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terça-feira, 4 de outubro de 2016

DISPUTA DO PAI POR TERRAS O LEVOU AO BANDITISMO

Por Antonio Vicelmo - Repórter

Crato. O terceiro filho do pequeno fazendeiro José Ferreira da Silva e de sua mulher Maria Lopes recebeu o nome de Virgolino Ferreira da Silva e iria ser inscrito a ferro e fogo na histórias do nordeste e do Brasil. Antes disso, porém, teve uma infância e uma adolescência comum a todos os meninos de uma baixa classe média sertaneja: aprendeu a ler e a escrever, mas logo foi ajudar o pai, pastoreando seu gado.

Frequentava as feiras das cidades próximas às terras da família, onde ouvia os violeiros e os poetas de cordel narrarem as aventuras dos cangaceiros, que povoavam o imaginário popular nordestino, sendo simultaneamente heróis e bandidos. Aliás, para as crianças da região brincar de cangaceiros era uma variante local do atual "mocinho e bandido". 

As rixas entre famílias eram frequentes no sertão, em especial quando envolviam os limites das propriedades, e uma dessas rixas envolveu a família de José Ferreira da Silva com o seu vizinho José Saturnino. O conflito terminou com decisão de um coronel local a favor de Saturnino.

Entrada definitiva

Revoltado, Virgoilino e dois irmãos teriam se juntado ao bando do cangaceiro Sinhô pereira, em busca de vingança. Corria o ano de 1920, e, devido à capacidade de disparar consecutivamente, iluminando a noite, Virgolino ganhou o apelido de Lampião. Possivelmente em função disso, a polícia cercou o sítio da família e matou seu pai a tiros. Resultado: Lampião e os irmãos entraram definitivamente para o cangaço.

En 1922, Sinhô Pereira deixou o cangaço, e Lampião assumiu a liderança do bando. Em 26, refugiu-se no Ceará e recebeu, por seus crimes, um sermão do Padre Cícero, e ainda a proposta de combater a Coluna Prestes que, na época, se encontrava no Nordeste. Em troca, Lampião receberia anistia e a patente de capitão dos Batalhões Patrióticos, como se chamavam as tropas que combatiam os revolucionários. O capitão Virgolino e seu bando partiram à caça  de Prestes, mas foi perseguido pela polícia de Pernambuco e descobriu que as promessas não tinham valor oficial. Voltou, então, ao banditismo.

Fonte: Jornal "DIÁRIO DO NORDESTE"
Cidade: Fortaleza.
Data: 28 de julho de 2009
Ano: XXVII
Número: ?
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira

Este jornal foi a mim presenteado pelo pesquisador do cangaço e sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Francisco das Nascimento (Chagas Nascimento). 

Nota: Desculpem-me alguma falha na digitação, sou um pouco cego. Se faltar alguma letrinha na palavra, mas você entenderá o significado.


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GRAMOFONE DA MARCA “PAILLARD” PRODUZIDO NA DÉCADA DE 1930.


Na época em que o cangaço lampiônico atingia o seu auge, esse aparelho era a última tecnologia em termos de reprodução de sons. O elevado valor para os padrões da época permitia que apenas os mais abastados pudessem apreciar as canções populares da época através da rotação dos velhos e bons “LP’S” (Long Plays).

Outro detalhe interessante é que o Gramofone era impulsionado através de uma manivela que ao ser girada dava corda às engrenagens ocasionando o seu funcionamento. Não necessitando de energia elétrica.

RARIDADES.

Esse Gramofone pertence ao acervo particular do amigo Roberto Alexandre Calígrafo (São Paulo/SP).

Foto: Roberto Alexandre Calígrafo.
Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)

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70, HOJE, 78 ANOS DA MORTE DE LAMPIÃO

Por Antonio Vicelmo – Repórter

Crato. Madrugada de 28 de julho de 1938, O sol ainda não tinha nascido. O grupo de cangaceiros, tendo à frente Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, e sua mulher, Maria Bonita, tinha acabado de rezar o Ofício de Nossa Senhora e se preparava para tomar o primeiro café-da-manhã, quando os estampidos de rifles e metralhadoras quebraram o silêncio da madrugada e a tranquilidade da Grota do Angico, no Estado de Sergipe, onde os cangaceiros estavam escondidos.


“De repente, o refúgio virou um inferno”, descreveu o cangaceiro “Zé Sereno”, um dos sobreviventes da tragédia. Depois de 15 minutos de tiroteio, 11 cangaceiros estavam mortos: Lampião Maria Bonita, Luiz Pedro, Mergulhão, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela. Dos 35 cangaceiros que estavam acampados, 24 fugiram.

Virgolino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, foi abatido com três tiros: um na cabeça, um no peito esquerdo, outro no abdômen. Maria Bonita, sua mulher foi baleada e morta a facadas, enquanto implorava pela vida.


