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sábado, 14 de março de 2015

MARIA GOMES DE OLIVEIRA A MARIA BONITA, ANTES DE SER CANGACEIRA


Esta foto de Maria Gomes de Oliveira que posteriormente passou a ser Maria Bonita, ou Maria do capitão,  pertence ao acervo do escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima. Mas veja o que fez o profissional Gabriel Ferreira, lá da cidade de Serrinha, no Estado da Bahia. Restaurou a foto com maior perfeição. Apenas a enviei para o pesquisador Antonio de Oliveira, também lá de Serrinha, e que através deste, o Gabriel fez uma logomarca para um dos meus blogs. Ciente do profissionalismo do Gabriel Ferreira, solicitei a restauração da foto. Dias depois, eu recebi esta foto com muita perfeição, a qual está  à direita desta página.


Eu tenho esta foto (que me foi cedida pelo jornalista Geraldo Maia do Nascimento) do empresário Miguel Faustino do Monte, que viveu no século passado em Mossoró, e que foi empregado do coronel Delmiro Gouveia, e que precisa ser restaurada, mas me falta a coragem de pedir ao pesquisador Antonio de Oliveira, para solicitar ao amigo Gabriel Ferreira uma possível restauração. 

Segundo me informou o jornalista Geraldo Maia do Nascimento que foto do Miguel Faustino, existe apenas esta no seu acervo. Possivelmente se existem outras, ninguém sabe.

Um bisneto do empresário Miguel Faustino,  o Pedro Monte (não tenho o lugar que ele reside no Brasil), certa vez, entrou em contato comigo, através de e-mail, e me informou que a família não tem foto de Miguel Faustino, mas nunca mais ele falou comigo sobre isto.

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ELIAS VENTURA: UM SOBREVIVENTE DA FAZENDA PATOS.

Por João de Sousa Lima

Logo após de a morte de Lampião, no dia 28 de julho de 1938, Corisco que estava sendo aguardado pelo Rei do Cangaço, estando do outro lado do rio, em Alagoas, ouviu o tiroteio e depois confirmou a morte do famoso cangaceiro, através de uma fotografia das cabeças que lhe chegou às mãos através de um coiteiro que havia ido a Piranhas saber se a notícia da morte era verdadeira. Estava confirmado: Lampião morreu mesmo. Corisco ficou arquitetando sua vingança. Por mais que sua imaginação buscasse uma resposta, Domingos Ventura, vaqueiro da fazenda Patos, de propriedade de Antonio Brito, Avô de Cira Brito, esposa do tenente João Bezerra. Alguns depoimentos citam a traição confirmando ser Domingos Ventura, pelo próprio traidor de Lampião: Joca Bernardes. O Joca teria dito a Corisco que Domingos havia traído Lampião. Na verdade ele mesmo, o Joca, havia denunciado que Pedro de Cândido sabia onde Lampião se encontrava acoitado.


Na fazenda Patos o senhor Odon Ventura, filho de Domingos, era grande coiteiro de Lampião. Sua esposa Maria da Glória havia dado a luz ao filho Elias Ventura, dia 20 de julho de 1938 e estava com doze dias de resguardo. Corisco chegou a fazenda dia 02 de agosto, Guilhermina, esposa de Domingos, foi fazer café para os cangaceiros. Dadá conversava com Maria da Glória quando entrou um cangaceiro que falou:

- O capitão mandou buscar essas duas!

Dadá perguntou:

- Buscar pra quê?

- Pra matar elas!

- cadê Guilhermina e Valdomira?
- Já morreram!

Dadá levantou-se e foi aos fundos da residência. No curral de pedras deparou-se com uma dantesca cena. Ela viu os cangaceiros matarem os inocentes.

No momento foi chegando Domingos Ventura e mais três filhos que estavam todos encourados campeando animais. Corisco deu voz de prisão e sem resistência os cangaceiros prenderam pai e filhos. O cangaceiro acusou Domingos de traição e por mais que o velho dissesse que não sabia de nenhuma traição e mesmo assim foram degolados. Os cangaceiros trouxeram Odo E José Ventura e mataram os dois também. Mataram as mulheres Guilhermina e Valdomira.

Corisco mandou pegar Maria da Glória e Carmelita, Dadá ficou estarrecida com a matança e ordenou:

- Quem morreu, morreu, quem não morreu não morre mais. Essas ninguém mata!

Corisco aceitou a ordem da esposa.

