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domingo, 26 de janeiro de 2014

O Ceará de Nogueira Accioly Parte 2

Por: Manoel Severo

É imperioso quando se fala na oligarquia Acciolina da primeira metade do século passado no Ceará, que se compreenda a conjunção de forças que a nutria e a mantinha viva. Na verdade, sua principal base de sustentação veio da política dos governadores e o forte apoio dos coronéis do interior do Ceará, sua forte influência na Assembléia Legislativa, sem falar da vital aliança com determinados grupos econômicos, que se encarregavam de formar o arcabouço perfeito para sustentar o apoio a Nogueira Accioly.


Faculdade de Direito, criada no governo Pedro Borges, sob as bençãos do senador Nogueira Accioly

O nepotismo e a agressiva repressão a seus oposicionistas era também ponto forte do poder Acciolino, um desses episódios que ficarão marcados na história desse período foi o "Caso das Vacinas", quando na oportunidade da epidemia de varíola no Ceará se destacou o trabalho de 


Rodolfo Teófilo

Rodolfo Teófilo; farmacêutico, contista, romancista, poeta e documentarista; ferrenho opositor de Accioly, que o acusava de desmoralizar a autoridade do governo por estar totalmente alheio ao sofrimento pelo qual o povo passava, enquanto que Teófilo juntamente com a esposa e colaboradores haviam vacinado perto de duas mil pessoas em Fortaleza, fazendo com que em 1902 não tivesse havido um único caso de varíola na capital cearense.
 Outro episódio emblemático do período Acciolino foi sem dúvidas o que veio a se chamar o "Pacto dos Coronéis", perpetrado por potentados de dezessete municípios do interior cearense e que teve em Padre Cícero um de seus mais importantes protagonistas.

Tela representando o que teria sido o Pacto dos Coronéis

No ano de 1911, exatamente um ano antes da derrocada de Accioly, seu poder já dava claros sinais de fraqueza influenciado por muitas questões, inclusive disputas internas entre as facções que lhe davam apoio no interior do estado, sobretudo a luta internas nos municípios travada pelos chamados "coronéis de barranco".

Observando a situação e movidos pela necessidade de sobrevivência política, reuniram-se em Juazeiro do Norte em 04 de outubro , coronéis e lideranças de dezessete municípios cearenses, com destaques para a região do cariri, representada ali por seus principais mandatários, como: Padre Cícero e Floro Bartolomeu, por Juazeiro; Cel. Santana de Missão Velha, Major Zé Inácio do Barro, Antônio Luiz Alves Pequeno de Crato,  Coronel Cândido Ribeiro Campos, de Aurora e João Augusto de Lima de Lavras da Mangabeira, dentre outros. Ali firmariam um pacto de harmonia e não agressão entre si e apoio incondicional a Nogueira Accioly. 

"Art. 9° Manterão todos os chefes incondicional solidariedade com o Excelentíssimo Doutor Antônio Pinto Nogueira Acioli, nosso honrado chefe, e como políticos disciplinados obedecerão incondicionalmente suas ordens e determinações."

Desde o início do século, nos idos de 1900 que no cariri cearense os apoiadores de Accioly, potentados locais e grandes coronéis viviam se digladiando entre si, tomando e retomando o comando das cidades "em armas", o que de alguma forma também começava a colocar em risco o poder central no Ceará, representado por Nogueira Accioly.

O referido pacto da amizade, que inclusive foi registrado no cartório de Juazeiro do Norte (artigo 9º em destaque acima) nasceu como uma forma simbólica de mostrar "civilidade" em tempos do "império do bacamarte". O Pacto dos Coronéis acabou se configurando em dos mais importantes episódios que retratam o coronelismo nordestino e brasileiro, mesmo não tendo conseguido seu intento principal que foi o de evitar o conflito armado entre as principais lideranças interioranas no estado, como no caso de Crato e Juazeiro na guerra de 14.
 
Cel Santana, de Missão Velha, um dos protagonistas do Pacto dos Coronéis e um dos principais apoiadores de Accioly no cariri.

Transcrição da Ata de Abertura do Pacto dos Coroneís...

