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sábado, 26 de maio de 2012

Estudante do curso de Direito cometeu suicídio em Pau dos Ferros /RN

Por: José Mendes Pereira

Anathália Cristina Queiroga Batista era prima do administrador deste blog, tinha 22 anos, e era estudante do curso de Direito da UNP, em Natal (iria concluir o curso de direito este ano de 2012), atentou contra sua integridade física, usando punhos de rede como arma, e abreviou a permanência entre nós.

Anathália Cristina Queiroga era filha dos proprietários de gráfica em Pau dos Ferros, Júlio Batista Pereira e de Edilza Queiroga Pereira.

Anhatália Cristina Queiroga cometeu o fatídico ato no seu quarto, por volta das 21h30, desta sexta-feira, 25, na residência de seus pais, localizada à Rua Quintino Bocaiúva, onde passava o fim de semana.
 
Segundo informações de Edilza, mãe, Anathália demonstrava estar feliz. À tarde, fez bolo, foi ao supermercado, comprou refrigerantes dizendo-lhe que iria lhe fazer uma surpresa. 

Por volta das 8;15, a mãe não se encontrava em casa. Anathália ligou para o seu namorado (também estudante de direito em Natal, mas se encontrava em Pau dos Ferros), que iria fazer uma besteira. Ele ligou para a futura sogra. Ambos foram até a residência, mas quando chegaram, Anathália já estava sem vida.   

Como já chegou morta ao Hospital Regional Cleodom Carlos, os médicos plantonistas que a atenderam, não emitiram o atestado de óbito, e em razão disso, o corpo foi trasladado para o ITEP da cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Até o momento não se tem informações o que levou Anhatália a praticar suicídio. 

O enterro aconteceu hoje, em Pau dos Ferros, por volta das 16 horas. Uma multidão de parentes que reside em Mossoró, Açu e Upanema foi assistir o seu sepultamento.

CORISCO, O DIABO LOURO

Publicado por Luiz Berto em BAÚ DE ESTÓRIAS - Paulo Moura

Cristino Gomes da Silva Cleto. Este é foi o nome de uma das figuras mais legendárias do cangaço, o terrível Corisco. Ou, Diabo Louro.

Figura atormentada pelo destino nasceu em 10/08/1907, num dia de sábado, na Serra da Jurema, no município de Matinha de Água Branca, em Alagoas. Filho de Manoel Gomes da Silva e de Firmina Cleto, teve seis irmãos: Vicente, Francisco, Maria, Jovita, Teodora e Rosinha.

Seu pai morreu muito jovem deixando a viúva com a obrigação de criar sozinha, os filhos ainda pequenos. Dona Firmina, austera e moralista tratava os filhos com pulsos de ferro, surrando-os freqüentemente por motivos nem sempre justificáveis. Cristino, de temperamento rebelde desde cedo, fugiu de casa ainda aos 14 anos de idade após uma destas memoráveis surras. Naquele tempo a família já morava na vila de Pedra de Delmiro/Alagoas.

Foi parar em laranjeiras, Sergipe, onde passou cerca de três anos trabalhando como entregador de leite. Em fins de 1923, volta para casa muito doente e é recebido pela mãe, saudosa e muito arrependida.

Em 1924 é convocado para o serviço militar, indo destacar em Aracajú/Sergipe. Alto, olhos azuis, loiro, bem parecido, inteligente e disposto, destaca-se entre os demais recrutas, atraindo para si a admiração dos superiores. Afeiçoa-se às armas, que aprende a manejar com precisão.

Em julho daquele ano o tenente Maynard participa de uma revolta contra o governo, ao qual mostra-se infrutífera devido à reação do presidente, apoiado pelos “coronéis” do interior com suas milícias de jagunços. Tendo sido um dos mais exaltados no momento da sublevação, Cristino é também um dos mais perseguidos. Foge então para Pedra de Delmiro para esconder-se ao lado da família, mas em pouco tempo chega uma precatória solicitando sua prisão. Foge então para mais longe, Paraíba. Até então não imaginaria que passaria, a partir dali, a viver fugindo até o fim dos seus dias.

Na Paraíba, homiziou-se em Lagoa do Monteiro, terra do célebre bacharel-cangaceiro Santa Cruz, habitat dos valentões. Naquele tempo o sertão fervilhava de cangaceiros. A mudança não lhe foi benéfica.

Cristino por algum tempo foi trabalhar na roça e no trato com o gado, mas como nem sempre de trabalho vive o homem tornou-se freqüentador assíduo dos forrós de fim de semana. Certa feita tira uma moça para dançar e recebe um “não”. Insiste, e é esbofeteado por um parente da moça. Apanhar na cara é uma desmoralização que o sertanejo não perdoa. Vai à casa do patrão, arma-se e despeja toda a carga de um rifle sobre o agressor, matando-o. Consegue fugir, indo ocultar-se em uma das fazendas do patrão. Estávamos nos fins de 1925.

