Seguidores

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Lampião e as suas desordens no Estado de Pernambuco




No dia 11 de Fevereiro de 1925, Lampião entra pacificamente na cidade de Custódia, no Estado de Pernambuco.

Em 20 de Fevereiro de 1925, Lampião tenta entrar pacificamente na vila de Espírito Santo, município de Tabira, no Estado de Pernambuco, nos dias de hoje, para visitar seu primo Herculano Ferreira, mas foi surpreendido por um ataque da família Gomes dos Santos, importante família do Pajeú daquela época, com vários fazendeiros em Serra Talhada, Floresta, e na Vila de Espírito Santo Tabira. O ataque foi comandado pelo Tenente Anselmo Saraiva de Moura, vindo de Serra Talhada, que havia comprado uma grande fazenda no Sitio Cajá, tendo trazido a sua família para morar e defender aquela vila.

No dia 4 de Julho de 1925, Lampião ataca a fazenda Melancia, em Flores, no Estado de Pernambuco. O proprietário Zé Calu é violentado pelo grupo. Em seu socorro vieram os sargentos Imbrain e Zé Guedes com 30 soldados. Vão atrás do grupo que se aloja na fazenda Barra do Juá, onde são mortos dois cangaceiros. Dali os cangaceiros vão para o sítio Tenório, em Flores, também em Pernambuco, onde o soldado Berlamino Morais, em pleno combate, viu um vulto de cangaceiro em cima de uma pedra gritando e atirando. Belarmino então atira e mata. Era o cangaceiro Levino Ferreira da Silva, irmão de Lampião. 

No outro dia, ao saber disso, o capitão Zé Caetano e o cabo Pedro Monteiro vão até a fazenda Tenório, e encontram os 3 corpos sem a cabeça, prática esta utilizada pelos cangaceiros, para dificultar o reconhecimento pela polícia.

No dia14 de Novembro de 1925, aconteceu um combate na fazenda Xique Xique, em Serra Talhada - PE, entre Lampião e a força volante composta de Euclides Flor, Manoel Flor, João Jurubeba, Aurelino Francisco, Hercílio Nogueira, Ildefonso Flor e o rastejador Batoque. Neste combate é morto o soldado Ildefonso Flor. Dois cangaceiros são capturados, Mão Foveira e Cancão.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Virgulino_Ferreira_da_Silva
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

E ONDE ENTRA LAMPIÃO NESTA HISTÓRIA?

Por Rostand Medeiros


Para você ler esta excelente história completa acesse este site do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros:

http://tokdehistoria.wordpress.com/2013/03/15/noticia-ruim-chega-ligeiro/

Ao realizar esta simples pesquisa, me veio o seguinte questionamento; e então o grande cangaceiro Lampião esteve no Rio Grande do Norte antes do ataque de Mossoró? Teria o Rei do Cangaço pisado solo potiguar antes de 1927? Teria ele atacado uma fazenda nos limites do nosso estado com a Paraíba e passado perto da Vila de Alexandria?

Sei que Lampião entrou no bando de Sinhô Pereira em 1921, mas daí a afirmar que ele e seus irmãos Antônio e Levino participaram destas ações, é complicado. Tem gente por aí que conhece muito mais desta história do que eu e pode responder.

Mas sei que nos primeiros dias de junho de 1922, no sítio Feijão, zona rural do município pernambucano de Belmonte, próximo a fronteira do Ceará, Sinhô Pereira informou aos membros do seu bando, que em breve iria entregar o comando a Lampião, então o seu melhor cangaceiro.

Apesar de ter menos de 27 anos de idade, Sinhô alegou problemas de saúde para a sua decisão e que seguia um apelo do mítico Padre Cícero Romão Batista, da cidade de Juazeiro, Ceará, que havia lhe pedido para deixar esta vida bandida e ir embora para fora do Nordeste. A incursão de Sinhô Pereira e outros cangaceiros pelo interior da Paraíba teria tão somente o ensejo de arrecadar numerário para este chefe bandoleiro sair do sertão e só voltar em 1971, já idoso.


 Lampião e seu irmão Antônio em Juazeiro, Ceará 

Vinte e dois dias depois de receber a notícia que a passagem de comando está próxima, Lampião efetivamente já é chefe de grupo. Neste momento começa a imprimir sua horrenda marca pelo Nordeste e vai se tornar o maior cangaceiro do Brasil.

Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.  

http://tokdehistoria.wordpress.com/2013/03/15/noticia-ruim-chega-ligeiro/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Múcio nos Caminhos de Conselheiro !

Diana Lopes, Pedro Luis, Juliana Ischiara e Múcio Procópio 

"Só Deus é grande" que a máxima do Conselheiro seja entendida e nos cabe perpetuar o seu desejo de lutar por um mundo melhor !

