Seguidores

sábado, 8 de setembro de 2012

As trincheiras de Rodolfo, em 1927: VII - A Estação Ferroviária

Imagem 01 - Estação Ferroviária, 1937. Mossoró-TN.

A  imagem 01 mostra a histórica Estação Ferroviária de Mossoró-RN, em 1937. Esta estação, situada na Av. rio Branco, no Bairro Doze Anos. Esta edificação foi mais uma das trincheiras de defesa da cidade, ao assalto de 


Lampião, (1900-1938), à cidade de Mossoró, em 13/06/1927. Esta defesa, também, foi chamada de a Trincheira de Saboinha, apelido de Vicente Sabóia Filho, o então Diretor da Superintendente da Estrada de Ferro.

Esta trincheira foi constituída de civis e militares. Os civis: Francisco Santiago de Freitas; Inácio Bispo; João Delmiro; José Cordeiro; José Pereira; José Tenório; Lafaiete Tapioca, engenheiro; Lourenço Menandro da Cruz; Pacífico de Almeida; Raimundo Leão de Moura, comerciante; Vicente Sabóia Filho. Os militares: os Soldados Clóvis Marcelo de Araújo e Severino França, e o 3º Sargento Pedro Sílvio de Morais.  

Atualmente, esta estação faz parte de um conjunto de edificações, tombado e destinado a fins culturais, que recebe a denominação de Estação de Artes Eliseu Ventania.

Citarmos as fontes é respeitar quem pesquisou e dar credibilidade ao que escrevemos. Télescope.Fontes: FERNANDES, Raul. ( 09-09-1908-1998). A Marcha de Lampião, Assalto a Mossoró. 7a. edição, Coleção Mossoroense, Volume 1550,  Fundação Vingt-un Rosado, outubro de 2009; Fonte do  arquivo fotográfico P&B - Azougue. Provável autor da fotografia 01: Manuelito Pereira, (1910-1980);  Índice das Matérias Publicadas em Memória Fotográfica.

Próxima trincheira a ser postada: Trincheira VIII
Escrito por Copyright@Télescope



Encontrada a última irmã da cangaceira Moça.

Por: João de Sousa Lima

Sinforosa Gomes dos Santos ou simplesmente Zita, última irmã viva da cangaceira Moça vive hoje entre sua casa na Várzea da Ema (Centro do Raso da Catarina) e a casa de sua filha Niceia, em Água Branca, povoado de Jeremoabo.

Zita é de 1913, um ano mais jovem que sua irmã Joana Gomes que entrou no cangaço com apelido de Moça.

Zita foi uma das testemunhas da história quando Lampião tocou fogo nas casas  e quebrou as telhas de outras residências na Várzea da Ema por ser reduto do coronel Petro.

A Várzea da Ema tem ligação com a história de Canudos e a história do cangaço. Vários remanescentes de Canudos fixaram morada nessa povoação.

Zita deixou informações importantíssimas sobre a irmã cangaceira que serão levadas a público no próximo livro de João de Sousa Lima.


Mãe e irmã da cangaceira Moça.


Josué Santana e Zita na residência de sua filha Niceia, em Água Branca, Jeremoabo.


Um dos documentos de Zita.


A Várzea da Ema em quadro de uma artista local.


Uma das casas incendiadas por Lampião hoje funciona como museu e guarda as lembranças do passado, assim como imagens das pessoas que viveram aquela época difícil.


Zita narra para João de Sousa Lima a passagem sangrenta do cangaço na Várzea da Ema e a entrada de sua irmã no meio dos cangaceiros.


Objetos no museu da Várzea da Ema.


Museu da Várzea da Ema.

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço:
João de Sousa Lima

Para quem não o leu ainda - Os 70 anos da morte de Lampião

Por: Alcino Alves Costa
Juliana Ischiara e Alcino Alves Costa

No alvorecer daquela quinta-feira, do dia 28 de julho de 1938, naquele socavão ressequido e árido do Riacho do Angico, então jurisdição do território de Porto da Folha, e hoje após o desmembramento de suas terras em 23 de novembro de 1953, pertencendo ao município de Poço Redondo, foi morto pelas armas do 


tenente João Bezerra da Silva e sua volante, um dos maiores personagens da história nordestina e brasileira, o famoso Virgulino Ferreira da Silva, celebrizado com o nome fantástico de Lampião, ainda a sua amada companheira Maria Bonita e mais nove de seus parceiros de desdita.
               