É orientado pelo patrão a entregar-se às autoridades. Ele providenciaria que a pena lhe fosse branda. Confiante, Cristino se entrega e é levado a júri. O tiro lhe sai pela culatra e Pega 15 anos de prisão. O Estado naquela época, não tinha condições de manter prisioneiros encarcerados por tão longo período e normalmente resolvia o problema da maneira mais simples.

Escoltava-se um grupo de prisioneiros com penas iguais ou superiores a 15 anos, até um local deserto na caatinga, mandava que os infelizes cavassem suas próprias covas e fuzilava-os à queima roupa. Às vezes, para economizar munição ou não fazer barulho, optava-se pelo processo da sangria lenta: “Ferro na taba do queixo… feito bode”.

Por sorte, Cristino ficou numa cela com oito companheiros, e um deles era protegido pelo prefeito do lugar. Poucos dias depois recebe uma sacola com alimentos, contendo ainda ferramentas para a fuga e um bilhete avisando que no dia seguinte todos seriam fuzilados e que por isso tratassem de fugir enquanto era tempo. No dia seguinte, quando o sol nascia na Paraíba, Cristino era novamente um homem livre.

Vai parar em Villa Bela (atual Serra Talhada), refugiando-se na fazenda Carnaúba, reduto da família Pereira, celebres no Pajeú devido aos aguerridos combates contra as famílias Nogueiras e Carvalhos. Né da Carnaúba precisava de homens valentes na sua terra para utilizá-los quando necessário, colocando-o entre seus moradores. Novamente Cristino volta pra a vida normal de cuidar do gado e da roça. Estávamos no inverno de 1926. Certo dia, o filho do prefeito de Villa Bela, em visita à fazenda Carnaúba, reconhece Cristino e avisa a seu Né que seu pai recebera uma precatória para sua prisão, e que se fosse levado para a Paraíba seria certamente executado no caminho.

O conhecido fazendeiro explica a situação para Cristino e o aconselha que a única solução seria ingressar no bando de Virgulino Ferreira, Lampião, celebre cangaceiro que à época já chefiava cerca de 100 homens em armas, travando uma guerra de vinditas contra a família Nogueira, esta, ligada aos Carvalhos, inimiga dos Pereiras. Lampião, nesta época já ostentava a patente de Capitão das forças legalistas, dada meio à força pelo Padre Cícero do Juazeiro do Norte, após um convite firmado para que o cangaceiro combatesse a coluna prestes que, em formação de caravana, invadia o sertão.

Lampião, ao ouvir as razões que o fizeram virar um foragido da justiça, resolve admiti-lo no bando, colocando-o sob a chefia de Jararaca, um valente cangaceiro natural de Buique/PE. Jararaca, ao conhecer o alagoano Cristino, vai logo dizendo que o mesmo tem que mudar de nome, pois cangaceiro tinha que ter um vulgo que impusesse medo. Seu primeiro tiroteio foi logo no dia seguinte na fazenda Tapera, quando fora chacinada a família Gilo (este, um assunto guardado para páginas seguintes, devido à gravidade dos fatos e a um grande mal que assolava o sertão na época. O Boato). A partir daquele dia, diante da bravura, agilidade e intrepidez do louro Cristino, este ganhou o apelido de Corisco.

Corisco ficou no bando até maio de 1927. Tanto isso é verdade que não se vê a sua presença no grande ataque à cidade de Mossoró/RN em 13/06/1927. O mesmo tentara deixar o cangaço e mostrara a Lampião que queria começar vida nova. Viver sem ser perseguido. Tinha muita vontade de ir para a Bahia, terra dos seus pais e onde ainda tinha muitos parentes. Queria montar um comercio ou entrar na polícia. Queria levar uma vida sossegada, pacata. Lampião ouviu suas razões e disse que não tinha problema, poderia ir quando quisesse, mas que tivesse cuidado, pois se descobrissem que ele havia participado do bando de Lampião seria morte certa. Disse-lhe ainda que no dia em que quisesse voltar seria bem recebido.

Corisco, agora com o nome de Cristino de novo, vai para Salgado do Melão e fica no meio dos parentes. Era cidadão comum de novo e nova vida iria recomeçar. Um homem valente não passa despercebido e em pouco tempo Cristino foi convidado para ser guarda costas do Coronel Alfredo Barboza, em Vila Nova da Rainha. O serviço não exigia tempo integral e o ex cangaceiro, agora regenerado, dedicava-se também ao comercio de pequenos animais, abatendo-os e vendendo a carne nas feiras semanais. Data desta época o desentendimento do jovem feirante com o delegado Herculano Borges, quando Cristino reclama da cobrança abusiva de um imposto na feira, é brutalmente agredido pelo delegado e seus ajudantes. Com mais esta desmoralização Cristino opta por não se vingar imediatamente, pois caíra nas graças do coronel e até noivo estava de uma sobrinha sua, a Marieta, e já tinha também a promessa de montar uma mercearia quando desposasse a donzela.

Novamente o destino lhe é cruel. Cristino tinha uns primos envolvidos em questões, coisa comum naquele sertão sem lei, e ele termina arrastado naquele desmantelo de desavenças e intrigas. São emitidas precatórias para a prisão dele e dos primos. Este, com o sonho do casamento desfeito, passa a viver escondido no mato, enquanto seus parentes passam a sofrer todo tipo de perseguição.

