Seguidores

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Relatos...e relatos

Por: Cicinato

Barros Alves, Vilela, Ângelo Osmiro e Cicinato

Sou pesquisador do cangaço há muito tempo e confesso que já li ou escutei muitos absurdos sobre algum aspecto ou outro ligado ao instigante tema. Como era de se esperar, as biografias dos cangaceiros mais famosos provocam as maiores polêmicas. É verdade que alguns estudiosos sérios têm se dedicado à árdua tarefa de "separar o joio do trigo", mas, infelizmente, ainda há espaço para opiniões e teses, no mínimo, estaparfúrdias. Alguns autores não gostam de mencionar fontes ou se apegam aos relatos mais frágeis, sem nenhum embasamento.
A tese do momento, a polêmica da moda, entre os interessados pelo assunto do cangaço, é a que se refere à suposta homossexualidade do cangaceiro Lampião.
Não li o livro do juiz sergipano e não sei quais as fontes que ele usou, mas pelo que já li em textos de colegas, como:
 
João de Sousa Lima,
Alcino Costa
 
e Wescley Dutra, o autor apenas deu importância a relatos desencontrados, muito mais lendas do que qualquer outra coisa. Quem estuda detidamente o cangaço sabe que o que existe em demasia, nesse campo de estudos, é a invencionice, a maledicência, o "fuxico", a fofoca, a divulgação de "estórias" sem pé nem cabeça. Em todos esses anos de estudo, não tinha observado, com exceção do livro de Joaquim Góis, alguma referência, por exemplo, a um caso amoroso envolvendo
Neném, Luiz Pedro e Maria Bonita
Maria Bonita e Luís Pedro, aspecto também mencionado na obra "O Mata Sete", a qual trouxe toda essa celeuma. Como acreditar nisso agora?
Mas há uma infinidade de outros disparates sobre cangaço e, especificamente, sobre Lampião. Querem alguns exemplos?
1) Lampião teria perambulado no Piauí (Surpreendi-me, um dia, ao acessar uma página de uma comunidade de uma rede social, com a notícia do lançamento de um livro com essa intrigante tese. Falava-se até numa batalha da Macambira, com 400 soldados contra menos de 100 cangaceiros. Ora, isso não aconteceu no Ceará no fim de junho de 1927, quando Lampião voltava de Mossoró? Será que estão aproveitando fatos ocorridos e mudando apenas os locais?
2) Lampião conhecera pessoalmente o artista Luiz Gonzaga, o rei do Baião (não há, em estudos sérios, quaisquer referências a isso, até onde eu sei).
3) Lampião procurara o coronel Horácio de Matos, na Bahia, e foi um dos seus protegidos;
E assim por diante... São inúmeros os exemplos e faria um texto muito grande se fosse enumerá-los um a um. Não sou radical a ponto de negar completamente a possibilidade de que tais fatos - ou pelo menos alguns deles - tenham acontecido. Só não consigo digerir, aceitar ou entender com facilidade o fato de que eles possam se sustentar na literatura cangaceira, porque não há provas relevantes para atestá-los, nem eles foram levados em consideração por aqueles que estudaram o assunto com responsabilidade e seriedade.
ADENDO
Amigo Cicinato:
É claro que o sol nasceu para todos nós, mas neste caso, o sol só iluminará quem realmente escreveu a verdade. Mesmo que este livro venha ser um dia liberado para a venda, são pouquinhos que o comprarão. Os que estudam o cangaço e sabem muito bem o que já foi feito, sem fantasia, sem ficção, sem imaginação sonolenta, jamais cairão nesta de adquirir um livro fantasiado e recheado de mentiras, 

A melhor maneira de acabar de uma vez por toda certas mentiras que alguns ambiciosos por valores afirmam que  aconteceram no cangaço, é a SBEC lançar um selo para ser impresso na capa de cada trabalho publicado, e ela mesma lançará  o livro do escritor e posteriormente se encarregará da venda. Não é que ela sairá vendendo, mas com o selo impresso na capa, não será mais necessário o leitor ficar na dúvida e se perguntando: Este livro tem fundamento? Seria como uma autorização para a publicação do livro. Quem não foi autorizado pela SBEC, com certeza o livro não tem fundamento. É claro que a SBEC não iria proibir ninguém lançar livros sobre o cangaço, mas sem o selo, não tem valor nenhum sobre a literatura lampiônica. O selo seria como garantia de um trabalho sério e indicado por todos escritores, pesquisadores e historiadores do cangaço. Isso no intuito de preservar a boa literatura lampiônica que nós temos, e os ambiciosos por dinheiro   não mais avacalharem a nossa literatura que tem sido feita com respeito e carinho.