Os cangaceiros armaram uma festa e durante toda noite dançaram ao sabor da velha cachaça, diante de seis corpos inertes, sem cabeças, rios de sangue correndo sob as pedras de um velho curral.

Dia seguinte Corisco mandou por João Crispim, as cabeças endereçadas ao tenente João Bezerra. O prefeito João Correia Brito recebeu o macabro presente e providenciou um enterro cristão para os inocentes.

Maria da Glória, sobrevivente da chacina, pegou seu bebê Elias e junto com Carmelita deixaram aquele palco macabro e foi residir em Água branca, no povoado Boqueirão.



Ainda hoje, naquelas paragens, habita Elias Ventura, sobrevivente da chacina da fazenda Patos. Homem simples, famoso vaqueiro, por tempos atravessou as caatingas, rasgando vestes e carne à procura de animais fugidios, pisando terras ardentes, passos que marcam na areia escaldante do nordeste suas mais tristes lembranças, imagens manchadas com o sangue que banharam sua trajetória, turvaram de dor o coração de uma criança que escapou a sede de vingança de uma sentença equivocada. Inocentes feridos. Marcas que nunca saem. Eternas feridas expostas na mais profunda caverna da alma.

Conheci Elias Ventura, por anos procurei seu paradeiro, pude partilhar sua dor, ouvir seu lamento, entender o silêncio que por décadas ele se escondeu.

Elias hoje tem 76 anos de idade, homem triste e ao mesmo tempo feliz com a família que constituiu, feliz com os amigos que adquiriu, realizado com sua vida de campo, campeando por longos tempos.

Eu, Genildo Alexandre, Antônio Lira do Ó, Joventino e Aldiro, estivemos com ele.

Seu depoimento é triste. Entre misto de dor e sorrisos, ele fala de sentimentos, da tragédia que abalou sua vida e entre suas palavras sábias observamos seus olhos brilharem e seus olhares se perderem na direção das árvores farfalhantes de um dia quente e empoeirado.

Desejo que Elias Ventura seja abençoado sempre, que a felicidade faça morada em seu coração ferido, que sua dor seja amenizada pela promessa da justiça Divina. 

João de Sousa lima
Historiador / Escritor

Fonte: facebook
Página: Adauto Silva

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A ecologia enquanto aliada dos Princesenses na guerra de 1930

Por José Romero Araújo Cardoso

Impressiona o número de baixas dos militares paraibanos quando da guerra de Princesa em 1930, pois em todos os combates registraram-se perdas consideráveis para os “legalistas” a serviço do governo João Pessoa.

Indubitavelmente a razão está no conhecimento apurado do meio ambiente, tendo em vista que ser conhecedor profundo da região e dos aspectos naturais era condição sine qua non para do sucesso de qualquer investida, seja guerrilheira ou militar convencional.

Princesa está localizada em área montanhosa, a qual perfaz continuidade do planalto da Borborema, sendo caracterizada pelas formações rochosas que serviram de aliadas em diversas tocaias que levaram morte, terror e pânico aos valentes soldados do bravo Presidente.

Conhecimento das condições naturais, incluindo vegetação extremamente útil ao mimetismo em condições de guerrilha, caso do acontecido em Princesa, aliou-se à perspicácia dos sertanejos comandados por Zé Pereira.

Estar acostumados com trilhas e veredas outrora palmilhadas por Lourenço de Britto Correia e por Dona Nathália do Espírito Santo era vantagem que o nativo do sertão de Princesa desfrutava com relação aos seus adversários de luta.

Meio biótico e abiótico interagiram formidavelmente no ensejo das batalhas travadas no ao longo do Território Livre de Princesa, pois a sede mesma nunca foi ameaçada. Transformou-se, no dizer de Rui Facó, em fortaleza inexpugnável, onde vacilavam tropas regulares que intuíam adentrar o reino encantado de Dom José I, monarca de Princesa, expressão armorial cunhada por Ariano Suassuna em seu romance da Pedra do Reino.

Do alto das serras que circundam Princesa tinha-se visão panorâmica que permitia vislumbrar qualquer aproximação de tropas, tornando-se fácil preparar nos mínimos detalhes tocaias fatais, como a que destroçou a Coluna da Vitória logo após Água Branca.

