Seguidores

domingo, 26 de março de 2023

EXISTIA AMOR NO CANGAÇO?

 Por Maristela Mafuz

Maristela Mafuz, Pedro Barbosa e João de Sousa Lima

Minha visão a respeito desse "amor no cangaço", baseia-se em grande parte, em conversas que tive com Sila e na observação de suas reações em dados momentos, coisas que pude ver durante o tempo que convivi com ela. As meninas, ao entrarem espontaneamente, tinham a visão romântica de que escapariam da submissão a que estavam destinadas e teriam uma vida de aventuras e liberdade. Essa ideia já fazia parte do imaginário na época.

Como a realidade se mostrou cruel e oposta aos sonhos, que opção restava a elas? Aprender a viver nessas condições. RESIGNAÇÃO é uma das palavras que define o comportamento adotado por elas. Obrigadas a aceitar o que não podia ser mudado, seguiram vivendo do único modo que lhes era possível.

Amargando dores de todos os tipos, porém firmes, lutando junto àqueles homens que acompanhavam. Apesar de tudo, esses eram os homens com quem podiam contar e que, de uma forma ou de outra, também as protegiam. Aí surge a CUMPLICIDADE, outra palavra que define o comportamento delas. O 'amor' nasceu desse misto de sentimentos contraditórios vividos por elas. Ódio pela agressão, reconhecimento pela proteção... E a contradição: “esse homem ora me agride, ora me defende...” O que isso representou na cabeça dessas mulheres? Quem pode dimensionar as cicatrizes psicológicas dessas meninas-mulheres?

A submissão e o medo imperavam. O que fazer, senão suportar aquilo, firme e quieta? (adiantaria gritar ou tentar fugir?) RESIGNAÇÃO + CUMPLICIDADE: Para mim esse foi o Amor que existiu no cangaço.

Maristela Mafuz
Fortaleza, Ceará

http://cariricangaco.blogspot.com/2014/10/existia-amor-no-cangaco-por-maristela.html

http://blogodmendesemendes.blogspot.com

EXISTIA AMOR NO CANGAÇO?

Por Aderbal Nogueira 


Amigos, como sabem, o tema de nossa última reunião do Cariri Cangaço - GECC, aqui em Fortaleza foi "Sila". Pois bem, venho agora trazer um pequeno fragmento de alguns depoimentos que tem muito a ver com o que discutimos, bem como com minhas palavras sobre "A ILUSÃO DO CANGAÇO". Prestem bem atenção aos detalhes do que é dito nesses depoimentos. Quando falo que não existia amor no cangaço, é por causa do que ouvi.  Aí estão algumas provas.


Sila e Adília, com o grupo de Zé Sereno


Vejam como Adília se apresenta quando foi se entregar à polícia. Reparem no semblante de Sila enquanto Adília está narrando sua história. Escutem bem o que ambas falam de seus companheiros. Notem os detalhes do que Sila diz lá na grota de Angico sobre o tempo que durou o tiroteio. Será que isso é coisa de quem mente ? Vejam o depoimento de Candeeiro nos detalhes. Por que será que Aristéia reagiu dessa forma quando soube da morte de Lampião ?

Ex-cangaceira Aristéa; ainda viva, morando em Delmiro Gouveia

Concordo que as mulheres não tiveram papel importante na história do cangaço, mas Sila estava presente em um dos combates mais importantes de Lampião, pois afinal foi lá que o grande chefe morreu. O que dizer do programa da TV Bandeirantes, gravado se não me falha a memória, em 2001, corroborando com o que o Prof. Frederico explicou há pouco tempo, sobre a origem do apelido de Maria Bonita?

Por favor, desculpem as falhas nesse vídeo. Durante algumas das gravações tivemos problemas de muita chuva e falta de energia elétrica, também não tive tempo de consertar algumas coisas, vale mais pelo registro das palavras. Nos próximos dias passarei para o blog o debate de nossa reunião, na íntegra que, por sinal, foi muito bom, e esperamos que os próximos sejam melhores ainda. Quanto mais discutirmos, mais aprenderemos.