Quando alguém falasse  que  lançaram um novo livro sobre o cangaço, quem o ouviu, perguntaria logo: "Tem o selo da SBEC?" Se tiver eu vou comprar, mas se não tiver eu não o comprarei... Com o selo da SBEC, viciaria o leitor só comprar livros que realmente estivesse de acordo com o tema cangaço.

Não sei se estou certo ou errado, mas essa é a minha opinião.

José Mendes Pereira
Extraído do blog do Cicinato

O CASO DA PRAÇA LAMPIÃO EM POÇO REDONDO

Por: Antônio Fernando de Araújo Sá
 
Na região do Baixo São Francisco, encontramos duas cidades – Piranhas, em Alagoas, e Poço Redondo, em Sergipe – que têm suas trajetórias, fortemente, marcadas pela presença do cangaço.
Luitgarde Barros adverte-nos que devemos tomar cuidado com os depoimentos dos habitantes de Piranhas e, acrescentaríamos, de Poço Redondo, pois, de tanto repetirem suas histórias para jornalistas, escritores e cinegrafistas, eles às vezes acabam por incorporar às suas memórias lembranças que não foram vividas por eles, tornando-se testemunho de fatos jamais vivenciados. Esse comportamento faz com que o pesquisador elabore um registro minucioso dos relatos de cada colaborador, para a comparação de dados das entrevistas.
A pesquisadora busca a utilização dos depoimentos orais como instrumentos para preencher as lacunas deixadas pelas fontes escritas. Daí a preocupação de se garantir ao máximo a veracidade e a objetividade dos depoimentos orais, excluindo possíveis distorções. Contudo, nossa proposta difere dessa perspectiva na medida em que privilegia o estudo das representações, atribuindo, assim, um papel central às relações entre história e memória.
Parte do todo do site:

O Paço Municipal - 03 de Abril de 2009

Por: Geraldo Maia do Nascimento

O antigo prédio da Câmara Municipal e Cadeia Pública de Mossoró, conhecido como Paço Municipal (Espécie de Câmara da época), teve a sua construção iniciada em 1878 pelo Juiz Municipal Manuel Hemetério Raposo de Melo, então Presidente da Comissão de Socorros Públicos. Foi inaugurada em 8 de abril de 1880 quando o administrador de obras, Astério de Souza Pinto, fez a entrega do prédio ao Coronel Francisco Gurgel de Oliveira, Presidente da Intendência, que para ali transferiu a Câmara Municipal.
 
