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domingo, 6 de março de 2022

LAMPIÃO EM LIMOEIRO DO NORTE_parte 1

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=idrsuSFUjHA&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

1ª parte da entrevista de Custódio Saraiva, juiz municipal de Limoeiro do Norte em 1927, concedida a Agenor Ferreira, da Rádio Vale do Jaguaribe, em 1977.

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A MORTE DO SARGENTO DELUZ – PARTE FINAL

 Por José Mendes Pereira

O pai João Marinho, filhos e genro, combinaram assassinar o sargento Deluz por último, era só esperar a grande oportunidade. Quem iria vigiar o militar quando chegasse da empreitada para matar o assassino da sua mãe e irmão? Seria o Jonas Marinho que ficaria de olho nele, acompanhando todos os seus passos, assim que chegasse da missão prometida.  E quem seria o executor? Seria o João Maria Valadão, homem destemido ao estremo. 

Como nós já sabemos que o Deluz iria viajar para Pernambuco, na finalidade de executar o assassino da sua mãe e irmão, e segundo ele, quando retornasse para Sergipe, viria consigo um irmão tido como um grande e sanguinário pistoleiro, para chacinar aquela gente do Brejo,  que eram os familiares da sua esposa Dalva, isto é João Marinho, Maria Gomes esposa deste, Jonas e o João Maria Valadão. 

O mano que segundo o sargento Deluz era pistoleiro de boa marca,  chamava-se Otávio, e este, talvez, não viria só, com ele, chegaria em Sergipe mais uns pistoleiros. Estes eram os comentários que desfilavam em bares, bodegas naquela região do rio São Francisco. Finalmente, a data chegou. O sargento Deluz sairia da sua fazenda Araticum pela manhã cedo, e de lá, até o rio São Francisco rumo Pernambuco, em busca do local da sua missão, que teria que cumprir, vingar a morte dos seus entes queridos. 

Diz Alcino Alves Costa que esta taperinha e esta cruz estão esquecidas, mas são elas quem marcam onde foi assassinado o corajoso e vingativo Amâncio Ferreira da Silva o Deluz, no dia 30 de setembro de 1952.

O Jonas Marinho estava vigiando o jovem militar sem perdê-lo das suas vistas um só instante. João Maria Valadão já estava sabendo que ele tinha saído da sua propriedade. Por volta da noite anterior Valadão acompanhado de um senhor chamado Vicente da Mata Grande, outro, Mané Vigia e outro de nome Cícero Cupira, saíram da fazenda que moravam e foram para fazenda do Deluz Araticum, vão tocaiar o valentão sargento de Canindé Deluz.

O dia vem chegando devagar e os primeiros raios solares foram estendidos sobre o solo terrestre. Nesse dia era uma terça-feira do dia 30 de setembro de 1952. O sargento estava se preparando para a viagem. Seu animal terminou de comer a ração, mas já estava selado. Ao seu lado, estava o seu cunhado Rosalvo Marinho, o único que ainda se relacionava com ele, e que ficaria para cuidar da sua fazenda, enquanto ele retornasse de Pernambuco.

"Inquietações do blogdomendesemendes:

Este Rosalvo Marinho foi aquele que havia amparado em sua casa o Manoel Pereira de Azevedo, o famoso e perverso cangaceiro Juriti, e ele findou sendo preso e assado em uma coivara na localidade chamada Roça da Velhinha, nas proximidades da fazenda Cuiabá ordenado pelo famoso Deluz.

Fico metido nas minhas inquietações.

Por que o Rosalvo Marinho que era filho do João Marinho (irmão da Dalva), mantinha amizade com o sargento Deluz? Somente o Jonas, João Marinho e o Valadão sentiam tamanhas dores pela Dalva?"

Continuando a nossa história:

O sargento montou em seu cavalo. O seu cachorro quis segui-lo, mas ele não deixou. Em seguida, cruzou o seu fuzil sobre a sela e deu partida. Ali bem perto, menos de um quilômetro  está os homens que tocaiavam o miserável delegado, comandado pelo seu concunhado João Maria Valadão, e assim que o bruto sargento Deluz colocar a cara na estrada ele vai sentir o peso de uma, duas ou mais balas no seu corpo.

Os vingativos estão fortemente armados. O Valadão vai dominar a ação com um 44 (papo amarelo como o chamavam). Os outros estão abraçados com bacamartes e bem preparados para matar. Todos eles estão escondidos em moitas bem enramadas. O infeliz tem que aparecer por uma curva da estradinha, e mais à frente, um limpo. Os verdugos estão bastantes atentos, e não podem falhar. Se não der certo o plano, poderão pagar caro mais tarde. Eles estão bem divididos, e com certeza, não falhará. Deluz irá receber o castigo que merece, mas diziam que ele tinha o corpo fechado. Ou corpo fechado ou não, o Deluz está marcado para morrer, pelos familiares da sua esposa Dalva.  

O infeliz aparece na estrada. O cavalo trota vagarosamente como se está adivinhando algo. Deluz alcança o limpo e neste momento, que dois estampidos estrondam soando forte na imensidão do sertão. O homem que antes era um valente agora despenca do seu animal. Seu corpo desaba como um pesado fardo, e se mistura no meio de um rio de sangue escarlate. Quando os seus matadores viram o corpo, percebem que ele já estava muito longe do nosso planeta. Mais uma vida por vingança se foi.

Assim chegou ao fim a vida de uma autoridade militar Amâncio Ferreira da Silva, o temido, odiado e perverso sargento Deluz, o covarde matador do cangaceiro Juriti. 

Informação:

Diz à história que João Marinho foi o mandante, chegando até ser preso; e seu genro João Maria Valadão, casado com Mariinha, irmã de Dalva, portanto concunhado de Deluz. Afirmaram os estudiosos que O João Maria Valadão, que em 2011, ele ainda estava vivo, com seus 96 anos de idade, completados no mês de dezembro, foi quem tocaiou e matou o célebre militar e delegado que aterrorizou Canindé e o Sertão do São Francisco. 

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