Herculano Borges, antes indisposto com ele, agora não lhe dá sossego. Vários de seus parentes são torturados, castrados, violentados, assassinados pelas volantes e, acreditem, alguns até enterrados vivos.

Cristino perde tudo. Comercio, noiva, emprego, família, e volta novamente para a clandestinidade. Agora, com o coração ardendo em ódio, une-se a Ferrugem, Hortencio, vulgo Arvoredo, Emilio Ribeiro, vulgo Beija Flor e Manoel Cirilo, vulgo Jurema, quase todos primos seu. E ele… De novo, e agora para sempre: Corisco, o Diabo Louro!

É nesta época que Corisco se apaixona por uma jovem de 12 a 13 anos de idade, seqüestrando-a, leva a donzela para casa de parentes seus. Não sem antes violentá-la e fazê-la, mesmo à força, sua mulher. A moça se chamava Sérgia, e quando Corisco consegue enfim trazê-la para perto de si, passa a tratá-la com desvelo e delicadeza tamanha que a mesma se apaixona pelo facínora. Sérgia seria futuramente a Dadá, mulher valente, perversa e considerada a princesa do Cangaço. Corisco passa a atuar com grupo próprio nos meados de Agosto de 1928. Já em Dezembro do mesmo ano vamos vê-lo incorporado ao bando de Lampião quando este viajava em rota batida, fugindo dos desafetos de Pernambuco, indo se homiziar em terras baianas. No dia 17/12/1928, o grupo do cangaceiro Lampião é fotografado na vila de Pombal (ver foto abaixo), com um contingente reduzidíssimo, devido as perseguições, mortes, prisões e debandadas de alguns cangaceiros.


Ao lado do Capitão Lampião está o que restou dos seus melhores homens: Ponto fino (Ezequiel, seu irmão), Moderno (Virgínio, seu cunhado), Luiz Pedro (seu lugar tenente), Antonio de Engracia, Jurema, Mergulhão e por ultimo, Corisco.

A partir deste ano de 1928 até maio de 1940 muitos crimes foram perpetrados pela horda assassina. A maioria era crime de vingança, como o assassinato do Delegado Herculano Borges, assunto que brevemente iremos postar. Contudo, no dia 03 de Maio de 1940, Corisco já considerado o novo Rei do Cangaço, devido à morte do seu Chefe e amigo Lampião em 28 de junho de 1938, – dois anos antes da sua – resolve fugir com a mulher Dadá e apenas uma criança de 10 anos que os acompanhava. Corisco planejava fugir para Mato Grosso ou Goiás, pois tinha muito ouro guardado e negava-se se entregar à volante, pois sabia que com certeza seria morto, pois ali a única coisa que interessava à polícia era o seu dinheiro.

E foi no que se deu. O tenente Zé Rufino, policial pernambucano que prestava serviço à Bahia, estava no seu encalço. Corisco, devido às diversas escaramuças e fugas da volante, estava debilitado e seus dois braços ficaram inutilizados por força de ferimentos à bala em tiroteio recente. Dadá, sua mulher, passara a usar o fuzil no seu lugar. A volante alcança-o em Barra do Mendes, município de Brotas de Macaúbas, na fazenda Pulgas, onde se escondia.

A volante toma posição, cercando a tapera em que o cangaceiro se escondia. O tenente Rufino grita:

- Aqui é o Tenente Zé Rufino! Se entreguem que eu agaranto a vida de voceis!

Na saída do casal de dentro da casa o que se ouve é uma fuzilaria infernal. Era Dadá, que atirava com o fuzil por sobre o ombro do marido aleijado e impotente. A resposta é imediata. Corisco, metralhado na barriga, tomba desfalecido, com as vísceras expostas. Dadá, ao seu lado urra de dor com um dos pés dependurado nos tendões.

A volante se aproxima. Um soldado coloca para dentro os intestinos do velho cangaceiro, dizendo:

- Tenente, esse aqui já era! Tá fedendo a merda, e fedeu a merda é morte certa, não é?

Zé Rufino se apresenta para Corisco e pergunta:

- Pru quê num si intregô, Rapaiz?

- Tô sastifeito. Sô homi pra morrê, não pra sê preso! Respondeu Corisco.
Corisco, após este episódio, veio a falecer algumas horas depois. Dadá, levada presa, teve a perna amputada. O tenente Zé Rufino, se transformou num herói, por ter sido o responsável pelo fim do cangaço no sertão nordestino, fechando assim um ciclo terrível que lavou o sertão de sangue e desgraça. Ciclo este só comparado às entradas dos Bandeirantes, que chacinavam índios indefesos dentro de suas próprias terras, em nome do processo de colonização. Mas esta já é outra estória!

Cangaceiros

foto do cangaceiro Lampião

Os cangaceiros eram homens que andavam armados e em bandos pelo sertão nordestino nas primeiras décadas do século XX.