O prédio foi construído em dois andares: no andar térreo tinha porões, celas e alojamentos para o Corpo de Guarda; no andar superior, foi instalada a Câmara Municipal, que inaugurou as novas instalações a 14 de abril do mesmo ano, data essa em que foi realizada a sua primeira sessão. 
 O professor Lauro da Escóssia, em seu livro Cronologias Mossoroenses, narra um fato curioso acontecido com o Dr. Manuel Hemetério. O Dr. Hemetério, tinha por hábito fiscalizar diariamente o andamento da construção, demorando-se por horas no interior do prédio. Certa tarde, entrara o magistrado numa dependência interna, sem que ninguém percebesse a sua presença. E ao encerrar o horário de trabalho, pedreiros e serventes fecharam o prédio e se recolheram às suas residências. Já noite, um carreiro (tangedor de carros de boi), vindo do porto de Santo Antônio, ao passar defronte a construção, ouviu gritos que dali partiam e ao se aproximar percebeu tratar-se de alguma pessoa.
Grande foi a sua surpresa ao reconhecer o Dr. Manuel Hemetério, o Juiz construtor do prédio, que por esquecimento dos operários ficou ali fazendo às vezes de primeiro detento da Cadeia Pública de Mossoró. Foram procurar o administrador da obra que outra alternativa não teve senão deslocar até o prédio em construção para soltar o Dr. Manuel Hemetério. 
O prédio ficou famoso por ter sido em suas dependências que se realizou dois dos principais acontecimentos de Mossoró. O primeiro foi quando em 30 de setembro de 1883, a Câmara Municipal realizou a sessão magna da Libertadora Mossoroense, declarando que a partir daquela data o município se achava livre de escravos.
O segundo se deu quando nas eleições de abril de 1928, dona Celina Guimarães Viana votou pela primeira vez, constituindo-se na primeira mulher na América do sul a solicitar sua inscrição no Registro Eleitoral, pedido deferido pelo Dr. Israel Ferreira Nunes, em 25 de novembro de 1927.
Foi também nesse prédio que foi detido o cangaceiro Jararaca, em 1927, quando do ataque de Lampião à Mossoró. 
Em setembro de 1981 o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, a Fundação José Augusto e a Prefeitura Municipal de Mossoró assinaram um convênio visando a restauração do prédio. O projeto de restauração foi elaborado pelo Núcleo de Restauração de Monumentos Históricos da Fundação José Augusto, e aprovado pela secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 
Com a restauração do prédio, é instalado no mesmo o Museu Histórico Lauro da Escócia. O referido Museu abriga o mais rico acervo da região nos campos da Mineralogia, Paleontologia, História e Arqueologia Indígena, além de variada coleção de peças avulsas que fizeram a história da cidade desde a sua fundação.

Atualmente o Museu passa por mais uma restauração, dessa vez patrocinada pela Prefeitura Municipal de Mossoró, tendo a frente o museólogo Hélio de Oliveira, que escolheu como tema central: “A terra e o Homem do Oeste Potiguar”. Esse tema, segundo a concepção do museólogo, será dividido em 10 núcleos expositivos que seriam: geografia, os seres vivos que aqui viveram antes de nós, arqueologia, tentativa de povoamento da Região Oeste, o criatório de gado e a formação do povoado, a evolução econômica, o movimento abolicionista, a imprensa mossoroense, o cangaço em Mossoró e a cultura material. 
O Museu Histórico “Lauro da Escóssia”, que faz parte do Centro Cultural Manuel Hemetério, abriga ainda em seu interior a SBEC e o Clube Filatélico e Numismático de Mossoró.
Geraldo Maia do Nascimento
Todos os direitos reservados 
É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

O RABO DA GATA

Por: Manoel Tavares de Oliveira


Quem conviveu em Mossoró como eu, no início dos anos 70, século XX, deve lembrar com nitidez do bairro Rabo da Gata.

Não sei a origem do nome "Rabo da Gata", mas sei perfeitamente que ele iniciava ali no fundo do Cemitério São Sebastião, indo até onde hoje é a Avenida Diocesana lado Oeste, e pelo lado Norte onde passa a rua Duodécimo Rosado e lado sul a rua João da Escóssia.

O Rabo da Gata naquela época, ficava na periferia da cidade, bairro de gente paupérrima, habitado por a maioria de mulheres prostitutas, cujas residências eram construções de taipa, cobertas de papelão, e outras exclusivamente de papelão, onde se podia ver o tamanho da pobreza.

Era um setor perigoso, andarmos por lá à noite, não tanto como hoje é perigoso, andarmos nas favelas, pois naquela época não existia a maldita da droga que está causando violência e ceifando a vida de milhares de pessoas, principalmente a classe jovem, que é a mais envolvida com tão terrível praga.

Se olharmos o túnel do tempo, em tão poucos anos, veremos a diferença que existe daquela época para cá, onde o saudoso Rabo da gata, relembrado só através da história, deu lugar ao famoso bairro Nova Betânia, hoje com grande destaque, por ser um grande Bairro e habitado quase só pela classe elitista da cidade, com suas mansões de alto valor comercial.

O antigo Rabo da gata, hoje Nova Betânia, existe até Arranha-Céus, prova do grande crescimento desordenado da cidade, tanto no sentido horizontal como vertical, com grande desemvolvimento na construção civil, faltando agora incentivo dos governos Estadual e Municipal, para construção de grandes fábricas para aí sim, sermos uma metrópole de primeiro mundo.

