alguns bandoleiros aceitaram a presença de novos companheiros mas Lampião logo faz sentir que não acolhia em seu grupo pessoas que lhe fossem estranhas. Os oito homens de Miguel Saraiva tinham recebido instruções para atacar os bandido na hora em que o grupo "descansasse" a armas para almoçar. Simultaneamente, os soldados e jagunços puseram-se discretamente em volta de casa, prontos para fechar o cerco aos bandidos, no momento oportuno. Mas o ardil fracassou, porque Lampião, sagaz,,arisco e desconfiado, chegou a rejeitou o almoço oferecido por Miguel Saraiva. E colocou sua gente em pontos diversos e estratégicos
Eis como o major Moisés descreveu o tiroteio:

"Conhecido o fracasso do estratagema, fomos impelidos a atacar os bandidos, com ímpeto, de sorte que, em pouco tempo, estavam debaixo de cerrada fuzilaria. A luta teve início pouco mais ou menos às 12 horas do dia 7 de julho, tendo uma duração de mais de três horas. Terminou infelizmente, porque os bandidos caíram em fuga, e no campo deixaram dois mortos, um queimado, que recebeu vários ferimentos, e outro também morto na ocasião em que fugia” Essa foi a história narrada pelo major Moisés no citado livro. Entretanto, existe outra versão para o episódio segundo nos contaram Róseo Ferreira e Vicente Ricarte que, na época, moravam nas proximidades da fazenda Ipueiras. A coisa aconteceu assim:

O Major Moisés Leite e o Coronel Isaias Arruda combinaram um plano de acabar com Lampião, assim que este chegasse em Ipueiras, pois sabiam que o grupo vinha desmuniciado e bastante desfalcado, em conseqüência da derrota sofrida em Mossoró e das deserções que se seguiram ao frustrado ataque àquela cidade norte-riograndense.

Lampião ficara na manga com a cabroeira. Convidado pra almoçar na casa de José Cardoso, na citada fazenda Ipueiras, o Rei do Cangaço compareceu com alguns dos seus rapazes. Quando Miguel Saraiva chegou e pôs sobre a mesa o alguidar contendo o almoço envenenado, Lampião tirou do bornal um colher de latão e meteu-a na comida. Quando puxou a colher, o bandido notou mudança de cor e deu alarme: "ninguém come desta comida. Esta comida está envenenada!" Nisto, Lampião e os seus cabras conseguem romper o cerco de um cordão de jagunços e soldados a paisana que se formara em volta da casa, e correm pra a manga onde ficara a maior parte da cabroeira, sendo atacados pelo cabras de Isaias e soldados do major Moisés. Ao mesmo tempo em que estrugiu a fuzilaria, os atacantes lançaram fogo na manga, por todos os lados do local em que estavam os cangaceiros. Lampião investiu várias vezes contra os atacantes, conseguindo, por fim, escapar por um corredor. Lampião perdeu dois cangaceiros, um queimado e ferido por ocasião do ataque. O outro, com ferimento no ouvido, ficou em Ipueiras, em tratamento, mas os coiteiros acabaram de matá-lo, tocando fogo no cadáver...

Ao escapar do cerco de Ipueiras, lampião tomou o rumo da Serra do Góes, perto de São Pedro do Cariri, atual Caririaçu. Veja o leitor o zig- zag feito por Lampião para confundir a polícia. No dia 7 de julho, saiu de Ipueiras, desceu pelo riacho do pau branco, atravessou o rio Salgado no lugar Barro Vermelho, passou pelos sítios Jatobá e Brandão, fazendo "alto" em vazantes. Na serra dos Quintos, fez um refém – o sitiante Joaquim de Lira – para ensinar o caminho para a Serra do Góes, onde chegou, no início da noite. Na manhã do dia 9, lampião deixou a Serra do Góes e rumou para o município de Milagres, atravessando a via férrea no lugar Morro Dourado. O Major Moisés havia mandado tomar as ladeiras da Serra do Mãozinha e São Felipe, por onde poderia passar o bandoleiro. Mas Lampião, mais uma vez, conseguiu burlar a força policial e penetrou no estado da Paraíba, pela serra de Santa Inês, no rumo de Conceição do Piancó, de onde prosseguiu em fuga para Pernambuco.