Acompanhem o Vídeo na Postagem logo a seguir:

Aderbal Nogueira
Sócio da SBEC, Diretor do GECC
Conselheiro Cariri Cangaço

http://cariricangaco.blogspot.com/2012/01/existia-amor-no-cangaco-poraderbal.html

http://blogodmendesemendes.blogspot.com

CARIRI CANGAÇO OPINIÃO : Existia Amor no CANGAÇO ?

Por Manoel Severo
https://www.youtube.com/watch?v=b1ef8WYh7HM&ab_channel=CaririCanga%C3%A7o

Do latim "Opinĭo" , uma opinião é um juízo que se emite sobre algo questionável. A opinião também é aquilo que se acha relativamente a algo ou alguém, é o parecer que se dá. Na visão da filosofia, a opinião "é uma proposição onde não se tem a confiança total sobre a verdade do conhecimento"... Noutros termos, a opinião admite a possibilidade de erro por não haver evidência plena... Neste sentido, a opinião seria uma afirmação com menor evidência da verdade do que uma certeza... A opinião, de qualquer modo, costuma estar associada aos juízos subjectivos." Já na filosofia de Parmênios ; filosofo grego (530 a.C - 460 a.C.) é uma ideia confusa acerca da realidade e que opõe ao conhecimento tido como verdadeiro....

Bem vindos ao Cariri Cangaço Grandes Encontros Opinião!

Depois do lançamento dos Programas AO VIVO do Cariri Cangaço nas plataformas digitais; Grandes Encontros Cariri Cangaço em canal no YouTube e Cariri Cangaço Personalidade no Instagran; o Cariri Cangaço inova e traz dentro dos Grandes Encontros um conceito novo de programa, com periodicidade bimestral, o OPINIÃO, reunirá a partir de temas pontuais e polêmicos; a essência, o olhar e as reflexões de convidados especiais, não necessariamente pesquisadores e ou escritores das temáticas sugeridas, mas, personalidades que com suas variadas percepções nos ajudarão a construir nosso próprio juízo de conhecimento sobre essa verdadeira saga que é a memória e história de nosso sertão.

Por aqui passarão temas eletrizantes, passivos de muitas análises e controvérsias, polêmicas, disse me disse, história e estórias, tudo para nos aproximar cada vez mais da percepção da verdade histórica que envolve e encanta a todos nós...

Para este programa de estreia o Cariri Cangaço Grandes Encontros Opinião, trouxe um time feminino de peso, reunindo as pesquisadoras; Valquíria Becker de São Paulo, Wilma Leite de Alagoas, Janaína Tavares do Rio Grande do Norte e Sulamita Buriti da Paraíba; para refletir, discutir e dá sua opinião sobre: "Existia Amor no Cangaço?". Para esse primeiro programa definimos 4 personagens femininos da saga Cangaceira: Nenem de Ouro, companheira de Luiz Pedro; Adília, companheira de Canário; Inacinha, companheira de Gato e por fim Durvinha, companheira de Virgínio e em seguida, de Moreno.

Cada uma de nossas convidadas discorre neste programa um pouco sobre a trajetória dessas meninas-mulheres cangaceiras, nos trazendo reflexões sobre episódios que podem nos trazer "luz" ao tema em debate, existia realmente amor no cangaço? A abordagem e o formato proposto pelo programa Grandes Encontros Cariri Cangaço Opinião tem o compromisso de a partir do debate respeitoso, consciente e acima de tudo lúcido, compreendendo os diversos olhares, colaborar para a construção dessa espetacular memória da história de nosso sertão. Sejam todos muito bem vindos. 

http://blogodmendesemendes.blogspot.com

EXISTIA AMOR NO CANGAÇO?

 Por José Bezerra Lima Irmão


José Mendes, você nos apresenta um texto de Maristela Mafuz, no qual é abordado o tema do amor no cangaço. Belo texto. Aproveito o ensejo para fazer alguns comentários a respeito da participação de mulheres na vida cangaceira.