Por falar em incentivo fiscal, relembrando coisas passadas, quem não lembra da fábrica de tecidos Guararapes, filial aqui em Mossoró, que funcionou até o início dos anos 80, quando recebia o incentivo fiscal do Governo Estadual, fechando suas portas quando o então Governador


José Agripino Maia acabou aquele bônus, deixando desempregado centenas de pais e mães da família, que naquela empresa ganhava o pão para alimentar seus filhos.

Quem não se lembra desse ato impiedoso cometido pelo Governo do Estado naquela época? 

Quem é vivo e mora em Mossoró, deve lembrar com a máxima nitidez. 

Manoel Tavares de Oliveira

Mossoró - 02 de Dezembro de 2011
Fones: 3321-4961 e 8727-2913
Email: leonamseravat @hotmail.com

Manoel Tavares de Oliveira é autor do livro:

" Estrada de Ferro Mossoró-Souza: Um Sonho, Uma Realidade, Uma Saudade". - da coleção mossoroense - série "C' - volume 1494 - Outubro de 2005

Amanhã: Sila , Cariri Cangaço & GECC


Nesta terça-feira, dia 06 de dezembro
as 7 da noite, novo encontro
Cariri Cangaço-GECC
no espaço Rachel de Queiroz
da Livraria Saraiva do
Shopping Iguatemi, em Fortaleza


Imperdível !
 
Presença: 
Sila, uma cangaceira 
de Lampião.

Noite Cariri Cangaço - GECC
Saraiva do Shopping Iguatemi
dia 1 de Novembro
19 H
 
http://cariricangaço.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

A história da Capelinha da Serra de Veneza

Por: Rostand Medeiros
Manoel Severo e Rostand Medeiros

Um dos aspectos mais interessantes da história da passagem do bando do cangaceiro Lampião pelo Rio Grande do Norte, entre os dias 10 e 14 de junho de 1927, não aponta apenas para os relatos de lutas, resistências, arroubos de valentia, covardias, ou sobre o alivio em relação à fuga dos cangaceiros. Foi possível encontrar em alguns locais, interessantes situações originadas pelo medo da passagem de Lampião, que geraram manifestações que se perpetuam até hoje.
Comento especificamente sobre uma ermida encontrada no alto de um promontório denominado Serra da Veneza, próximo ao sítio Garrota Morta, na fronteira entre os municípios de Antônio Martins e Pilões. Nesta elevação granítica, que segundo o mapa da SUDENE chega a atingir a altitude de 555 metros, existe uma capela edificada em razão do medo provocado pela passagem do bando.
Primeiramente havíamos recebido uma informação que este pequeno templo fora erguido pelo fazendeiro Manoel Barreto Leite, conhecido na região como “Seu Leite”, proprietário de um sítio conhecido como Veneza e localizado próximo a esta serra. Esta informação dava conta que todos os anos, a família do proprietário rural mandava rezar uma missa como forma de marcar mais um aniversário da libertação de Barreto do julgo do bando. Tanto a construção da capela como a missa rezada anualmente eram parte de uma promessa que devia ser cumprida pela família Leite.

Capela da Serra da Veneza - Foto - Rostand Medeiros

Na tarde do dia 11 de junho de 1927, um sábado, quando empreendia uma viagem, na altura do sítio Corredor, a cerca de dez quilômetros de sua propriedade, o fazendeiro Manoel Barreto Leite, foi capturado pela fração do bando comandado por Sabino.


Sua libertação foi orçada em cinqüenta contos de réis. O mesmo só foi libertado em Limoeiro, atual Limoeiro do Norte, no Ceará, após a derrota do bando em Mossoró.
Manoel Leite era um homem conhecido na região, que possuía bons recursos financeiros e extremamente respeitado, por esta razão a existência da capelinha branca no alto da serra homônima de sua propriedade, ficou associada a uma promessa feita pelo fazendeiro seqüestrado. Mas conforme seguíamos o trajeto, ao perguntarmos sobre este caso, percebemos o desconhecimento das pessoas da região em relação a esta versão. Buscamos apurar os fatos e no sítio Garrota Morta localizado nas proximidades desta serra, encontramos uma senhora chamada Maria Eugenia de Oliveira que esclareceu a verdade sobre esta capela. Esta senhora, pequena na estatura, mas é forte, voluntariosa, possui uma voz firma e olha direto no olho do interlocutor. Maria Eugenia não é daquelas de ficar em casa vendo novelas, já está na faixa dos cinquenta anos, mas todo santo dia trabalha voluntariamente como animadora da congregação católica local. Participando ainda como catequista e ministra da eucaristia.