Os lances da guerra de Princesa desenrolaram-se em época de seca violenta, a qual segundo Orris Barbosa em Secca de 32 – Impressões (Rio de Janeiro, Adersen Editores, 1935; Mossoró, Fundação Vingt-un Rosado/Coleção Mossoroense, 1998)) sobre a crise nordestina, teve início em 1926, com breve intervalo em 1929 e intensificação nos anos seguintes, sendo 1933 marcado por inverno promissor.

A vegetação estorricada pelo rigor da estiagem foi profusamente utilizada pelos sertanejos para esconder-se, literalmente. Encourados, passavam despercebidos dos inexperientes militares oriundos do litoral. Militares afeitos à luta contra o cangaço, como Manuel Benício, Manuel Arruda de Assis, entre outros, sabiam os segredos da ecologia do semiárido na ênfase ao disfarce dos Princesenses, equilibrando o jogo de forças.

A ecologia do sertão, onde os bravos e fortes tem consideravelmente mais chance de sobreviver serviu de fundamento ao sucesso das escaramuças travadas na guerra de Princesa, pois conhecer o meio ambiente revelou-se imprescindível para a definição das vitórias naquelas eras turbulentas marcadas pelo rigor dos combates nas alterosas de uma área de exceção do sertão paraibano.

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor. Professor-Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso.

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DOCUMENTÁRIO MORENO E DURVINHA - SANGUE, AMOR E FUGA NO CANGAÇO.


PREZADOS(AS) AMIGOS(AS)...

É com imenso prazer e satisfação que apresento-lhes o nosso mais novo trabalho, trata-se na verdade de um documentário inspirado na obra "SANGUE, AMOR E FUGA NO CANGAÇO" do Escritor, Pesquisador e Historiador João De Sousa Lima, que retrata a saga do casal cangaceiro Moreno e Durvinha, antes, durante e após o período do cangaço.

Uma das histórias mais fantásticas e sensacionais entre as muitas que existiram durante o período de atuação do fenômeno cangaço.

Moreno e Durvinha integraram as hostes cangaceiras e mesmo após a morte de Lampião ainda perambularam pelas caatingas do Nordeste até o ano de 1940 quando resolveram abandonar definitivamente o cangaço.

O casal rumou para outras terras, assumiram novas identidades e permaneceram escondidos durante sessenta e seis anos, mantendo suas vidas passadas em segredo até mesmo dos próprios filhos.

Porém no ano de 2005 Moreno adoece e prevendo o pior, resolve revelar o segredo até então de todos escondido e o mundo novamente toma conhecimento da existência do último casal de cangaceiros.

Uma história fascinante que vocês conhecerão a partir de agora...

MORENO E DURVINHA - SANGUE, AMOR E FUGA NO CANGAÇO.

CURTAM E COMPARTILHEM.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

Fonte: facebook
página: Geraldo Júnior 

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A FAZENDA PASSAGEM


O nome "Passagem das Pedras" deve-se a uma barreira de pedras no Riacho São Domingos, no fundo da casa de dona Jacoza (o riacho passava em frente à casa e em seguida dobrava à direita em direção à serra), que represa as águas formando uma lagoa e serve de ponte ("passagem") quando as águas baixam. 

Dona Jacosa avó materna de Lampião

O garoto Virgulino e seus irmãos aprenderam a nadar nessa lagoa. De acordo com o atual proprietário, Camilo Andrelino de Moura, o terreno de José Ferreira media uns 80 hectares (240 tarefas).


Como José Ferreira estava sempre viajando, sua mulher, para não ficar sozinha, passava a maior parte do tempo na casa dos pais, que em linha reta ficava a apenas uns 300 metros, do outro lado do Riacho São Domingos.


Nas fotos a localização do local da passagem.


Adquira este livro através deste e-mail:

josebezerra@terra.com.br

Fonte: José Bezerra Lima Irmão. Lampião a Raposa das Caatinga.

Fonte no facebook: Andre Lacerda‎ O Cangaço

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VOCÊS CONHECEM ESTA FOTO?


Acredito que essa foto seja desconhecida até mesmo da grande maioria dos estudiosos do assunto.

Na imagem, um recorte de Jornal, em que aparece ao chão o corpo do cangaceiro JOÃO PRETO, que pertenceu ao subgrupo do cangaceiro Canário, e que foi abatido na cidade sergipana de Aquidabã.