O soldado Adrião Pedro de Souza, grande herói esquecido do combate de Angico, completava a dúvida de vítimas.

Dois outros cangaceiros gravemente feridos morreriam dois dias depois na fazenda de um coiteiro – nome dado a quem acolhia os cangaceiros -, que ficava nas proximidades.

No dia seguinte, os jornais de todo o País, é até do exterior, estamparam a sensacional notícia nas suas primeiras páginas. A do New York Times dizia: “Foi morto Lampião cego de um olho, um dos mais temidos bandidos do mundo ocidental!”. Terminava a incrível história de um menino que nasceu no Sítio Passagem das Pedras, a 42 quilômetros de Serra Talhada, em Pernambuco. Era o fim do cangaço.

Fonte: Jornal "DIÁRIO DO NORDESTE"
Cidade: Fortaleza.
Data: 28 de julho de 2009
Ano: XXVII
Número: ?
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira

Este jornal foi a mim presenteado pelo pesquisador do cangaço e sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Francisco das Nascimento (Chagas Nascimento). 

Nota: Desculpem-me alguma falha na digitação, sou um pouco cego. Se faltar alguma letrinha na palavra, mas você entenderá o significado.


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OS ÚLTIMOS PASSOS DE LAMPIÃO


Crato: O médico Magérbio Lucena, descreve, com detalhes, os últimos passos de Lampião no sertão nordestino. Ele diz que Lampião viera de Icuim, em Alagoas, atravessara o Rio São Francisco e fora para um lugar chamado Sacão, em Sergipe. De lá fora para o Logrados dos Félix, no mesmo Estado, de onde viera para o coito (refúgio) do Riacho do Angico, local muito escondido, mas também de retirada muito difícil.


“Coito de uma entrada só é cova de defunto”, dissera, certa vez, o cangaceiro Corisco, referindo-se ao local em que o rei do cangaço chegou no dia 21 de julho de 1938 e ali ficou à espera dos bandos de Labareda e Corisco para uma reunião com todos os seus subchefes. Estava sendo servido pelo coiteiro Pedro de Cândido, um dos donos da propriedade, homem de sua inteira confiança.

De acordo com o relato de Magérbio, um cangaceiro de Corisco, passando pela Fazenda da Novo Gosto, falou para o vaqueiro Joca Bernardes sobre a reunião dos bandos. Joca, inimigo de Pedro de Cândido, procurou a polícia em Piranhas, Alagoas, e disse ao sargento Aniceto que o seu desafeto estava acoitando Lampião. Aniceto comunicou-se com o tenente João Bezerra, que veio de Pedra – hoje Delmiro Gouveia, em Alagoas, com o aspirante Ferreira. A tropa desceu o rio na calada da noite e prendeu Pedro de Cândido, que sob tortura teve que indicar o local do coito.

Lampião altamente protegido por coronéis de barrancos, políticos influentes e policiais de alta patente com quem negociava munições, foi em vida o carrasco de médios e pequenos agricultores e comerciantes em todo o Nordeste, extorquindo-lhes as parcas economias por meio de sequestros por dinheiro, venda de proteção e roubos à mão armada em meio a assassinatos e estupros.

Com o advento do Estado Novo, em 1937, todos as portas começaram a se fechar para o cangaço. Existe uma versão de que o próprio Getúlio Vargas foi quem exigiu do interventor de Alagoas, Osmam Loureiro, a cabeça do célebre quadrilheiro, no prazo de 30 dias.

Coronel José Lucena

O coronel José Lucena chefe da polícia que sempre desconfiara que João Bezerra vendia Armas e munições para o rei do cangaço, deu-lhe o mesmo prazo: a cabeça de Lampião ou a farda do tenente. Não deu outra: o bandido foi morto numa comprovação de que Lampião sí vivia porque as autoridades toleravam sua existência.

Tenente João Bezerra à esquerda da frente da foto

Imagem

A imagem de herói e justiceiro com que se idealizou os cangaceiros era nosso folclore não corresponde a realidade. Assim como os outros cangaceiros, Lampião era cruel, sanguinário e agia em benefício próprio e de seus compadres. Nesse sentido, ele pode ser comparado a bandidos atuais que também ganham essa aura de heróis populares, como Escadinha ou Fernandinho Beira-Mar, para alguns moradores dos morros do Rio de Janeiro.

Fonte: Jornal "DIÁRIO DO NORDESTE"
Cidade: Fortaleza.
Data: 28 de julho de 2009
Ano: XXVII
Número: ? - Regional
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira

Este jornal foi a mim presenteado pelo pesquisador do cangaço e sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Francisco das Nascimento (Chagas Nascimento). 

Nota: Desculpem-me alguma falha na digitação, sou um pouco cego. Se faltar alguma letrinha na palavra, mas você entenderá o significado.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com