O ponto branco no meio da Sera da Veneza é a capelinha - Foto - Rostand Medeiros

Há alguns anos atrás, por sua própria iniciativa, em meio a este trabalho religioso ela iniciou uma pesquisa histórica com as pessoas mais idosas da sua região, onde apurou entre outras coisas a origem dos nomes dos logradouros, as histórias relativas as famílias da região e os fatos históricos mais representativos do lugar. Mesmo anotando estas informações em um caderno simples, através de sua louvável e comovente iniciativa foi possível conseguir as informações sobre a origem desta capela.
Segundo Maria Eugenia foram as idosas moradoras conhecidas como “Francisca do Uru” e “Francisca da Garrota Morta”, que lhe narraram os fatos que a comunidade local considera um verdadeiro milagre.
Na noite de 10 de junho de 1927, quando Lampião e seu bando se aproximavam da fazenda Caricé, a cerca de oito quilômetros da Garrota Morta, em meio às terríveis notícias, três fazendeiros da região procuraram refúgio junto às rochas da base desta elevação. Essas famílias eram comandadas respectivamente por Manoel Joaquim de Queiroz, proprietário do sítio Garrota Morta, Vicente Antônio, do sítio Cardoso e Francisco Felix, que habitava na pequena zona urbana que formava a Vila de Boa Esperança, atual cidade de Antônio Martins. Na época da passagem de Lampião, todo este vasto sertão pertencia a área territorial do município de Martins.
Durante o período que lá permaneceram, as três famílias não se encontraram e sequer se viram em nenhum momento. Em meio à aflição, estes homens solicitaram junto ao mesmo santo, São Sebastião, que os protegessem contra a ação dos cangaceiros. No dia posterior o bando chegou próximo a Serra da Veneza. Os cangaceiros ainda palmilharam algumas casas edificadas dentro dos limites da propriedade Garrota Mortas, mas não chegaram próximo aos esconderijos no pé da serra.

Rostand Medeiros e parte da família Cariri Cangaço

Em meio ao sentimento de alivio que crescia, as três famílias que não se viam choravam de alegria e rezavam agradecendo. O mais interessante, segundo Maria Eugenia, mesmo sem existir nenhuma espécie de combinação, os três homens elegeram a mesma penitência; galgar a Serra da Veneza, erguer um oratório e ali depositar uma imagem em honra a São Sebastião. Logo os fazendeiros e seus familiares foram a Vila de Boa Esperança a treze quilômetros da serra. Como muitos moradores da região, eles foram agradecer na capela do lugarejo, edificada em honra a Santo Antônio, o fato de nada de pior haver ocorrido. Neste local os três homens se encontraram, eram amigo, e logo debatiam sobre os fatos vividos. Para surpresa de todos os presentes, compreenderam que havia ocorrido uma interseção divina com relação a eles terem tido as mesmas idéias e os mesmos pensamentos.
Em pouco tempo eles adquiriam conjuntamente uma pequena imagem de São Sebastião e logo galgavam a Serra da Veneza, para unidos edificarem um pequeno oratório. A ação dos três fazendeiros e as estranhas coincidências chamaram a atenção das pessoas na região. Outros penitentes passaram a subir a serra para pagar promessas. Mais algum tempo a comunidade da Garrota Morta já organizava uma singela procissão e não demorou muito para que o pároco local também viesse participar. Com o passar do tempo começou a ocorrer a participação de pessoas de outros municípios.
Em 1948, vinte e um anos após a passagem de Lampião e seu bando e do pretenso milagre, treze famílias da comunidade ergueram treze cruzes, formando uma via sacra entre a base da serra e o local do oratório. Cada uma destas cruzes tinha dois metros de altura e continha uma placa da família doadora. Percebendo o crescimento desta manifestação, conjuntamente estas pessoas deram início a construção da atual capela, em meio a uma intensa confraternização. A capela foi construída em um ponto mais abaixo em relação à posição original do antigo oratório. Uma nova imagem de São Sebastião foi levada em procissão e se uniu a que ali havia sido colocada primeiramente.