Tinham suas próprias regras de conduta e suas próprias leis. Vagavam de um local para o outro (não possuíam residência fixa), vivendo de saques e doações. Eles eram temidos pelas pessoas e espalhavam o medo por onde passavam. Freqüentemente enfrentavam as forças policiais do governo.

Os cangaceiros usavam roupas e chapéus de couro, pois andavam muito pela catinga. Este tipo de vegetação possui muitos espinhos e esta roupa fornecia proteção aos cangaceiros.

Existiram vários bandos de cangaceiros, porém o mais conhecido foi o liderado por Lampião (conhecido como o "rei do cangaço"). Outros cangaceiros conhecidos deste período foram

Antônio Silvino

e Corisco.

Os cangaceiros começaram a desaparecer do cenário nordestino durante o governo Vargas. No final da década de 1930, o governo federal intensificou o combate aos cangaceiros. Lampião e seus companheiros, por exemplo, foram executados em 1938.

Origem da lambreta

Por: José Mendes Pereira

Logo que a 2ª Guerra Mundial terminou, com enormes prejuízos, Ferdinando Innocenti resolveu enfrentar o trabalho da reconstrução de uma de suas fábricas de tubos de aço sem costura. A fábrica estava situada em Lambratte, Milão, que fora destruída no período da guerra.

Ferdinando percebeu que as necessidades básicas de seu país eram duas: iniciar a produção de equipamento industrial e maquinaria pesada; e prover a população de um meio de transporte barato e seguro.

Ferdinando se uniu ao engenheiro Pierluigi Torre e projetaram um veículo de baixo custo de produção, de manutenção e com proteção melhor do que uma motocicleta convencional para as mudanças climáticas: chuva, frio, neve, etc. Esse veículo foi a Lambretta.

A produção da Lambretta começou em 1947 na Itália, após um ano de desenvolvimento e testes do protótipo. A primeira Lambretta foi nomeada naturalmente de Modelo UM, e tinha como característica um motor de dois tempos com um único cilindro, com pistão de 52 a 58 mm de diâmetro. Isto dava ao novo modelo 123 cc de volume de deslocamento e 4.2 bhp desenvolvidos a 4400 rpm. Funcionando com taxa de compressão na relação de 6:1, o Modelo UM rodava até 33 quilômetros com 1 litro de gasolina, um argumento forte de venda em uma Itália escassa em combustível. O chassi no qual esta pequena máquina estava montada era um tipo de painel tubular, com um plataforma, no qual o piloto colocava os pés.

A lambreta podia andar sem a flandelagem - ver foto abaixo

A lambreta só chegou em Mossoró na década de 60, pois antes só usavam a moto Jawa, mas só quem eram donos deste maravilhoso transporte  eram os que  possuíam muito dinheiro, como:  Paulo Aires - Torneiro mecânico, Geraldo Xavier de Medeiros - proprietário da Funerária São Pedro, Ocir Guilherme - se não estou enganado vivia de venda de carros, Manoel Viana e outros tantos que não me lembro mais dos seus nomes.

Vai, seu Madruga! - J. Mendes Pereira

Como eu e outros tantos não tínhamos condições de comprarmos  lambretas novas, o jeito era apanhar qualquer uma. Mas mesmo bastante usada foi  um transporte que desapareceu no mercado, mas todas elas eram máquinas potentes, moviam-se através de correntes, as quais eram dentro dos motores.


Alguns que tinham mais condições davam a melhor assistência  com porcas e frisos cromados, sempre com pneus e câmaras novos. Costumeiramente, aos domingos e feriados, uma porção de lambreteiros saía para cidades adjacentes  a Mossoró, cada um no intuito de apresentar a sua estimada lambreta.


Posteriormente fui proprietário de uma vespa, movimentava-se através de transmisão; outro transporte que tinha uma potência excelente, e que muito serviu para leiteiros que fazia as suas entregas nela. 


Além destas duas apresentadas, ainda existia a vespa Xispa, também de grande potência. Que bom que a fábrica de lambretas voltasse a fabricá-la novamente. Estas motos só desapareceram do mercado de  Mossoró quando a Honda lançou o seu mais novo modelo de Moto-Honda. 

Wikipédia
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Dona Sila


Confira a transcrição da entrevista concedida pela saudosa ex cangaceira Sila à revista TPM edição nº 1, Maio de 2001.

Sila

Tpm. Como a senhora fazia para ficar bonita no meio do mato?

Só punha ouro, chapéu bonito, bornal todo enfeitado, roupa cheia de bordado. Eu tomava banho com perfume! Ainda hoje sou vaidosa. Só que hoje, se tomo um banho, me troco e não ponho perfume. Para mim, perfume me lembra de mato, e é como se eu não tivesse tomado banho. Às vezes, o cheiro de perfume ficava tão forte e tão ruim entre a gente, que teve muita história de a polícia achar cangaceiro por causa do fedor. Era muito quente, muita roupa, então suava...

Tpm. A senhora engravidou no meio do mato, né?

Umas três vezes.

Tpm. Onde a senhora deu à luz seu filho?

