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sábado, 15 de março de 2014

40 ANOS SEM ZÓZIMO LIMA

Por Antonio Corrêa Sobrinho


Todos os relatos históricos sobre a visita de Lampião, na noite do dia 25 de novembro de 1929, à cidade de Capela, Sergipe, terra a 67 km da capital Aracaju, referem-se a Zózimo Lima como o encarregado dos Correios e Telégrafos desta cidade e a pessoa que esteve com o famoso e temível cangaceiro Lampião.

Muitos desconhecem, porém, que este mesmo Zózimo Lima, um simples protagonista de um grande momento do Cangaço: a marcante presença, pela vez primeira, do bandoleiro-mor das caatingas nordestinas, à zona da mata sergipana, aos tabuleiros da Capela, exitosa visita, pois lucrativa e conseguida sem maiores esforços, sem derramamento de sangue, numa quase festa, numa quase apoteose - foi um grande homem de letras, escritor e jornalista renomado.

Zózimo Lima, este mesmo homem que esteve efetivamente à mercê do instinto e da razão do grande saqueador, que viu a sua vida sob um fio, aquele punhal assassino a lhe espreitar, a visitar com o bandoleiro lojas e residências da sua própria cidade-berço, naquela inesquecível noite de novembro de 1929, além de telegrafista concursado, era, sobretudo, um dos notáveis jornalistas sergipanos, com experiência trazida da imprensa paulista, onde foi revisor no “Correio Paulistano”, e repórter e colunista da “Tribuna” de Santos. Em Uberaba, Minas Gerais, foi correspondente do citado diário santista, e escreveu no “Jornal do Comércio” e no “A Lavoura”. Na década de 30 escreveu para o “Diário de Noticias” e “O Imparcial”, de Salvador. Em Aracaju, foi correspondente da “A Tarde” da Bahia, e cronista do “Correio de Aracaju” e da “Gazeta de Sergipe”, respectivamente, de 1928 a 1974, período em que escreveu mais de 4 mil crônicas, na sua famosa coluna “Variações em Fá Sustenido”. Escreveu Zózimo Lima para a revista da Associação Sergipana de imprensa e para a da Academia Sergipana de Letras, instituições em que foi membro e a ambas presidiu. Zózimo Lima, como servidor dos Correios e Telégrafos, foi seu presidente na década de 1960. No final de sua brilhante carreira jornalística, em maio de 1971, foi agraciado pela Associação Brasileira de Imprensa, com a “Medalha do Mérito Jornalístico”, conferida a brasileiros e estrangeiros que se distinguem por méritos jornalísticos sobremodo reconhecidos. Zózimo, que continua sendo um dos maiores cronistas de todos os tempos da imprensa sergipana. No próximo dia 19 de janeiro, completa 40 anos do seu falecimento, ele que nascera em 4 de abril de 1899.

Já estava por esquecer que, no dia 29 de novembro de 1929, o "Correio de Aracaju" publicou a reportagem escrita pelo próprio Zózimo, "Lampião em Capela, com o subtítulo - Informações interessantes colhidas pelo correspondente do "Correio" - a atitude digna do intendente Antão Corrêa - Lampião acha que a vida do cangaço é bem divertida - outras notas. Texto referência quando se quer dizer deste grande acontecimento que foi a ataque de Lampião a Capela, e que Zózimo, com certa frequência em suas muitas crônicas fez registrado aquele momento em que compartilhou experiências com o grande bandoleiro das adustas terras nordestinas.

Ao seu filho remanescente, Zózimo Lima Filho, dedico esta lembrança

Antonio Corrêa Sobrinho é pesquisador do cangaço. 

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