Rostand Medeiros, João de Sousa Lima e Juliana Ischiara em noite de Cariri Cangaço

Atualmente a participação popular só cresce. A cada dia 20 de janeiro, inúmeros ex-votos são colocados como pagamento de promessas, velas são acesas e fiéis de vários municípios vêm participar subindo a serra. Em meio a um intenso foguetório, sempre as primeiras horas da manhã, um público que atualmente gira entre 400 e 500 pessoas, comparece ao sítio Garrota Morta e com a tradicional fé característica do nordestino, sobrem a serra. Entre as atrações do evento, sempre ocorrem apresentações de violeiros, que declamam em verso os medos e o pretenso milagre que envolveu as três famílias. Apesar da área onde a Serra da Veneza está situada não pertencer mais territorialmente a Martins, a capelinha está sob a jurisdição da Paróquia de Martins, que tem a frente o padre Possídio Lopes.
O sítio Garrota Morta esta localizado na área territorial do município de Antônio Martins, as margens da estrada que liga as cidades de Pilões e Serrinha dos Pintos. O dia da nossa visita a região estava particularmente quente, em meio a uma região já bem quente. Além do mais eram uma hora da tarde e nosso tempo era curto. Mas sei que vou voltar e subir esta serra.

Rostand Medeiroswww.tokdehistoria.wordpress.com
http://cariricangaço.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com/

Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico


Não deixe de adquirir a 3ª. edição de

"Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico"


do  sergipano escritor e pesquisador do cangaço Alcino Alves da Costa.

A presente obra foi produzida em Cajazeiras, na Paraíba, sob os cuidados do 


Professor Pereira.

Total de páginas: 410 páginas.

Valor: R$ 50,00 (Com frete incluso).


Se você demorar solicitar o seu, a edição poderá se esgotar.

São várias histórias sobre o "Cangaço".
  • Você vai conhecer as melhores histórias de Lampião e sua respeitada malta.
  • O grande e falado encontro de Lampião e o coronel Joaquim Resende. 
  • A paciência que usava o  Manoel do Brejinho para atender os famosos Lampião  e Corisco.
  • O assassinato do cangaceiro Vulcão.
  • A perseguição das volantes para assassinarem o cangaceiro Zepelim. 
  • A bagunça que  os cangaceiros fizeram no coito de Lampião.
  • Morte dos tropeiros.
  • Corisco, após a morte de Lampião, ninguém mais o respeitava.
  • A castração de Beijo. 
  • A vingança de Lampião no Estado de Alagoas.
  • O assassinato de Santo da Fazenda Mandassaia. 
  • Execussão dos Tropeiros.
  • A morte de Brió.
  • O assassinato do cangaceiro Pau Ferro.
  • Assassinato de Tonho Vicente e Sisi.
  • Morte de Mariano e seus comparsas. 
  • Mortes das cangaceiras Rosinha e Adelaide.
  • Covardia feita por Chico Geraldo causou a morte de Torquato e Firmino, e outras mais.

    Peça o seu leitor, para não ficar sem este trabalho em sua estante.
Este você pode confiar. Sem mentiras e sem fatos inexistentes  para angariar dinheiro.


O pedido pode ser feito por E-mail franpelima@bol.com.br ou pelo tel. (83) 9911 8286 (Tim) - (83) 8706 2819 (Oi)

Att. Professor Pereira
Cajazeiras/PB ..
Procura também no site abaixo a lista de livros escritos com responsabilidade.

http://www.orkut.com/CommMsgs?na=2&nst=3&tid=5635856506765758652&cmm=624939&hl=pt-BR

E a literatura de Cordel tem futuro comprar?

Tem, sim senhor!

Os poetas cordelistas escrevem suas graças engraçadas, mas por mais rude que seja o leitor ele sabe que é uma graça, uma brincadeira para divertir as pessoas nas calçadas, ...
Mas escritor que publica livros difamando, inventando mentiras, não é escritor, o que ele quer é dinheiro e mais nada. E não tem nenhum compromisso com a formação de um povo. 
Desculpem-me a minha opinião seca e dura.