Lá se vão 70 anos daquele fabuloso acontecimento. Num Brasil que se carrega a cultura de não se preservar a História causa admiração à chama viva e ardente que teimosamente não para de arder no sentimento do povo brasileiro que entra ano e sai ano e a saga do rei dos cangaceiros é pesquisada, esmiuçada e continua a ser escrita e comentada em verso e prosa por todo Brasil e além fronteira. 

É deveras motivo de admiração à magia desse caipira das barrancas do Riacho São Domingos, nas terras da antiga Vila Bela, hoje Serra Talhada, que com uma força portentosa continua a dominar e enfeitiçar todos os segmentos sociais e culturais de nossa nação.

O seu poder de persuasão chega às raias do inacreditável. O seu domínio sobre seus semelhantes foi e é imenso e envolvente. E assim, Lampião coloca sobre os que procuram enfadonhamente pesquisá-lo um campo recheado de intransitáveis e misteriosos labirintos que deixa todos zanzando pra lá e pra cá sem alcançar a verdade do que aconteceu em Angico.

 
Aqui foi onde Lampião, Maria Bonita e mais nove integrantes de seu bando foram executados e decapitados.

Em meu livro “Lampião Além da Versão”, no subtítulo “Mentiras e mistérios de Angico”, eu discorro sobre o medonho mistério que o titã da Passagem das Pedras espalhou naquela grota do riacho, e ainda, as descomunais mentiras que as mais diversas testemunhas – coiteiro, soldado, cangaceiro – fizeram chegar até as páginas dos incalculáveis livros que tem como finalidade registrar a epopéia cangaceira e em especial a chacina de Angico. 

 
Jornalista Jacques Cerqueira, e o Diretor do Foro, Juiz Federal Danilo               

Os exemplos são muitos. Jaques Cerqueira, subeditor do Viver do Jornal Diário de Pernambuco, é o autor de um artigo intitulado “A outra morte de Lampião”, que saiu no jornal Página Certa, de Mossoró, no Rio Grande do Norte, afirmando com convicção de que Lampião não morreu em Angico, e sim em setembro de 1981. No livro “Lampião e Zé Saturnino – 16 anos de luta”, de autoria de José Alves Sobrinho, que era sobrinho em segundo grau de José Saturnino, o inimigo número 1 de Lampião, este respeitável senhor atesta com convicção que Lampião não morreu em Angico, e sim aos 83 anos de idade, na fazenda Ouro Preto, em Tocantinópolis, Goiás. 
               
José Alves ainda afirma: “O Capitão Virgulino tinha o olho esquerdo com pálpebra arriada, e não o olho direito fechado como o da cabeça decepada pela Polícia e mostrada no Museu”.
                                                               
Quase sempre, é certo, aparecem livros que se enveredam pelas versões e mistérios que estão fincados na Grota de Angico. Existe um boato de que ainda neste ano de 2008 serão lançados dois livros que com fundamentos poderosos desejam provar que Lampião não morreu em Angico.

Tenho certeza absoluta de que tudo que se registrou sobre o cerco e o combate de Angico não passa de uma grotesca e quase que ingênua mentira. Aliás, as mais variadas mentiras que não se deve dar por elas nenhum crédito. Todavia, mesmo acreditando que tudo pode ter acontecido naquele histórico riacho, jamais eu me arriscaria em afirmar que Lampião não morreu naquele célebre combate com as “forças” alagoanas. No entanto, o que é deveras muito estranho é a maioria dos historiadores e estudiosos do cangaço não querer nem ouvir falar no que possa ter acontecido de real e verdadeiro em Angico e que venha contrariar a versão oficial mesmo que ela comprovadamente tenha sido edificada em cima de depoimentos absolutamente mentirosos.

Todos sabem, e isto não é nenhuma novidade, que os testemunhos dos que participaram de corpo presente, inclusive João Bezerra, do dia final de Lampião, são absurdamente falsos e mentirosos.

Não consigo compreender qual a razão de muitos ainda continuar a dar crédito aos depoimentos que estão registrados sobre o dia final de Lampião e do cangaço quando os mesmos não oferecem nenhuma sustentação que se possa alcançar a mais simples fundamentação. 
              