"Aos quatro dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e onze, nesta vila de Juazeiro do Padre Cícero, Município do mesmo nome, Estado do Ceará, no paço da Câmara Municipal, compareceram à uma hora da tarde os seguintes chefes políticos: Coronel Antônio Joaquim de Santana, chefe do Município de Missão Velha; Coronel Antônio Luís Alves Pequeno, chefe do Município do Crato; Reverendo Padre Cícero Romão Batista, chefe do Município do Juazeiro; Coronel Pedro Silvino de Alencar, chefe do Município de Araripe; Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio, chefe do Município de Jardim; Coronel Roque Pereira de Alencar, chefe do Município de Santana do Cariri; Coronel Antônio Mendes Bezerra, chefe do Município de Assaré; Coronel Antônio Correia Lima, chefe do Município de Várzea Alegre; Coronel Raimundo Bento de Sousa Baleco, chefe do Município de Campos Sales; Reverendo Padre Augusto Barbosa de Meneses, chefe do Município de São Pedro de Cariri; Coronel Cândido Ribeiro Campos, chefe do Município de Aurora; Coronel Domingos Leite Furtado, chefe do Município de Milagres, representado pelos ilustres cidadãos Coronel Manuel Furtado de Figueiredo e Major José Inácio de Sousa; Coronel Raimundo Cardoso dos Santos, chefe do Município de Porteiras, representado pelo Reverendo Padre Cícero Romão Batista; Coronel Gustavo Augusto de Lima, chefe do Município de Lavras, representado por seu filho, João Augusto de Lima; Coronel João Raimundo de Macedo, chefe do Município de Barbalha, representado por seu filho, Major José Raimundo de Macedo, e pelo juiz de direito daquela comarca, Dr. Arnulfo Lins e Silva; Coronel Joaquim Fernandes de Oliveira, chefe do Município de Quixadá, representado pelo ilustre cidadão major José Alves Pimentel; e o Coronel Manuel Inácio de Lucena, chefe do Município de Brejo dos Santos, representado pelo Coronel Joaquim de Santana."

Continua...

Manoel Severo
Cariri Cangaço 

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Lampião, o rei do cangaço


Quem foi Lampião?

Virgulino Ferreira da Silva, conhecido popularmente pelo apelido de Lampião, foi o principal e mais conhecido cangaceiro brasileiro. Nasceu na cidade de Serra Talhada (PE) em 7 de julho de 1898 e faleceu em Poço Redondo (SE) em 28 de julho de 1938. Ficou conhecido como o "rei do Cangaço". 

Biografia: 

- Nasceu numa família de classe média baixa.

- Trabalhou com o pai, na infância e parte da adolescência, cuidando de gado.

- Trabalhou também com transporte de mercadorias em longa distância, utilizando burros como meio de transporte de carga.

- Envolveu-se em brigas familiares na juventude e entrou para um bando de cangaceiros para vingar a morte do pai.

- Em 1922, passou a comandar um bando de cangaceiros.


- Em 1923, seu bando efetuou assalto à casa da baronesa de Água Branca (AL).

- Em junho de 1927, Lampião comandou seus homens na fracassada tentativa de tomar a cidade de Mossoró (RN). Chegaram nesta ocasião a sequestrar o coronel Antônio Gurgel.

- Na década de 1930, Lampião e seu bando passaram a ser procurado por policiais de vários estados do Nordeste. O bando passou a viver de saques a fazendas e doações forçadas de comerciantes.


- Em 1930, conheceu Maria Déia (Maria Bonita) que ingressou no bando, tornando-se mulher de Lampião. Em 1932 nasceu a filha do casal, Expedita Ferreira.

- Em 27 de julho de 1938, Lampião e vários cangaceiros do bando estavam na fazenda Angico, sertão de Sergipe, quando foram mortos por policiais da volante do tenente João Bezerra.

Curiosidades:

- Lampião também trabalhou até os 20 anos de idade, como artesão.

- Lampião, ao contrário da maioria dos cangaceiros da época, era alfabetizado.

- Existem várias lendas que explicam a origem do apelido "Lampião". Uma das mais conhecidas diz que seus companheiros de cangaço deram esse apelido, pois ele atirava tão rápido (como se fosse uma metralhadora) que a ponta de seu fuzil ficava vermelha, parecendo um lampião.

- Lampião apresentava problema de visão e, por isso, usava óculos para leitura. 

http://www.suapesquisa.com/biografias/lampiao.htm
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