"Blog do Mendes e Mendes"

Reflexões sobre os Heróis da Resistência - Parte III - 04 de Julho de 2010

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Um dos objetivos da pesquisa histórica é comunicar uma compreensão dos acontecimentos passados, com base em documentos e relatos. Nas últimas semanas temos refletido sobre a saga do povo de Mossoró na defesa da cidade contra o bando de cangaceiros chefiados por
Lampião, que tentou invadir a cidade em 13 de junho de 1927. E essas reflexões são baseadas na leitura de vários livros e dezenas de artigos sobre o assunto. 
Nas semanas anteriores falamos da participação, no evento, do Cel. Gurgel, do motorista Gatinho e do gerente do Banco do Brasil Jaime Guedes, todos consagrados e homenageados como Heróis da Resistência. Com base no livro “A Marcha de Lampião – Assalto a Mossoró” do Dr. Raul Fernandes, que era filho do prefeito Rodolfo Fernandes, livro essa já na sua sétima edição, percebemos que os “atos heróicos” praticados por esses personagens são, digamos assim, não justificáveis, até porque alguns não se encontravam nem na cidade no momento da invasão. 
Hoje voltamos nossa atenção para a participação de duas mulheres que, embora não constem em nenhum livro como “Heroínas”, de repente passaram a fazer parte da galeria existente no Memorial da Resistência, apesar do protesto de vários estudiosos do assunto. São elas: “Maria do Carmo Galvão (Carminda) e Sinhá Rosa, ambas domésticas da casa do prefeito Rodolfo Fernandes. Vejamos o que diz Raul Fernandes sobre essas senhoras:”12 de junho fora dia afanoso para o Prefeito, já com várias semanas de ingentes sacrifícios. Seu casarão transformara-se numa praça d’armas. O desassossego entrava pela noite. Pequena patrulha de civis e mensageiros faziam refeições na sua residência, em horas incertas. As domésticas Carminda e a preta Sinhá Rosa trabalhavam sem descanso, há muitos dias. Tresnoitavam”. ( A Marcha de Lampião, Raul Fernandes, 2ª edição, pág. 118). O autor, em nota, faz a seguinte observação: “Maria do Carmo Galvão, conhecida por Carminda, empregada de confiança da casa de meus pais. Mulher valente, que manejava bem o rifle.” 
Essa nota do autor, com certeza, foi a responsável pela inclusão dessas duas senhoras na Galeria dos Heróis da Resistência. Uma simples menção que uma dela “manejava bem o rifle” foi suficiente para que as duas domésticas fossem elevadas à condição de heroínas. Volto a perguntar: se essas senhoras, pelo fato de terem “tresnoitado” na casa do prefeito preparando comida, na condição de domésticas, para as diversas patrulhas de civis e mensageiros que ali passaram a fazer refeições foram consideradas heroínas da resistência, como devemos classificar aquelas pessoas que arriscaram suas vidas nas trincheiras e platibandas das casa, expostos a “chuva de bala” que caia para todo lado? Super Heróis, talvez. 
Quero deixar bem claro que não é minha intenção manchar a honra desse ou daquele que tem sido homenageado como “Heróis da Resistência”. Pretendo sim, como estudioso do assunto, separar o joio do trigo, o fato da lenda, com intuito único de valorizar os verdadeiros “HERÓIS”. Como diriam os intelectuais, “Fictio fingit vera esse quae vera non sunt” (A ficção finge serem verdadeiras as coisas que não o são).
 
Geraldo Maia do Nascimento
Todos os direitos reservados 
É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

A CULTURA BEM REPRESENTADA EM PAULO AFONSO

Por: João de Sousa Lima
[Imagem+218.jpg]

Paulo Afonso apresenta o projeto A GOSTO DA CULTURA:

EXPOSIÇÃO, MÚSICA, TEATRO, CINEMA, OFICINAS.

De 06 a 10 de dezembro, a partir das 19h, na Praça das Mangueiras, Memorial CHESF e Salão da Igreja São Francisco.

Participe dessa grande manifestação popular!

Convide seus amigos!
 