Pari no mato mesmo, lá por perto, onde tinha água. Estava com Maria, os homens saíram todos de perto. Comecei a sentir as dores, aí ela armou uma coberta no chão e eu deitei. Fiz muita força a tarde toda e, à noite, o menino nasceu. Foi ela que fez meu parto. Daí, os homens vieram correndo para ver como ele era. Nossa, eu sentia tanta dor, parecia que iam abrir minhas cadeiras, ave-maria... Aí, enfiei vários panos dentro da calça para estancar o sangue e seguimos viagem.

Tpm. O que aconteceu quando levaram a senhora?

Naquela noite que eles chegaram, meus primos arranjaram uma sanfona para tocar e vieram vários cangaceiros. Eu nem olhava na cara de Zé Sereno, só rezava: "Meu Deus, fazei com que esse homem não queira que eu saia" [quando os cangaceiros raptavam uma mulher, o termo usado era "sair", ou "tirar a moça"]. Quando foi de manhã cedinho, a cangaceira Neném veio e disse que eu me preparasse para sair. Era sempre assim, eles mandavam uma mulher dar o aviso, desse jeito "encorajava" a outra. Saí com o vestido fino de baile que eu estava.

Tpm. Qual era o seu papel no bando?

Eu costurava as minhas roupas, bornais... Não tinha obrigação de nada. Fazia o que queria, comia o que queria. Não tinha esse negócio de obrigação como dona-de-casa; eu era dona-do-mato.

Tpm. E, nos tiroteios, a senhora atirava?

Não, nunca precisei. Quase levei tiro na cabeça, isso sim, de estar deitada aqui e levantar um pedaço de terra assim do meu lado. A única mulher que atirou mesmo foi a Dadá [mulher de Corisco, passou a participar dos combates no lugar do marido, que teve parte dos braços amputados]. As outras não atiravam porque a nossa parte era só dar força aos maridos. Não sei, parece que eles confiavam muito na gente e a gente confiava muito neles.

Tpm. Como foi o tiroteio que matou Lampião? Onde vocês estavam?

O nosso bando encontrou com o de Lampião, que já estava lá em Angico [nome da fazenda em Sergipe onde Lampião morreu]. Passamos muita sede até chegar lá, estávamos todos cansados. Quando foi de noite, Lampião tirou uma melancia e ofereceu para mim. Fomos eu e Maria chupar a melancia sentadas numa pedra, no alto de uma ribanceira. Ficamos lá, ela me convidou para fumar e ficamos falando as coisas de sempre, que aquilo não era vida. Foi a última conversa que ela teve. Enquanto a gente conversava, vi uma luz que acendia e apagava, até perguntei a ela se era uma lanterna. Ela disse que devia ser vaga-lume. Se eu tivesse descido e falado com Zé Sereno, não teria acontecido o que aconteceu, porque ele contaria a Lampião e todo mundo teria se equipado.

Tpm. A senhora deixou o cangaço depois da morte de Lampião?

Não, nós ainda ficamos um tempo no mato. Deixei só em 1938. Nos entregamos na Bahia, quando Zé Sereno recebeu uma carta do governo dizendo que o Getúlio Vargas ia dar ordem de anistia. Sem prisão nem nada, a gente ia ser livre. Chegamos em Salvador e aí nos separaram. Ficou eu, Dulce e uma outra que nunca mais vi, a Dinda, todas presas. Dulce dizia: "Mana, o que é que nós vamos fazer?" Aí, nós choramos, as três. Num lugar estranho, meu Deus. Cadê eles? Ninguém sabia... No outro dia cedinho, Zé chegou para nos pegar e nos levaram para um quartel. Todo dia tinha uma chamada e a gente ia lá se apresentar. Ficamos lá até quando o Getúlio mandou a anistia.

Tpm. Quando a senhora chegou em São Paulo, as pessoas sabiam quem era? 

No trabalho, eu não contava não. Mas sempre acabavam descobrindo. A pior coisa que tinha era quando as crianças diziam: "Mãe, fulano disse que não quer brincar comigo, que sou filho de bandido". É duro, né? Eu dizia: "Vocês não são filhos de bandido, meus filhos, vocês são filhos de gente. Seu pai é Zé Sereno e eu sou sua mãe, somos gente que nem eles. Um dia vocês vão entender".

Tpm. Dá para comparar a violência de hoje, em São Paulo, com a que tinha no cangaço?

Já fui assaltada várias vezes. Aqui em São Paulo a gente não vive mais de tanto medo. Sai de casa e tem que ficar olhando para os lados, segurando a bolsa com força. Nunca apontaram uma arma para mim, mas já puxaram e levaram minha bolsa. Uma vez, saí correndo atrás de um trombadinha, catei ele pelo braço e fiz ele devolver a carteira. É diferente do cangaço... No mato, era a polícia que corria atrás, só tínhamos que ficar fugindo e fugindo. Roubava só fazendeiro que não dava o dinheiro por bem. Não tinha esse negócio de ladrão entrar na casa da gente sem ser convidado...

Tpm. A senhora tem saudade do Nordeste?

