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terça-feira, 4 de agosto de 2015

LAMPIÃO VIVE

Por Júnior Almeida

Mesmo depois de 77 anos de sua morte, completados no último dia 28 de julho, ainda é muito forte a presença do Capitão Virgulino e seus sicários na vida de várias cidades do Nordeste. Diferente do passado, de quando todos temiam Lampião, agora sua presença é bem-vinda, pois gera renda aos lugares onde cangaceiros passaram, muitas vezes cometendo atrocidades. Cidades como Serra Talhada em Pernambuco, Paulo Afonso na Bahia, Mossoró no Rio Grande do Norte e Piranhas em Alagoas são exemplos de como a memória de tempos sombrios para o povo do Sertão pode ser explorado para receber turistas ávidos por informações daqueles homens rudes, que levavam medo aos nossos avós. E essas pessoas que querem saber de tudo isso, e muitos que até se vestem de cangaceiros, estão incentivando a violência e o banditismo? NÃO! Assim como na Europa se preserva a memória das guerras através de antigos campos de concentração, armas, fornos crematórios e câmaras de gás nada mais natural que conheçamos a nossa História. Em Serra Talhada além de lugares como o museu na antiga estação ferroviária e a casa onde nasceu Virgulino, no Sítio Passagens das Pedras, eventos tendo o cangaço como tema são realizados o ano inteiro, como encontro de xaxado e o dito maior espetáculo ao ar livre do Sertão, a peça teatral que fala da morte de Lampião em Sergipe. Em Mossoró, no mês de junho de 1927 Lampião e seu bando se deram mal, ao tentar invadir a cidade. Hoje em dia a data é comemorada com festa e o espetáculo "Chuva de Balas" é encenado em via pública atraindo grande público. Mossoró tem também o "Museu da Resistência", que expõe objetos daquele tempo, e em seu cemitério o túmulo do cangaceiro Jararaca atrai romeiros achando que aquele que foi bandido em vida hoje é santo. Acredite se quiser. Aqui pertinho de nós, em Paranatama, aconteceu um episódio parecido com o que aconteceu em terras potiguares. Se o povo da antiga Serrinha do Catimbau se atentar, pode ganhar dinheiro com a História da tentativa de invasão de Lampião, onde ele também não obteve êxito. Em Paulo Afonso além de várias atrações ligadas ao cangaço, existe a casa/museu de Maria Bonita, restaurada pelo pesquisador João de Souza Lima, no Sítio Malhada da Caiçara, onde ela nasceu em 1911. Poço Redondo e Canindé de São Francisco em Sergipe e Piranhas em Alagoas têm em seus territórios lugares que fazem parte da História do Brasil. A Grota do Angico, local onde Lampião, Maria Bonita, nove cangaceiros mais um soldado volante foram mortos hoje em dia é visitada por milhares de turistas todos os anos, apesar do seu difícil acesso. As fazendas Patos, Picos e Maranduba foram palco de muita dor e sofrimento, com mortes em batalha e também de maneira cruel e covarde. Para manter viva toda essa memória e também corrigir erros da História, bem como levar ao conhecimento do público novas descobertas, foi criado em 2009 o grupo "Cariri Cangaço", que reúne os mais renomados escritores, pesquisadores e amantes do tema cangaço. Tendo à frente Manoel Severo Barbosa e membros como Doutor Lamartine Lima, João de Souza Lima, Antônio, José Bezerra Lima Irmão, Luiz Ruben, Renato Luiz Bandeira, Ana Lucia Souza, Narciso Dias, Juliana Pereira, Oleone Coelho Fontes, Antônio Amaury, Archimedes Marques, Aderbal Nogueira, José Romero De Araújo CardosoWescley RodriguesKiko Monteiro, dentre outros. A "família Cariri Cangaço" realiza em seus encontros uma verdadeira aula de "nordestinidade", mostrando como foi árduo e muitas vezes sangrento o nosso passado, nos mostrando erros que não devemos mais cometer, para que seja que no futuro não se criem novos cangaceiros. No final de semana passado estivemos em Piranhas, onde conhecemos vários pontos da História do cangaço. Vimos de perto lugares onde Gato e Corisco cometeram barbáries, participamos da missa no exato local da morte de Lampião e seu bando, assistimos palestras, soubemos de fatos novos, enfim: Voltamos com um pouco mais de conhecimento desse assunto tão apaixonante, que quanto mais estuda, mais dá vontade de saber. Gostaria de registrar e agradecer a maravilhosa acolhida das pessoas de Piranhas e Poço Redondo que se desdobraram para que os participantes do evento se sentissem em casa. Em terras alagoanas nas pessoas de Celsinho Rodrigues, Patrícia Brasil, Sonia Jacqueline, secretária estadual de cultura, Melina Freitas, prefeito de Piranhas Manoel Brasiliano e o deputado Inácio Loiola. Em Sergipe agradecemos ao prefeito de Poço Redondo, Roberto Araújo e aos familiares do escritor Alcindo Costa. Aos novos amigos que eu, minha esposa Ranaise Almeida e minha filha Giovanna Yasmim fizemos, com destaque para Neto, Sousa Neto e Romero De Araújo, obrigado pela honra de os conhecer. Ao curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo (Cangaceiros), obrigado pela oportunidade de conhecer um pouco mais da nossa História. Até o próximo Cariri Cangaço, se Deus assim nos permitir.

Júnior Almeida. Escritor. Natural de Garanhuns-Pernambuco.

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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