 Caros amigos da família Cariri Cangaço, estamos com data marcada para a mais uma viagem "Pelos Caminhos do Conselheiro" 
com professores e alunos da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.  De 1º a 4 de maio, próximos, estaremos absorvendo mais estímulos , por conhecer as veredas da busca conselheirista. 

Abraço a todos.
Múcio Procópio, pesquisador Conselheirista
Conselheiro Cariri Cangaço
Natal - RN

http://cariricangaco.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

“DIÁRIO DA TARDE” – 12/12/1933 - O CREPÚSCULO DE UM REI DO CANGAÇO


Antonio Silvino, o famoso chefe de bandoleiros, em vésperas de reaver a liberdade, fala a “A Noite” na penitenciária de Recife.

RIO, 9 (C.E.) Via Aérea – Tendo dirigido uma petição ao Estado de Pernambuco solicitando-lhe fosse concedido o perdão do resto da sentença que lhe falta cumprir, conforme já publicamos em telegrama anterior, o célebre chefe de bandoleiros Antônio Silvino, entrevistado pelo representante da “A Noite” em Recife, disse o seguinte:

- É sempre triste recordar-se do que não presta -, começou o antigo cangaceiro. – Sei que a minha vida foi assim. A isso, porém, me arrastaram os meus inimigos. Meu pai era proprietário de uma fazenda em Flores, nos limites de Pernambuco com a Paraíba, e votava com uns patifes. Por fim, resolvendo deixá-los passou a dar o seu voto a outros canalhas da mesma bitola. E, em consequência dessas tricas políticas, foi assassinado. Nossa família perdeu tudo quanto possuía. Encostei, então, o medo para um canto e me entreguei ao cangaço. Acreditei que procurei sempre beneficiar os pobres e castigar os prepotentes. Nunca ataquei os caixeiros-viajantes que encontrava pelas estradas. Não admitia desrespeito às famílias, não consentindo a menor afronta a moças e senhoras. Não tenho vícios, pois não bebo, não fumo e nem jogo, e procurava evitar que os meus homens se excedessem. Nos banquetes que os fazendeiros nos ofereciam, mandava sempre retirar da mesa as garrafas de vinho.

- E os fazendeiros se sentiam alegres em tê-lo como hóspede?

- Muitos até me convidavam a ir às suas propriedades. Outros, porém, me festejavam com receio de um castigo. E, outros ainda me recebiam, sem agrado. Os pobres agricultores sempre tiveram a mesa farta para oferecer-me; no entanto, alguns ricaços queriam dar-me as suas migalhas. Os que assim procediam sempre eram multados. Estabelecia geralmente uma multa equivalente ao duplo da despesa que poderia ter tido o fazendeiro para preparar-me uma acolhida de gente de dinheiro. Alguns propunham a dispensa do tributo, prometendo-me na próxima visita emendar a mão. Na reincidência, porém, não havia desculpas.

O sentenciado fez uma pequena pausa, interrogando-nos:

- Qual é a sua terra?

- Olinda, a antiga e tradicional capital pernambucana – respondemos.

- Não o felicito, pois Olinda é terra de gente mentirosa. Fui ali acusado, no júri, de uma porção de coisas que não fiz. Respondi a onze processos, quando na verdade só quatro eram meus. Os sete restantes não os conhecia. Isso mesmo disse ao juiz. Não nego o que faço. Reconheço quatro dos processos a que respondi como verdadeiros. Todos são de crime de morte. No entanto, me acusaram até de ter roubado trinta mil réis de um miserável que não tinha onde cair morto. O crime só quem viu foi a própria vítima Manoel Ferreira e a queixa só foi dada onze meses depois. “Gente Mentirosa”.

- Então o seu grupo não foi responsável por esse roubo?

- Para que queria migalhas? Vou contar uma história para mostrar que é conversa fiada que arranjaram... De uma vez, entramos numa povoação, em minha terra, onde havia mais retirantes que rapadura. Chamei os rapazes e disse: - Olhem, eu só tenho seiscentos mil réis. Vocês quanto têm? Os rapazes abriram as sacolas e verificaram que possuíamos ao todo 2:500$000. Mandei, então, que os retirantes entregassem rapaduras e outras mercadorias que possuíam e deixamos ficar todo o dinheiro. Foi uma festa. Todos ficaram contentes e me pediram para voltar pela seca.

Antônio Silvino sorri.

Perguntamos-lhe quem é o seu maior inimigo.

- O maior inimigo que nós temos é o mau pensamento – responde o velho sentenciado.

- E o maior amigo?