Ah... Se alguém me der uma passagem de volta, vou embora daqui...

Adília e Sila no Tempo do cangaço

Além dos pés de xique-xique e mandacaru, a caatinga é a terra onde brotou um dos mais peculiares movimentos da história do Brasil: o cangaço. No início do século XX, o povo morria de medo dos cangaceiros, que invadiam pequenas vilas espalhadas pela região atrás de comida, bebida, armas e jóias

Naqueles verdadeiros arrastões, homens comandados por Lampião aterrorizavam as mulheres e, não raro, carregavam-nas com o bando - essas, embora bem tratadas, já viram companheiras marcadas com ferro em brasa, como se faz com as vacas na fazenda.

Durante os quase dez anos em que houve presença feminina no cangaço, elas foram unicamente parceiras sexuais. Muitas foram levadas de casa ainda virgens - algumas com 12 anos de idade! - e, já no bando, cada uma passava a 'pertencer' a um cangaceiro (Sila 'era de' Zé Sereno, líder de um bando leal a Lampião, com quem teve três filhos). Não cuidavam de nenhuma das tarefas que na época cabiam às mulheres executar. Eram os homens que cozinhavam e até costuravam. Uma ou outra, como a famosa Dadá, tinha o dom para as agulhas e os botões. Companheira do cangaceiro Corisco, lançou moda, sendo a grande responsável pelo colorido e a extravagância das roupas, chapéus e bornais com os quais todos se cobriam e que, tempos mais tarde, veio até a inspirar coleções de marcas como Forum.

O NAMORO NO CANGAÇO



O cangaceiro Zé Sereno, marido de Sila, pouco antes de morrer, em 1981 - nessa época era inspetor de alunos em uma escola municipal em São Paulo.

Tpm. E com seu marido? A senhora não o namorava?

Ah, eu nem olhava pra cara dele, né? Um homem não via nem uma calcinha da sua mulher, não falava palavra feia perto da gente. Eu não sabia o que era namoro... Vou te dizer: eu nunca beijei, não sabia... Nossa vida era só andar, andar, andar, e pronto.

Tpm. Como foi a sua primeira noite com ele? 

Sabe como é... À noite foi aquela bagunça, cada um se encostou num canto. Zé tirou a alpercata dele e mandou eu calçar. Quando eu calcei, ele disse: "agora nunca mais você vai me deixar". De fato, nunca deixei mesmo. Acho que era uma simpatia porque eles acreditavam muito em reza, em oração, em tudo eles acreditavam.

Tpm. Então ele não foi nada carinhoso com a senhora...

Que carinho nada! Não tinha carinho nenhum! [Contrariada.] Ele nunca me beijou.

Tpm. A senhora já foi traída pelo seu marido?

Aaaaave-maria... Eu não sei como ainda tenho cabelo, viu?

Estilo CANGAÇO

Mesmo sem nenhuma ideia do que viria a ser o mundo fashion de hoje, as cangaceiras tinham estilo e lançaram tendência - a coleção outono/inverno 2001 da marca Forum, por exemplo, é inspirada nas vestimentas do cangaço. Elas adoravam cores fortes, todas misturadas. Laranja com azul, verde com vermelho, amarelo com azul, enfim, quanto mais chamativo melhor. Tudo isso bordado ou costurado nos bornais, chapéus e cantis.

Os desenhos podiam ser de formas geométricas ou flores. As roupas eram simples. Confeccionadas em gabardine ou mescla - tecidos grossos que resistiam aos espinhos do mato -, os vestidos eram retos, feitos em azul ou cinza.


Caía bem uma ou outra costura com linhas brilhosas nos bolsos e lapelas. Bem diferente daquele cáqui e marrom que imaginamos. Aliás, Dadá, que era quem inventava os bordados mais bacanas, chegou a contar que o marrom só era vestido pela polícia.

Sila ao lado de Zé sereno e seu bando
 
FIM!

Transcrição da entrevista concedida pela saudosa ex cangaceira Sila à revista TPM edição nº 1, Maio de 2001.

Matéria completa: 


Clique aqui: 

http://revistatpm.uol.com.br/01/vermelhas/sila.htm

Traição e morte dentro do cangaço

Por: Archimedes Marques

Consta da história que o sanguinário e impiedoso cangaceiro Zé Baiano, chefe de um dos grupos de Lampião, atuava principalmente na região de Frei Paulo e adjacências, no nosso querido Estado de Sergipe, inclusive era um rico bandido que tinha a audácia de também ser um forte agiota, emprestando dinheiro a juros exorbitantes para fazendeiros e comerciantes daquelas cercanias.

O cangaceiro Zé Baiano

O famoso bandoleiro ferrador Zé Baiano, apesar da sua feiúra em todos os sentidos, tinha o privilégio de ter como companheira a mais linda e atraente das cangaceiras – Lídia. Contaram os remanescentes do cangaço, mais de perto os então cangaceiros sobreviventes e alguns ex-coiteiros e protetores de Lampião, que a linda Lídia era daquelas mulheres de “fechar quarteirão”, de deixar todos os cabras-machos “babando” de desejo, principalmente quando se apresentava saindo dos rios ou lagoas em vestido molhado e colado ao seu estrutural corpo. Diziam ser um verdadeiro deslumbre de se ver a cangaceira Lídia no seu andar provocante, mas infelizmente não há uma fotografia dela sequer para assim comprovar tal beleza.