(54) Frederico Pernambucano de Melo, op. Cit. P 32 (55) ibidem, p. 116. (*) Escritor. Texto extraído do Livro "Aurora, História e Folclore". http://bit.ly/gadgets_cheap

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LAMPIÃO NA LUCRÉCIA

Por Francisco Magalhães Junior

Prezado Sr. Jose Mendes , 

Saudações,

Em primeiro lugar gostaria de parabenizá-lo pelo Blog, muito rico e interessante, me chamo Francisco Magalhães Júnior, sou cearense de Fortaleza e moro em Feira de Santana na Bahia, porém, minhas raízes estão aí no Rio Grande do Norte, sou um Camboa legítimo, tendo meu nome no Livro "As dez gerações da Família Camboa" de Lauro da Escossia, o que me levou a te escrever foi uma foto da Casa de Donatila Leite dias na Lucrécia, onde quando em passagem por lá o bando de Lampião sequestrou seu esposo o Egídio Dias, acontece que sou sobrinho-bisneto de Donatila, isso já por parte da minha família materna, e gostaria de saber se você dispõe de mais fotos de lá, ou qualquer outro material sobre esse acontecimento? 

Abraços Fraternos,

Magalhães Júnior
75-99962 2231



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AFIRMAÇÃO VERDADEIRA OU FALSA ?


MATEI MARIA BONITA E DEI UM TIRO NA CABEÇA DE LAMPIÃO...! Disse, o Cabo JOSÉ PANTA DE GODOY.

Confira, a matéria.

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A BESTIALIDADE DO CANGAÇO..! FERRAÇÃO NO ROSTO, NÁDEGAS E VAGINA..!


Ferrada na face, igual a animal para a engorda. Essa, era a forma como agia o hediondo facínora, o cangaceiro ZÉ BAHIANO.


Abaixo, uma de suas vítimas..! A marca do ferro, JB..!
Foto: acervo Volta Seca.

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NAS TRILHAS DO CANGAÇO EM PAULO AFONSO, CAMINHOS DO POVOADO SANTO ANTÔNIO

