Seguidores

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Corpos de Maria de Déa e Lampião


Há exatos 76 anos, a aurora começava a despontar..., depois de uma madrugada fria e chuvosa. Além das barreiras que ladeavam a grota, havia como paisagem a vegetação característica, o céu acinzentado, mostrando nuvens ameaçadoras acima, sendo as imagens que seus olhos conseguiam ver. 

Grota de Angico - local onde Lampião e Maria Bonita Foram assassinados

Não sabendo o porquê dos pássaros não cantarem sua melodia matutina, em louvor a mais um dia que despontava homens e mulheres, que despertavam para depois de trocarem suas roupas, fazerem a prece da manhã, como faziam em todas elas.

Lampião e seu bando rezando em plena caatinga

Alguém tinha guardado gravetos, estes estando secos, fizera o fogo. Maria me deu um beijo e foi buscar água para fazer nosso café. 


Olhando-a de costas, faceira, desviando das pedras maiores que encontrava no caminho, parecia uma criança que sai em busca de brincar. Um grande aperto no peito senti quando olhava minha amada descer o riacho a procura d’um poço para se lavar. Parecia que meu coração se despedia daquela que tomei como companheira.

Maria Bonita

Após beijar aquele que entreguei minha vida, meu corpo e minha alma, peguei a vasilha para ir buscar água para fazer nosso café. Descia com cuidado para não cair, evitando tropeçar, saltava de uma pedra para outra em busca de uma poça d’água logo abaixo, no riacho de leito pedregoso.

O rei Lampião

Ao mesmo tempo em que escutei um estrondo, senti uma enorme dor, procurei em vão saber o que estava acontecendo. Tentei chamar Maria, mas a voz não saía da garganta, e de repente tudo escureceu.

Maria Bonita

Após me lavar, já com a água na "panela", levantei e senti uma dor dilacerando em meu abdômen, ao mesmo tempo em que escutava estrondos, vindos de tudo que era canto da mata. 

Cadáver de Maria Bonita

Caí, deixando a panelinha com o líquido precioso escorrer por sobre o solo pedregoso. Procurei avistar meu amado e não conseguia vê-lo, tentava gritar: 

“- Virgolino, meu amor, foge que os macacos tão aqui!”. 

Mas das minhas cordas vocais só saíram gemidos. De repente senti grotescas mãos agarrarem meus cabelos. Sussurrei: 

“- Ajudem-me, quero viver!”. 

Em seguida um vulto se movimentou rápido, escutei um silvo cortante do ar e tudo escureceu. 

Texto de Sálvio Siqueira
Corpos de Maria de Déa e de Lampião

Adquirido no facebook

Postado e ilustrado por Adryanna Karlla Paiva Pereira Freitas
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo16:43:00

    Ótimo cara Adryanna a publicação destas fotos, logo que nem todo mundo as têm.
    Outra coisa: O amigo Pesquisador Mendes, deu-lhe uma enorme incumbência enquanto ele restabelece do procedimento cirúrgico.
    Lembranças a ele e bom restabelecimento.
    Antonio Oliveira

    ResponderExcluir