Poucas informações são conhecidas sobre a vida desse cangaceiro, porém sua fúnebre imagem ficou registrada para o conhecimento das futuras gerações.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

Fonte: facebook

http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com.br/2014/04/a-origem-do-nome-favela-tranquilim.html

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O INTERROGATÓRIO DE LUCAS DA FEIRA:


Material sobre Lucas da Feira escrito em 1907 por Guimarães Covas, que foi delegado nesta cidade [Feira de Santana] no final do século XIX e inicio do século XX. A grafia está conforme o original:

(...) comecemos a narração dos factos principaes da vida de Lucas e de sua quadrilha.
A 18 de Outubro de 1807, nasceu Lucas Evangelista, na fazenda “Sacco do Limão”, do município da Feira de Sant’Anna.
Produziram o temível facínora os africanos Ignácio e Maria.
Captivo de nascimento, Lucas pertenceu, a princípio, a D. Anna Pereira do Lage, e por fallecimento desta senhora passou ao domínio do Padre José Alves Franco, vindo mais tarde a caber, em nova partilha, ao pae deste sacerdote, Alferos José Alves Franco.
Ao tempo em que se deu o traspasse do maldicto escravo ao novo senhorio, elle já havia fugido para as mattas da Feira, mais ou menos em meiados de 1828.
Uma vez no goso daquella conquista de liberdade, a índole perversa do bandido entrou, desde logo, em cogitações diabólicas de que resultou a organisação da célebre quadrilha de salteadores, da qual faziam parte os escravos também fugidos, de nomes: Flaviano, Nicolau, Bernardino, Januário, José e Joaquim.
Inspirada nos sentimentos sanguíneos do bandido que a chefiava, essa malta de terríveis assassinos e ladrões commetteu, livremente, toda sorte de crimes nas estradas do famoso município, até o dia 28 de Janeiro de 1848, data da prisão do célebre salteador chefe da quadrilha.
Para que o leitor fique conhecendo a série de crimes praticados por Lucas e seus cúmplices, esses bandidos que trouxeram, por 20 annos, a população da Feira em constante sobresalto, vamos transcrever o interrogatório a que foi submettido no tribunal do jury o chefe desses miseráveis.
O Juiz de Direito da Comarca e Presidente do julgamento era o Dr. Innocencio Marques de Araújo Góes que fez do seguinte modo o interrogatório ao réu:
- Perguntado o seu nome, naturalidade, edade e profissão?
- Respondeu chamar-se Lucas, ter sido escravo do fallecido Padre José Alves,
nascido na fazenda do “Sacco do Limão”, frequezia de São José maior de 35 annos e que era empregado no serviço da lavoura e carpina.
- Perguntou-lhe se sabe o motivo por eu foi preso e o que vem fazer neste tribunal?
- Respondeu que tendo fugido da companhia de seu senhor há quase dezoito annos e commettido em todo esse tempo algumas acções más, pelo que tem sido processado pela Justiça, pensa ter sido preso para dar contas do seu procedimento e julgado como merece.
- Perguntou em que empregava-se durante tanto tempo que viveu nas mattas, como sustentava-se e obtinha aquillo de que carecia?
- Respondeu que até certo tempo matava seus bichinhos para sustentar-se, e pedia algumas coisas que precisava a pessoas de seu conhecimento e amisade, mas que passando a ser perseguido pela Justiça, vendo-se desesperado, como ainda se acha, começou a offender e fazer mal ao povo.
- Perguntado quaes os conhecidos e amigos que lhe devam objectos que elle pedia?
- Respondeu que não tinha empenho em declarar nomes, que por estar perdido não queria perder outros christãos que lhe haviam feito benefícios.
- Perguntado se esses amigos e conhecidos a que se refere lhe forneciam também algumas porções de polvora e de chumbo e algumas armas?
- Respondeu que há mais de quatro annos tomara na estrada um barril de pólvora e uma grande porção de chumbo de que usou até agora.
- Perguntou-lhe onde e como obtinha os mesmos objetos, antes dessa tomada de que fala?
- Respondeu que nas estradas tomava a uns á força e outros voluntariamente lhe davam, e que também algumas vezes comprava, não declarando seus nomes, porque, já disse, não queria perder outros.