Lampião morreu em Angico? Acredito que sim. Mas, me pergunto: por que os estudiosos, os historiadores, os pesquisadores, enfim a sociedade brasileira, não aceita sob hipótese alguma desfazer as terríveis mentiras que foram plantadas naquele pedacinho histórico de sertão? E se Lampião não morreu em Angico, como é que fica a história?

Não me surpreende o comportamento de muitos estudiosos do cangaço quando eles apresentam versões que atestam não ter Lampião sido morto em Angico. Não desdenho e nem fico fazendo chacota das mais diversas afirmações nesse sentido saídas de pessoas de gabarito, responsabilidade e respeito, mas que, dominados pela incomparável inteligência e habilidade de Lampião se vêem reféns de sua misteriosa estratégia que tem envolvido por todos os anos de sua vida e morte aqueles que nunca se cansaram de rastejá-lo.  

Nota: Este artigo é do escritor Alcino Alves Costa, e infelizmente eu não tenho a fonte. Realmente eu o adquiri em um blog, mas ao passá-lo para o World, coisa que é muito difícil acontecer, esqueci-me de pegar a fonte pesquisada.    

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

VIRGULINO FERREIRA DA SILVA


Conhecido como o rei do cangaço e o governador do sertão, Virgulino Ferreira da Silva nasceu no dia 7 de julho de 1897, na Fazenda Ingazeira, situada no município de Vila Bela (hoje, Serra Talhada), no sertão de Pernambuco. Foi o terceiro filho de José Ferreira da Silva e de Maria Sulena da Purificação. O seu nascimento, porém, só é registrado no dia 7 de agosto de 1900. Tinha como irmãos: Antônio, João, Levino, Ezequiel, Angélica, Virtuosa, Maria e Amália. Todos cresceram ouvindo e/ou presenciando estórias de cangaceiros, e Antônio Silvino lhes serve de exemplo maior.


Naquela época, o sertão quase não possuía escolas e estradas, viajava-se a pé, a cavalo, em burro e em jumento. Os denominados coronéis (os proprietários de terras) imperavam sob o peso da prepotência como os verdadeiros chefes políticos, sem nunca sofrer represálias, porque a força do Estado estava sempre do seu lado. Neste sentido, eram eles que davam a palavra final, ou seja, elegiam, destituíam, perseguiam, condenavam, absolviam, torturavam e matavam.

Em períodos de crises econômicas, os coronéis recebiam ajuda do Poder Público. Isto era uma recompensa, um benefício recebido, por causa dos eleitores que controlavam mediante os "votos de cabresto" - aqueles votos fornecidos a um candidato, e garantidos pela palavra-de-ordem dos poderosos, que impõem nomeações e asseguram a hegemonia da classe política local, sem se importar com a competência profissional dos nomeados.

Apesar de muito inteligente, Virgulino abandona a escola para ajudar a família no plantio da roça e na criação de gado. Torna-se famoso nas vaquejadas. Gosta muito de dançar, de tocar sanfona, compõe versos e adora um rifle. Sabe costurar muito bem em pano e couro e confecciona as próprias roupas.

Primeiro inimigo de Lampião - José Saturnino

Ele tinha 19 anos quando entrou para o cangaço. Dizem que tudo começou através de disputas com José Saturnino, membro da família Nogueira e vizinha de terras. Lutando contra essa família durante muitos anos, Virgulino e seus irmãos já se comportavam como futuros cangaceiros, não tardando a entrar em conflito com a polícia. A decisão de viver e morrer como bandido, contudo, só foi tomada, mesmo, quando a polícia mata José Ferreira da Silva - o patriarca da família - enquanto ele debulhava milho.

Floro Bartolomeu e Padre Cícero

Virgulino consegue realizar seu maior sonho, com a intermediação do Padre Cícero Romão Batista: adquirir a patente de capitão, no Batalhão Patriótico do deputado Floro Bartholomeu, o batalhão das forças legais. Além de alimentar sua vaidade pessoal, a patente funcionaria como uma espécie de salvo-conduto, permitindo o bando circular pelas divisas dos Estados do Nordeste.

Lampião e Antonio Ferreira

Aproveitando aquela oportunidade, Virgulino solicita, também, para os companheiros Antônio Ferreira e Sabino, os postos de 1o. e 2o. tenentes. 

O cangaceiro Sabino Gomes

Acatada a solicitação, os membros do bando abandonam as roupas costumeiras, vestem a farda de soldado e, como autoridades constituídas, passam a ter o dever - por mais irônico que isto possa soar -, de defender a legalidade e proteger a população nordestina.

