Por Fellipe Torres
Benjamin
Abrahão fugiu da Síria para o Brasil em 1915, durante a Primeira Guerra
Mundial. Aqui, foi secretário particular de Padre Cícero e conseguiu a façanha
de fotografar Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros.
Lampião e Benjamim Abraão
O historiador
recifense Frederico Pernambucano de Mello dedicou-se a vida inteira a estudar o
cangaço brasileiro. E foi pesquisando esse tema que ele chegou até Benjamin
Abrahão Botto (1901-1938), um sírio-libanês que veio para o Brasil em 1915,
fugindo da convocação obrigatória durante a Primeira Guerra Mundial. Por muito
tempo, o estrangeiro trabalhou como vendedor, até se tornar secretário
particular de Padre Cícero.
Benjamin Abrahão Botto
Embora
fosse o tipo de pessoa de caráter duvidoso, gozava da confiança do religioso, e
era responsável por administrar as doações feitas pelos fiéis. Era muito bem
pago e se vestia de maneira sempre impecável. Quando Padre Cícero morreu, ele
chegou a arrancar mechas de cabelo do defunto para vender como amuleto para os
romeiros. Mas depois de seis meses à frente desse lucrativo comércio, as
pessoas perceberam que o padre não tinha tanto cabelo assim... e então Benjamin
fugiu de novo.
Histórias como
essa estão detalhadas no livro biográfico escrito por Pernambucano de Mello,
"Benjamin Abrahão: entre anjos e cangaceiros" (Editora escrituras).
De tão incrível, a história desse personagem parece ficção. Enquanto ainda
morava em Juazeiro do Norte, o sírio foi responsável por ciceronear Lampião em
uma breve passagem pela cidade.
Por causa
desse episódio, oito anos depois, quando Padre Cícero morreu, Benjamin apostou
no cangaceiro como seu próximo ganha-pão. Ele sabia que naquela época Lampião
não somente era uma celebridade brasileira, como havia se tornado figura de
renome internacional depois que o jornal New York Times passou a acompanhar
seus passos.
Assim, depois
de planejar bastante, o sírio-libanês procurou uma empresa alemã para pegar
emprestada uma câmera filmadora de 35 milímetros. Com equipamentos na bagagem,
partiu sertão adentro em busca do grupo de Lampião. Demorou vários meses até
encontrá-los, mas quando enfim teve a oportunidade, fez cerca de 90 fotografias
dos cangaceiros, muitas delas espontâneas.
O material
coletado por Benjamin Abrahão fez sucesso gigantesco e foi incansavelmente
reproduzido em jornais da época. Mas a vida do sírio não iria durar muito. O
seu fim chegou junto com o de Lampião. Quando foi decretado o Estado Novo em
1936, os coronéis das cidades sertanejas deixaram de apoiar Lampião, que acabou
sendo morto em 1938. Dois meses depois, Benjamin foi igualmente assassinado.
http://lounge.obviousmag.org/sarcasmo_e_sonho/2014/02/o-homem-que-fotografou-lampiao.html
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