Por isso era admirada e desejada por todos os cangaceiros, mas ninguém se atrevia a dar uma “cantada” na moça, até porque, apesar de todos ali serem bandidos perigosos, havia muito respeito dentro do acampamento. Essa era uma das regras impostas e prova inconteste da liderança e comando de Lampião, ou seja, exigia o chefe, acima de tudo, que todos se respeitassem mutuamente e que só houvesse sexo entre os casais devidamente conquistados e efetivados. Além disso tudo, o próprio Zé Baiano, pela sua crueldade, era dos mais respeitados dentro do bando e mais ainda fora do acampamento, onde quer que chegasse. O seu nome fazia arrepiar e tremer de medo qualquer um, talvez até mais do que o próprio Lampião que era bem mais complacente.

Um temível cangaceiro acostumado a ferrar mulheres com ferro em brasa com as iniciais JB nos seus rostos, virilhas ou nádegas somente pelo simples fato delas usarem cabelos curtos, maquiagens ou roupas decotadas. Enfim, um psicopata impiedoso, ignorante em todos os sentidos que matava, estuprava, roubava e torturava as suas vítimas sem dó ou piedade.

A astúcia de Zé Baiano. Ferrada no rosto de Maria Marques.

Ocorre, porém, que o desejo da carne terminou sobrepondo todos os perigos possíveis e assim a linda cangaceira Lídia terminou por ceder ou mesmo procurou os encantos do cangaceiro conhecido por Bem-te-vi e com ele passou a cometer adultério em eloquentes e quentes encontros sexuais dentro do mato quando da ausência de Zé Baiano no acampamento. No entanto, o cangaceiro Besouro que também já estava de olho em Lídia há algum tempo e até desconfiado que ela traia Zé Baiano com oBem-te-vi, certo dia seguiu os dois quando eles entraram disfarçadamente mato adentro, pegando-os em flagrante na hora do ardente sexo. Daí fez uma proposta para a Lídia que se ela também mantivesse relações sexuais com ele, o segredo ficaria somente entre os três, caso contrário ele contaria tudo a Zé Baiano. Indignada, a corajosa Lídia retrucou agressivamente com palavras de baixo calão o cangaceiro Besouro e sua indecente chantagem.

Então, naquela mesma noite, quando todos estavam reunidos em volta a uma fogueira, contando e recontando as diversas histórias deTrancoso, histórias de assombração, histórias de botijas e histórias diversas das guerras do cangaço, o bandido flagranteador Besouroprovocou a Lídia que apesar de tudo não arrefeceu mostrando força, coragem e determinação mesmo sabendo que tal gesto poderia valer a sua própria vida.

Presentes estavam os maiorais do cangaço que “lavaram as suas mãos” sem interferirem na decisão, a exemplo do supremo chefe Lampião e de outros da sua inteira confiança como Corisco, Luís Pedro, Moreno, Virginio e Labareda, além do próprio traído, cangaceiro Zé Baiano. Corajosa, afoita, determinada, atrevida no atrevimento suicida das mulheres decididas da época e até mesmo inconsequente para o momento, Lídia repeliu o seu companheiro surpreso e enlouquecido de raiva e ódio, Zé Baiano, exclamando em alto e bom som: Estive com ele, sim!… Que tem isso?… O que é meu eu dou a quem quero!…

Enlouquecido em místico de vergonha, raiva, ódio e desespero ao mesmo tempo, Zé Baiano arrastou Lídia até uma árvore ali perto e após amarrá-la, matou-a impiedosamente a cacetadas e depois chorou copiosamente a perda do seu grande amor, enterrando o seu tão desfigurado corpo do que antes tinha sido uma linda mulher. Para ele a sua honra fora lavada com o sangue da traidora. A partir de então Zé Baiano que já era malvado ficou ainda pior, principalmente contra as mulheres.

Já o cangaceiro delator, Besouro, foi morto ali mesmo por ordem de Lampião no momento em que Lídia disse que ele assim tinha denunciado o fato em contrapartida dela não ter aceitado também transar com ele. Por sua vez, o cangaceiro Bem-te-vi logo no início da conversa, de um pulo, tratou de fugir na escuridão, mato adentro em desabalada carreira para nunca mais se ter notícias dele.

Era um tempo atroz em que não se aceitavam traições femininas em hipótese alguma e quem assim se atrevesse a contrariar as regras pagava com a sua própria vida.

Autor: Archimedes Marques (delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe).
* Fonte ( cariri ligado)

RENATO DIDIER AQUINO
Colaborador

DOCE DE COCO COM COCO (Crônica)

                                                    Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

DOCE DE COCO COM COCO

Nem imagine que há redundância, pois é isto mesmo que está escrito acima: doce de coco com coco. Não é com goiaba, com mamão nem com carambola, é com coco mesmo. É doce, doce de coco e com coco ainda por cima.