- Amigo? – Isto só existe nos livros. Todo mundo diz por aí: “mais vale um amigo na praça que dinheiro em caixa”. Eu, porém, prefiro dinheiro em caixa. Eu quero a minha galinha magra em casa, em troca de cem amigos. Não há amigos, há conhecidos. Só aparecem os amigos enquanto a gente não precisa de favor. Nem mesmo os filhos se podem chamar de amigos!

ANTONIO SILVINO, AMIGO DO PROGRESSO E URBANISTA DOS SERTÕES

Um dos episódios mais curiosos da vida do famoso bandoleiro foi o que se verificou em Jardim das Piranhas, no Rio Grande do Norte, onde Antonio Silvino se revelou um amigo do progresso e precursor do urbanismo nos sertões...

- Aquela foi uma terra que eu livrei da sujeira – declarou. – Ali vivia toda gente atolada na porcaria. Não havia progresso. Chegando àquela terra, hospedei-me na casa do delegado, homem muito distinto, mas sem energia. As casas da povoação não tinham reboco e o lixo vivia espalhado pelas ruas. Só eram rebocadas as casas dos comerciantes. Fiz o delegado intimar a virem à minha presença os proprietários, e exigi que rebocassem as casas. A princípio houve protesto. Então, para que não fosse desmoralizado, estabeleci uma multa de 100$000 a 10:000$000 para aqueles que no prazo de 10 meses não houvessem cumprido as minhas ordens. No fim do prazo, quando voltei, não conheci o povoado. Ficou uma beleza! Apenas três casas ainda estavam como dantes; sendo duas à falta de braços e outra de uma viúva que possuía apenas 100$000. Ela, porém, me declarou que era parente dos comerciantes da terra. Mandei-os chamar e fiz uma arrumação para que a casa fosse rebocada. O prefeito Juvenal mandou agradecer o benefício. Até o governador, o Dr. Alberto Maranhão, eu sei que gostou muito. Achou muito boa a minha ideia!

E terminando:

- Um bandido teria um ideal assim?

PENDORES MÍSTICOS DO SENTENCIADO

Antonio Silvino desde 1914, de quando data o seu internamento na Detenção do Recife, tem em sua cela de presidiário, livros sobre religião, notadamente o Evangelho, e obras sobre espiritismo. Conseguiu o ex-bandoleiro harmonizar em seu espírito as doutrinas do evangelismo com as teorias pregadas por Alan Kardec.

Como ficássemos surpreendidos com esse estranho consórcio de doutrinas, Antonio Silvino, modificando a tonalidade da voz e com atitudes de pastor protestante exclamou com ênfase:

- Hoje, sou evangelista e espírita: Nunca tive sedução pelas imagens, que nada representam. A própria Bíblia condena a adoração de ídolos. Sou um crente fervoroso e tenho conversado com vários pastores... É verdade que os evangelistas negam a reencarnação. Em matéria de religião venha quem vier e não saio de dentro do Evangelho. Evangelista e espírita, creio que estou certo. O evangelista combate sem razão o espiritismo. Este, porém, não lhe faz oposição. O diabo não tem poder. É história mal desenhada. Acreditar no inferno é acreditar num absurdo. Conceber que um Deus generoso nos exponha a uma vida eterna nas profundezas do inferno é outra coisa que não posso admitir. No tempo em que Jesus nos trouxe as palavras do Senhor, tudo era atrasado. É a doutrina espírita que tem dissipado as trevas. Negar a reencarnação é esquecer a frase de Jesus a Nicodemos: - “Para entrar no Reino dos Céus é preciso nascer de novo”.

Silvino prosseguiu ainda na citação de vários trechos da Bíblia para justificar os motivos que o levam a ser evangelista-espírita. E terminou dizendo:

- Com as ideias que hoje abraço modifiquei o meu pensamento. Antigamente matava para não morrer, hoje morro para não matar!

ANTÔNIO SILVINO DESEJA MORRER NO RIO

Voltando a referir-se à sua liberdade, assim falou o velho sentenciado:

- Espero daqui para sábado estar em liberdade. Darei primeiro os meus passeios para conhecer o Recife. Depois irei para o Rio morar com o meu filho mais velho. Este onde estiver aí me encontrarei.

Já estava demasiada longa a nossa palestra, e estendendo-lhe a mão, despedimo-nos do velho sentenciado, que, sorridente, voltou à cela, onde se acha recolhido há mais de dezenove anos a cumprir a sentença que lhe foi imposta como chefe de um dos bandos de cangaceiros dos mais perigosos que campearam nos sertões nordestinos.

Fonte: Facebook
Página: Lampião, cangaço e Nordeste
Antonio Corrêa Sobrinho 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com