Por João de Sousa Lima

1928, Povoado Poços, Paulo Afonso, Bahia, o dia amanhece abafado, prenúncio de forte calor.
... Manuel Teixeira Hora “Manuel Mariano”, 
antes mesmo de o dia clarear já se encontrava na lida diária, manejando ferramentas no trato da terra para futuro plantio de lavouras, pastos em frente a sua casa. Aos seus pés descansava seu cachorro que por seu grande porte era chamado “Gigante”.
De repente o cão arisco levantou as orelhas e um forte barulho de cascos de animais rasgando veredas quebrou o silêncio da manhã quente. Alguns cavalos e burros romperam a mataria quase fechada. Era Lampião e seu grupo. Entre os cangaceiros estavam Mariano, Luiz Pedro, Ezequiel e Virgínio.
Guiando a tropa vinha um jovem conhecido de Manuel Mariano, era Zé, filho de Cassiano, morador do Povoado Macambira. Diante daqueles cavaleiros reluzentes Manuel ficou pasmo, dividido entre o mistério, o medo e a curiosidade.
Gigante instigado pela presença desconhecida eriçou os pelos e partiu em direção a outro cachorro que vinha acompanhando o grupo. As feras irracionais travaram um sangrento combate. Manuel partiu para apartar a briga e de cima de uma das montarias uma voz firme soou:
- Num aparte não!
Todos assistiram por alguns minutos os enfurecidos cães, feras de instintos selvagens, cravarem seus afiados caninos no couro do oponente. De cima das montarias formavam-se torcidas vibrantes. Mais alguns minutos e o cansaço era visível entre as brutais feras que sangravam. Gigante mantinha uma posição dominante sobre o outro cão que se debatia tentando escapar. O cangaceiro que chefiava o grupo ordenou que dois de seus cabras apartassem a briga.
Do alpendre da casa o garoto Argemiro e sua mãe assistiram toda a movimentação. Os cavalos e burros foram amarrados no frondoso tronco de um tamarindeiro e Lampião e Manuel Mariano foram sentar-se em um banco de madeira que ficava no alpendre da casa. Depois da conversa foram almoçar. Arroz, leite e carne foram servidos.
Depois do grupo alimentado e um breve descanso Lampião pagou a comida e se despediu do seu mais novo amigo. O garoto Argemiro foi presenteado com uma moeda de prata de 2.000 réis. Lampião voltaria e almoçaria mais três vezes na casa de Manuel Mariano. Lampião e Manuel almoçavam na cozinha, sentados à mesa e o restante do grupo sempre fazia as refeições no alpendre e no terreiro da casa, com alguns homens vigiando as veredas que davam acesso a fazenda.
Lampião solicitou um dos cavalos de Manuel Mariano e já montados e preparados para a viagem deu os parabéns para o cachorro do amigo e fez uma proposta:
- Qué vendê o cachorro?
- não! Eu já to acostumado com ele!
Lampião disfarçou a resposta negativa com uma forte gargalhada e partiu rasgando as finas veredas que o levaria até Jeremoabo.
Dias depois um dos coiteiros de Lampião trouxe o cavalo e o devolveu a Manuel Mariano.
    Ontem, dia 13 de dezembro de 2017, eu, Ricardo Cajá e Sandro Lee, estivemos no povoado Santo Antônio entrevistando o senhor Argemiro, que mesmo com seus mais de noventa anos ainda é lúcido e gosta de contar suas lembranças da época do cangaço.
Meu primeiro livro lançado em 2003, Lampião em Paulo Afonso, narra essa passagem do cangaço e seu Argemiro ainda guarda um exemplar que o presenteei há 14 anos.
A moeda de prata que por tanto tempo seu Argemiro guardou, assim como a mesa onde Lampião almoçou algumas vezes, me foram presenteadas.

Nas lembranças de Argemiro ficaram eternizadas as cenas dos cachorros, e as veredas seguidas pelos cangaceiros na direção do infinito desconhecido, levantando poeira e turvando  os caminhos do enigmático sertão.

João de Sousa Lima
Paulo Afonso, Bahia
13 de dezembro de 2017


PARA SABER MAIS:
LAMPIÃO EM PAULO AFONSO
75-988074138


















ANIVERSÁRIO DE LUIZ GONZAGA

Por Kydelmir Dantas

Na tarde deste dia 13 de dezembro, aniversário do LUIZ GONZAGA, o Rei do Baião, estivemos no IFPB-campus Picuí, proferindo a palestra Cangaço e Meio Ambiente, nela inclusa parte da musicografia do maior representante do Nordeste na MPB... 


Também foi uma maneira de 'dar os parabéns a Seu LUIZ, pelos seus 105 anos de vida... "Luiz Gonzaga não morreu"... Disponibilizamos um pequeno folder - a quem interessar possa - com as músicas que foram citadas na palestra. 



Agradecemos a Isaque Ramon pelo apoio na confecção deste, ao Prof. Fred Pereira e sua equipe, dentre elas Pequénnaa Santos e Giuliane Karen , pelo convite e atenção, a Talita Kelly, pela foto do Umbuzeiro (Spondia tuberosa Arr.) e a tod@s que se fizeram presentes na palestra, com especial atenção o primo Menézio Dantas (Lali Henriques)... Foi um fim de tarde excelente. Abração a tod@s.

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