Maristela Mafuz

Os cangaceiros eram homens rudes, mas não diferiam muito dos vaqueiros e pobres lavradores do seu tempo, na luta contra a miséria nas caatingas. Escrevi sobre esse tema, num capítulo intitulado "Mulheres no cangaço". Antes de Maria Bonita se juntar a Virgulino, não havia mulheres no bando. Como uma mulher não podia ficar sozinha no meio de muitos homens, Maria levou consigo uma cunhada, que se juntou ao cangaceiro Ângelo Roque. A terceira mulher a integrar o bando foi Dadá. Depois, um cangaceiro do grupo de Corisco chamado Azulão pediu autorização para trazer também a namorada, sua prima Maria, do Poço das Pedras, fazenda situada nas imediações de Várzea da Ema. Lavandeira trouxe Lili, nascida no Juá, que tinha parentes no arraial de Nambebé. Virgínio, cunhado de Lampião, viúvo (tinha casado com Angélica Ferreira), passou a viver com Durvalina (Durvinha), filha de Pedro Gomes, dono da fazenda Arrastapé, nas imediações de Paulo Afonso. Luís Pedro levou consigo uma moça chamada Neném, do Salgadinho, também perto de Paulo Afonso. A partir daí, perdeu-se a conta das mulheres cangaceiras. No curso do tempo, mais de 70 mulheres se tornaram cangaceiras. Relaciono no mencionado capítulo uma a uma, com nomes e apelidos, bem como os respectivos maridos.

Os cangaceiros viviam amasiados, mas houve um casal constituído formalmente e outro, quase: Cajazeira e Enedina casaram-se no civil e
na igreja, e Corisco e Dadá foram casados por um padre, mas sem as formalidades eclesiásticas (proclamas e assentamentos no livro próprio). Com a presença de mulheres no bando, um novo item passou a fazer parte do regimento disciplinar: o respeito. Os casais gozavam de privacidade nos acampamentos, com direito a barracas isoladas das demais. As mulheres deviam fidelidade absoluta aos seus homens.

Lampião não permitia promiscuidade, pois sabia que disputas no bando pelas fêmeas teriam consequências incontroláveis, perturbando a harmonia entre os seus cabras.

Os fatos mais notórios relativos às mulheres do cangaço foram as tragédias passionais envolvendo Lídia, Lili e Cristina.

Naquela quadra, a vida da mulher nordestina, como, aliás, a vida da mulher brasileira em geral, era restrita ao âmbito familiar e aos afazeres domésticos. Ainda não tinham soprado por estas bandas os ventos das transformações sociais decorrentes da revolução industrial. Os cargos e os empregos eram destinados quase que exclusivamente aos homens. Praticamente as únicas profissões 
 femininas eram as de professora e costureira. As filhas dos 
 
fazendeiros eram preparadas para ser esposas prendadas: aprendiam a cozinhar, costurar, bordar, fazer rendas. Os coronéis do sertão mandavam as filhas para estudar nos colégios de freiras e nas “escolas normais”. As pobres, quando muito, só aprendiam a ler.

Nas zonas rurais, as mulheres eram em geral analfabetas. Muitos pais proibiam as filhas de estudar, para que não aprendessem a fazer carta para os namorados. As filhas dos moradores das fazendas trabalhavam 
 nas roças desde meninas, ajudando os pais, e quando casavam 
 
continuavam a mesma lida com os maridos e os filhos. 

Trabalhos com 
 
gado e serviços de machado, foice e picareta eram para os homens. Mulheres e crianças encarregavam-se de serviços “mais leves”, 
 
como coivarar, plantar, limpar mato de enxada, quebrar milho, arrancar feijão, colher algodão, fava e feijão-de-corda, raspar mandioca.

Nas horas de “descanso” e nas épocas de falta de trabalho nas roças, sentavam-se diante de almofadas com seus bilros e alfinetes, para fazer rendas e bicos, fonte de receita complementar dos incertos 
 e minguados ganhos da lavoura.

Ao contrário dos homens, que entravam para o bando porque queriam mesmo ser cangaceiros, as mulheres tornavam-se cangaceiras por força das circunstâncias, para estar com seus maridos ou namorados. Para elas, portanto, o cangaço não era uma “profissão”, mas uma contingência da vida. As garotas das roças e das pequenas 
 povoações sertanejas, ao mesmo tempo em que tremiam de medo dos cangaceiros, paradoxalmente viam os cangaceiros como heróis românticos, príncipes encantados de um reino onde havia perigo e morte, mas que, por pior que fosse, não podia ser pior do que a 
 
triste situação em que viviam. No íntimo, sentiam-se fascinadas por aqueles homens valentes de que tanto se falava, como se fossem 
 
induzidas pelo instinto natural de fêmeas a querer parir um filho daqueles cabras machos como o diabo! 
 