- Perguntou-lhe mais como offendia geralmente ao povo, segundo disse, quando affirma que só queria offender àquelles que o perseguiam e o insultavam nas estradas?
- Respondeu que somente maltratava e offendia aquelles de quem receiava que o atraiçoassem ou perseguissem por qualquer forma.
- Perguntado si tem noticia dos tiros dados no guarda policial Joaquim Romão e Manoel Antonio Leite, resultando a morte deste, que também foi roubado?
- Respondeu negativamente.
- Perguntou-lhe si não tem noticia de Antonio Correia Pessoa, que foi morto e roubado em sua própria casa?
— Respondeu saber desse facto, e que foram autores elle respondente e seus companheiros, Nicoláo, Joaquim e Januário e que assim procederam porque esse Pessoa os perseguia e que já lhes havia dado dois tiros.
- Perguntado como foi morto esse homem?
- Respondeu que fora com pancadas e couces.
- Perguntou-lhe si tinha lembrança da morte de Ventura Ferreira de Oliveira, na Lagoa do Peixe?
- Respondeu que fora morto por seu camarada Nicolau, estando presente elle interrogado.
- Perguntou-lhe si tem noticia das mortes de Alexandre Felippe de Lima e de José Francisco Caboclo e quaes os autores?
- Disse, quanto à primeira, nada sabe e quanto á segunda foi elle interrogado quem matou, porque esse José Francisco recusava-se a pagar-lhe um dinheiro e também o queria matar.
- Perguntou si tinha noticia da morte do Antonio, escravo de José Antonio da Silva, que teve lugar na fazenda Sobradinho, próximo a esta villa?
- Respondeu que passando elle e alguns companheiros pela estrada, o dito Silva e outros lhe dirigiram insultos, pelo que elle respondente para desaffrontar se dera uns tiros contra aquelles, de um dos quaes resultou a morte do crioulinho.
- Perguntou mais si tem noticia da morte de Antonio Bonifácio e quem foi o autor?
- Respondeu ter sido elle interrogado, porque esse Bonifácio andava o preseguindo, pelo que o matou antes que lhe dizesse o mesmo.
- Perguntou si tem noticia da morte de Theotonio, escravo de Victorino Alves e qual o motivo? Respondeu que estando elle e alguns companheiros procurando a vida, o seu camarada de nome Joaquim matara e dito Theotonio.
- Perguntado si também tem noticia da morte de Alexandrina de tal, escrava de Manoel Joaquim?
- Respondeu ter sido elle quem a matou na occasião da morte do seu companheiro Nicoláo.
- Perguntou-lhe mais si tem noticia da morte de Manoel Lima, que também foi roubado, em uma das estradas desta villa?
- Respondeu negativamente.
- Perguntou-lhe si tem noticia da facada e pancadas que soffreu João Gomes de Oliveira, levando as também duas filhas?
- Respondeu que só lhe deu pancadass com o couce da arma porue elle sabia do rancho em que se escondiam, e que as filhas foram somente conduzidas até a beira do rio Jachype onde elle as deixou.
- Perguntou mais se tem notícia da morte de João Vicente e qual o motivo?
- Respondeu que esse João Vicente também sabia do seu rancho, e tendo dado lá uma tropa, entendeu que foi elle o denunciante, por isso o matou.
- Perguntou-lhe mais si também tem noticia da morte de Joaquim Romão?
- Respondeu negativamente.
- Perguntou-lhe mais si sabe da morte feita em João de tal, morador no lugar denominado Papagaio?
- Respondeu ter sido o autor, porque elle sabia, e effectivamente mostrou, o logar em que tinha o seu rancho e de seus companheiros.
- Perguntou-lhe também si fora o autor da morte de Alexandre de tal, filho de Antonio Felippe?
- Respondeu que elle e seu companheiro Nicoláo fora os autores, porque os ditos Alexandre o seu pai Antonio Felippe constantemente os perseguiam.
- Perguntou-lhe si sabe quem deu as cutiladas no crioulo Manoel João?
- Respondeu que foram elle e seu companheiro Nicoláo, porque receiavam desse individuo.
- Perguntou-lhe sei tem noticia dos tiros dados no capitão Gregório do Nascimento?
- Respondeu que fora elle e seus companheiros, porque Gregório também os perseguia.
- Perguntou se tem noticia dos tiros dado em Manoel das Chagas e qual o motivo?
- Respondeu que foi elle por ver que esse homem merecia e assim quis quebrar-lhe as pernas.
- Perguntou-lhe mais, porque?
- Respondeu que por ter promettido pical-o em postas, assim elle respondente quis ensinal-o.
