Por Luiz Serra
TRECHO
DO INTROITO AO CAPÍTULO.
“Aquele
rio ..era como um cão sem plumas…
Nada sabia da chuva azul…
João Cabral de Melo Neto
Nada sabia da chuva azul…
João Cabral de Melo Neto
"O
sertanejo retirante, quanto mais andava, mais se internava no inferno?
Excerto que se admite ser consequente com as tribulações em face das atribulativas secas de 1915 e 1919.
Excerto que se admite ser consequente com as tribulações em face das atribulativas secas de 1915 e 1919.
Extraído
do romance "Coiteiros", de José Américo de Almeida, lançado em 1935,
conforme o estilo da corrente artística daquela fase.
A
terra da retirada era sem fim.
Desfilavam. Já era uma tragédia tão banal que ninguém se comovia. Ninguém podia ter pena, porque todos sofriam. Não era mais uma tragédia: era vida comum, a sorte de todo mundo.
Trilhavam o pedregulho aspérrimo. Ninguém os chamava. Só o caminho aberto para o desconhecido.
Desfilavam. Já era uma tragédia tão banal que ninguém se comovia. Ninguém podia ter pena, porque todos sofriam. Não era mais uma tragédia: era vida comum, a sorte de todo mundo.
Trilhavam o pedregulho aspérrimo. Ninguém os chamava. Só o caminho aberto para o desconhecido.
E
falavam de terras fartas. Todos manifestavam o horror dos casebres podres da
terra da promissão.
Iam
acompanhados de alguns cães acabados, com as orelhas tão murchas, como se
estivessem mortas. Não ladravam, vendo o desfile macabro: estavam acostumados a
andar com fantasmas.
O
único traste que levavam era a pequenada nas costas.
Mulheres inocentes, que só queriam comer, iam arrastadas pelo vento, como um pano velho.
Mulheres inocentes, que só queriam comer, iam arrastadas pelo vento, como um pano velho.
O
sertanejo podia não ter haveres nem saber ler, mas se orgulhava da memória
prodigiosa, guarda tudo de cabeça. Até o anônimo mascate cantador que busca
inspiração de antanho fazia estes versos setecentistas:
Não
há homem como o rei,
Nem mulher como a rainha,
Nem santo como meu Deus,
Nem memória como a minha.
Nem mulher como a rainha,
Nem santo como meu Deus,
Nem memória como a minha.
***
No
espírito do cangaceiro, uma ciclotímica convivência franqueada do inferno: em
meio a um sertão (desajuizado) e anarquista."
Definição
do vocábulo anarquia: do grego anarkhía, as, "falta de chefe ou
governo" (Houaiss). Para o termo anárquico, temos duas acepções extraídas
do prestigioso dicionário:
A
primeira: "que não tem governo ou organização política"; e
A segunda: "em que reina a anarquia; desorganizado, confuso, caótico".
A segunda: "em que reina a anarquia; desorganizado, confuso, caótico".
LIVRO
DESENVOLVIDO A EDITORIA E FOTOGRAFIA PELA
OUTUBRO EDIÇÕES, CAPITANEADA PELA ESCRITORA MARIA CLARA ARREGUY MAIA.
OUTUBRO EDIÇÕES, CAPITANEADA PELA ESCRITORA MARIA CLARA ARREGUY MAIA.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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