Corisco era contra esse negócio de mulher no bando. Quando entrava 
 
um novato, ele avisava:

– Venha só. Nun traga muié. De muié pra dá trabaio já basta a minha.


Esses comentários, postos aqui em síntese, estão em "Lampião - a Raposa das Caatingas", páginas 373 a 380, num capítulo em que conto como Lampião conheceu Maria, a bonita primeira-dama do cangaço.

Peço que se alguém reproduzir o texto que acabo de expor, por favor cite a fonte. 

Visite o blog do autor:

https://blogdomendesemendes.blogspot.com/2014/10/existia-amor-no-cangaco.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

EXISTIA AMOR NO CANGAÇO?

Por Alcino Alves Costa

 

Alcino Alves Costa

Na verdade o viver cangaceiro, especialmente da mulher, seria mais correto dizer - da menina-moça – aquelas juvenis sertanejas, que num instante de total infelicidade deixou a sua humilde, porém aconchegante residência, abandonando seu lar, deixando seus pais na mais completa agonia e desespero, para seguir a triste vida bandoleira, todas elas inebriadas pela ilusão do cangaço, é um capítulo extraordinário na história cangaceira.

Por que a caboclinha dos cafundós das caatingas, sem nenhum traquejo e nenhuma experiência de vida, se bandeou para o cangaço? Qual foi essa ilusão? Segundo informações abalizadas e confiáveis de um dos grandes rastejadores de cangaceiros, o nosso Aderbal Nogueira, levado por suas diversas e proveitosas entrevistas, gravadas em vídeos, de um número elevado de cangaceiros e cangaceiras, elas atestam com convicção que essa decisão, segundo informes de Sila, Adília e Aristéia não significava a existência de amor entre os cangaceiros e suas parceiras e sim “A ILUSÃO DO CANGAÇO”. Respeito profundamente o trabalho meticuloso e confiável deste querido vaqueiro da história. Aderbal nasceu com o estigma da decência e da dignidade. No entanto, não concordo em nosso companheiro generalizar os casais cangaceiros afirmando que não existia amor entre o homem e a mulher que vivia a vida errante e sofredora do cangaço.

Adília e Sila, em plena caatinga

É certo que Adília dizia de seu sofrimento em relação ao seu viver ao lado de Canário, um homem, segundo as suas palavras, extremamente ciumento, tendo um ciúme doentio de Juriti, portanto a sua vida na companhia de Rocha se tornou um inferno. Mas, é bom que se esclareça que Adília era namorada de Canário bem antes dele ir ser cangaceiro e ela o acompanhou de sua livre e espontânea vontade. Qual o motivo de seu ingresso no cangaço? “ILUSÃO DO CANGAÇO” ou amor?

Quanto a Sila, uma mocinha admirada em Poço Redondo, tida e havida como a melhor dançarina nos bailes e forrós; vivendo na casa de seus padrinhos China e Mariêta, ao lado das filhas deste ilustre casal de Poço Redondo, Dosa e Tila, não tinha nenhuma necessidade de ir para o cangaço para ficar ao lado de Zé Sereno que nem sequer foi seu namorado. Zé Sereno não obrigou ela acompanhá-lo, ela foi porque quis e, esta sim, talvez, pela “ILUSÃO DO CANGAÇO”.

Estes exemplos não significam que não existia amor no cangaço. Existia sim senhor. Existia amor em sua maior profundidade. Eis alguns exemplos: No Congresso sobre o cangaço que aconteceu em Brasília em uma conversa que eu tive com Durvinha, e ela estava ao lado de Moreno, ela me disse toda emocionada que o homem da vida dela, aquele que realmente ela havia amado, teria sido Virgínio. Lembro-me que Moreno balançou a cabeça e disse: “Esse era um homi de verdade”.