Não queria ter de explicar isso não, pois meu assunto aqui é outro, mas vou ter de tecer algumas considerações. Não é absurdo o que disse exatamente porque tem doce de coco que não é feito puramente com coco, mas essencialmente com leite de vaca e tendo o leito de coco e sua carne ralada apenas para dar o sabor. E sabor de coco, e daí geralmente se falar em doce de coco.

Mas existe o original doce de coco e que leva apenas coco, sem a necessidade de acrescentar grande quantidade de leite de vaca. Além do coco ralado, o doce é feito com grande quantidade de leite do próprio coco, sem mistura. Coloca-se a quantidade que quiser do fruto triturado, mas o leite tem de ser muito, vez que vai evaporando até chegar ao ponto.

Assim, o doce de coco original é feito apenas com o leite de coco e o fruto ralado, além logicamente do açúcar, da pitada de sal e do cravo para cortar o sabor enjoativo. Podem-se acrescentar cascas raladas de limão e outros poucos ingredientes. Mas também, acaso pretenda ter um doce com bolas macias, acrescentam-se ovos à receita. Ainda assim nada impede de ser visto como doce de coco com coco e ovos. Uma delicia.

Como diz o próprio nome, todo doce deve ser doce. Mas é na colocação da quantidade de açúcar que reside o maior mistério na feitura. Não só do açúcar com na pitada de sal, que muita gente confunde com meia xícara ou mais. Açúcar demais adoça tanto que torna o doce enjoativo, sem sabor definido. A boa cozinheira sabe que a medida certa de açúcar é também a medida do sabor do doce.

Além disso, é preciso saber o momento certo se quiser tampar a panela, o tipo de colher de pau que deve ser usado, o lado escolhido para mexer, bem como o momento adequado para fazer isso. Se for só doce de coco com coco não haverá maior problema, pois ele vai pegando consistência com a fervura e a mexida servirá exatamente para não formar bolas. Contudo, se for doce de coco com coco e ovos, aí deixará que vá cozinhando sozinho até as bolas se formarem soltas na panela.

Falei demais sobre doce de coco com leite ou com coco e já ia esquecendo daquilo que me impulsionou a escrever. E sentei no meu velho birô exatamente para tecer algumas considerações sobre pessoas maravilhosas, humanas demais, cativantes, mas que muitas vezes exageram no proceder sublime demais e acabam se tornando enjoativas, antipáticas, desagradáveis. Assim como um doce de coco com açúcar demais.

E lá venho novamente com o tal do doce de coco. Mas não poderia ser diferente, pois existem pessoas que realmente são assim. Conheço muitas que parecem flores na primavera, gentis, acolhedoras, simples e singelas, mas no afã de servir, de se aproximar, de tomar pé de tudo para ajudar, se tornam extremamente evitáveis. É difícil tal constatação, mas de repente fica impelido a fugir daquela doçura de pessoa. Mas pelo exagero na doçura.

Nem mesmo os enamorados suportam parceiros assim. Tanto o homem como a mulher gosta da doçura do beijo, da meiguice no olhar, da brandura espiritual, da ternura íntima, do ser agradável que o outro demonstra ser. Mas se os gestos são propositalmente exagerados, as atitudes tomam uma feição fictícia, o relacionamento se torna um jardim rodeado de abelhas, então logo a relação se tornará insuportável, fria e insegura.

Como afirmado acima, todo doce requer uma pitada de sal, e exatamente para não ficar enjoativo demais, com exagerada doçura. A planta não vive sem sol, a solidão necessita de uma janela aberta para entristecer ainda mais, a noite precisa de uma lua, a vida precisa da morte para que alguém tenha vivido, e todo relacionamento precisa de pitadas de discordância, de nãos e senões, de descontentamentos e até de desacertos. Sem tais aspectos não há que se falar em união, em relação, em amor. Ora, inevitável a doçura e o ardor, a perda para querer conquistar muito mais.

Por fim, só uma coisa mais e não diz respeito a doce de coco. É apenas um segredo, que não deixa de ser uma lição. Por maior vontade que tenha de experimentar o manjar dos deuses, por mais gula que tenha, vá sempre com cuidado. Experimente sempre aos poucos e verá que delícia é o doce de...


Poeta e cronista
rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Acaso e eternidade (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa*

Acaso e eternidade


Não era pra ser nada
nenhuma semente plantada
apenas o passo na estrada
e de repente o encontro
o olhar de alegre espanto
surpresa e maior encanto
destino trazendo acalanto

o que não era nada
apenas um cruzar caminhos
tem-se a flor entre espinhos
na solidão os redemoinhos
para tudo ser esperança
primeiro amor de criança
o desejo que se alcança
no peito a valsa e a dança

criança sou meu amor
a tristeza ficou distante
não quero mais tanta dor
te encontrar foi bastante
mais que acaso um favor
doce destino de amante
e ao teu lado agora vou
pela estrada e adiante.



Poeta e cronista
rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com