Extraído do blog do escritor e pesquisador do cangaço:
João de Sousa LIma

CANÇÃO DO MENINO HOMEM (Crônica)

Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

CANÇÃO DO MENINO HOMEM

Bem que poderia ser diferente, mas desta vez não darei razão ao ditado popular: De pau torto não se faz prumo de remo; peito ruim de vaca não dá coalhada boa; pau que nasce torto tende a se encurvar muito mais.
Menino quando nasce para ser homem honesto, trabalhador, num misto de humildade e dignidade, não há turbulência ou desvio na infância que vá mudar seu jeito de ser. O homem de agora pode até nem se comparar com o menino de ontem, mas o menino sempre foi homem desde cedinho.
Mas o menino que se fez homem parecia não ter jeito mesmo, pois ninguém em sã consciência diria que aquele pestinha mais tarde não iria fazer estripulia de marca maior, não iria deixar marca de empesteamento por onde passasse, não fosse a síntese da danação em pessoa. E tudo porque reinava demais.
Todo dia o vizinho vinha bater na porta do pai e reclamar. Já havia espalhado arame rodeando o pomar, colocado de guarda um cachorro trigueiro, ele mesmo perdendo um tempo danado montando vigilância pra não deixar que entrassem e levassem suas goiabas e seus cajus. Mas não tinha jeito, pois bastava descuidar e o danado do menino deixava a árvore frutífera praticamente pelada.
A vizinhança em peso chegava à casa dos pais do danadinho com um rosário de reclamações. E isso era todo santo dia. E chegava dizendo que todo dia mudava uma telha e não demorava muito pro menino lascar pedra por cima do telhado; a coitada da viúva chegava se derramando em lágrimas e dizendo que não tinha vidraça da janela que segurasse a brincadeira de bola dele; o velho da mercearia, todo assustado, chegou a dizer que não tinha mais dúvida que ele estava fazendo de alvo seus litros de aguardente. Todo dia um era despedaçado por pedra certeira vinda dos escondidos do outro lado da rua.
A mãe saía correndo de cabo de vassoura na mão e retornava praticamente arrastando o danadinho pelos cabelos. Dava umas palmadas boas, xingava, prometia tirar o couro se as reclamações se repetissem, depois mandava ficar de joelho, por cima de caroço de milho seco, por trás da porta. O menino saía de lá de bolso cheio de grão e uma cara tão safada que nem parecia ter apanhado há pouco instante.
Já com o pai era diferente, pois sendo contrário a andar dando castigo barato ao filho, preferia corrigi-lo mandando pinicar cinco cestos de palma, debulhar duas medidas de feijão de corda, levar o gado pro barreirinho pra matar sua sede. E o menino até gostava desse castigo, pois enquanto cumpria as ordens do pai sempre arrumava um jeito de catar calango, preá e rolinha, olhar se algum passarinho caiu na arapuca ou se a nambupé caiu na sua armadilha.
Contudo, infelizmente não é todo menino que é pura danação na infância e na meninice, aprontando tudo aquilo que tem direito e muito mais, e vai deixando de lado as reinações quando as responsabilidades da vida começam a lhe mostrar outros caminhos. Tem molecote que mais tarde se torna moleque de verdade, esquecendo que a fase da brincadeira já passou e continuando a fazer coisas arriscadas demais.
Enquanto o menino vai ganhando postura de homem, deixando o cavalo de pau e a bola de gude no seu devido lugar, o outro menino vai querer continuar brincando com coisas sérias. O molecote roubava goiaba e caju e mais tarde sabe que é muito feio pegar escondido o que é dos outros, já o outro continua botando a mão no alheio e cada vez mais querendo aumentar o fruto do malfeito.
Menino que mais tarde se faz homem é aquele que soube vive a infância em toda sua intensidade e mais tarde encontrou e reconheceu os limites de suas ações. Fez de tudo, brincou e malinou demais, caçou passarinho, quebrou vidraça, pegou no pé a fruta mais madura, amarrou lata no rabo do gato. Contudo, chega numa idade que tudo isso é apenas uma saudade boa, algo que não se deva fazer mais, porém com uma vontade danada de reviver tudo de novo.
Mesmo com a consciência e responsabilidade que vão surgindo, o menino jamais se afasta de vez do seu tempo de ontem, do tempo passado. Se hoje sabe que não deve mais brincar com coisa séria é porque ontem experimentou a alegria de ser feliz arriscando em tudo ao redor. E que tempos bons aqueles...
Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com