Moreno e Durvinha

Em seus inúmeros depoimentos Dadá fazia questão de mostrar ao mundo o seu imenso amor por Corisco, apesar dela ter sido inicialmente estuprada por ele. Zé de Julião, o cangaceiro Cajazeira e sua bela Enedina sentiam um pelo outro um amor profundo. Rosinha, a companheira de Mariano amava loucamente o seu homem. Após a morte de seu companheiro no Cangaleixo, pela volante de Zé Rufino, Rosinha só tinha um desejo na vida: deixar o cangaço e retornar ao seio de sua família e receber o carinho e o amor de seus pais. No entanto, este desejo não foi alcançado em virtude de ter sido assassinada a mando de Lampião que não aceitava a saída de cangaceiro ou cangaceira de seu bando.

Luís Pedro e Neném se amavam profundamente. Após a morte de Neném na fazenda Mocambo, em Sergipe, o seu companheiro que tanto a amava caiu em um desespero total. Em que pese as loucas e ensandecidas versões dando conta de que Maria Bonita traía Lampião, a cristalina verdade era que Maria Bonita amava com todas as forças de seu sentimento o seu notável companheiro.

É evidente que com o passar dos dias, meses e anos, alguns casais, especialmente as mulheres deixaram de amar, ou talvez, desejar o seu homem e dominadas pela volúpia do sexo se apaixonaram e desejaram outros homens, caso de Lídia, a baianinha do Raso da Catarina, que se apaixonou pelo cangaceiro Bem-te-vi, tendo com ele vários encontros amorosos, até ser flagrada pelo “cabra” Coqueiro e assassinada a pauladas por Zé Baiano.

Inacinha

Maria de Pancada era uma mulher de desejos sexuais irrefreáveis, daquelas que um homem não conseguia saciá-la. Portanto, não estava no cangaço apenas pela “ILUSÃO DO CANGAÇO”, mas também para cumprir o seu desejo louco de fazer sexo. A cangaceira Lili também carregou em sua vida a sina do sexo. Após ser companheira de Lavandeira e de Mané Moreno, a caboclinha do Juá, lá na vastidão do Raso da Catarina, se acamaradou com o temido cangaceiro Moita Braba. Mesmo assim, sabendo que seu companheiro era portador de uma periculosidade extremada, Lili não temeu em coabitar com o cangaceiro Pó-Corante. Eis que um dia ao retornar de mais uma razia, ao chegar ao coito, Moita Braba encontrou a sua Lili nos braços de Pó-Corante. O desalmado cangaceiro não pestanejou, puxou sua arma e disparou vários tiros em sua infeliz e traidora companheira, matando-a instantaneamente.

A infidelidade dessas cangaceiras, incluindo também Cristina de Português, e talvez Dulce que traiu Criança após os dois deixarem o cangaço, não significa que não existisse amor entre as outras cangaceiras. Dentro de um universo de pouco mais, pouco menos de 30 mocinhas que seguiram os bandos cangaceiros, apenas essas citadas não respeitaram e traíram os seus companheiros. Todavia, não se tem nenhuma dúvida de que as mocinhas, quase que em sua totalidade, que se jogaram nos braços dos cangaceiros, elas foram por amor e continuaram amando os seus homens.       
Quem conhece a história desses casais que embelezaram e humanizaram o cangaço, tem que reconhecer que existia amor e muito amor na vida cangaceira.

Saudações cangaceiras,

Alcino Alves Costa, o Decano
O Caipira de Poço Redondo
Sócio da SBEC e Conselheiro Cariri Cangaço

http://cariricangaco.blogspot.com/2012/01/existia-amor-no-cangaco-por-alcino.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

EXISTIA AMOR NO CANGAÇO?

Por Leandro Cardoso

 

Sousa Neto e Leandro Cardoso

Dois grandes marcos no cangaço de Lampião: a travessia do São Francisco para a Bahia, em 1928, modificando o palco das tropelias dos cangaceiros; e a entrada de Maria Bonita para o bando, como algo sem precedentes nas hostes dos grandes capitães-de-cangaço. No entanto, diferentemente do que muita gente pensa, a participação feminina está longe da passividade. O ingresso de Maria Bonita no bando foi a deixa para que outros cangaceiros trouxessem outras moças para o seio do grupo. Embora a grande maioria tenha ingressado por vontade própria e curiosidade de experimentar aquela vida de aventuras, algumas foram raptadas (como Dadá) e outras vendidas por parentes (como Dulce, de Criança).

