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terça-feira, 4 de outubro de 2016

OS ÚLTIMOS PASSOS DE LAMPIÃO


Crato: O médico Magérbio Lucena, descreve, com detalhes, os últimos passos de Lampião no sertão nordestino. Ele diz que Lampião viera de Icuim, em Alagoas, atravessara o Rio São Francisco e fora para um lugar chamado Sacão, em Sergipe. De lá fora para o Logrados dos Félix, no mesmo Estado, de onde viera para o coito (refúgio) do Riacho do Angico, local muito escondido, mas também de retirada muito difícil.


“Coito de uma entrada só é cova de defunto”, dissera, certa vez, o cangaceiro Corisco, referindo-se ao local em que o rei do cangaço chegou no dia 21 de julho de 1938 e ali ficou à espera dos bandos de Labareda e Corisco para uma reunião com todos os seus subchefes. Estava sendo servido pelo coiteiro Pedro de Cândido, um dos donos da propriedade, homem de sua inteira confiança.

De acordo com o relato de Magérbio, um cangaceiro de Corisco, passando pela Fazenda da Novo Gosto, falou para o vaqueiro Joca Bernardes sobre a reunião dos bandos. Joca, inimigo de Pedro de Cândido, procurou a polícia em Piranhas, Alagoas, e disse ao sargento Aniceto que o seu desafeto estava acoitando Lampião. Aniceto comunicou-se com o tenente João Bezerra, que veio de Pedra – hoje Delmiro Gouveia, em Alagoas, com o aspirante Ferreira. A tropa desceu o rio na calada da noite e prendeu Pedro de Cândido, que sob tortura teve que indicar o local do coito.

Lampião altamente protegido por coronéis de barrancos, políticos influentes e policiais de alta patente com quem negociava munições, foi em vida o carrasco de médios e pequenos agricultores e comerciantes em todo o Nordeste, extorquindo-lhes as parcas economias por meio de sequestros por dinheiro, venda de proteção e roubos à mão armada em meio a assassinatos e estupros.

Com o advento do Estado Novo, em 1937, todos as portas começaram a se fechar para o cangaço. Existe uma versão de que o próprio Getúlio Vargas foi quem exigiu do interventor de Alagoas, Osmam Loureiro, a cabeça do célebre quadrilheiro, no prazo de 30 dias.

Coronel José Lucena

O coronel José Lucena chefe da polícia que sempre desconfiara que João Bezerra vendia Armas e munições para o rei do cangaço, deu-lhe o mesmo prazo: a cabeça de Lampião ou a farda do tenente. Não deu outra: o bandido foi morto numa comprovação de que Lampião sí vivia porque as autoridades toleravam sua existência.

Tenente João Bezerra à esquerda da frente da foto

Imagem

A imagem de herói e justiceiro com que se idealizou os cangaceiros era nosso folclore não corresponde a realidade. Assim como os outros cangaceiros, Lampião era cruel, sanguinário e agia em benefício próprio e de seus compadres. Nesse sentido, ele pode ser comparado a bandidos atuais que também ganham essa aura de heróis populares, como Escadinha ou Fernandinho Beira-Mar, para alguns moradores dos morros do Rio de Janeiro.

Fonte: Jornal "DIÁRIO DO NORDESTE"
Cidade: Fortaleza.
Data: 28 de julho de 2009
Ano: XXVII
Número: ? - Regional
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira

Este jornal foi a mim presenteado pelo pesquisador do cangaço e sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Francisco das Nascimento (Chagas Nascimento). 

Nota: Desculpem-me alguma falha na digitação, sou um pouco cego. Se faltar alguma letrinha na palavra, mas você entenderá o significado.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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