Tudo isso foi redigido pelo Padre Cícero e assinado, a pedido deste, no dia 12 de abril de 1926, pelo engenheiro-agrônomo do Ministério da Agricultura, Dr. Pedro de Albuquerque Uchoa. Feliz da vida aos 28 anos de idade, o jovem Capitão Virgulino reúne a família para tirar fotografias.

Dr. Pedro de Albuquerque Uchoa

Oficialmente, ele recebe a missão de combater a Coluna Prestes - um grupo de comunistas liderados por Luís Carlos Prestes -, grupo que vinha percorrendo o país durante o governo do presidente Artur Bernardes. 

No bando de Lampião tinha indivíduos de todos os tipos: gordos, magros, ruivos, louros, morenos, altos, baixos, negros e caboclos. Alguns, inclusive, eram jovens demais: Volta Seca (11 anos), Criança (15 anos), Oliveira (16 anos). O mais idoso era Pai Velho, com 71 anos de idade.

Lampião arranjava, facilmente, armamentos e munições, mas, como o fazia, era um segredo que não contava a ninguém. Uma parte das armas automáticas, para combater a Coluna Prestes, foi adquirida através do Deputado Floro Bartolomeu e do Padre Cícero. Os demais armamentos do bando foram arranjados mediante a intervenção de amigos.

Um acidente provocado pela ponta de um pau cega o olho direito do Capitão Virgulino, um órgão que, anteriormente, já se apresentava problemático devido à presença de um glaucoma. Enxergando com um olho, apenas, Lampião se vê obrigado a ficar sempre enxugando, com um lenço, as lágrimas que pingam do olho vazado. A despeito dessa deficiência, ele nunca deixou de ser um excelente estrategista.

Quando sabia da existência de um coronel perverso, Lampião não perdia a oportunidade de queimar-lhe as fazendas e matar-lhe o gado. Nas incursões em vilas e povoados, o grupo saqueava, dizimava e matava. As violências cometidas pelo bando eram inúmeras: tatuagem a fogo, corte de orelha ou de língua, castração, estupro, morte lenta, entre outras. Muitos habitantes abandonavam definitivamente as suas propriedades, tornando desertas as caatingas, já que elas estavam entregues a soldados e cangaceiros.

Virgulino Ferreira era bastante impulsivo. Às vezes, passavam-se meses sem se ouvir falar nele, pensando-se, inclusive, que tinha morrido. Mas, de repente, ele surgia do nada com o seu bando, como um tremendo furacão, lutando contra as volantes, incendiando fazendas, roubando e matando com a maior naturalidade. Em algumas ocasiões, seus gestos eram generosos: confraternizava com as pessoas, organizava festas, distribuía dinheiro, pagava bebida para todos.

Vale deixar registrado que o bando de Lampião resistiu durante quase 20 anos, brigando com grupos de civis que o perseguiam e com a polícia de 7 estados nordestinos. Por todo esse tempo, assaltou propriedades de grandes fazendeiros, atacou povoado, vilas e cidades, roubou, pilhou, torturou e matou os seus adversários.

Apesar de ter sido baleado nove vezes, Lampião sobreviveu a todos os ferimentos, sem contar com qualquer tipo de assistência médica formal. Naquela época, desconheciam-se os antibióticos e as sulfas. Para estancar o sangue e curar os ferimentos, por exemplo, usavam-se mofo, pó de café e, até, excrementos de gado. Eram usadas, ainda, ervas medicinais e rezas dos curandeiros, que nem sempre funcionavam como se esperava. Um ferimento em seu pé, neste sentido, condenou Virgulino a mancar para o resto da vida.

Extremamente jeitoso, além de dotado de grande capacidade de improvisação, era o Capitão Virgulino que fazia os curativos, encanava pernas e braços quebrados dos feridos e fazia os partos das mulheres dos cangaceiros. Super dotado de inteligência, ele era médico, farmacêutico, dentista, vaqueiro, poeta, estrategista, guerrilheiro, artesão. Desconfiado, só ingeria algo depois que alguém tivesse provado o alimento. Por outro lado, só entregava o dinheiro após ter recebido a mercadoria. Entretanto, não conseguiu se livrar da traição dos falsos amigos.

Fontes: www.fundaj.gov.br

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/lampiao/lampiao-3.php