É importante levar em conta que a mulher, para cair no cangaço, deixava para trás a intensa rigidez moral, sexual e de comportamento que lhe era imposta pela sociedade machista, para experimentar uma rara sensação de liberdade, ganhado a caatinga na garupa do companheiro. Nas vezes em que a entrevistei, Durvinha falava da opressão que sofria em casa antes de acompanhar Virgínio: intermináveis caminhadas com latas d’água na cabeça e a muda submissão ao pai e aos irmãos. Era a constante da subserviência velada nas casas e fazendas do sertão.


Por outro lado, a visão da aventura do cangaço se traduzia numa sensação de liberdade sem precedentes, qual um sonho medieval da donzela raptada pelos cavaleiros de lança, espada e armadura, de reinos longínquos, enfrentando tudo e todos pelo amor de sua donzela. Entretanto, grande também era a queda do cavalo, logo aos primeiros tiros, transformando o lindo sonho em real pesadelo. A vida no cangaço cobrava seu alto preço com sangue, e era embalada pelo choro triste dos familiares, que ficavam a amargar retaliações por parte da polícia, sob a angústia diária das notícias indesejáveis de filhas degoladas ou seviciadas pelas volantes.

Como falei no início, a participação feminina no cangaço está longe da passividade. A mulher, mesmo sem guerrear (exceção feita a Dadá), impôs sua presença no seio do bando, alterando inclusive a rotina dos grupos. 

Esquivo-me de falar aqui do enriquecimento visual pelo apuro da indumentária, para deter-me na violência. Vários autores sugerem que a presença feminina diminuiu a violência no cangaço. Ledo engano. A combatividade sim, a violência não. Esta sempre foi uma constante no modus operandi dos grupos e das volantes, que após 1930 ganha nova dimensão: o ataque às mulheres pela polícia e pelos próprios cangaceiros. As volantes proporcionaram cenas de extrema barbárie, como a exposição do cadáver de Nenê de Luis Pedro, nua, na localidade Mucambo, em Sergipe, inclusive estimulando cães de rua a simular sexo com o corpo. Os cangaceiros, sob o punho selvagem de Zé Baiano, ferrariam mulheres na “taba” do queixo e, por consórcio entre chefes de grupo, assassinariam a sorridente Cristina, ante o injustificável motivo de preservar a segurança coletiva. Não precisa dizer que Zé Baiano, aparentemente “apaixonado” por sua querida Lídia, a matou a pauladas.

Marca do flagelo de Zé Baiano

Afinal, Zé Baiano amava Lídia? Houve amor no cangaço? Vejamos algumas considerações a respeito:O amor não é um sentimento. É uma decisão. O que muitos tomam por Amor, na verdade é apenas paixão arrebatadora, que evanesce ao cabo de alguns meses sob qualquer contrariedade, ou mesmo amizade duradoura, que isoladamente, também não o é. Amor de verdade é outra coisa: tem base sólida, vem com o tempo. É quando os cônjuges resolvem colocar um coração pareado ao outro, condicionando sua felicidade à felicidade do outro. O Amor de verdade é maduro, não admite inconsequências e, para que exista, tem que ser pautado no perdão. Resumindo: o verdadeiro Amor somente aparece quando o perdão ocupa, incondicionalmente, o lugar da mágoa.

Voltando novamente os olhos para o cangaço, temos alguns exemplos que, talvez, preencham estes critérios: Lampião e Maria Bonita, Corisco e Dadá e Virgínio e Durvalina. Embora, tenha sido raptada e violentada por Corisco, Dadá deu provas de sua devoção ao Vingador de Lampião, mesmo após sua morte. Este foi o único casal (até onde se sabe) que casou durante a vida de estripulias (Zé de Julião e Enedina eram casados, mas já “caíram” no cangaço após o matrimônio). Se, como disse o velho Guimarães Rosa: “no viver tudo cabe”, temos a nítida impressão de que o cangaço foi palco de Amor, amores, paixões, companheirismo e amizade. Cabe a cada um, portanto, saber o peso que o coração lhe tem no peito.