- Perguntou si tem noticia do roubo feito a José Dionysio, morador nas Campas?
- Respondeu que fora feito por seus companheiros Nicolau e Manoel, estando elle também presente.
- Perguntou o que roubaram nessa occasião?
- Respondeu que três colheres de prata.
- Perguntou-lhe si teve noticia do roubo feito a Vicente de tal, das Campas?
- Respondeu que fora elle o autor do roubo, tendo somente roubado uma calça e uma jaqueta.
- Perguntou mais si tem noticia dos cinco tiros dados em Gregório José de Almeida, no caminho de São José?
- Respondeu que foram dados por elle e seus companheiros, por um insulto que o dito lhes fizera.
- Perguntou si além dessas mortes e furtos sobre que tem respondido, lembra-se de ter feito mais alguma cousa?
- Respondeu que perante o Juiz Municipal já fora também conduzido e interrogado sobre alguns outros factos, como fosse o roubo da egreja das Brotas, e os tiros no Alferes Agostinho, em Joaquim Ferreira da costa e outros feitos a um homem chamado Sampaio Pinheiro e o vaqueiro de Aprigio Pires Gomes.
- Perguntou-lhe mais si durante a estada nos matos raptou algumas mulheres e sei tem lembrança do numero?
- Respondeu ter com effeito raptado algumas em numero de cinco ou seis, tendo, porém, outras ido voluntariamente para sua companhia.
- Perguntou si não matou alguma destas raparigas que levou para a sua companhia?
- Respondeu negativamente.
- Perguntou se em algum encontro, que elle respondente teve com pessoas que o perseguiam, levou alguns tiros e si tem lembrança do numero?
- Respondeu ter contado até cem e que felizmente escapou, tendo levado outros muitos que dahi em diante deixou de contar.
- Perguntou se não guardou em alguma parte ou em poder de qualquer pessoa dinheiro e outros objectos que tivesse tomado nas estradas?
- Respondeu que tudo quanto tinha era somente alguma roupa e outras miudezas que existiam no rancho em que foi preso, nada tendo guardado em parte alguma.
E nada mais respondeu nem lhe foi perguntado.
Por esta forma houve o Juiz por findo este interrogatório, mandando lavrar este termo, em que assignou com o curador do réo, depois de lido por mim Manoel José de Araújo Patrício, escrivão que escrivi - Innocencio Marques de Araújo Góes - O curador, Manoel Pereira de Azevedo.
Do interrogatório que acabamos de transcrever, vê-se quanto foi flagellada a Feira de Sant’Anna, principalmente depois do anno de 1840, quando o celebre salteador organisou sua quadrilha.
A prisão de Lucas teve os seus prodromos a 23 de Janeiro de 1848.
Narremos o facto que deve ter alguma importância para os nossos leitores.
Achando-se foragido o official de justiça do fórum feirense, de nome José Pereira Cazumbá, porque praticara um homicídio, pensou de obter o indulto, offerecendo-se para prender o salteador Lucas.
Acceita a proposta pelas autoridades com o accrescimo de que o governo compromettia-se a dar a Cazumbá, além do indulto mais quatro contos em dinheiro, foram affixados editaes neste sentido nos lugares mais públicos da Feira e publicados pela imprensa.
Na capella de N. S. dos Humildes, três legoas ao Sul da Feira de Sant’Anna, realisou-se uma festa, e para ella dirigiu se Lucas em procura, talvez, de alguma presa.
Cazumbá, acompanhado de Manoel Gomes, montou guarda no lugar chamado Pedra do Descanso, por onde, fatalmente, Lucas teria que passar de volta da festa.
Na segunda-feira 24, cerca de 6 horas da manhã, surge o salteador felizmente desacompanhado.
Manoel Gomes esmorece e treme, caindo-lhe a arma das mãos; mas na emboscada detona uma outra arma, cujo projectil aloja se certeiro no braço do salteador - foi a arma de Cazumbá, o official de justiça pronunciado que necessitava de liberdade.
Passada a primeira impressão, causada pelo susto de que o salteador não fosse altacal-os em seu esconderijo, sahiram elles e foram examinar o lugar onde estava Lucas quando recebeu o tiro.
O salteador havia de facto desapparecido, mas ali se achava o clavinote de seu uso e um rasteiro de sangue pela estrada afora.
Nessas averiguações estavam os dois, Cazumbá e Gomes, quando por ali passou o dr. Leovegildo de Amorim Filgueiras, juiz municipal e delegado do Termo, acompanhado de outros para effectuarem uma medição de terás.