Para encerrar: viva as mulheres sertanejas que, condenadas a envelhecer aos 30, se despojaram de suas latas d’água para, com os bornais cruzados ao peito, acompanharem seus companheiros. Muitas foram amadas, odiadas, fuziladas, decapitadas, mas quebraram tabus e ajudaram a virar a página da História, escrita com seu sangue, dos seus amores e da sua família dilacerada. Abraço a todos do Cariri Cangaço

Leandro Cardoso Fernandes
Médico, escritor
Sócio da SBEC

“A mulher tem na face dois brilhantes
Condutores fiéis do seu destino.
Quem não ama o sorriso feminino,
Desconhece a poesia de Cervantes.
A bravura dos grandes navegantes
Enfrentado a procela em seu furor,
Se não fosse a mulher, mimosa flor,
A História seria mentirosa.
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor”.

Octacílio Batista.

http://cariricangaco.blogspot.com/2012/02/existia-amor-no-cangaco-porleandro.html

http://blogodmendesemendes.blogspot.com

AS BOMBAS AMERICANAS DESTROEM CIDADES DE HIROSHIMA E NAGASAKI NO IMPÉRIO JAPONÊS

 Por José Mendes Pereira


A nuvem de cogumelo sobre Hiroshima após a queda da Little Boy - pt.wikpedia.org 

Morrer pela pátria é uma coisa sem graça e sem sentido. Por que morrer pela pátria, se os que deveriam estar lá, lutando pelo a defesa do seu país, ficam escondidos em suas mansões, só ordenando que ataquem isso ou aquilo? Eu, hein!

Os ataques com grande poder de destruição às lindas e conhecidas cidades Hiroshima e Nagasaki, ocorridos no final da Segunda Guerra Mundial, realizados nos dias 6 de agosto e 9 de agosto do ano de 1945, contra o Império do Japão, foram feitos pela Força Aérea dos Estados Unidos da América, com ordens de Harry S. Truman, que na época era presidente dos Estados Unidos.
 


Após seis meses de horrorosos bombardeios, os Estados Unidos  tentavam convencer o Japão desistir da batalha, atacando outras cidades,  mas só conseguiram vencer o Japão com a mais potente bomba atômica "Little Boy", soltando em uma segunda-feira, sobre a cidade de Hiroshima. 

Em 6 de Agosto de 1945 às 8:15am, uma bomba atômica carregada de Urânio explodiu 580 metros acima da cidade de Hiroshima com um grande Flash brilhante, criando uma gigante bola de fogo, a temperatura no centro da explosão chegou aos 4.000ºC. Mandando raios de calor e radiação para todas as direções, soltando uma grande onda de choque, vaporizando em milissegundo milhares de pessoas e animais, fundindo prédios e carros, reduzindo uma cidade de 400 anos à pó. O que era de árvores foram todas destruídas com o forte calor
 
Em Hiroshima foi jogada a bomba atômica “Little Boy” e, três dias depois, a bomba “Fat Man” em Nagasaki. Até os dias de hoje, as duas bombas foram as únicas . - www.infoescola.com   

Três dias depois, no dia 9, a "Fat Man" caiu sobre Nagasaki. Historicamente, estes são até agora os únicos ataques onde se utilizaram armas nucleares. As estimativas, do primeiro massacre por armas de destruição maciça, sobre uma população civil, apontam para um número total de mortos a variar entre 140 mil em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki, sendo algumas estimativas consideravelmente mais elevadas quando são contabilizadas as mortes posteriores devido à exposição à radiação. A maioria dos mortos eram civis.
 
No dia 3 foi a vez de Nakasaki, recebendo de presente a bomba “Fat Man”. Até os dias de hoje, as duas bombas foram as únicas .http://pt.wikipedia.org/wiki/Fat_Man 

Com a destruição em massa dessas duas cidades e milhares de mortos em poucos segundos, o Japão resolveu entregar os pontos no dia 15 de agosto de 1945. Mas para isso, foi obrigado assinar oficialmente da sua rendição em 2 de setembro, na baía de Tóquio,  e finalmente foi anunciada o fim da II Guerra Mundial.

Que destino tomou esta criança - corujapaideia.blogspot.com 

O papel dos bombardeios atômicos na rendição do Japão, assim como seus efeitos e justificações, foi submetido a muito debate. Nos Estados Unidos, o ponto de vista que prevalece é que os bombardeios terminaram a guerra meses mais cedo do que haveria acontecido, salvando muitas vidas que seriam perdidas em ambos os lados se a invasão planejada do Japão tivesse ocorrido. No Japão, o público geral tende a crer que os bombardeios foram desnecessários, uma vez que a preparação para a rendição já estava em progresso em Tóquio.