Sciente de tudo, a dita autoridade poz a força publica em movimento para a captura do bandido, cujo paradeiro haviam de descobrir pelos vestígios de sangue, deixados na estrada e no mato.
Infelizmente assim não aconteceu porque a força de policia, os Inspectores de Quarteirão e o povo que os acompanhava, andaram todo dia e nos seguintes debalde, porque os vestígios desappareceram.
Quando o desanimo já começava a invadir aquelle troço de homens ávidos pela prisão do malvado crioulo, surgiu entre elles uma lembrança providencial.
Benedicto da Tapera, suspeitado como um de seus confidentes e intermediários, havia de lhes dizer qualquer cousa.
Sem demora seguiram para a casa do mesmo e gratificaram-n’o, ameaçando-o ao mesmo tempo de matal-o se não disesse onde estava Lucas.
Nestas condições, Benedicto confessou o paradeiro do salteador.
Na manha do dia 28 de Janeiro, o bandido, que tanto aterrorisou as populações daquella zona no período de vinte annos, estava entregue á justiça para responder por tantos crimes que praticara.
Condemnado à força pelo tribunal do Jury que se reuniu a 1º de Março do mesmo anno, foi executado a 26 de Setembro de 1849, no Campo do Gado, em presença de uma multidão que exultava pelo goso da tranqüilidade aspirada com o desapparecimento do bandido que a ameaçara por tantos annos.
Às 10 horas da manhã, daquelle dia, foi o salteador retirado da prisão e revestido de uma túnica branca.
Posto o baraço ao pescoço, em cuja extremidade segurava o carrasco, começou a percorrer as ruas da Feira, ladeado por dois franciscanos e o vigário da Freguezia padre José Tavares da Silva, e acompanhado das autoridades locaes, força publica e enorme massa popular da villa e de muitos logares que viera para esse fim.
De espaço a espaço paravam, os franciscanos resavam, os sinos dobravam e o official de justiça Marcellino Marques da Silva apregoava em altas vozes a morte do condemnado.
Ao meio dia chegou o cortejo fúnebre ao Campo do Gado, lugar em que estava armado o instrumento do supplicio.
Guindado ao plano superior da força, acompanhado de seu carrasco, Joaquim Correia, rapaz branco de 20 annos de edade, que espontaneamente se offerecera para aquelle reprovável mister, por ter o réprobo assassinado barbaramente seu pai Francisco Correia, elle, Lucas, acenando com a mão que lhe restava, pois a outra tinha sido operada em conseqüência dos tiros recebidos quando foi preso, disse: “Espere!”
Divagou o olhar acovardado por aquella multidão, e com voz fraca e arrastada declinou estas ultimas palavras:
“Sei que muitos dentre vós estão contentes de me verem assim acabar; eu peço perdão a Deus e a todos que perdoem”.
Dito isto o carrasco atira-o ao espaço: desce pela corda; arrima-se aos hombro do condemnado e mantém-lhe a bocca fechada. Os membros do suppliciado controhem-se, seguindo-se a mieção e o exhalar do ultimo suspiro.
Morto! Foi o brado uniforme, abafado e fúnebre sahido dos lábios da multidão.
Effectivamente o condemnado tornara-se cadáver; a Feira exaltava pela volta de sua tranqüilidade; a justiça desafrontara-se, e a sociedade; quanto a nós que escrevemos estas linhas desapaixonadamente, devia ter se enlutado por esse assassinato cobarde praticado na pessoa de um facínora, é verdade, mas no entanto criminoso porque a sociedade não soube educal-o.


NOTA: A fazenda Saco do Limão, onde Lucas da Feira nasceu, fica na beira do Rio Jacuípe (rio dos Jacús em tupi), na zona sul da cidade de Feira de Santana, ao poente do bairro do Tomba, bem no limite com o município de São Gonçalo dos Campos.

Fonte: facebook
Página: Andre Lacerda

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MARIA, MARIA


Maria, Maria
Bonita como a natureza
Bonita como canta a água
Na quebrada da correnteza}  bis

Filha do velho José
Maria, beleza rara
Foi nascida e criada
Na Malhada Caiçara} bis

Quando fez dezoito anos
Ó destino treteiro
Casou com Zé de Neném
O remendo sapateiro

Cinco anos depois
Apareceu Lampião
Maria se apaixonou
E lhe entregou o coração}


A jornada de Lampião e Maria Bonita

Fonte: facebook
Página: Adriana Souza

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