Vítima da crueldade do homem - corujapaideia.blogspot.com 

As Bombas Atômicas que atingiram Hiroshima e Nagasaki ficaram em nossas mentes. Todos os dias, as imagens são uma mistura da devastação das terras e prédios. Imagens chocantes das ruínas, mas quanto as vítimas? 

 
Foi lançada a primeira bomba atômica da nossa história, na cidade de Hiroshima, Japão. Somente no primeiro instante foram mortas mais de 70.000 pessoas, ... - eleteimou.blogspot.com 

O calor provocado pelas bombas, foi tão intenso que  tudo foi vaporizado. As sombras dos parapeitos foram imprimidas no chão. Em Hiroshima, tudo o que sobrou de alguns humanos, sentados em bancos de pedras próximos ao centro da explosão, foram as suas silhuetas.


A explosão da bomba hiroshima fez os relógios pararem 8:15 

Adultos e crianças foram incinerados ou paralisados em suas rotinas diárias, os seus organismos internos entraram em ebulição e seus ossos carbonizados. Que maldade dos homens! No centro da explosão, as temperaturas foram tão quentes que derreteram concreto e aço. Dentro de segundos, 75.000 pessoas foram mortas ou fatalmente feridas. As mortes causadas pela radiação ainda aconteceram em grandes números nos dias seguintes. “Sem aparente motivo as suas saúdes começaram a falhar. Eles perderam apetite. Seus cabelos caíram. Marcas estranhas apareceram em seus corpos. E eles começaram a ter sangramentos pelas orelhas, nariz e boca”. 

Médicos “deram aos seus pacientes injeções de Vitamina "A". Os resultados foram horríveis. E buracos começaram a surgir em seus corpos causados pela injeção da agulha. Em todos os casos, as vítimas morreram”. Como pode!

Hibakusha é o termo usado no Japão para se referir as vítimas das bombas atômicas que atingiram Hiroshima e Nagasaki. A tradução aproximada é “Pessoa afetada por explosão”.

Eles e suas crianças foram vítimas da falta de conhecimento sobre as consequências das doenças causadas por radiação.

olavosaldanha.wordpress.com  - Hiroshima e Nagasaki 

Muitos deles foram despedidos de seus empregos. Mulheres Hibakusha nunca se casaram, muitos delas tinham medo de dar a vida para uma criança deformada. Os homens também sofreram discriminação. “Ninguém quis se casar com alguém que poderia morrer em poucos anos”.

Em 10 de Agosto de 1945, um dia depois dos ataques à Nagasaki, Yosuke Yamahata, começou a fotografar a devastação. A cidade estava morta. Ele caminhou através da escuridão das ruínas e corpos mortos por horas. Mais tarde, ele fez as suas últimas fotos próximas a estação médica, ao norte da cidade. Em um único dia, ele completou o único registro fotográfico logo após às bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.

 

A detonação da Little Boy, como era chamada a bomba que causou a morte de mais de 250 mil pessoas em Hiroshima, foi ouvida até nas cidades vizinhas. Ela destruiu tudo o que encontrava num raio de dois quilômetros e meio, devastando vegetação e estrutura da cidade. Porém, o aporte térmico da bomba teve um alcance ainda maior. A detonação da Fat Man sobre Nagasaki, causou tanta destruição quanto em Hiroshima.

Vida findada - olavosaldanha.wordpress.com

Sobreviventes que sofreram fortes queimaduras devido a propagação do intenso calor, fora da área de explosão, andavam pelas ruas sem saber o que havia acontecido. A radioatividade se espalhou provocando chuvas ácidas, causando a contaminação da região, incluindo lagos, rios, plantações. Os sobreviventes foram atendidos dias depois, o que ocasionou a morte lenta e agonizante de muitos.

Até os dias de hoje, os descendentes dos habitantes afetados sofrem os efeitos da radioatividade. 

Grande parte: Wikipédia

Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:

http://blogdomendesemendes.blogspot.com